Quando na América Latina as coisas parecem dar certo, aí vem o complexo de vir latas, e o retrocesso é mais do
que previsível. Afinal o Chile é um dos poucos países do
continente a ter uma estabilidade considerável e um dos melhores
indicadores sócio econômicos há décadas, com índices de
desenvolvimento sustentável bem acima dos demais países da triste
América do Sul, sempre envolvida com regimes tirânicos e populistas
entrecortados por ditaduras militares, muitas até folclóricas.
Afinal Pinochet foi o único ditador do continente que ao assumir
pela força o governo, depois do fracasso do socialista Allende, que
estava destruindo a economia com uma estratégia revolucionária de
cunho essencialmente leninista, que adotou à força o modelo
liberal, tão demonizado pelas esquerdas e milicos positivistas.
Allende lançou um programa “Poder do Povo”, constituído de
conselhos de camponeses, que se apoderaram das fazendas e assembléias
de trabalhadores que ocuparam as fábricas. A tarefa do momento era
destruir o parlamento, chamado de burguês. Em janeiro de 1971 quando
assumiu, a inflação era de 23%, que em poucos meses tornou-se
hiperinflação, no ano seguinte já estava em 163%. Em 73, ano do
golpe de Pinochet já estava em 190%, na época a mas alta do
planeta. Declarou moratória unilateral de suas dívidas esternas,
uma velha e surrada bandeira da esquerda, ainda hoje acompanhada
pelos argentinos e já desde muito abandonada até pelas esquerdas
brasileiras. A economia despencou e a classe média empobreceu,
fazendo inúmeras greves. Os trabalhadores que os socialistas diziam
defender entraram em greve também.
A esquerda começou a se armar incitando à violência política,
pensando é claro na revolução Tinha mais armas do que o exército
(30.000) enquanto os efetivos das forças armadas tinham 26 mil
homens, além de 26.000 policiais armados. Allende oscilou entre
mandar a polícia lutar contra a extrema esquerda armada, e aí veio
o golpe. Já não tinha apoio do povo, sobretudo da empobrecida
classe média. Diante da situação veio mo golpe por Pinochet que
não poderia ser feito sem derramamento de sangue, liderando todas as
três forças armadas. Resultado 2.796 mortos, além de milhares de
feridos, inclusive estrangeiros esquerdistas, que pensando no
internacionalismo proletário ocuparam mo país.
Ao assumir o poder Pinochet impôs uma forte repressão política,
mas dotou, diferentemente dos demais países da região o modelo
liberal. Equilibrou as contas públicas, abriu o país, privatizou o
quanto pôde. No início muitas dificuldades, aperto econômico, mas
depois a bonança. O país começou a crescer, e quando o dotador
entregou o poder aos civis, o país estava no caminho da prosperidade
com os governos democráticos mantendo os pilares liberais da
economia.
Tudo isso pode vir de água abaixo porque a esquerda conseguiu
através da violência retroceder tudo, propondo uma nova
constituição, através de uma assembléia constituinte. Enfim
todas as conquistas econômicas devem retroceder, com a ampliação
dos direitos e a falência do estado, coisa que conhecemos muito. E o
que pode dar errado dá mesmo, afinal destruir é mais fácil do que
construir. E revoluções são feitas em nações prósperas, como na
Rússia que estava crescendo imensamente desde o final do século XIX
e antes da revolução comunista. E a história do fracasso vai se
repetindo, para a alegria da esquerda e dos incautos que a seguem.
Aqui no Brasil nunca tivemos, salvo exceção do governo Castelo
Branco, um governo liberal, que aliás redundou, dentre outros
fatores o chamado milagre econômico da era dos milicos no poder,
porém Geisel acabou com a festa estatizando o possível, resultando
em inflação e estagnação econômica desde à redemocratização.
É isso aí, a história nos ensina, pelo menos o que não deve ser
feito. Se Bolsonaro recuar na agenda liberal, voltaremos à
estagnação econômica e inflação. Tanto é que as forças de
oposição são ferrenhamente contrárias ao projeto liberal, pois
evidentemente lutam pelo quanto pior melhor. O congresso liderado por
gente como Rodrigo Maia são um dos principais fatores da manutenção
do atraso do país, afinal eles vivem disso, mas isso é outra
história.
A Argentina que o diga, Macri protelou o quanto pôde às reformas e
deu no que deu. Aqui a agenda tem que continuar senão o pior dos
mundos, fome e miséria. E de miséria estamos cheios, miséria e
privilégios incontáveis do estamento burocrático do estado que faz
de tudo para que as coisas não mudem, daí a resistência. E essa
gente é forte, afinal somos o paraíso dos privilegiados de sempre
da nossa malfadada república dos marajás de sempre enquanto o povo
vive sempre na miséria. Este filme já conhecemos, afinal, e é
preciso mudar mesmo, senão muitas gerações estarão perdidas, quem
duvida?