quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Senadores que salvaram habilitação de Dilma deveriam ser condenados a usá-la em suas campanhas - por Felipe Moura Brasil

Senadores que salvaram habilitação de Dilma deveriam ser condenados a usá-la em suas campanhas

Blog aponta os 19 'vira-casacas' do impeachment e comenta acordão entre Lula e Renan

Por: Felipe Moura Brasil  
Um placar para a posteridade:
placar final
Um placar para envergonhar o Brasil:
placar 2
Dilma Rousseff perdeu as duas votações desta quarta-feira histórica, 31 de agosto: a do impeachment (por 61 votos a 20) e a da inabilitação para cargos públicos (42 a 36); mas, na segunda, os votos “sim” não atingiram o mínimo necessário de 54.
Graças a um golpe do presidente do STF, Ricardo Lewandowski, contra o artigo 52 da Constituição brasileira que prevê a votação em conjunto de ambos os tópicos; e um acordão entre Lula e Renan Calheiros – que votou a favor do impeachment, mas contra a inabilitação, dando uma no ferro e outra na ferradura para manter sua influência e capacidade de barganha dos dois lados –, 19 senadores pró-afastamento, sendo 10 do PMDB, viraram a casaca entre uma votação e outra, e amenizaram a ruína da pior presidente da história do Brasil.
Com isso, Dilma poderá presidir o almoxarifado de alguma universidade pública aparelhada pelo PT, embora sua miguxa Kátia Abreu tenha insistido em citar a hipótese de ela dar aula não se sabe do quê: talvez de como destruir a economia de um país.
A realização de votações separadas a pedido do PT abriu margem para que políticos punidos pela Lei da Ficha Limpa e também o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, também consigam manter seus direitos políticos mesmo que tenham seus mandatos cassados. Eu sempre disse que a relação entre PT e Cunha era de muito amor.
Além de eventuais mortadelas, Dilma, Cunha e outros parlamentares investigados pela Polícia Federal ainda podem garantir assim suas vias de acesso ao foro privilegiado para escapar de juízes de primeira instância como Sérgio Moro. Tudo muito providencial.
O novo presidente da República, Michel Temer, no entanto, antes de sua posse nesta tarde, ligou para Aécio Neves e, mostrando-se contrariado com a manobra da maioria dos senadores do PMDB, prometeu subscrever o Mandado de Segurança que os partidos liderados pelo PSDB pretendiam impetrar ainda nesta quarta no STF para anular a decisão do Senado.
(O problema de recorrer ao STF para anular a votação da habilitação de Dilma é dar margem para anular a do impeachment e até a posse de Temer, porque o PT ou seus esbirros no Supremo alegariam que a votação do afastamento excluiu a questão da habilitação e, se fosse para incluir, o placar poderia ser diferente e mimimimimimimi. Sim: o golpe foi bem pensado.)
Este blog organizou como os senadores votaram, de modo a identificar também quem são os ‘casacas’ (listas 2 e 3) que atrapalharam parcialmente a festa do impeachment, vomitando no meio do salão.
Como comentei na minha cobertura em tempo real no Twitter: eles deveriam ser condenados, no mínimo, a usar eternamente a imagem de Dilma em suas campanhas eleitorais.
Confira.
1. Votaram a favor do impeachment e a favor da perda dos direitos políticos de Dilma:
Aécio Neves (PSDB-MG)
Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP)
Alvaro Dias (PV-PR)
Ana Amélia (PP-RS)
Antonio Anastasia (PSDB-SP)
Ataídes Oliveira (PSDB-TO)
Benedito de Lira (PP-AL)
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB)
Ciro Nogueira (PP-PI)
Dalirio Beber (PSDB-SC)
Davi Alcolumbre (DEM-AP)
Dário Berger (PMDB-SC)
Eduardo Amorim (PSC-CE)
Eduardo Lopes (PRB-RJ)
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE)
Fernando Collor (PTC-AL)
Flexa Ribeiro (PSDB-PA)
Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN)
Gladson Cameli (PP-AC)
Ivo Cassol (PP-RO)
José Agripino (DEM-RN)
José Aníbal (PSDB-SP)
José Maranhão (PMDB-PB)
José Medeiros (PSD-MT)
Lasier Martins (PDT-RS)
Lúcia Vânia (PSB-GO)
Magno Malta (PR-ES)
Marta Suplicy (PMDB-SP)
Omar Aziz (PSD-AM)
Paulo Bauer (PSDB-SC)
Pedro Chaves (PSC-MS)
Reguffe (sem partido-DF)
Ricardo Ferraço (PSDB-ES)
Maria do Carmo Alves (DEM-SE)
Romário (PSB-RJ)
Romero Jucá (PMDB-RR)
Ronaldo Caiado (DEM-GO)
Rose de Freitas (PMDB-ES)
Sérgio Petecão (PSD-AC)
Simone Tebet (PMDB-MS)
Tasso Jereissati (PSDB-CE)
Vicentinho Alves (PR-TO)
Waldemir Moka (PMDB-MS)
Wellington Fagundes  (PR-MT)
Wilder Morais (PP-GO)
Zezé Perrella (PTB-MG)
2. Votaram a favor do impechment, mas contra a perda de direitos políticos:
Acir Gurgacz – PDT-RO
Antonio Carlos Valadares – PSB-SE
Cidinho Santos – PR-MT
Cristovam Buarque – PPS-DF
Edison Lobão – PMDB-MA
Eduardo Braga – PMDB-AM
Hélio José – PMDB-DF
Jader Barbalho – PMDB-PA
João Alberto Souza – PMDB-MA
Raimundo Lira – PMDB-PB
Renan Calheiros – PMDB-AL
Roberto Rocha – PSB-MA
Rose de Freitas – PMDB-ES
Telmário Mota – PDT-RR
Vicentinho Alves – PR-TO
Wellington Fagundes – PR-MT
3. Votaram a favor do impeachment, mas se abstiveram sobre a perda de direitos políticos:
Eunício Oliveira – PMDB-CE
Maria do Carmo Alves – DEM-SE
Valdir Raupp – PMDB-RO
4. Votaram contra o impeachment e contra a perda de direitos políticos:
Angela Portela – PT-RR
Armando Monteiro – PTB-PE
Elmano Férrer – PTB-PI
Fátima Bezerra – PT-RN
Gleisi Hoffmann – PT-PR
Humberto Costa – PT-PE
João Capiberibe – PSB-AP
Jorge Viana – PT-AC
José Pimentel – PT-CE
Kátia Abreu – PMDB-TO
Lídice da Mata – PSB-BA
Lindbergh Farias – PT-RJ
Otto Alencar – PSD-BA
Paulo Paim – PT-RS
Paulo Rocha – PT-PA
Randolfe Rodrigues – Rede-AP
Regina Sousa – PT-PI
Roberto Requião – PMDB-PR
Roberto Muniz – PP-BA
Vanessa Grazziotin – PCdoB-AM
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Golpista é você! Michel Temer - com O Antagonista

Golpista é você


Michel Temer:
"Golpista é você. Golpista é quem está contra a Constituição".
E também:
"Houve uma divisão inadmissível no Senado... Não será tolerada essa forma de conduta"

"Não vamos levar ofensa para casa"

Michel Temer está rodando a baiana na reunião com ministros no Palácio do Planalto. Sua orientação é para que todos reajam quando forem chamados de "golpistas".
"Não é possível tolerar. Isso aqui não é brincadeira, não é ação entre amigos. Respondam com a elegância da conduta, não com xingamento. Golpista é quem derruba a Constituição."

O fim e o começo - MÍRIAM LEITÃO


O Globo - 31/08

O presidente interino, Michel Temer, entrou no gabinete presidencial no dia 12 de maio e havia uma única pessoa, uma secretária que logo depois entrou de licença-maternidade, e os computadores sem informação. Ontem, 110 dias depois, ele fez um balanço desse período de interinidade e sustentou que conseguiu muito. Se for confirmado o impeachment, assume hoje e viaja para a reunião do G-20.

Temer disse o que quer no governo: — O que eu quero é deixar a economia melhor, o Estado pacificado sem a divisão que encontrei. Meus 10 primeiros dias aqui foram terríveis.

Perguntei sobre os aumentos do funcionalismo, e ele disse que já os encontrou negociados e enviados para o Congresso, e por isso não poderia descumpri-los. Mas foram muitos. Levantamento que fiz depois mostra que reajustes para 32 categorias foram enviados pela presidente Dilma. Doze estavam negociados e não assinados. Desses, o presidente Temer enviou oito e faltam quatro. Duas categorias ainda não negociaram. Ao todo, aumentos para 46 categorias.

O presidente diz que enviará ao Congresso a reforma da previdência antes das eleições, com idade mínima de 65 anos para homens e de 63 anos para mulheres. Avalia que em outubro o projeto de teto de gastos deve ser votado na Câmara. Mandará também a reforma trabalhista.

— Será uma reforma para garantir mais emprego e que estabelece que o negociado em convenção coletiva vale sobre o legislado. A presidente Dilma usou o mesmo princípio quando fez o acordo de redução de jornada com redução de salário. Além disso, vamos colaborar na reforma política. Existem projetos no Congresso — afirmou.

O dia de hoje, 31, que pode ser a sua posse, está em aberto. Seu avião pode sair às 15h30m ou 17h30m. Ou não. Se for aprovado o impeachment da presidente, ele terá que fazer o juramento e assinar o termo de posse, e assim se tornar presidente com um horizonte de dois anos e quatro meses. Em seguida, fará uma reunião de ministério e viajará. Serão ao todo, ida e volta, 60 horas de viagem, e outras 60 horas de permanência na China:

— O Brasil não pode estar ausente na reunião do G-20.

Constitucionalmente, ele não pode viajar com a possibilidade de o cargo ficar vago, e por isso aguardará a decisão do Senado. Perguntei o que dirá se for questionado sobre a acusação, corrente em órgãos de imprensa influentes do mundo, de que o Brasil vive um golpe de Estado:

— Se alguém me perguntar, direi que o Brasil está pacificado juridicamente. Não há discussão jurídica. Que o Brasil passou por um período difícil de disputas políticas, mas a Constituição foi cumprida. E que, no afastamento da presidente, assumiu o vice-presidente porque, afinal, é este o seu papel. Não há uma crise institucional, e todo o processo, todo o rito, foi ditado pelo Supremo. Lembrarei que, no início do processo, Dilma foi a Nova York, eu assumi, ela voltou e reassumiu. Tudo como manda a Constituição. Isso direi, se alguém me perguntar.

Na sua agenda na China, há quatro encontros bilaterais, além do presidente chinês, Xi Jinping: o presidente do governo espanhol, Mariano Raroy; o primeiro-ministro da Itália, Matteo Renzi; o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe; e o príncipe herdeiro da Arábia Saudita. Uma segunda viagem internacional já está marcada em setembro. A ida a Nova York, onde o Brasil abre a Assembleia Geral da ONU. Temer defende que em três meses de interinidade seu governo não ficou parado:

— Aprovamos a nova meta fiscal porque a que estava sendo proposta pela presidente Dilma era de um déficit de R$ 96 bilhões, mas o déficit real era de R$ 170 bi. Aprovamos a DRU, que estava parada há 10 meses, a lei das empresas públicas, que também estava parada. Fizemos a renegociação da dívida com os estados e aprovamos o teto para os gastos dos estados.

Argumentei que o governo perdeu a proibição de reajuste dos servidores estaduais, e ele disse que o mais importante era o teto e que cada estado decidirá como cumprir esse limite:

— Temos que dialogar, dialogar sempre, sem ceder no principal.

Temer acompanha todos os dados de melhora da confiança na economia, diz que sabe que isso não representa aumento de atividade econômica, mas tem esperança de ser o começo do fim da crise.

A estupidez de Lula - com O Antagonista

A estupidez de Lula


Depois do impeachment, é necessário centrar fogo em Lula.
O Estadão, em editorial, resumiu o assunto:
“A partir de agora, será preciso entender como foi possível que tantos tenham se deixado enganar por um político que jamais se preocupou senão consigo mesmo, com sua imagem e com seu projeto de poder; por um demagogo que explorou de forma inescrupulosa a imensa pobreza nacional para se colocar moralmente acima das instituições republicanas; por um líder cuja aversão à democracia implodiu seu próprio partido, transformando-o em sinônimo de corrupção e de inépcia. De alguém, enfim, cuja arrogância chegou a ponto de humilhar os brasileiros honestos, elegendo o que ele mesmo chamava de 'postes' – nulidades políticas e administrativas que ele alçava aos mais altos cargos eletivos apenas para demonstrar o tamanho, e a estupidez, de seu carisma”.

Marcos Troyjo: "Sobre comércio e 'desindustrialização prematura'"

Marcos Troyjo: "Sobre comércio e 'desindustrialização prematura'"

Carlos Junior/Folhapress
Produção industrial subiu em nove dos 14 Estados pesquisados pelo IBGE em junho
Linha de produção de indústria brasileira


Se analisarmos com cuidado a história dos países que mudaram de patamar nos últimos 70 anos, como Alemanha, Japão, China, Coreia do Sul e Chile, é praticamente impossível ver uma trajetória de crescimento sem pelo menos 40% do PIB daquele país resultante das somas de importações e exportações.

No Brasil, desde que fomos descobertos por Cabral até 1999, com exceção dos ciclos da monocultura de exportação, como o ciclo da borracha, do café ou da cana-de-açúcar, é muito raro encontrar um momento do PIB brasileiro que apresente 25% oriundos de comércio exterior.

A primeira e óbvia constatação é que na recente história da economia global o Brasil não integrou o grupo de países que elegeu o comércio exterior como principal plataforma de crescimento.

E, num foco mais contemporâneo, adotamos, desde o primeiro governo Lula, um "retrofit" das antigas teses de substituição de importações.

Se nos 1940 e 1950 a palavra forte era nacionalização da indústria, nestes últimos anos, esse conceito foi substituído por uma filosofia que chamo de "local-contentismo. Trata-se de uma ênfase muito forte nas políticas industriais de substituição de importações, mas não necessariamente com nacionalização da indústria. Pelo contrário, tal retrofit foi muito amistoso ao capital estrangeiro.

Toda a estratégia brasileira de compras governamentais, oferecimento de benefícios fiscais e tentativa de criação de cadeias de produção do setor industrial esteve associada ao papel das estatais e das instâncias governamentais em seus três níveis. O Estado desempenhou papel de grande formador da demanda para que empresas de outros países viessem ao Brasil e aqui estabelecessem suas operações produtivas, portanto gerando empregos e impostos locais.

O problema é que, na medida em que o Brasil optou por não se esforçar na busca de acordos de comércio, nem se integrar às cadeias globais de produção, as atividades industriais que aqui se instalaram não apenas passaram a competir com os similares nacionais, como também tiveram como objetivo exclusivo o mercado brasileiro.

Ninguém vinha montar uma fábrica no Brasil para fazer do país uma plataforma de exportação para terceiros mercados. Eles vieram sobretudo para explorar o mercado brasileiro, que é muito protegido comercialmente e, portanto, paga um sobrepreço para quem se instala aqui.

Essa é uma das razões pelas quais o Brasil se tornou o quinto maior destino de investimento direto do mundo durante esse período Lula-Dilma.

Ou seja, tivemos, de fato, uma política industrial que atraiu investimentos, só que não necessariamente pelas melhores razões. As prioridades foram o atendimento de demandas reprimidas, mirando o universo do consumo interno, e não fazendo o Brasil por meio do seu próprio mérito um elo dessas cadeias mais globais de produção.

E isso só contribuiu para que nosso comércio exterior de maior valor agregado e, particularmente, do setor industrial, definhasse.

Essa política favoreceu o que alguns economistas, em especial Dani Rodrik, de Harvard, chamam de "desindustrialização prematura.

Uma coisa é o que aconteceu com Londres ou Paris, ou outros grandes centros urbanos na Europa que se converteram ao longo do século de ramos industriais para praças de serviços e entretenimento. Houve, nesses casos, um processo de maturação bastante clara.

Alguns desses setores de serviços e entretenimento se converteram em locação para a quarta revolução industrial, com empregos em pesquisa e desenvolvimento voltados para tecnologia e para a indústria.

No caso do Brasil, não cumprimos essa fase. Aqui não existe, em dimensão semelhante à dos EUA, um "rust belt" (cinturão de ferrugem) - uma região de indústria pesada e manufatureira. Nós tínhamos que fazer com que a indústria ocupasse uma parcela ainda maior no PIB brasileiro e uma fatia ainda maior das nossas exportações.

Acabamos, no entanto, regredindo ao longo do tempo. Outro elemento a também contribuir pra esse processo foi nossa volta a uma situação semicolonial de comércio com a Ásia, e particularmente com a China.

A China hoje é nosso principal parceiro. Mas nossas exportações estão concentradas em poucos produtos básicos. Com as importantes vantagens comparativas que mantemos nas commodities agrícolas e minerais, pelas quais os chineses têm grande apetite, cai o interesse dos empresários em investir na indústria.

É muito mais barato ou, pelo menos foi durante uma época, tentar o outsourcing a partir do mercado chinês. Isso contribuiu demais para a nossa desindustrialização. De modo que nós estamos agora no meio do caminho.

Recentemente as exportações da indústria aumentaram por causa da desvalorização do real frente ao dólar. Nós ganhamos competitividade via câmbio. No entanto, o câmbio é apenas um dos muitos pilares que temos de aperfeiçoar para dar ao Brasil competitividade exportadora industrial.

Em nossa interação com o mundo, privilegiamos muito mais nossas ambições políticas no âmbito externo do que um maior pragmatismo econômico. O resultado disso tudo é que aquilo que nós podemos considerar segundo e terceiro pilares da competitividade —acesso a grandes mercados e facilitação da participação do Brasil nas cadeias internacionais de agregação de valor— não foram privilegiados nesse período mais recente.

Não dá para fazer um "copiar e colar" de modelos asiáticos, mas com eles podemos aprender. A Coreia do Sul abraçou substituição de importações e criação de campeões nacionais. Mas não o fez para garantir fatias do mercado interno ao empresariado local, e sim para promover exportações, aumentar a competitividade do capital nacional em relação a terceiros mercados.

Essa é a grande diferença com o modelo que aplicamos no Brasil. Os sul-coreanos se aproveitaram de um interesse geopolítico dos Estados Unidos e da Europa para fazer algumas concessões pontuais a países asiáticos. Isso também é verdade, numa escala ampliada, em relação à estratégia adotada pela China.
E aí vem a pergunta: será que ainda dá tempo para o Brasil? Temos nesse próximos dois anos e meio de reforçar marcos regulatórios e segurança jurídica. Avançar nas concessōes e privatizações.

Se olharmos o mapa mundi, seria muito difícil encontrar um país que consegue equilibrar, por um lado, potencial exportador da cadeia agroalimentar, agromineral e em algumas áreas de alta tecnologia, como é o setor aeronáutico, e, por outro, mercado interno de grande proporção.

O Brasil é grande e, no limite, tamanho ainda importa. No rumo certo, ficaremos ainda maiores.

POR QUE TODO ESQUERDISTA CITA GETÚLIO VARGAS? - Flavio Morgenstern

Os votos contra o impeachment de Dilma Rousseff sempre usam como exemplo de estadista Getúlio Vargas. Por que logo o fascista brasileiro?
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O Brasil é famoso por seus períodos de autoritarismo o mais desabrido em tempos de república. Apesar de a expressão ditadura militar causar engulhos em pessoas que se impressionam com palavras, e não com seu significado, o período mais autoritário, violento e perigoso da história brasileira foi aquele orquestrado por Getúlio Vargas.
Como lembra Bruno Garschagen na Gazeta do Povo, a própria república é inaugura com um golpe militar. E golpe não faltou no Brasil:
A história da república presidencialista brasileira é uma sucessão de golpes e do desenvolvimento de uma tradição política autoritária. A república nasceu maculada com o golpe militar que derrubou a monarquia. A república começou com duas ditaduras (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto). A República Velha terminou em estado de sítio seguido de um golpe militar. A Era Vargas começou com um golpe eufemisticamente chamado de “Revolução de 1930” e sediou um golpe dentro do golpe em 1937, eufemisticamente batizado de “Estado Novo”. Um golpe afastou Getúlio Vargas do poder em 1945 e novas eleições foram convocadas. Em 1964, um contragolpe impediu o golpe orquestrado pelas forças ideológicas e políticas que sustentavam o governo de João Goulart. Golpe, portanto, não é novidade no Brasil. Novidade é acusar de golpe aquilo que, definitivamente, não é.
Mas ninguém se compara em autoritarismo, em violência, em perseguição política, em chumbo, em tortura, em morte ao Estado Novo de Getúlio Vargas. Contudo, como não foi chamado pela história de “ditadura”, crianças e adolescentes não pensam imediatamente em Getúlio Vargas ao ouvir tal palavra.
Getúlio Vargas não era apenas autoritário. Era admirador do fascismo. Queria criar um verdadeiro Estado totalitário no Brasil: nada poderia funcionar independentemente do Estado. Não se tratava apenas de perseguir opositores, como na ditadura militar: tratava-se de fundir Estado e sociedade. Quem discordasse, não tinha apenas sua pena censurada: tinha seu direito à existência negado.
Getúlio Vargas na Revolução de 1930Foi durante a “era Vargas”, este eufemismo que esconde uma ditadura brutal que matou provavelmente mais de 3 mil pessoas com uma população infinitamente menor, que o maior Partido Nazista fora da Alemanha hasteava sua bandeira com suástica no Rio de Janeiro. Não fosse uma manobra americana, o Brasil teria lutado na Segunda Guerra do lado do Eixo. Getúlio, a contragosto, lutou pelos Aliados.
Getúlio não usava leis de apelo popular por segurança pública, como a Lei de Segurança Nacional: simplesmente jogava na cadeia, inclusive escritores como Graciliano Ramos (que escreveu Memórias do Cárcere enquanto era prisioneiro de Getúlio) e não precisava nem de uma justificativa para o apoio popular.
Curiosamente, o maior inimigo de Getúlio Vargas foi um comunista, treinado na própria União Soviética: Luís Carlos Prestes, da Coluna Prestes. No Brasil, emulava-se o conflito entre totalitarismos da Europa da década de 30: fascistas de um lado, comunistas de outro.
Prestes e sua mulher, Olga Benário, eram mandantes de sessões de tortura de dissidentes. Ainda em sua fase abertamente fascista, Getúlio Vargas fez um acordo com os nazistas para deportar Olga, uma ex-arruaceira alemã, diretamente para o Terceiro Reich.
Seguindo pari passu a cartilha fascista, Getúlio perseguia comunistas (numa época em que eles não tinham medo de admitir o que são) e fazia acordos populistas, no que posteriormente foi tanto chamado de populismo (na política) quanto de trabalhismo.
Na época, o verdadeiro nome era corporativismo: um sistema em que os interesses econômicos eram divididos por classe (bancários, operários, mineradores etc), e todas as relações eram tratadas coletivamente através de associações de classe. O fascismo, por exemplo, unifica sindicatos para avançar com o sindicalismo político para, assim que toma o poder, imiscuí-las com o Estado e perseguir qualquer associação (como um sindicato) com interesses rivais. O interesse de um coletivo é sempre sobrepular o interesse do coletivo rival (operários x patrões, trabalhadores alemães x judeus etc).
O fascismo morreu, o corporativismo mudou de nome. Virou sindicalismo e, desassociado do nacionalismo e do fascismo original, tornou-se a versão urbana do movimento operário socialista, guiado pela União Soviética.
Contudo, o método permaneceu o mesmo: nenhuma propriedade é absoluta, os grandes líderes permanecem cultuados como salvadores, faz-se marchas públicas fechando ruas para forçar acordos econômicos vantajosos e, sobretudo, os sindicatos e políticos do trabalhismo forçam leis e direitos trabalhistas que estancam a economia, mantendo todos engessados numa grande fábrica onde todos são trabalhadores.
É a luta para “corrigir as desigualdades” ou, hoje, “distribuir renda”.
Getúlio Vargas e marcha por aposentadoriaQuem criou a primeira compilação de tais direitos trabalhistas foi Getúlio Vargas, ainda na fase fascista, ao criar a CLT, em voga até hoje. Novamente Bruno Garschagen, em seu livro Pare de Acreditar no Governo. Por que os Brasileiros não Confiam nos Políticos e Amam o Estado, comenta que a CLT não é exatamente uma cópia da Carta del Lavoro, a legislação trabalhista de Mussolini, mas sua principal inspiração.
Com todo este panorama, voltamos a 2016. E todo, praticamente todo senador que vai defender Dilma Rousseff contra o impeachment, ao tentar dar uma burilada e uma aparência de profundidade a seu voto, cita como grande exemplo de estadista, justamente como continuísmo da linha corporativista, Getúlio Vargas.
Ele é simplesmente o nome obrigatório da esquerda. A esquerda, que jura que é contra a ditadura e quelutou por “democracia”, não consegue pensar em um estadista que poderia admirar no Brasil que não seja Getúlio Vargas – e praticamente apenas o que fez quando quase conseguiu transformar o Brasil em um país fascista.
A esquerda, que jura que o nacional-socialismo nada tem a ver com o socialismo internacional, não consegue pensar em liderança com a qual se identifique mais do que Getúlio Vargas, que mandou queimar com um maçarico inclusive os pés do terrorista esquerdista Carlos Marighella com um maçarico.
Não custa lembrar que vários votos na Câmara dos Deputados a favor de Dilma foram “por Getúlio” e também Glauber Braga (Psol-RJ) soltou um belo “por Marighella”. Todos votos de esquerda, todos votos contra o impeachment. E é a esquerda que abjura que “estudou História”.
Nem para pensar em um estadista mais próximo de uma, digamos, social-democracia que poderia em tese ser aparentada do PT, como Fernando Henrique Cardoso. Tem de ser Getúlio Vargas. Tem de ser um fascista.
A esquerda confia cegamente na ignorância do povo, que só tinha esquerdistas para conhecer alguma noção de mundo em aulas de História. Sempre venceu cegamente. Com a internet, sua hegemonia de dominação pela cegueira pode começar a ruir.
Afinal, quando não é Getúlio, é sempre Chico Buarque. Até o momento, já foram citadas todas as 3 músicas de Chico que fizeram sucesso. Logo logo todo mundo admite que é um saco.
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terça-feira, 30 de agosto de 2016

KÁTIA ABREU E ARMANDO MONTEIRO, DOIS OPERÁRIOS, DEFENDEM DILMA ATÉ O FIM - COM O ANTAGONISTA

O que se diz e o que se vê


Apenas isso: dois dos mais entusiasmados defensores de Dilma no Senado, nestes derradeiros momentos, são um industrial e uma grande proprietária rural: Armando Monteiro, ex-presidente da CNI, e Kátia Abreu, que causa ojeriza no MST.
E os petistas encenando a luta de classes, cada vez que sobem à tribuna.

Contabilidade criativa do PT toma sova na Câmara

Por 307 votos a 50, a Câmara rejeitou a proposta petista de excluir os terceirizados do conceito de despesas com pessoal, para os fins de cumprir os limites de gastos com funcionalismo determinados na renegociação.
O PT argumentava que, se fossem forçados a contar os terceirizados como despesa de pessoal, os governadores ficariam sem margem para reajustar os salários dos concursados.
Venceu a tese de que foi, justamente, esse tipo de contabilidade criativa que levou o governo que está a horas de acabar a dizer que, no papel, tinha dinheiro de sobra e, na realidade, faltava muito para quitar tudo o que devia.

Choque e Pavor no Ano 711 AD: A Conquista Islâmica da Espanha

Choque e Pavor no Ano 711 AD: A Conquista Islâmica da Espanha

Trazemos hoje à Coluna do Leitor uma tradução feita pelo amigo @MareSolitude, que traduziu um trecho do novo livro de Darío Fernándes-Morera publicado na Modern Age, revista cultural americana conservadora:

Choque e Pavor no Ano 711 AD: A Conquista Islâmica da Espanha

Acadêmicos, jornalistas e políticos afirmam que a Espanha medieval dominada pelos muçulmanos — “al-Andalus” — era um paraíso multicultural, um lugar onde muçulmanos, cristãos e judeus viviam  em harmonia. Mas essa descrição amplamente aceita é falsa, como revela o professor Darío Fernández-Morera da Universidade Northwestern (e conselheiro editorial da Modern Age) em seu novo livro, “The Myth of the Andalusian Paradise”.
A Modern Age fica orgulhosa de resumir este livro revelador e academicamente bem embasado.
Uma avaliação completa do domínio islâmico na Espanha medieval requer um exame de como as forças do Califado Islâmico obtiveram o controle desta região. As táticas implacáveis que elas frequentemente empregavam anteciparam algumas das medidas através das quais os posteriores governantes andaluzes usariam para manter o poder.
As forças do Califado Islâmico eram unidas, hábeis, violentas e bem lideradas. Seus comandantes eram experientes, havendo combatido e vencido os cristãos do Império Greco-Romano (usualmente conhecido como Império “Bizantino”, um nome enganoso) e as tribos bérberes pagãs do norte da África. Os bérberes, que compunham a maioria das tropas islâmicas, eram combatentes particularmente ferozes, como observado até mesmo por historiadores muçulmanos. Estes outrora pagãos estavam imbuídos do fervor religioso do recém-convertido e do apetite por pilhagem típico das tribos saqueadoras.
Os invasores usaram uma combinação de táticas de “choque e pavor” e tratados de “paz”. Nos tratados de “paz”, os conquistadores muçulmanos deram privilégios e autonomia momentâneos àqueles líderes visigóticos seculares e religiosos que não resistiram e que pagaram tributos (a exemplo do tratado com o conde Teodomiro), permitindo-os manter, pelo menos por um tempo, suas terras, servos e religião. Esta abordagem foi necessária porque os invasores inicialmente eram bem menos numerosos do que os nativos.
Mas como tanto as fontes cristãs e muçulmanas comprovam, as forças islâmicas eram mais implacáveis e sabiam como desmoralizar um inimigo melhor do que quaisquer exércitos desde os tempos das conquistas da Roma antiga. Ambas as fontes muçulmanas e cristãs mencionam uma história que, ainda que apócrifa, exemplifica o conhecimento do uso tático do terror na guerra psicológica. Logo após o desembarque das forças islâmicas, os cadáveres de alguns cristãos mortos em batalha foram cozidos em grandes caldeirões sob o olhar aterrorizado de outros cristãos feitos prisioneiros, que ficaram convencidos de que os muçulmanos eram canibais. Os muçulmanos, então, libertaram tais prisioneiros, que, diz o historiador do século XII, al-Kardabus, “contavam para todo cristão que eles encontravam o que tinham visto, de tal maneira que Alá preencheu seus corações com o pânico. Em seguida, aconteceu a batalha contra o [rei visigótico] Rodrigo.”[3]
Al-Kardabus e outro historiador muçulmano, Abd al-Wahid al-Marrakushi, afirmam que o líder árabe Musa Ibn Nusayr saqueou, escravizou e passou três anos promovendo a jihad — guerra santa — contra os infiéis espanhóis.[4] Juntamente com al-Kardabus, al-Marrakushi e al-Maqqari dizem que Musa investia na “pilhagem” o mesmo tempo que investia “organizando” a terra conquistada. Essas fontes também mencionam que vários membros da tabiun (a geração de muçulmanos devotos que eram discípulos diretos dos Companheiros de Maomé) chegaram à Espanha para dirigir a jihad e a conversão da região. A presença desses membros da tabiun destaca a motivação fundamentalmente religiosa da invasão — uma jihad.
Se os cristãos resistissem, um massacre se seguiria após a vitória muçulmana. Próximo da cidade de Orihuela, os cristãos derrotados foram punidos com o extermínio.[5]
Após os muçulmanos capturarem Córdoba em um assalto furioso, os defensores cristãos restantes se abrigaram em um igreja e continuaram a lutar. Segundo al-Maqqari, os muçulmanos tocaram fogo na igreja e os cristãos dentro dela morreram, sem se render; de acordo com al-Kardabus, quando os cristãos se renderam, o comandante muçulmano mandou decapitá-los.
Toledo, a capital dos visigodos, não ofereceu resistência ao rápido avanço das forças islâmicas porque a maioria dos soldados havia acompanhado o rei Rodrigo para se encontrar com o inimigo. No entanto, Musa executou alguns membros idosos da nobreza toledana por razões que os acadêmicos não têm um consenso, mas que talvez tenha sido simplesmente para encorajar os demais.[6] As forças muçulmanas capturaram Sevilha após sitiá-la, fazendo com que os combatentes cristãos fugissem para o norte. Diante da cidade de Mérida, após saírem vitoriosas, as forças islâmicas massacraram os “politeístas” em fuga.[7] Novamente em Sevilha, quando os cristãos se revoltaram contra a ocupante guarnição muçulmano-judaica, um exército muçulmano com reforços recapturou a cidade e massacrou os seus habitantes.[8]
Fontes cristãs como a Chronica Mozarabica do ano 754, escrita não muito depois da conquista, e a História de Espanha (Primera Crónica General) comissionada pelo rei Alfonso X no século XIII corroboram os métodos de recompensas e punições descritos pelos cronistas muçulmanos. Estes relatos cristãos afirmam que Musa oferecia paz e privilégios aos cristãos da nobreza e às lideranças da igreja que não resistissem, mas matava aqueles que o fizessem. Musa reduzia às cinzas qualquer cidade que resistisse, “crucificava membros da nobreza e os homens idosos,” e “esquartejava os jovens e os bebês lactentes (iubenes atque lectantes),” de tal maneira que as cidades se rendiam sob o terror e muitos dos seus habitantes fugiam para as montanhas.[9] Ambos os métodos, o esmagamento brutal de qualquer oposição e a concessão de pactos aos membros da elite que concordassem em não resistir, bem como a fraude envolvida nesses pactos (fraude que foi observada por outras fontes cristãs e por historiadores muçulmanos tais como Ibn Abd al-Hakam), estão registrados na Chronica Mozarabic de 754: “Após devastar o país até os confins de Toledo, a cidade real, Musa conquista, através da oferta de uma paz fraudulenta, as regiões vizinhas com a ajuda de Oppas [lorde visigodo] , filho de Égica [rei antecessor], e executa alguns membros da elite visigóticas que tinham permanecido na cidade e coloca todos eles para perecer no fio da espada com a sua ajuda.”[10]
A natureza “fraudulenta” dos acordos de paz mencionada por fontes cristãs e muçulmanas era de fato justificada pela tradição legal islâmica. Um acadêmico islâmico bastante simpático ao islã, Majid Khadduri, destaca que a revogação desses acordos em casos de necessidade era aceitável na prática legal do islã medieval porque
O islã, emergindo  no século VII como a nação conquistadora tendo  por objetivo último a dominação do mundo, recusava reconhecer quaisquer outros sistemas legais a não ser o seu próprio. Havia o desejo de estabelecer tratados de paz temporários com as outras nações, enquanto aguardava a consumação da sua missão terrena.
O Profeta e os seus sucessores, porém, reservavam o direito de repudiar qualquer tratado ou arranjo que eles considerassem prejudiciais ao islã. . . . Ainda que a relação entre o islã e as comunidades não-muçulmanas seja um estado de hostilidade, não é considerado inconsistente com o objetivo último do islã se um tratado é estabelecido com o inimigo, seja para fins de conveniência ou porque o islã sofreu um revés.[11]
Escrito logo após a derrota dos visigodos, o hino de igreja Tempore belli corrobora o que outras fontes muçulmanas e cristãs dizem sobre as aterrorizantes, mas eficazes táticas utilizadas contra os cristãos. Como o historiador espanhol M. C. Díaz y Díaz afirma, tal poema litúrgico latino descreve um “inimigo implacável,” “tomado pelo entusiamo do exercício da guerra” (continuo fervida bello), “forçando as tropas cristãs a partir em retirada e a fugir em pânico,” saqueando templos e casas dos cristãos, incendiando as cidades daqueles que resistiam, e tomando suas belas jovens como escravas sexuais, tudo isso gerando um “terror indescritível.”[12] A Chronica Mozarabic de 754 ecoa esses lamentos sobre a pilhagem das riquezas e a escravização sexual das belas e jovens mulheres cristãs (57.1–5).
A História de Espanha comissionada por Alfonso X (Primera Crónica General) também relata como os conquistadores muçulmanos matavam os homens, incendiavam as cidades, arruinavam as terras, tomavam jovens mulheres como escravas sexuais e saqueavam as riquezas da igreja, fazendo com que os bispos fugissem com as relíquias cristãs. Uma outra obra de história escrita no século XIII, de autoria de Rodrigo Jiménez de Rada, mostra como os muçulmanos queimavam as cidades, derrubavam as árvores frutíferas, destruíam as igrejas, consideravam música sacra uma blasfêmia e profanavam os cálices. Por um outro lado, assim como a obra de Alfonso X, também descrevia “tratados” nos quais os conquistadores obtinham o consentimento das diversas lideranças cristãs — ainda que os muçulmanos violassem esses acordos logo que eles tivessem o controle sobre a região. O historiador muçulmano do século IX, al-Hakam, também menciona tal desonestidade: “Quando os muçulmanos conquistaram a Espanha, eles a pilharam e cometeram muitas fraudes.”[13] A obra Chronicon Mundi, de Lucas de Tuy, escrita no começo do século XIII, ecoa esses relatos: “os mouros subjugaram, através da espada e do fogo, quase o todo da Espanha. . . . Apenas os godos que se retiraram para as montanhas dos Pirineus nas Astúrias e na Galícia escaparam. Os mouros ficaram com as melhores terras, conquistadas pela lâmina vingativa. . . . E eles mudaram as torres das cidades antigas; destruíram castelos. . . mosteiros; queimaram  os livros da lei sagrada e cometeram muitas más ações.”[14]
Como tais fontes muçulmanas e cristãs indicam, queimar igrejas e pilhar os seus tesouros tinham um papel importante nas táticas de choque e pavor dos conquistadores. Essa destruição ajudava a desmoralizar a resistência cristã. Muhammad Ibn al-Razi (887-955), um dos primeiros historiadores da conquista islâmica, relata que o fundador do Emirado de Córdoba, o omíada Abd al-Rahman I, consistentemente queimava igrejas e relíquias cristãs.[15]
Como a arabista espanhola Susana Calvo Capilla aponta, quando os cronistas muçulmanos mencionam as igrejas, é frequentemente para se regozijar por sua destruição ou conversão em mesquitas como parte da humilhação dos infiéis.[16] Relatos cristãos corroboram os dos muçulmanos: As Crónicas Anónimas de Sahagún (século XII ou XIII) falam da destruição de uma capela e as relíquias dos santos nela guardadas próximo do rio Cea durante as jihads; e a Crónica de Alfonso III (século IX: atribuída a Alfonso III, rei das Astúrias, que viveu por volta de 852-910) relata como Alfonso I das Astúrias (693-757) reconstruiu as igrejas nas cidades reconquistadas e devolveu os cristãos à sua pátria.[17]
Dificilmente poderia ser dito de outra maneira dadas as obrigações impostas pela lei islâmica medieval. Um tratado legal de autoria do influente jurista de al-Andalus, Ibdn Rushd al-Jadd (falecido em 1126), mostra o imã Malik Ibn Anas, o fundador da escola Maliki de jurisprudência islâmica, que dominava al-Andalus, respondendo questões da lei islâmica. Maliki responde desta maneira uma pergunta sobre o que deve ser feito com os crucifixos e livros sagrados dos cristãos derrotados pela jihad:
Pergunta: O que deveria ser feito com os livros sagrados que forem encontrados nas igrejas dos Rum [isto é, “Romanos,” um dos nomes genéricos que os muçulmanos davam aos cristãos] nas terras do inimigo? O que deveria ser feito com os crucifixos de ouro e outros  objetos que forem encontrados?
Resposta: Os crucifixos [de ouro] devem ser despedaçados antes de serem distribuídos [como butim aos combatentes muçulmanos] mas não se deve distribuí-los diretamente. Quanto aos livros sagrados, eles têm que desaparecer.[18]
No seu comentário sobre a resposta de Maliki, Ibn Rushd al-Jadd clarifica que ele leu que os livros sagrados dos cristãos derrotados devem ser queimados para que “desapareçam” — a não ser que as páginas possam ser apagadas completamente de tal maneira que as páginas em branco possam ser vendidas para obter algum lucro. Mas se não for possível vendê-las, elas devem ser queimadas.
O registro arqueológico na Espanha corrobora toda essa evidência textual. Assim há magníficos tesouros religiosos visigóticos encontrados enterrados nas rotas que saíam do sul da Espanha em direção ao norte, confirmando o que as fontes escritas afirmam sobre o medo e a fuga que os cristãos empreendiam perante a pilhagem muçulmana das igrejas.[19]  O que o reino dos visitados enfrentava era, de fato, um inimigo “letal e inflexível.”[20]
O historiador muçulmano Ibn Khaldun (1332-1406) destacava como desde o começo o uso do terror foi fundamental nas conquistas islâmicas:
Compreenda-se a declaração de Maomé: “Fui ajudado por meio do terror (que vitimou o inimigo). . . .” (O mesmo fato explica) a vitória de Maomé diante dos politeístas, mesmo contando com um exército pequeno, e as vitórias dos muçulmanos durante as conquista islâmicas após (a morte de Maomé). Alá cuidou do Seu Profeta. Ele lançou o terror nos corações dos infiéis. . . . Terror nos corações dos seus inimigos foi a razão de haver derrotas esmagadoras nas conquistas islâmicas.[21]
Não admira que as polêmicas religiosas dos cristãos orientais contra o islã, a partir do século VII, incluem uniformemente o argumento de que os muçulmanos usam a violência para expandir a sua fé, e que as primeiras polêmicas espanholas contra o islã consistentemente também destaquem o uso da violência pelos seus seguidores.[22]
*          *          *
As três opções que Musa dava aos hispano-visigóticos eram a norma do que os muçulmanos ofereciam aos cristãos: (1) converterem-se ao islã, (2) submeterem-se como dhimmis à supremacia islâmica e pagar o imposto (jizya) com a intenção expressa de humilhar os infiéis e lembrá-los da sua submissão, ou (3) ser morto (no caso dos homens) ou escravizado (no caso das mulheres não-combatentes e das crianças).[23]
Eis a fonte das interpretações conflitantes da conquista islâmica da Espanha — há aqueles que alegam que conquista foi em grande parte “pacífica,”, alcançada por meio de “pactos,” e há os que alegam que ela foi em grande parte “violenta.”[24] Os conquistadores muçulmanos de fato ofereciam a paz aos que se rendiam sem lutar, ainda que sob domínio muçulmano e condições estritas — mas eles rapidamente destruíam aqueles que resistissem. Os que se rendiam ao sistema de “paz” dos muçulmanos o faziam sabendo totalmente das consequências caso resistissem. A conquista islâmica, então, combinava força bruta e pactos de paz.[25] O segundo, no entanto, era inseparável e uma consequência do primeiro. E as forças muçulmanas se reservavam o direito de anular os “pactos de paz” sempre que fosse vantajoso fazê-lo, porque, como mostra o acadêmico Majid Khadduri, “a relação normal entre as comunidades muçulmanas e não-muçulmanas é um estado de hostilidade” até que o islã alcance a hegemonia.
Para os cristãos que se mantiveram leais à sua fé, o que Musa e suas forças muçulmanas estabeleceram foi um “reino selvagem” (regnum efferum conlocant), como a Chronica Mozarabica de 754 relata.[26] A obra História de Espanha de Alfonso X resume a conquista islâmica como descrita nas fontes cristãs medievais:
Os santuários foram destruídos; as igrejas derrubadas. . . . Eles atiraram para fora das igrejas os crucifixos e os altares, os óleos e livros sagrados e as coisas que eram honradas pela cristandade, tudo foi esparramado e descartado. . . . Os inimigos devastaram as terras,queimavam as casas, matavam os homens, incendiavam as cidades, as  árvores, os vinhedos e todo o verde foi derrubado. Tão grande se tornou essa praga que não restou na Espanha uma vila ou cidade que fosse boa. . . que não tivesse sido queimada ou posta abaixo ou tomada pelos mouros; e as cidades que eles não podiam conquistar, eles as enganavam e as conquistavam com falsos pactos.[27]
Um cronista muçulmano argumentou de maneira ainda mais vigorosa: segundo al-Hakam, tão impressionante foi a conquista da Espanha que, quando Musa escreveu para o seu califa, ele a descreveu “não como uma conquista, mas como o dia do Juízo Final.”[28]
Darío Fernández-Morera é Professor Associado no Departamento de Literatura Espanhola e Portuguesa na Universidade Northwestern. Ex-membro do National-Council on the Humanities, graduou-se na Universidade Stanford, fez mestrado na Universidade da Pennsylvania, e obteve seu doutorado na Universidade Harvard. Ele publicou diversos livros e vários artigos sobre questões culturais, literárias, históricas e metodológicas na Espanha, América Latina e nos Estados Unidos.
Este ensaio é um excerto do seu novo livro, “The Myth of the Andalusian Paradise: Muslims, Christians, and Jews under Islamic Rule in Medieval Spain”, que está agora disponível pela editora ISI Books.
TheMythOfAndalusianParadise
Notas:
[1] Abu Muhammad Abd al-Wahid al-Marrakusi: Lo admirable en el resumen de las noticias del Magrib (Kitab al-Muyib Fi Taljis Ajbar al-Magrib), trans. Ambrosio Huici Miranda (Tetuán: Editora Marroquí, Instituto General Franco de Estudios e Investigación Hispano-Árabe, 1955), 149 and n1; Ana Serrano, María Jesús Viguera, et al., Ibn Khaldun: The Mediterranean in the Fourteenth Century: Rise and Fall of Empires (Seville: Legado Andalusí, 2006), 196.
[2] “Os súditos [de Teodomiro] não serão mortos ou tomados como escravos nem serão separados de suas crianças ou mulheres. . . e suas igrejas não serão queimadas. . . . Desde que ele aja de boa fé e cumpra as condições que nós impusemos. Ele concordou com os termos de rendição envolvendo sete cidades. . . . [Ele também concordou] que não dará refúgio para qualquer escravo fugitivo, nem abrigará qualquer um dos nossos inimigos, nem dará receios aos que estão seguros conosco; que ele não esconderá informações que tenha obtido acerca dos [nossos] inimigos; e que cabe a ele e ao seu povo pagar um dinar anualmente e quatro mudd (alqueires) de trigo, quatro mudd de centeio, quatro qist (medidas) de suco de uva espesso, quatro qist de vinagre, dois qist de mel e dois qist de óleo. Escravos pagam metade disso. Testemunhado por Uthman b. Abi Abda al-Qurashi, Habib b. Abi Ubaida, Ibn Maisara al-Fahmi e Abu Qaim al Hudhali. Escrito no mês de Rajabe, no ano 94 da Hégira (abril de 713).” Christians and Moors in Spain: Volume III Arabic Sources, ed. and trans. Charles Melville and Ahmad Ubaydl (Warminster: Aris & Phillips, 1992), 11–13.
[3] Ver, entre outras fontes, Ibn Abd al-Hakam, Conquista del Norte de África y de España, 43; al-Qutiyya, 6; The Book of Sufficiency on the History of Khalifs, by Abú Ja’far Ibn Abdi-l-hakk Al-khazráji Al-kortobí, traduzido por Pascual de Gayangos, in The History of the Mohammedan Dynasties in Spain, vol. 1, app. D, xliii–1; o excerto é de Ibn al-Kardabus, 64–65; Rodrigo Jiménez de Rada, vol. 2, chap. 23.
[4] Para essa e as seguintes, ver Ibn al-Kardabus, 68, 66; Abd al-Wahid al-Marrakushi, Histoire des almohades, 9–14.
[5] Para essa e as seguintes, ver Ajbar Machmuá, 23–30; al-Qutiyya, 8; al-Maqqari in The History of the Mohammedan Dynasties in Spain, 1:277–87, 531n18, 2:1–2; Ibn Idhari al-Marrakusi, Historia de al-Andalus, 17–42; Crónica mozárabe de 754, 71, 79.
[6] Chronica Mozarabica de 754 , 54; al-Athir, 46; Ajbar Machmuá, 27.
[7] Ibn al-Kardabus, 63.
[8] Ajbar Machmuá, 30; Ibn Idhari al-Marrakushi, Al-Bayano ’l-Mogrib,
18, 23.
[9] Crónica mozárabe de 754, seções 54–55; Primera Crónica General de España, ed. Ramón Menéndez Pidal (Madrid: Gredos, 1955), 559.
[10] Chronica mozarabica of 754, 54.8–12.
[11] Majid Khadduri, War and Peace in the Law of Islam (Baltimore: Johns Hopkins University Press, 1955), vii, 202.
[12] M. C. Díaz y Díaz, “Noticias históricas en dos hinos litúrgicos visigóticos,” in Los visigodos: Historia y civilización: Antigüidade y Cristianismo (Murcia) 3 (1986): 443–56. See also García Moreno, España 702–719, 190. Há a tentação de se comparar essas táticas de terror e seus céleres resultados com as táticas implacáveis e as conquistas similarmente rápidas do Estado Islâmica no Iraque e na Síria durante o século XXI.
[13] Primera Crónica General de España, chap. 559; Rodrigo Jiménez de Rada, vol. 3, chap. 22; al-Hakam, Conquista de África del Norte y de España, 47.
[14] Crónica de España, por Lucas, Obispo de Tuy, traduzido por Julio Puyol (Madrid: Revista de Archivos, Bibliotecas y Museos, 1926), 269–71.
[15] Crónica del moro Rasis, 281–82. Alguns historiadores têm questionado a atribuir a al-Razi as seções sobre história antiga pré-islâmica. Mas a pesquisa moderna tem confirmado a autenticidade do texto mesmo para o período pré-islâmico: ver a introdução por Diego Catalán, bem como a obra Adiciones al estudio de la crónica del moro Rasis (Madrid: Moneda y Crédito, S.A., 1978) do historiador Claudio Sánchez Albornoz. Outros textos, claro, corroboram a destruição de igrejas durante o período islâmica (ver, por exemplo, a pesquisa da Susana Calvo Capilla).
[16] Susana Calvo Capilla, “Las primeras mezquitas de al-Andalus a través de las fuentes árabes (92/711–170/785),” Al-Qantara 27, no. 1 (Enero–Julio 2007): 143–79.
[17] Crónicas anónimas de Sahagún, ed. Antonio Ubieto Arteta (Zaragoza: Pedro Garcés de Cariñena, 1987), 9–10; Crónica de Alfonso III in Jan Prelog, Die Chronik Alfons’ III, 34–36: cristianos secum ad patriam duxit. . . . Basilicas construxit et instauravit.
[18] Cit. Cyrille Aillet, Les mozárabes: christianisme, islamisation, et arabisation en péninsule ibérique (IXe–XIIe siècle) (Madrid: Casa de Velázquez, 2010), 122–23. As partes entre colchetes são minhas.
[19] Alicia Perea, El tesoro Visigodo de Guarrazar (Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Cientificas, 2001); El tesoro Visigodo de Torredonjimeno (Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Cientificas, 2009). Curiosamente, nenhum trabalho sobre as conquistas destacam tal evidência arqueológica.
[20] Lord Dannat, ex-chefe do British General Staff, referindo-se às rápidas conquistas do Estado Islâmico no Iraque e na Síria, cujo sucesso e métodos ecoam aqueles das primeiras conquistas muçulmanas: “ISIS Slaughters 400 in Ancient Syria City of Palmyra Where Hundreds of Bodies Line the Street,” Daily Mail, 24 de Maio de 2015.
[21] Ibn Khaldun, O Muqaddimah, 2:35.
[22] Em um documento datando provavelmente do século X, mas, claro, expressando visões comumente defendidas desde o século VIII. Ver Luis A. García Moreno, “Literatura antimusulmana de tradición bizantina entre los mozárabes,” Hispania Sacre 57 (2005): 11.
[23] A Chronica Mozarabica de 754 menciona a tributação que o islã impunha sobre os cristãos como uma das condições para lhes permitir praticar sua religião, mas sob os termos dos muçulmanos — uma provável referência à jizya islâmica. Além disso, a escola Maliki de lei islâmica, que era prevalente na Espanha Islâmica, destaca tais significado e propósito da jizya.
[24] Para uma discussão dessas duas interpretações da conquista da Espanha, ver Maribel Fierro e Francisco García Fitz, eds., El cuerpo derrotado: Cómo trataban musulmanes y cristianos a los enemigos vencidos (Península Ibérica, ss. VIII–XIII) (Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas, 2008), 23–25. Alguns lordes góticos, entre eles os seguidores da facção de Vitiza, a qual se aliara aos invasores, aceitaram de bom grado sua dhimmitude, que lhes permitia continuar como lordes cristãos de suas vastas propriedades. Eventualmente, como ambas as fontes muçulmanas (al-Hakam) e cristãs (Luca de Tuy, Primera Crónica General de Alfonso X) notam, tais lordes e seus sucessores foram vitimados pelas “fraudes” dos conquistadores à medida que o Estado muçulmano se tornava mais forte e capaz de violar os termos de submissão. Como o historiador Jesús Lorenzo Jiménez da Universidade Autônoma de Barcelona observa: “Quem quer que faça um pacto o faz porque é forçado a concordar com o pacto. Ninguém cede as coisas porque quer. É imposto sobre você.” (Cit. Santiago Belistigoitía, “El cambio histórico de 711,” El País, February 20, 2011.)
[25] Essa é a afirmação mais sensata sobre o assunto, como em Maíllo Salgado, Acerca de la conquista árabe de Hispania, 30. Representativo dos pactos foi a submissão do lorde Teodomiro (“Tudmir”) a Tariq. Mas o “pacto pacífico” incluía a obrigação de Teodomiro pagar ou sofrer as consequências (os colchetes são dos tradutores): “[Teodomiro] concordou com os termos de rendição envolvendo sete cidades. . . .
[Ele também concordou] que não dará refúgio para qualquer escravo fugitivo, nem abrigará qualquer um dos nossos inimigos, nem dará receios aos que estão seguros conosco; que ele não esconderá informações que tenha obtido acerca dos [nossos] inimigos; e que cabe a ele e ao seu povo pagar um dinar anualmente e quatro mudd (alqueires) de trigo, quatro mudd de centeio, quatro qist (medidas) de suco de uva espesso, quatro qist de vinagre, dois qist de mel e dois qist de óleo. Escravos pagam metade disso. (Christians and Moors in Spain: Volume III Arabic Sources (711–1501), ed. and trans. Charles Melville and Ahmad Ubaydli [Warminster: Aris & Phillips, 1992], 12–13.) Em 2013, a cidade de Orihuela (em Múrcia) celebrou o pacto em uma comemoração oficial: ver Alejandro García Sanjuán, La conquista islámica de la peninsula ibérica y la tergiversación del pasado: Del catastrofismo al negacionsimo (Madrid: Marcial Pons Historia, 2013), 19. García Sanjuán é defensor da escola que propõe a idéia de “pactos pacíficos” e ele ataca o “catastrofismo” de arabistas como Serafín Fanjul e historiadores como García Moreno (García Sanjuán, La conquista, 49–50). Ver também “Formas de sumisión del territorio y tratamiento de los vencidos en el derecho islámico clásico,” em Maribel Fierro and Francisco García Fitz eds., El cuerpo derrotado: Cómo trataban musulmanes y cristianos a los enemigos vencidos (Península Ibérica, Ss. VIII–XIII) (Madrid: 2008), 61–111.
[26] Chronica Mozarabica de 754, 54.
[27] Primera Chrónica General, 554.
[28] John Harris Jones, ed. e trad. Ibn Abd el-Hakem’s History of the Conquest of Spain (London: Williams & Morgate, 1858), 23; al-Hakam, 47, onde Vidal Beltrán a traduz com o termo igualmente impressionante “Ressurreição.” Al-Hakam também cita Malik dizendo que durante a conquista da Espanha os muçulmanos pilharam a região e fizeram muitas coisas “fraudulentas” (al-Hakam, 47). O historiador do século XVII Mohammed Ibn al-Raini al-Qayrawani cita a frase “Fim do Mundo” como sendo usada por Musa para descrever a conquista na tradução de E. Pellisier: Histoire de l’Afrique de Mohammed-ben-Abi-el-Raini-el-Kairouani, trans. E. Pellisier (Paris: Imprimérie Royale, 1845), 59.

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