sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Eliane Cantanhêde - Riscos sistêmicos


- O Estado de S. Paulo

A presidente Dilma Rousseff nunca fala do seu primeiro mandato, ou só fala para enaltecer o Pronatec e o Minha Casa, Minha Vida. Por que será? Quando é de economia, vai buscar os oito anos de Lula. Quando fala dos ganhos sociais, refere-se aos 13 de PT. Quando é de Petrobrás, despreza o passado e joga para o futuro. Um futuro incerto e não sabido.

A Petrobrás é hoje o grande vexame nacional. Acumula má gestão, escândalos, balanços mequetrefes, quedas estonteantes do seu valor de mercado, processos na Justiça norte-americana. Tudo somado, chega-se a uma perda infinitamente maior, e mais doída, do que os bilhões de reais e dólares sugados pela corrupção.

Ninguém ousa falar, nem ao menos pensar alto, na hipótese da quebra da maior e mais simbólica empresa brasileira. Mas o pavor de dois riscos sistêmicos começa a surgir sutilmente até mesmo das falas da presidente e de altos escalões da República.

O primeiro é sobre a economia. A Petrobrás é o centro de uma engrenagem que movimenta centenas de empresas, bilhões de reais e milhões de pessoas. Se ela engasga, a máquina para, as empresas perdem grandes negócios, mamatas e crédito. Os bancos acendem o sinal amarelo. As pessoas perdem emprego e renda.

E ela está engasgando. O governo do Rio (aliado ao Planalto) ameaça cancelar os benefícios fiscais da Petrobrás, os consórcios estão se livrando das parceiras metidas na Operação Lava Jato, empreiteiras sinalizam com pedido de recuperação judicial, as demissões já começaram.

É por isso, pelo pavor do risco sistêmico, que Dilma disse que "nós temos de punir as pessoas, e não destruir as empresas". E o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi na mesma linha. Ok. Mas as pessoas não agiram em nome de suas empresas? O conluio era entre executivos da área privada e funcionários da Petrobrás, ou entre as empresas e a Petrobrás?

Independentemente da resposta, o fato é que o pavor faz sentido. Quebrar as maiores empreiteiras do País, tenham ou não errado, é um risco não só delas, mas do País. Anotem aí: a qualquer hora vão inventar um "Proer" das empreiteiras. (Para quem não lembra, o Proer foi criado para evitar o risco sistêmico de quebradeira de bancos no governo FHC.)

Dilma também disse, sem ficar ruborizada, que "nunca um governo combateu com tamanha firmeza e obstinação a corrupção e a impunidade". Mas a verdadeira história é que a corrupção e a impunidade foram institucionalizadas na Petrobrás durante o governo Lula, na era PT. E quem a combate com firmeza e obstinação são o Ministério Público, a Polícia Federal e o juiz Sérgio Moro.

Enquanto Joaquim Levy empresta uma nova cara para o governo e tenta atrair o olhar internacional de volta para o Brasil, a Petrobrás tira a máscara de um País corrupto e permissivo, onde a má gestão e os desvios devoram a credibilidade das suas empresas e os lucros de grandes e pequenos investidores. Por ora, uma guerra inglória desse Levy. Luiz Trabuco não é bobo nem nada...

E o segundo risco sistêmico é o político. Já estão presos, com a corda no pescoço, os diretores da Petrobrás, os executivos das empreiteiras e os doleiros que, juntos, operavam a roubalheira. Faltam os políticos que a idealizaram e/ou se refestelaram com ela e que estão para ser anunciados com a reabertura do Congresso. Já imaginou dezenas de deputados e senadores sendo processados pelo Supremo Tribunal Federal?

Só pode ser pesadelo...

FERNANDO GABEIRA - GRETA GARBO QUEM DIRIA

Greta Garbo, quem diria…

PUBLICADO EM 30.01.2015
Na última semana fui a Santa Catarina para documentário sobre a morte do surfista Ricardo dos Santos, foi assassinado com dois tiros nas costas por um soldado da PM embriagado. Constatei que o soldado respondeu a quatro inquéritos, um por tortura. O Ministério Público pediu sua retirada das ruas. Ele não só continuava trabalhando normalmente, como usava a arma oficial, uma ponto 40. Tentei falar com o governador Raimundo Colombo e com o comandante da PM, eles se esquivaram. Não foram ao enterro, não viram a família, só se eclipsaram.
Por que as pessoas do governo não dão as caras nessas circunstâncias? Ao fazer essa pergunta, lembrei-me de Dilma, que também se refugiou no Palácio do Planalto e não apareceu para falar francamente das medidas econômicas e da crise hídrica que já atinge 45 milhões de brasileiros. Nem mesmo para nos consolar pela situação energética (é uma especialista) e dizer quais são os rumos do País nesse campo. Dilma, na sua fase Greta Garbo, quem diria, acabou no Planalto Central.
Não me estou referindo a essas aparições programadas, com blindagem à prova de perguntas elementares. Com os ministros, foi como se aparecesse de chapéu e óculos escuros, se escondendo. Era preciso não apresentar como sua a nova política econômica. Era preciso explicar por que não a mencionou na campanha. Ao contrário, atribuiu as medidas de austeridade aos adversários, caracterizando-as como um saco de maldades.
Sabe-se ainda que o governo pretendia mudar as regras de seguro-desemprego e pensões de viúvas antes das eleições. Mas não teve coragem de mencioná-las. De novo, atribuiu aos adversários conservadores e neoliberais que não gostam dos pobres.
Ainda na Guarda do Embaú, no pé da Serra do Tabuleiro, navegando no Rio da Madre, tentei me colocar a pergunta essencial para mim: por que a esfera da política se descolou da sociedade e os governantes não se sentem responsáveis em reconhecer erros, apontar rumos?
À noite vi pela TV o ministro de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri, numa mesa-redonda em Davos defender a política de Dilma. Segundo ele, o País retomou o caminho do meio, entre consumo e investimento, é um movimento normal. O que acontece, na verdade, é o fracasso de uma política econômica que, em certos casos, como o da energia, estimulou o aumento de consumo de forma equivocada, econômica e socialmente.
É no processo eleitoral que encontramos algumas respostas para o descolamento da esfera do governo, permitindo que a presidente paire no limbo dos corredores do palácio enquanto o País espera respostas urgentes. Numa campanha comandada pelo marketing, o governo criou uma novela de quinta categoria em que a heroína, Coração Valente, enfrentava banqueiros que tiravam a comida da mesa dos pobres. Em 2018, criam outro script e, assim, esperam, vencem as eleições de novo. A propósito: o roteirista que imaginou Lula vestido de laranja na frente da Petrobrás deveria ser mandado para a Sibéria.
É simplesmente impossível que Dilma não apareça para comentar a questão da água. Vamos passar tempos difíceis, precisamos de uma política, de curto e de longo prazos, para equacionar o uso desse recurso, muitas vezes mais valioso que o petróleo. Isso se não nos detivermos só no preço do litro, embora em muitos pontos do País o litro da água mineral bata o petróleo também nesse quesito.
É possível que Dilma esteja esperando o fim da temporada das chuvas. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse que contava com Deus, que é brasileiro. Deus está vivo e bem em São Gabriel da Cachoeira, usa barba, camisa vermelha e aceita uma graninha. Vamos pôr Deus entre parênteses e enfrentar sozinhos o desafio pela frente. O mundo moderno é precisamente marcado por esta realidade: estamos sós e somos nós os responsáveis pelo nosso caminho. Também por isso os radicais islâmicos nos combatem.
De que adianta argumentar se as esferas se descolaram, o universo da política se tornou opaco e inalcançável? A única saída é recolher as evidências que possam ser um antídoto para o enredo da próxima novela, em 2018.
Nas eleições de 2008 já era um tema importante o registro no tribunal eleitoral do programa de governo. Por esse processo era possível qualificar o estelionato eleitoral. O problema é que os candidatos registram qualquer coisa, às vezes nem registram com antecedência, o que impossibilita o debate.
Uma grande fonte de financiamento, os desvios na Petrobrás, deve secar. Certamente a corrupção vai buscar novas brechas, mas a tendência é um enxugamento das campanhas milionárias. É apenas mais uma das chances que o Brasil tem de se livrar da presença calamitosa do PT, evitar que as campanhas políticas se transformem em panfletos de quinta categoria.
Segunda-feira a oposição volta do recesso. É um verão quente, mas ela devia ter-se reunido mais, falado mais, cobrado mais. Enfim, tudo mais, como nos versos da canção popular. Ainda tem uma chance de desmontar peça por peça a novela marqueteira. Isso será pedagógico.
Por que a Coração Valente apareceu para os ministros, e não para nós, pagadores de impostos, desempregados, os que têm pouca ou nenhuma água, os que acendem vela nos apagões? Dilma prometeu que não haveria mais apagões. Mas já houve um na energia. Há outro, pois o modelo Greta Garbo é, na verdade, um apagão no diálogo com a sociedade.
Tudo isso ocorre num processo crescente de violência nas grandes e médias cidades e até em balneários para descanso e relaxamento. Onde está mesmo aquele plano de integração dos órgãos de segurança, todos conectados, todos online, sabendo até a cor do sapato do assaltante? No Rio, 14 pessoas foram alvejadas por balas perdidas, duas crianças morreram. Todo esse aparato foi comprado para Copa do Mundo e Olimpíada. Por que não funciona, por que a insistência na desconexão, diante de um cenário tão complexo?
Governantes são de Marte. O pouco que sei dos habitantes desse planeta: costumam ser sensíveis ao cheiro de fumaça e acionam o instinto de sobrevivência, desde que devidamente estimulados.
Artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo em 31/01/2015

MERVAL PEREIRA - "NUNCA ANTES NESTE PAÍS"

MERVAL PEREIRA30.1.2015 9h20m
 O "maior superávit que for possível produzir", na promessa do ministro-chefe do Gabinete Civil Aloísio Mercadante, transformou-se em um déficit primário de R$ 17 bilhões, o maior em 20 anos. A nova equipe econômica, que teve o ônus de anunciar o recorde negativo, terá portanto que partir desse déficit histórico para chegar ao prometido superávit primário de R$ 66 bi este ano, a fim de recuperar a credibilidade do Tesouro Nacional.
Para se ter uma ideia do ritmo em que andaram os desmandos no governo, em janeiro, o superávit oficial prometido era de R$ 116,1 bilhões. No meio do ano, em agosto, já se via que esse número seria inatingível para as condições da economia e o superávit foi revisto para R$ 80,8 bilhões. Um mês depois, nova redução para RS 49,1 de bilhões.

Finalmente, no final do ano, para não ser acusada de crime de responsabilidade, a presidente Dilma mandou um projeto para o Congresso mudando a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para permitir ao governo descumprir a meta fiscal do ano, e inclusive ter um resultado negativo (déficit), como aconteceu.
Enquanto isso, o ex-ministro Guido Mantega, que passou meses garantindo que não haveria déficit, dedicava-se a barrar no Conselho de Administração da Petrobras a possibilidade de o balanço divulgado revelar o montante do prejuízo da estatal com a corrupção desenfreada que nela se instalou.
O impressionante é que o Palácio do Planalto teria comemorado a não divulgação do prejuízo da corrupção, numa demonstração clara de que já não há mais uma estratégia para proteger a Petrobras, mas sim o governo, mesmo às custas do prejuízo da estatal, cujas ações caíram 11% na quarta e mais um pouco ontem. Uma decisão política, portanto, como as que vêm orientando os passos da estatal desde que o ex-presidente Lula decidiu que a Petrobras poderia ser um instrumento político no sentido mais baixo do termo, tanto financiando a base partidária como gerando imagens e mensagens que, mesmo não correspondendo à verdade, serviam para propaganda governista.
A autossuficiência do petróleo foi apenas o começo de uma série de demagogias que culminaram na alteração do marco regulatório para a exploração do pré-sal, o tal bilhete premiado que o país teria recebido de Deus. A Petrobras passou a ser responsável por no mínimo 30% da exploração de todas as áreas do pré-sal, como se isso garantisse que "o pré-sal é nosso". Mas não há dinheiro para mais essa megalomania, e ontem a presidente Graça Foster anunciou que reduzirá ao"mínimo necessário" a exploração de petróleo.
Também ontem, como consequência da divulgação do balanço que, mesmo sem os prejuízos contabilizados já mostrou uma queda do lucro da Petrobras e um endividamento recorde, fornecedores denunciaram que não estão recebendo em dia e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, ameaçou cortar o regime especial de recolhimento de impostos no estado que privilegia a Petrobras caso ela continue sem pagar os royalties a que o Rio tem direito.
Com a redução do preço do petróleo o Estado do Rio já vem recebendo menos pelos royalties, e a estatal em vez de pagar o que deve, faz depósitos em juízo. Outro governador, Camilo Santana do Ceará, está em pé de guerra com a decisão da Petrobras de desistir da refinaria que seria construída no seu estado.
Foi uma decisão pessoal do ex-presidente Lula, para agradar aos irmão Gomes, contra a diretriz da empresa na época, que considerava a decisão antieconômica. Juntamente com a do Ceará, para 300 mil barris/dia, foi autorizada a Refinaria Premium do Maranhão, com previsão de refino de 600 mil barris/dia, a maior do país, para agradar à família Sarney.
Ambas foram agora descartadas, justamente por não serem viáveis economicamente. Essa carteirada de Lula provocou um prejuízo de R$ 2,7 bilhões à Petrobras, sendo que o governador do Ceará reclama que já foram gastos R$ 600 milhões. No Maranhão, foram jogados no lixo R$ 2,1 bilhões em terraplanagem que não servirá para nada.
Para coroar o dia, a presidente da Petrobras, Graça Foster - que deve ser a campeã de máscaras de Carnaval este ano, rivalizando com a do Cerveró, que tenta inutilmente barrar na Justiça o uso de seu olho caído na folia - disse que o prejuízo da estatal pode ser muito maior do que se presume, pois ainda serão analisados os prejuízos em novos projetos e datas.
Durma-se com um barulho desses...

Dilma só tem uma saída honrada e honrosa: anunciar a privatização da Petrobras depois da desratização. Mas não fará - REINALDO AZEVEDO

Dilma só tem uma saída honrada e honrosa: anunciar a privatização da Petrobras depois da desratização. Mas não fará 
isso, é claro! Enterrará a estatal e o país

Dilma Rousseff poderia fazer um bem imenso ao Brasil e à Petrobras. Mas ela não vai. Já chego lá.
A estatal é um retrato do Brasil sob a era petista: gigante, depauperada, sucateada, com futuro incerto. Imaginem o que aconteceria se, nas campanhas eleitorais de 2006, 2010 e até 2014, um candidato do PSDB dissesse isto: “A Petrobras precisa redefinir o seu tamanho”. João Santana, aquele marqueteiro que só fala a verdade, iria para a TV acusar os tucanos de tentar privatizar a empresa. Pois foi o que falou nesta quinta, em teleconferência com analistas, a presidente da estatal, Graça Foster. Foi além: a gigante cambaleante terá de reduzir seus investimentos em exploração e refino ao mínimo necessário. Trata-se de uma medida preventiva para assegurar o caixa da empresa.
Como é que essa decisão se casa com a obrigação que tem a Petrobras de ser parceira da exploração do pré-sal? Ora, não se casa. Lembram-se daquela cascata da dupla Lula-Dilma em 2010 segundo a qual o óleo lá das profundezas era um bilhete premiado? Isso ficou para trás. O mais impressionante é que, no discurso proferido antes da reunião ministerial de terça-feira, a soberana mandou brasa: “Temos de apostar num modelo de partilha para o pré-sal, temos de dar continuidade à vitoriosa política de conteúdo local”. Nesta quinta, na prática, Graça estava dizendo que a fala da sua chefe é pura cascata.
Graça foi além. A Petrobras, que já estuda não pagar dividendos a seus acionistas, resolveu congelar as obras de Abreu e Lima, em Pernambuco, e da Comperj, no Rio — ambas com suspeitas de superfaturamento e no epicentro da roubalheira perpetrada pela quadrilha que comandou os destinos da empresa por mais de dez anos.
A Petrobras está no chão. Em dois dias, suas ações caíram praticamente 15%, consequência da patuscada protagonizada pela empresa, que divulgou um balanço de mentira. Na quarta-feira, a companhia destacou em seu balanço empreendimentos superavaliados em R$ 88,6 bilhões. Diante do número, Dilma fez aquilo que mais sabe fazer: ficou furiosa. Ela não suporta a conspiração dos fatos.
Então ficamos assim: aquela que já foi a maior empresa brasileira tem ativos superestimados em R$ 88,6 bilhões; já calcula em R$ 4 bilhões só o montante da roubalheira; pensa em não pagar dividendos; divulga um balanço não auditado; congela obras em andamento; reduz à sua expressão mínima a exploração e o refino de petróleo, suas principais áreas de atuação, e sua presidente diz que a apuração das falcatruas pode durar muitos anos.
E Dilma? Ah, Dilma Rousseff poderia fazer com que a empresa, que hoje deve valer pouco mais de R$ 100 bilhões na Bolsa, volte a valer quase R$ 400 bilhões. Bastaria ir à televisão e anunciar: “Assim que sanarmos as contas, vamos privatizar a Petrobras”. As ações subiriam de modo vertiginoso e contínuo. É certo que alguns vagabundos e larápios tentariam organizar alguns protestos… A população, cansada de ser roubada e de pagar a gasolina mais cara do mundo, certamente aplaudiria. Antes que as antas se levantem: todas as riquezas do subsolo brasileiro pertencem à União, pouco importa quem as explore.
Mas Dilma não vai fazer isso. O PT está decidido a enterrar o Brasil e a Petrobras, dois gigantes cambaleantes.
Texto publicado originalmente às 4h24
Por Reinaldo Azevedo

Maduro decide mandar bala em manifestantes. Nossas esquerdas aplaudem! - REINALDO AZEVEDO


Vou falar do governo assassino de Nicolás Maduro, na Venezuela. Mas, antes, uma lembrança.
Dilma Rousseff, a nossa governanta, discursou no dia 28 na 2ª Sessão Plenária da III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), na Costa Rica. Referiu-se às conversações em curso entre Cuba e Estados Unidos nestes termos:
“Recentemente, presenciamos um fato de transcendência histórica: o anúncio da normalização das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. Assim, começa a se retirar da cena latino-americana e caribenha o último resquício da Guerra Fria em nossa região. Não tenho dúvidas de que a CELAC tem sido um catalisador desse processo. Foram necessários coragem e sentido de responsabilidade histórica por parte dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama, para dar esse importante passo. Os dois Chefes de Estado merecem nosso reconhecimento pela decisão que tomaram –  benéfica para cubanos e norte-americanos, mas, sobretudo, benéfica para todos os cidadãos do continente. Merece, igualmente, nosso reconhecimento o Papa Francisco, por sua importante contribuição nesse processo. Não podemos esquecer, todavia, de que o embargo econômico, financeiro e comercial dos Estados Unidos a Cuba ainda continua em vigor. Essa medida coercitiva, sem amparo no Direito Internacional, que afeta o bem-estar do povo cubano e prejudica o desenvolvimento do país, deve, tenho certeza, do ponto de vista de todos os países aqui representados, ser superada. O Brasil, ao financiar as obras do Porto de Mariel, inaugurado à margem da Cúpula da CELAC em Havana, atuou em prol de uma integração abrangente. Agradecemos ao governo cubano e ao povo cubano a grande contribuição que tem dado ao Brasil no atendimento a serviços básicos de saúde para 50 milhões de brasileiros.”
Bem… Cuba é que deveria ser grata ao Brasil, não? Há 7.400 médicos cubanos por aqui. Cada um custa R$ 10 mil por mês, mas ficam com apenas R$ 2,9 mil desse dinheiro. O resto vai para a ditadura dos irmãos Castro. A escravidão moderna rende, líquidos, à ilha R$ 52.540.000 por mês — ou R$ 630,48 milhões por ano. Um negócio e tanto. Mais: o porto de Mariel é negócio de pai para filho. Consta que não conhecemos dessa história nem a metade. Mas sigamos.
Reparem que, em seu discurso, Dilma censurou os EUA pelo embargo, mas não censurou Cuba pela ditadura. A soberana não deve achar que seja esse um assunto grave. E, agora sim, posso voltar à Venezuela. O governo de Maduro assinou uma resolução que permite às Forças Armadas abrir fogo — atirar mesmo, pra valer — contra manifestantes. Em outras palavras: matá-los. O texto, informa a http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/206122-venezuela-autoriza-atirar-contra-protesto.shtml Folha, estabelece o seguinte: “diante de uma situação de risco mortal, o funcionário militar aplicará [o] uso da força potencialmente mortal, com arma de fogo ou outra arma potencialmente mortal”.   
O texto viola dois artigos da Constituição, mesmo aquela que há lá, bolivariana, talhada ao gosto dos tiranos: o 68, que “proíbe o uso de armas de fogo [...] no controle de manifestações pacíficas; e o 332, segundo o qual os “órgãos de segurança cidadã são de caráter civil [e não militar]”. E daí?
O governo do Brasil, que lisonjeia a ditadura cubana e critica os EUA, uma democracia, é um dos principais aliados do regime venezuelano. Com a liderança de que dispõe no continente, o nosso país estaria obrigado a se manifestar sobre a decisão de Maduro, mas não vai. Prefere se esconder na chamada “não ingerência em assuntos internos” de outro país.
Como esquecer que Dilma Rousseff e Cristina Kirchner deram um verdadeiro golpe no Mercosul para abrigar a Venezuela, violando, inclusive, a cláusula do tratado que define o bloco? A dupla se aproveitou de uma crise política no Paraguai para suspender esse país do Mercosul e dar abrigo, então, a Hugo Chávez.
Reitero: essa resolução viola uma cláusula do tratado do Mercosul. Não se ouvirá um pio. Dilma acha o embargo dos EUA a Cuba um crime de lesa-humanidade, mas não vê nada de mais que se matem pessoas nas ruas feito moscas. Afinal, Lula já chegou a dizer que, na Venezuela, “existe democracia até demais”.
A democracia da bala.
Por Reinaldo Azevedo

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Joice Hasselmann, Carlos Graieb e Augusto Nunes comentam o balanço que retrata a agonia da estatal devastada pelo Petrolão


Joice Hasselmann, Carlos Graieb e Augusto Nunes comentam o balanço que retrata a agonia da estatal devastada pelo Petrolão

"Dia Nacional do Otário é todo o dia" - RICARDO NOBLAT


Com Blog do Noblat


E no dia em que a Petrobras divulgou o mais desastroso balanço de sua história nos últimos 50 anos, o Diário Oficial da União circulou com decretos assinados pela presidente Dilma Rousseff criando o Dia Nacional do Milho, o Dia Nacional do Técnico Agrícola, o Dia Nacional da Parteira Tradicional e o Dia Nacional da Vigilância Sanitária. A parteira não tradicional talvez venha a merecer seu dia.
Em seguida, Dilma embarcou para a Costa Rica onde se celebra a III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Em discurso maçante, alertou seus colegas para a crise econômica mundial, algo que certamente escapava ao conhecimento deles. E elogiou seu próprio governo, como de hábito. Sim, falou do programa Minha Casa, Minha Vida.
Quanto à manutenção à frente da Petrobras da atual diretoria nomeada por ela, Dilma não disse uma única palavra. Nem os jornalistas tiveram a chance de perguntar a respeito. A última vez que a presidente conversou com eles foi às vésperas do Natal do ano passado. Desde então ela os evita para escapar a perguntas embaraçosas. As perguntas se acumulam.
Somente ontem, com a queda de mais de dez pontos percentuais no valor de suas ações, a Petrobras encolheu quase R$ 14 bilhões. Lula se elegeu, se reelegeu e elegeu Dilma dizendo que a oposição, mais precisamente o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, planejava privatizar a Petrobras caso voltasse ao poder. O PT fez diferente: afundou a Petrobras. E a tudo assistimos desinteressados.
A direção da empresa emitiu dois poderosos sinais negativos para o mercado. Não consegue calcular o valor dos ativos da Petrobras. Nem o valor do estrago produzido pela corrupção. Um balanço assim é tudo menos um balanço que mereça crédito. De resto, é um balanço que não foi auditado por técnicos independentes. Que crédito merece a palavra da atual diretoria da Petrobras?
Ela já deveria ter sido demitida há muito tempo. Não foi e dificilmente será porque Graça Foster, a presidente da Petrobras, é amiga querida de Dilma. Que precisa dela dentro da empresa para evitar que algo venha a atingi-la no futuro. Ou a Lula. Graça é militante de carteirinha do PT. Carrega três estrelas tatuadas em um dos seus antebraços, duas pintadas de vermelho.
A redução anunciada de investimentos da empresa para este ano, somada à redução de investimentos das 23 empreiteiras envolvidas com a Operação Lavo-Jato, poderá representar uma contração de quase dois pontos percentuais na economia do país. Quem pagará uma conta monstruosa como essa? Ora, cada um de nós. O Estado é o maior acionista da Petrobras. Somos nós que o mantemos.

Diz que vai, vai, vai. Coluna Carlos Brickmann


Diz que vai, vai, vai. Coluna Carlos Brickmann

O ditador italiano Benito Mussolini não disse exatamente essa frase, mas é como se tivesse dito: ser ministro de Dilma não é difícil, é apenas inútil.

Dilma ainda nem havia reunido o Ministério e já tinha forçado seu homem de confiança, o ministro do Planejamento Nelson Barbosa, a recuar na questão do aumento do mínimo; e, em seguida, deixou claro que as posições da estrela de seu Governo, o ministro da Fazenda Joaquim Levy, não são as que vai adotar. Acha que ele foi infeliz ao dizer que o seguro-desemprego no Brasil está ultrapassado. Quem manda é ela, só ela, que neste mandato não obedece nem a Lula.

As normas anunciadas por Levy para o seguro-desemprego (cujo custo se multiplicou, enquanto o Governo jurava que o desemprego nunca foi tão baixo) e o seguro-defeso (se o Brasil tivesse tantos pescadores quanto os que recebem o seguro-defeso, pago durante o período em que a pesca é proibida, estaríamos nadando em peixe), visavam uma economia anual de R$ 18 bilhões. O primeiro a atacá-lo foi um colega de Ministério, Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência, dilmista desde criancinha. Só diz, e com alegria, o que Dilma determina.

Certo, ser ministro tem suas vantagens: carro com chapa de bronze, motorista, jatinho, gente que vai à frente abrindo as maçanetas. O problema é que os parceiros internacionais não querem saber se o ministro tem direito a pompas, nem se é um sábio: querem saber se podem confiar em suas palavras. Se não puderem, irão ouvi-lo só por gentileza. E lhe darão menos atenção do que Dilma lhe dá.

Quebra-cabeças

Uma coisa é certa: aquele partido unido, fechado, em que os discordantes saíam por falta de espaço, está agora dividido. E dividido publicamente. Quem poderia imaginar, hoje, uma reconciliação entre Marta e Mercadante? 

Ou um acerto de opiniões entre o trotskista Miguel Rossetto e o Chicago Boy Joaquim Levy?

Opinião crítica

Do jornalista Janio de Freitas, da Folha de S.Paulo, cuja posição frequentemente coincide com a do PT: "O país não decidiu mudar. A maioria do eleitorado não apenas votou pela continuidade: rejeitou a política econômica proposta por Aécio e agora adotada por Dilma. Quem decidiu mudar foi Dilma Rousseff, e decidiu sozinha, em uma extravagância de poder contra a vontade das urnas".

Contra-opinião

Dilma mudou os ministros, mas até agora os obrigou a recuar mais de uma vez. Só se saberá se Dilma decidiu mudar quando disser o que quer. 

Está difícil: faz uns 40 dias que a presidente está mais muda que torcedor do Brasil na Copa.

Marta x Dilma

Opinião de Marta, sobre o Governo de Dilma (do qual, aliás, fez parte até recentemente): "Se tudo ia bem, era necessário alguém para implementar ajustes e medidas tão duras e negadas na campanha? Nenhuma explicação".

Opinião de briga

Gilberto Carvalho, ex- secretário-geral da Presidência, ligadíssimo a Lula e nem tanto a Dilma, acha que é hora de lutar: "Tem uma central de inteligência disposta a fazer o ataque definitivo ao Partido dos Trabalhadores e nosso projeto popular. Não vamos subestimar a capacidade deles para nos criminalizar, nos identificar com o roubo, para nos chamar de ladrão, para tentar impingir em nós uma separação definitiva em relação à classe média, para tentar nos isolar e inviabilizar em 2018 a candidatura do Lula, seja politicamente, seja judicialmente."

Os mistérios da vida

Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, pediu ao juiz Sérgio Moro que arrolasse a presidente Dilma Rousseff como sua testemunha de defesa na ação penal que enfrenta no Paraná. Menos de três horas depois, Cerveró mudou de ideia: desistiu de pedir a convocação da presidente.

Que terá acontecido neste curto espaço de tempo para que Cerveró mudasse de opinião a respeito do arrolamento de Dilma? Segundo o advogado Edson Ribeiro, Cerveró lhe disse que este caso não passou pelo Conselho (que era presidido por Dilma), mas foi decidido diretamente pela Diretoria. 

Ah, as armadilhas da memória! Pensar que menos de três horas antes Cerveró não tinha lembrado desse fato tão importante! Nem o tinha, até agora, contado a seu advogado!

Calma no Brasil

Dilma está quieta, silenta. E toma decisões lentamenta, calmamenta. Em 30 de julho de 2014, há seis meses, o ministro Joaquim Barbosa deixou o Supremo Tribunal Federal (e já havia feito a comunicação à presidente em 29 de maio). Até hoje seu substituto não foi escolhido. Os processos que caberiam a seu substituto vão sendo distribuídos aos outros ministros, sobrecarregando-os. Se Dilma está conversando com aliados sobre o novo ministro, guarda sigilo total.

Sonho distante

Lula sempre disse, enquanto presidente, que quando deixasse o poder realizaria seu sonho de voltar a cozinhar coelhos em seu sítio Los Fubangos, perto de São Bernardo do Campo, seu paraíso particular. Até agora isso não lhe foi possível. 

Em homenagem ao ex-presidente, vamos torcer para que realize seu sonho.

O ditador comunista e o “frei” cristão: o que não foi dito - POR RODRIGO CONSTANTINO


O ditador comunista e o “frei” cristão: o que não foi dito

“Frei” Betto foi uma vez mais visitar o “paraíso” comunista na ilha caribenha, e acabou convidado para uma conversa de uma hora e meia com o dono do pedaço, que transferiu a gestão da ilha para o irmão mais novo como quem deixa o caçula brincar com seus brinquedos (no caso, estamos falando da vida de 11 milhões de pessoas, mas deixa isso pra lá). O resultado foi esta breve entrevista divulgada no GLOBO, jornal que tem o “frei” como colunista.
Por meio dela, ficamos sabendo que Fidel Castro é um “entusiasta” de Obama, o presidente esquerdista americano, e que tece elogios ao Papa Francisco também. Betto, que já pegou em armas para ajudar na revolução comunista, é muito amigo do ditador cubano, e não parece ver nada de contraditório entre essa amizade e sua suposta mensagem de paz cristã.
Deus não tolera um Bolsonaro da vida, mas, pela ótica do “frei”, o ditador assassino deve ter um lugar garantido no céu – talvez um grande e privilegiado lugar, para continuar oprimindo e matando milhares de súditos. De lá, esses ingratos tentarão navegar em nuvens rumo ao inferno, como fazem hoje os “balseiros” desesperados para chegar a Flórida.
O “frei” vermelho disse que seu camarada é muito detalhista: “A cabeça está perfeita. O Fidel é muito detalhista, anota tudo. Quis saber onde estou hospedado, o que eu fiz, com quem falei, e sempre anotando. Ele é o homem do detalhe”. Sim, ele tem mesmo essa mania de querer saber de tudo, onde as pessoas ficam, o que pensam e falam, com quem conversam. E para garantir a precisão das informações, mantém um exército de fiscais e delatores informais. Muita curiosidade e mania de detalhes…
Ainda segundo nosso “frei”, Fidel quer mesmo mais “diálogo” com os “malditos ianques”, e eis como o comunista brasileiro coloca a coisa: “Comentei sobre a carta que ele mandou para a Federação dos Estudantes Universitários, em que aborda o reatamento das relações com os Estados Unidos. Eu disse que o diálogo é importante, é o encontro do caminhão consumista com o Lada (marca de veículos russos) da austeridade. Por enquanto, vai ser muito difícil a sintonia, porque um fala em FM e outro em AM. Ele concordou”.
O “caminhão consumista” é um dos países mais ricos e livres do mundo, com ampla e sólida classe média, e claro, com uma democracia que vem desde sua independência sem grandes choques, sob uma Constituição que sofreu poucas emendas e ainda é essencialmente a mesma. Já o “Lada da austeridade” é uma ilha miserável, com escravos em vez de cidadãos, e um regime totalitário que mantém o mesmo senhor feudal no poder há meio século. Mas é preciso “dialogar”, sabe?, como se cada um tivesse algo de bom para colocar na mesa…
Sobre o presidente esquerdista americano, eis o que Fidel pensa, segundo o “frei”: “Ele é um entusiasta do Obama e acha muito positivo o que o presidente americano vem fazendo. Mas, ao mesmo tempo, diz que o processo é muito longo. Os EUA tomaram uma série de medidas contra Cuba, que precisam ser canceladas”. E eu poderia jurar que quem tomou medidas contra o outro foi Cuba, ao encampar e expropriar empresas americanas e depois apontar mísseis soviéticos para a Flórida…
Perguntado se conversaram sobre as mudanças internas na ilha, “frei” Betto disse: “Não. Abordamos muito política a internacional. Falamos sobre o atentado na França e ele disse que gostou muito da reação do Papa Francisco. Concordou com Francisco e disse: “A liberdade de expressão tem limites. Você pode se expressar, mas não tem o direito de humilhar ou ofender”. Fidel elogiou a atitude do Papa, quando disse que se xingassem sua mãe, devolveria com um murro”.
De limitar a liberdade de expressão Fidel entende, e muito! Para o “frei”, Fidel e o Papa Francisco concordam nesse assunto, como se o Papa fosse endossar a opressão total existente em Cuba. Ninguém teria o direito de humilhar ou ofender, e isso, em Cuba, significa criticar o governo. Claro: Fidel tem o total direito de não se sentir ofendido. É por isso que 11 milhões de cubanos não podem dizer abertamente o que pensam dele. A liberdade de expressão deve ter limites…
O “garoto de recados” da ditadura cubana disse ainda: “Os cubanos, em geral, estão otimistas e ao mesmo tempo apreensivos. Sabem que será um grande choque cultural. Às vezes eu pergunto se estão preparados para a tsunami e recebo de volto uma pergunta: será que estamos preparados? A questão agora é saber como os valores da revolução serão preservados”.
Valores? Quais? Só falta dizer a “educação”, um mito ridículo num país em que todos são doutrinados ideologicamente e engenheiros dirigem táxis enquanto prostitutas possuem diplomas. Ou, quem sabe, a “saúde”, outra brincadeira de mau gosto num país em que falta o básico do básico. Que valores são esses que Cuba deveria preservar? Eu gostaria de saber…
Não sei com quem o “frei” conversou, mas parece ter sido com os membros da nomenklatura apenas, pois disse: “Eu noto que Cuba vive um momento de euforia, o prestígio de Raul é impressionante. Ouvi várias vezes frases do tipo: “A nossa sorte é que os dois estão vivos, pois sabem como conduzir esse momento”. O processo de abertura econômica é inicial, está começando. Mas sinto otimismo de que isso vai melhorar as condições de vida do país”. 
Será que o “frei” acha que somos tão idiotas a ponto de acreditar que o “povo” cubano se considera sortudo por ter Fidel e Raúl no comando da nação? O povo cubano não vê a hora de ir ao enterro de ambos, isso sim! Mas o “frei” não foi “escalado” à toa, não é mesmo? Fui a Cuba com um propósito bem claro, e posso garantir que não tem nada a ver com espalhar a voz de Deus (a menos que Deus seja Fidel).
O que o “frei” Betto não perguntou ao camarada Fidel, e o que a jornalista do GLOBO, Sandra Cohen, também não perguntou ao intermediário, eu pergunto aqui, sabendo antecipadamente a resposta: o senhor não sente vergonha de defender por tanto tempo a mais longa e assassina ditadura do continente?
Rodrigo Constantino

VEJAM O DESCALABRO DA ADMINISTRAÇÃO PETISTA. "Custo Petrobras", por Carlos Alberto Sardenberg O Globo

"Custo Petrobras", por Carlos Alberto Sardenberg

O Globo


Graça gastou dinheiro mandando refazer as plantas nos EUA, mas agora, dado o evidente desastre, cancelou tudo



Há menos de seis anos, em 17 de setembro de 2009, o então presidente Lula apresentou-se triunfante em uma entrevista ao jornal “Valor Econômico". Entre outras coisas, contou, sem meias palavras, que a Petrobras não queria construir refinarias e ainda apresentara um plano pífio de investimentos em 2008.
“Convoquei o conselho da empresa", contou Lula. Resultado: não uma, mas quatro refinarias no plano de investimentos, além de previsões fantásticas para a produção de óleo.
Duas seriam refinarias Premium, uma no Maranhão, com previsão de refino de 600 mil barris/dia, a maior do país, e outra no Ceará, para 300 mil barris/dia.
Ontem, ainda na madrugada de terça para quarta, a presidente da Petrobrás, Graça Foster, informou que a companhia simplesmente desistiu dos projetos Premium. Disse que a estatal não encontrou parceiros e que o negócio, afinal, não era viável economicamente.
Parece que não tem nada de mais. Algo assim como: “Foi mal, desculpa aí”.
Mas tem — nada menos que R$ 2,7 bilhões. Esse é o dinheiro que foi torrado em dois projetos que não saíram do papel. Na Premium I, a do Maranhão, ainda foram concluídas obras de terraplenagem, com “investimentos” de R$ 2,1 bilhões. Na II, do Ceará, a Petrobras conseguiu gastar R$ 600 milhões para praticamente nada.
Faz tempo que Graça Foster sabe que os projetos estavam furados. Desde 2012, pelo menos. Disse então que a companhia estava reavaliando a coisa, incluindo os equipamentos já comprados. Sim, 
Graça confirmou que equipamentos haviam sido adquiridos antes da definição dos projetos.
Graça ainda gastou dinheiro mandando refazer as plantas nos Estados Unidos — mas agora, dado o evidente desastre, cancelou tudo.
Curiosidade: ainda ontem à tarde, na página da Petrobras, lá constavam as duas refinarias, na categoria de novos empreendimentos. Pelo texto, coisas grandiosas. Pelo que disse ontem a presidente Graça 
Foster, a decisão de cancelar as refinarias foi tomada no último dia 22. Esqueceram de avisar o pessoal do site.
Na verdade, é mais do que isso. A história não deixa dúvida: isso aí é “Custo Lula", mas também um custo a ser atribuído à diretoria da Petrobras e seu Conselho de Administração, no momento em que a companhia assumiu projetos tão mal desenhados e durante todo o tempo em que o desastre foi simplesmente escondido.
Dilma Rousseff contou que, quando presidente do Conselho da Petrobras, foi levada ao equívoco ao se basear em documentos frágeis para autorizar a compra da refinaria de Pasadena. Pois parece que há muitos outros equívocos a contabilizar.
As outras duas refinarias que a Petrobras, então presidida por José Sergio Gabrielli, foi levada a fazer por decisão de Lula são a do Nordeste (Abreu e Lima) e o Comperj, do Rio, dois projetos que saíram do papel, mas a preços escandalosamente elevados.
Outra curiosidade: ainda ontem, estavam funcionando direitinho os escritórios das refinarias Premium em Fortaleza e São Luís. As obras tinham óbvio caráter político, espécie de prêmio para aliados no Nordeste.
Por isso foi tão difícil cancelar: o negócio tinha outras funções além de refinar petróleo. Aliás, parece que a única coisa que não importava era o refino.
E pensar que os R$ 2,7 bilhões são coisa pequena diante dos erros, desvios, roubos e superfaturamento que a empresa ainda nem conseguiu contar. É explosiva a combinação da gestão “vamo-que-vamo”, para a qual fazer contas é coisa de neoliberal, com corrupção.

GOVERNO DA VENEZUELA ENVOLVIDO COM NARCOTRÁFICO - POR FELIPE MOURA BRASIL


Agora sim! Chefe de segurança liga Chávez e Maduro ao narcotráfico. Chávez envolveu Venezuela para ajudar Farc e combater EUA pela disseminação do vício. Maduro também teria participado do negócio gerido por Cabello, que, como Dilma, ameaça processar órgãos de imprensa. Repito: esses são os aliados do PT no Foro de São Paulo!

LeamsySalazar entre Cabello e Chávez
Salazar – atrás de Cabello e Chávez – ao melhor estilo Clint Eastwood em “Na linha de fogo”. Aguardo esse filme também
Anos atrás, o então ditador Hugo Chávez decidiu envolver as estruturas do Estado venezuelano no tráfico de drogas como forma de ajudar as Farc e de combater os Estados Unidos em uma “guerra assimétrica” incentivando o vício em solo americano. Seu sucessor, Nicolás Maduro, também teria participado do negócio do Cartel dos Sóis, ainda que a gestão estivesse nas mãos do presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, o chefão Diosdado Cabello.
Captura de Tela 2015-01-29 às 02.22.24Coincidem nessas revelações os depoimentos do juiz Eladio Aponte, que fugiu da Venezuela em 2012, e do ex-chefe de segurança de Chávez e Cabello, o capitão de corveta Leamsy Salazar, que desertou em dezembro e agora é testemunha protegida da Agência Antidroga dos EUA (DEA). As informações são do jornal ABC da Espanha, que publicou nesta quarta-feira a segunda matéria sobre as denúncias de Salazar, repercutidas em primeira mão na grande mídia neste blog – aquiaqui e aqui.
Captura de Tela 2015-01-29 às 04.32.39A deserção planejada e bem-sucedida do militar de mais alto posto a recorrer a essa medida extrema é uma amostra de como a Justiça da ditadura venezuelana não investiga os crimes da cúpula do governo, como a utilização da petroleira PDVSA para lavagem de dinheiro.
Captura de Tela 2015-01-29 às 02.24.49Em suas revelações, Salazar também liga ao cartel o governador do estado de Aragua e ex-ministro do Interior, Tarek el Aissami, e o chefe da agência fiscal e aduaneira (SENIAT) e ministro da Indústria, José David Cabello, que é irmão do presidente Assembleia Nacional. Em 2010, o narcotraficante Walid Makled já havia dito que Aissami lhe fazia favores.
A desculpa da “lua-de-mel”
Leamsy Salazar (cujo nome vem de escrever Ismael ao contrário) chegou aos EUA na segunda-feira com procedência de Madri. Após ter contactado a DEA, ele pediu em dezembro a permissão dos patrões venezuelanos para se casar e sair de lua de mel, e então se ausentou do país. Enquanto esperava autorização para entrar nos EUA, esteve em um par de países, sendo o mais recente a Espanha, de onde voou para Washington com sua esposa e alguns parentes. Nascido em 24 de maio de 1974 e graduado na Escola Naval em 1998, Salazar tem hoje 40 anos e dois filhos de um casamento anterior, os quais permanecem na Venezuela, segundo o jornal, o que me parece um risco, dado o ódio que suas graves denúncias já despertam no governo.
De “grande soldado” a “traidor”
Salazar teve uma vocação militar precoce, segundo o ABC. Quando Chávez tomou posse como presidente no início de 1999, ele quis entrar para a guarda de honra presidencial com os melhores jovens oficiais de cada classe. Os primeiros das duas últimas classes foram convocados e Salazar acabou selecionado. Ele cuidou por quase dez anos da segurança do presidente e também o serviu como assistente pessoal.
O vídeo abaixo é de um programa “Alô, presidente” no qual Chávez elogiou Salazar, apontando o então recente guarda-costas em uma foto na qual ele balança a bandeira nacional no terraço do palácio presidencial em 12 de abril de 2002, quando Chávez recuperou o poder depois de três dias que o havia perdido. Assista. Continuo em seguida.
Pois é. O homem que era, nas palavras de Chávez, um “humilde grande soldado da infantaria marinha”, um dos “soldados muito dignos” da Venezuela aos quais o povo devia “reconhecimento”, agora é tido como o inimigo público número 1 do governo em Caracas.
Os aliados do PT no Foro de São Paulo não suportam a ideia de que a colaboração de Salazar com as autoridades americanas esteja permitindo aos EUA uma compreensão mais completa da estrutura do Cartel dos Sóis, como é chamada a rede de narcotráfico paraestatal da Venezuela, responsável pelo encaminhamento de parte da droga que chega aos Estados Unidos.
O alto escalão do narcotráfico
Faz tempo que as investigações da DEA vêm apontando para vários líderes, a maioria de origem militar, como membros proeminentes do cartel. Seja por sua ligação patente com o narcotráfico, seja por suas conexões com a narcoguerrilha colombiana das Farc, Washington já tinha denunciado publicamente três ministros da Defesa do chavismo – Henry Rangel Silva, Carlos Marta Figueroa e Ramon Carrizález -, assim como Ramon Rodriguez Chacin, que foi titular de Justiça e Interior em duas ocasiões. Hoje, esses dirigentes são governadores dos estados de Trujillo, Nueva Esparta, Apure e Cojedes, respectivamente.
Até agora, no entanto, só houve uma acusação formal dos Estados Unidos contra uma figura do alto escalão venezuelano por narcotráfico. Foi aquela contra o general e chefe da inteligência militar entre 2004 e 2009, Hugo Carvajal, preso em julho de 2014 pela polícia de Aruba a pedido dos EUA, tendo os procuradores federais lhe atribuído um papel de coordenação do Cartel dos Sóis. Na verdade foram duas acusações, do Ministério Público Federal do Distrito Sul de Nova York e do de Miami – e é possível que haja mais processos semelhantes contra outros líderes, em caráter secreto. A ligação de Carvajal com as Farc apareceu em documentos e em um computador apreendidos pelo exército colombiano durante uma operação militar contra a guerrilha em 2007.
[Vale lembrar a matéria da revista Cambio de 2008 - escrita também com base no material encontrado nos computadores da narcoguerilha -, segundo a qual “a expansão das Farc na América Latina não incluiu apenas funcionários dos governos de Venezuela e Equador, mas também comprometeu importantes dirigentes, políticos e altos membros do PT”, entre eles o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral, a então deputada distrital Erika Kokay (PT) e o então chefe de Gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Também foram mencionados nos e-mails Celso Amorim, Marco Aurélio Garcia, Perly Cipriano, Paulo Vannuchi e Selvino Heck. Mais informações – aqui.]
Nos EUA, o secretário ajunto de Estado para Assuntos Internacionais de Narcóticos e Segurança, William Brownfield, afirmou que “há mais de 10 anos tem surgido evidências de que certos indivíduos no seio do governo da Venezuela são corruptos” e que “o artigo” de terça-feira da ABC, que aponta o homem forte de Chávez como o principal operador do narcotráfico paraestatal, “é consistente com esse histórico; é, na minha perspectiva, mais um fragmento de prova em uma história de mais de dez anos sobre como as organizações narcotraficantes encontraram a capacidade de se estabelecer na Venezuela”.
O capitão venezuelano aposentado Bernardo Jurado, que conheceu Salazar, disse no programa ‘La Noche’ da NTN24 que Chávez (como Lula) “estava ciente de tudo o que acontecia”. Sabia de tudo, como gostamos de dizer por aqui. Segundo Jurado, “41% da cocaína produzida na Colômbia passa pela Venezuela com destino a mercados nos EUA, na Europa e na Ásia.”
A reação de Cabello, a Dilma venezuelana
Já Cabello teve aquela típica reação da esquerda revolucionária às denúncias de seus crimes conhecida como “mate o mensageiro!”. Assim como a presidente Dilma Rousseff disse em rede nacional que processaria a revista VEJA por simplesmente divulgar o conteúdo do depoimento em que o doleiro Alberto Youssef revelava à Polícia Federal que ela e Lula sabiam de tudo sobre o petrolão, o presidente da Assembleia Nacional da Venezuela disse no programa ‘Com el Mazo Dando’ transmitido pela rede estatal VTV que processará o jornal ABC da Espanha simplesmente por trazer a público o depoimento de Salazar ao DEA.
Não satisfeito, disse que será “implacável”, que “ninguém” o deterá, e que processará também os jornais El Nacional e Tal Cual, assim como o portal La Patilla, por terem repercutido a notícia do ABC. Se Cabello quiser me processar também, eu aviso: será uma honra. Eis as suas frases, ao melhor estilo petista, seguida da reação de Maduro:
1) “Vamos abrir um processo, se a justiça espanhola responde ou não responde é problema da justiça espanhola, mas eu sou forçado a me defender.”
2) “Claro que eles têm de provar, porque eles não podem dizer assim que eu sou narcotraficante”…
3) “Eu me reservo as ações judiciais contra os donos de mídia daqui (…) Todas as diretorias dos meios de comunicação que atuaram contra a minha pessoa acusando-me de traficante de drogas terão de prová-lo. Será muito complicado, muito difícil isso, senhores de El Nacional, La Patilla, senhores do Tal Cual.”
4) “Que a DEA se fixe em mim é uma honra; que pessoas como [o ex-secretário de Estado dos EUA para América Latina] Roger Noriega sejam aqueles que estão por trás disso, é uma honra para mim; e, do ponto de vista revolucionário (…), me indica que estou indo no caminho certo”, com a “consciência tranquila”.
5) “Este sujeito [Salazar] esteve com o comandante (Hugo) Chávez e, quando morre o comandante, eu decido (…) levá-lo para trabalhar comigo”. “Como no mês de junho” Salazar “começou a me baixar os olhos” e “se fazia de desentendido”, Cabello solicitou à então ministra da Defesa, Carmen Melendez, sua mudança e que o mandasse para estudar “para que se recompusesse”. “Não o vejo com bons olhos.”
6) Cabello assegurou não ter “nenhuma dúvida” de que Salazar foi “infiltrado” na equipe de segurança de Chávez “por muitos anos”.
Já o atual ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, denunciou na terça-feira a existência de uma “campanha”, que rotulou como “bestial” e “vulgar” por parte da – adivinhe! – “ultra-direita internacional” contra Cabello, a quem demonstrou o seu apoio.
Ah, como são parecidos os petistas e chavistas…
O deputado de oposição Ismael García fez melhor: falou que Cabello deveria pedir “uma investigação das acusações contra ele próprio”. Não seria de fato uma Graça? Sim: uma Graça Foster.
PS: William Cárdenas, advogado e porta-voz da Plataforma Democrática de Venezuelanos en Madri, resume bem a ditadura chavista.
Felipe Moura Brasil - http://www.veja.com/felipemourabrasil
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