quarta-feira, 30 de abril de 2014
Pessoas dentro da farda. Ou: Enterros sem artistas da Globo
Pessoas dentro da farda. Ou: Enterros sem artistas da Globo
Ruy Castro escreveu na Folha de hoje uma coluna que eu gostaria de ter escrito, a despeito das minhas divergências com aspectos da política de segurança pública do Rio. Leiam.
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A 13 de março último, o aspirante a oficial da PM, Leidson Alves, 27 anos, foi morto com um tiro na cabeça por traficantes durante um patrulhamento no morro do Alemão. Foi o 19º PM morto neste ano no Rio, sendo 13 em emboscadas parecidas –alguns quando estavam de folga. A 7 de abril, ao voltar para casa, outro PM, Lucas Barreto, 23, foi capturado em São Gonçalo e levado para uma favela. Deram-lhe oito tiros, a maioria nas pernas, e o jogaram num matagal.
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A 13 de março último, o aspirante a oficial da PM, Leidson Alves, 27 anos, foi morto com um tiro na cabeça por traficantes durante um patrulhamento no morro do Alemão. Foi o 19º PM morto neste ano no Rio, sendo 13 em emboscadas parecidas –alguns quando estavam de folga. A 7 de abril, ao voltar para casa, outro PM, Lucas Barreto, 23, foi capturado em São Gonçalo e levado para uma favela. Deram-lhe oito tiros, a maioria nas pernas, e o jogaram num matagal.
Desde então, não sei a quantas anda a estatística de PMs cariocas mortos ou feridos –não em combate, como de praxe no ofício, mas pelas costas, à traição. Nem sempre os jornais registram que o policial assassinado era jovem, recém-casado, filho exemplar ou pai de filhos. Artistas da Globo não vão a seus enterros. Não se sabe de missas por suas almas e, na verdade, ninguém está interessado. É como se não houvesse uma pessoa dentro da farda.
Nas últimas "manifestações" no Rio, elementos brandiram cartazes dizendo "Fora UPP" e "UPP assassina". É fácil protestar contra as Unidades de Polícia Pacificadora. Quando um policial comete um excesso ou mata alguém, pode enfrentar processo, ser expulso da polícia ou ir preso. Mas ainda não se viu nenhum cartaz dizendo "Fora traficantes". E, no entanto, contra a violência destes, não há recurso –a comunidade tem de aceitar calada os tapas na cara, o estupro de suas filhas e as execuções sumárias de quem eles considerem suspeitos.
É difícil acreditar que essa hostilidade à polícia parta de gente de bem nas comunidades. Os números mostram que, com as UPPs, as mortes diminuíram, os serviços aumentaram e sua economia cresceu.
Tais dados são lesivos, isto, sim, aos traficantes, às milícias, aos que vivem das migalhas do crime e a políticos que, para sobreviver, precisam que as UPPs fracassem.
Lula: exercitando sua conhecida desfaçatez. - EDITORIAL DO ESTADÃO
QUARTA-FEIRA, 30 DE ABRIL DE 2014
Lula: exercitando sua conhecida desfaçatez.
Editorial do Estadão foi na jugular: não dá para levar o tiranete de São Bernardo a sério:
Não se deve levar a sério quem não leva a sério a si mesmo. Diante das nuvens que ameaçam carregar de sombras o cenário eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu abrir a caixa de ferramentas e "partir para cima" de quem ou o que quer que seja que represente risco para o projeto de perpetuação do PT no poder.
Tem aproveitado todas as oportunidades para exercitar sua conhecida e inexcedível desfaçatez. Na noite de sábado passado, em entrevista à TV portuguesa, chegou ao cúmulo, ao interromper a entrevistadora que queria saber o nível de suas relações com José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares e sair-se com uma inacreditável novidade: "Não se trata de gente de minha confiança".
Então está tudo explicado. E toda a Nação tem a obrigação de reconhecer que o ex-presidente falava a verdade em agosto de 2006, quando o escândalo do mensalão estourou: "Quero dizer, com franqueza, que me sinto traído. Não tenho vergonha de dizer ao povo brasileiro que nós temos que pedir desculpas". O fato de as pessoas (a "gente") a que Lula se referia serem o seu então ministro-chefe da Casa Civil - na verdade, um primeiro-ministro ad hoc -, o presidente nacional e o tesoureiro de seu partido tinha então toda a importância, a ponto de o presidente se sentir traído.
Mas, em 2006, surfando no prestígio popular garantido pelo sucesso de seus projetos sociais, Lula reelegeu-se presidente e, cheio de si, subestimando como de hábito o discernimento das pessoas, começou a, digamos, mudar de ideia sobre o mensalão.
Afinal, se estava tão bem na foto, por que posar de vítima?
Em novembro de 2009, já na pré-campanha eleitoral do ano seguinte, passou uma borracha nas declarações anteriores e proclamou diante das câmeras de televisão: "Foi uma tentativa de golpe no governo. Foi a maior armação já feita contra o governo".
Exatamente um ano depois, já comemorando a eleição da sucessora que havia escolhido a dedo, anunciou, onipotente, sua primeira proeza tão logo deixasse o governo: "Vou desmontar a farsa do mensalão".
Os fatos acabaram demonstrando que Lula não estava com essa bola toda. Provavelmente até hoje ele não entendeu direito como é que um colegiado de 11 ministros, dos quais 8 - esmagadora maioria - foram escolhidos por ele próprio e por sua sucessora, foi capaz de armar uma falseta dessas contra "nós".
Mas Lula nunca foi de dar bola para os fatos. Quando não gosta deles, simplesmente os descarta. Prefere criar suas próprias versões.
Uma dessas criativas versões, novidade no repertório do grande palanqueiro pela precisão quase científica que aparenta conter, foi revelada nessa entrevista televisiva que concedeu em Lisboa, durante sua estada em Portugal para as comemorações dos 40 anos da Revolução dos Cravos. E bota criatividade nisso: "O mensalão teve praticamente 80% de decisão política e 20% de decisão jurídica". Quer dizer: a Suprema Corte de Justiça do País tornou-se politicamente cúmplice da "maior armação já feita contra o governo".
A entrevistadora da TV portuguesa estranhou a esdrúxula divisão, mas o ilustre personagem não hesitou em, novamente, sacrificar a lógica e a coerência em benefício de sua cruzada contra o Mal. E encerrou o assunto: "O que eu acho é que não houve mensalão".
Pelo menos ele está "achando" - não tem a categórica certeza que demonstrou quando garantiu, na prematura apoteose do pré-sal, que o Brasil se tornara "autossuficiente" em petróleo.
Outra pérola do pensamento lulista foi oferecida aos telespectadores quando a entrevistadora provocou o entrevistado sobre o fato de sua popularidade manter-se incólume enquanto a de sua sucessora despenca. Ato falho ou exacerbação do ego, Lula sentenciou: "O povo é mais esperto do que algumas pessoas imaginam".
De resto, o fato de, certamente julgando a partir de seu próprio exemplo, entender que a "esperteza" é uma grande virtude do povo brasileiro, Lula dá a exata medida dos valores éticos que cultiva, na hipótese generosa de que cultive algum.
Levá-lo a sério é cada vez mais difícil.
terça-feira, 29 de abril de 2014
NÃO DEIXEM DE LER - UM RETRATO FIEL DE LULA - 'DOM SEBASTIÃO VOLTOU' (UM RETRATO DE LULA) - POR MARCO ANTONIO VILLA
Artigo de Marco Villa em Geral em abril 29, 2014
Este artigo foi publicado no Estadão de 16 de junho de 2012. Vale a pena republicá-lo após as declarações do ex (?) presidente a RTP tratando do processo do mensalão:
Dom Sebastião voltou (um retrato de Lula).
Dom Sebastião voltou
16 de junho de 2012 | 3h 05
Marco Antonio Villa – O Estado de S.Paulo
Luiz Inácio Lula da Silva tem como princípio não ter princípio, tanto moral, ético ou político. O importante, para ele, é obter algum tipo de vantagem. Construiu a sua carreira sindical e política dessa forma. E, pior, deu certo. Claro que isso só foi possível porque o Brasil não teve – e não tem – uma cultura política democrática. Somente quem não conhece a carreira do ex-presidente pode ter ficado surpreso com suas últimas ações. Ele é, ao longo dos últimos 40 anos, useiro e vezeiro destas formas, vamos dizer, pouco republicanas de fazer política.
Quando apareceu para a vida sindical, em 1975, ao assumir a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, desprezou todo o passado de lutas operárias do ABC. Nos discursos e nas entrevistas, reforçou a falácia de que tudo tinha começado com ele. Antes dele, nada havia. E, se algo existiu, não teve importância. Ignorou (e humilhou) a memória dos operários que corajosamente enfrentaram – só para ficar na Primeira República – os patrões e a violência arbitrária do Estado em 1905, 1906, 1917 e 1919, entre tantas greves, e que tiveram muitos dos seus líderes deportados do País.
No campo propriamente da política, a eleição, em 1947, de Armando Mazzo, comunista, prefeito de Santo André, foi irrelevante. Isso porque teria sido Lula o primeiro dirigente autêntico dos trabalhadores e o seu partido também seria o que genuinamente representava os trabalhadores, sem nenhum predecessor. Transformou a si próprio – com o precioso auxílio de intelectuais que reforçaram a construção e divulgação das bazófias – em elemento divisor da História do Brasil. A nossa história passaria a ser datada tendo como ponto inicial sua posse no sindicato. 1975 seria o ano 1.
Durante décadas isso foi propagado nas universidades, nos debates políticos, na imprensa, e a repetição acabou dando graus de verossimilhança às falácias. Tudo nele era perfeito. Lula via o que nós não víamos, pensava muito à frente do que qualquer cidadão e tinha a solução para os problemas nacionais – graças não à reflexão, ao estudo exaustivo e ao exercício de cargos administrativos, mas à sua história de vida.
Num país marcado pelo sebastianismo, sempre à espera de um salvador, Lula foi a sua mais perfeita criação. Um dos seus “apóstolos”, Frei Betto, chegou a escrever, em 2002, uma pequena biografia de Lula. No prólogo, fez uma homenagem à mãe do futuro presidente. Concluiu dizendo que – vejam a semelhança com a Ave Maria – “o Brasil merece este fruto de seu ventre: Luiz Inácio Lula da Silva”. Era um bendito fruto, era o Messias! E ele adorou desempenhar durante décadas esse papel.
Como um sebastianista, sempre desprezou a política. Se ele era o salvador, para que política? Seus áulicos – quase todos egressos de pequenos e politicamente inexpressivos grupos de esquerda -, diversamente dele, eram politizados e aproveitaram a carona histórica para chegar ao poder, pois quem detinha os votos populares era Lula. Tiveram de cortejá-lo, adulá-lo, elogiar suas falas desconexas, suas alianças e escolhas políticas. Os mais altivos, para o padrão dos seus seguidores, no máximo ruminaram baixinho suas críticas. E a vida foi seguindo.
Ele cresceu de importância não pelas suas qualidades. Não, absolutamente não. Mas pela decadência da política e do debate. Se aplica a ele o que Euclides da Cunha escreveu sobre Floriano Peixoto: “Subiu, sem se elevar – porque se lhe operara em torno uma depressão profunda. Destacou-se à frente de um país sem avançar – porque era o Brasil quem recuava, abandonando o traçado superior das suas tradições…”.
Levou para o seu governo os mesmos – e eficazes – instrumentos de propaganda usados durante um quarto de século. Assim como no sindicalismo e na política partidária, também o seu governo seria o marco inicial de um novo momento da nossa história. E, por incrível que possa parecer, deu certo. Claro que desta vez contando com a preciosa ajuda da oposição, que, medrosa, sem ideias e sem disposição de luta, deixou o campo aberto para o fanfarrão.
Sabedor do seu poder, desqualificou todo o passado recente, considerado pelo salvador, claro, como impuro. Pouco ou nada fez de original. Retrabalhou o passado, negando-o somente no discurso.
Sonhou em permanecer no poder. Namorou o terceiro mandato. Mas o custo político seria alto e ele nunca foi de enfrentar uma disputa acirrada. Buscou um caminho mais fácil. Um terceiro mandato oculto, típica criação macunaímica. Dessa forma teria as mãos livres e longe, muito longe, da odiosa – para ele – rotina administrativa, que estaria atribuída a sua disciplinada discípula. É um tipo de presidência dual, um “milagre” do salvador. Assim, ele poderia dispor de todo o seu tempo para fazer política do seu jeito, sempre usando a primeira pessoa do singular, como manda a tradição sebastianista.
Coagir ministros da Suprema Corte, atacar de forma vil seus adversários, desprezar a legislação eleitoral, tudo isso, como seria dito num botequim de São Bernardo, é “troco de pinga”.
Ele continua achando que tudo pode. E vai seguir avançando e pisando na Constituição – que ele e seus companheiros do PT, é bom lembrar, votaram contra. E o delírio sebastianista segue crescendo, alimentado pelos salamaleques do grande capital (de olho sempre nos generosos empréstimos do BNDES), pelos títulos de doutor honoris causa (?) e, agora, até por um museu a ser construído na cracolândia paulistana louvando seus feitos.
E Ele (logo teremos de nos referir a Lula dessa forma) já disse que não admite que a oposição chegue ao poder em 2014. Falou que não vai deixar. Como se o Brasil fosse um brinquedo nas suas mãos. Mas não será?
Avaliação do governo Dilma cai de 36,4% para 32,9%, aponta CNT/MDA
Avaliação do governo Dilma cai de 36,4% para 32,9%, aponta CNT/MDA
- Pesquisa também revela queda de Dilma na corrida presidencial
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff teve nova queda de popularidade, segundo a pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes CNT/MDA. A avaliação positiva do governo Dilma caiu de 36,4% em fevereiro para 32,9% em abril. Aqueles que consideram o governo ruim subiram de 24,8% para 30,6% agora. Outros 35,9% avaliam o governo regular, contra 37,9% em fevereiro.
A avaliação pessoal de Dilma também oscilou negativamente: de 55% em fevereiro para 47,9% em abril. A desaprovação do desempenho pessoal da presidente subiu de 41% em fevereiro para 46,1%. Outros 6% não quiseram ou não souberam responder.
Na corrida presidencial, a candidata Dilma também perdeu pontos: caiu de 43,7% para para 37% em fevereiro. Já o senador Aécio Neves, candidato do PSDB, subiu de 17% para 21,6%. O ex-governador Eduardo Campos (PSB) tinha 9,9% e agora cresceu para 11,8%. O cenário traz apenas os três principais candidatos e foi uma pesquisa de intenção de voto estimulada.
No caso da avaliação do governo Dilma, a soma de 32,9% inclui 5,9% de ótimo e 27% de bom. Além disso, a avaliação negativa de 30,6% inclui 14,3% de ruim e 16,3% de péssimo. O patamar de regular é de 35,9%.
VEJA TAMBÉM
A queda na popularidade da presidente Dilma, apontada pela pesquisa da CNT/MDA, confirma o momento negativo da petista, já evidenciado em outros levantamentos. Dilma tem atingido os piores índices, se aproximando daqueles obtidos em julho, período do auge das manifestações de rua no pais.
Petrobras
A pesquisa aponta que apenas 30,3% dos entrevistados estão acompanhado as notícias envolvendo a Petrobras e outros 19,9% somente ouviram falar, enquanto 49,5% não estão informados a respeito. Daqueles que acompanham o caso ou somente ouviram falar, 91,4% são a favor da realização de uma CPI da Petrobras. Além disso, 80,5% acreditam que houve irregularidade na compra da refinaria de Pasadena (EUA) e 66,5% consideram que Dilma é responsável, porque deveria se informar sobre detalhes do negócio.
Ao considerar o total dos entrevistados, 44,8% acreditam que Dilma é uma gerente regular; 30,6% avaliam que a presidente não é uma boa gerente e outros 22,3% a consideram uma boa gerente. A CNT explicou que a pergunta foi sobre a responsabilidade ou não de Dilma na compra da refinaria de Pasadena e sobre sua capacidade como gerente, uma de suas marcas na primeira campanha eleitoral de 2010.
A pesquisa foi realizada de 20 a 25 de abril, com 2002 entrevistas, em 137 municípios, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais. O registro no Tribunal Superior Eleitoral( TSE) é 00086/2014.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/avaliacao-do-governo-dilma-cai-de-364-para-329-aponta-cntmda-12330658#ixzz30IKeeAzT
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Professores do ensino médio não têm formação adequada - PROFESSORES, NÃO DEIXEM DE LER: ENTREVISTA COM SIMON SCHARTZMAN
TERÇA-FEIRA, 29 DE ABRIL DE 2014
Professores do ensino médio não têm formação adequada
Mais da metade dos professores de ensino médio não têm licenciatura nas disciplinas em que atuam. Leia entrevista do sociólogo Simon Schwartzman ao Instituto Millenium:
Dados do Censo Escolar 2013, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), mostram que 51,7% dos professores do ensino médio no Brasil não têm licenciatura na disciplina em que atuam. Outros 22,1% dos docentes que estão à frente das turmas do país não contam com qualquer licenciatura. A baixa qualificação dos professores se reflete na má formação dos estudantes e profissionais do país.
Para o sociólogo Simon Schwartzman, especialista em educação, o nível da formação oferecida pelas universidades nacionais preocupa mais do que o fato de haver docentes sem diplomas. “O problema não é tanto que existam professores sem nível superior e sim o baixo nível da qualificação desses profissionais”, opina.
Simon aponta outros problemas do ensino como a má remuneração dos professores, a falta de curso integral, a existência de aulas noturnas no ensino médio, etc. Ele defende o aumento dos investimentos no setor. “Acho que cabe o esforço de aumentar o gasto em educação. O importante é ter certeza de que esse aumento será acompanhado de políticas adequadas para que o dinheiro seja bem utilizado”, explica. Leia a entrevista:
Instituto Millenium: Quais são os reflexos da má formação dos professores sobre os alunos? O baixo desempenho no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), por exemplo, é fruto da falta de formação dos professores?
Simon Schwartzman: Se o professor não tem formação na área em que atua não está apto a ensinar, por mais que tenha apoio de livros e materiais pedagógicos. O Pisa, evidentemente, reflete isso. A qualidade do docente é um fator decisivo para a avaliação.
Imil: Segundo o Censo 2013, nos anos finais do ensino fundamental 21,5% dos professores não têm qualquer formação superior e 35,4% não cursaram licenciatura. Estudos do Ensino Superior e Pesquisa em Negócios, Economia e Direito (Insper), de 2011, apontaram que o nível fundamental é um período decisivo para a formação dos jovens. A qualidade das universidades brasileiras também é prejudicada pelo despreparo dos docentes?
Schwartzman: Os cursos superiores de formação de professores não preparam os docentes adequadamente. Em outras palavras, o problema não é tanto que existam professores sem nível superior e sim o baixo nível da qualificação desses profissionais.
Imil: Em março, uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), feita em parceria com tribunais de contas estaduais, já tinha indicado carência de 32 mil professores com formação específica nas 12 disciplinas obrigatórias do nível médio. Essa carência de professores sinaliza para uma profissão que vem sendo desvalorizada no país. Como podemos reverter esse quadro?
Schwartzman: Há médio e longo prazo, dependerá, entre outras coisas, de um nível salarial mais alto. Hoje em dia, os salários dos professores são mais baixos do que em outras profissões com nível superior. Mas não basta aumentar os vencimentos. Também é preciso melhorar a qualidade da formação. Dito isso, é preciso notar que quando são abertos concursos para professores há sempre muitos candidatos. Muita gente busca esse tipo de emprego devido à estabilidade do serviço público.
Imil: A valorização dos professores é uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), no entanto, outra meta é o gasto de 10% do PIB com educação. Gastar 10% está acima da média do mundo e de países desenvolvidos, que nem em momentos de expansão da educação gastaram tanto. Como o senhor enxerga a situação?
Schwartzman: As carências são inegáveis. É preciso oferecer ensino em tempo integral e acabar com os cursos noturnos do ensino médio. Esses problemas são muito sérios. Tudo isso requer muito dinheiro. O Brasil não gasta 10% e sim 5% do PIB em educação, mas é evidente que o cálculo é feito em cima de uma renda que não é muito alta. Os países desenvolvidos gastam uma proporção parecida, baseados em uma renda muito mais alta que a do Brasil. Acho que cabe o esforço de aumentar o gasto em educação. O importante é ter certeza de que esse aumento será acompanhado de políticas adequadas para que o dinheiro seja bem utilizado. (Imil).
AO RENEGAR AMIGOS, LULA CAUSOU MAL-ESTAR NO PT - CLÁUDIO HUMBERTO
O ex-presidente Lula provocou grande mal-estar no governo e no PT ao declarar, em entrevista à TV portuguesa RTP que os mensaleiros cumprindo pena no presídio da Papuda não são da sua “confiança”. Até porque não é verdade: um dos presos, José Dirceu, por exemplo, exerceu em seu governo o cargo de maior confiança de presidente da República: ministro-chefe da Casa Civil, espécie de “primeiro-ministro”.
CALOU FUNDO
Um dos mais afetados pela declaração de Lula, segundo fontes do PT, foi o ex-deputado José Genoino, velho amigo do ex-presidente.
OFENDIDOS
Outros velhos amigos, que estão presos e não entregaram o líder, como Delúbio Soares, sentiram-se ofendidos com a afirmação de Lula.
Lula em seu labirinto - MERVAL PEREIRA O GLOBO - 29/04
terça-feira, abril 29, 2014
Lula em seu labirinto - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 29/04
Talvez não seja coincidência que Lula, neste momento de extrema pressão sobre si, tenha sido diagnosticado com labirintite no hospital Sírio-Libanês, em SP. Em psicanálise, o labirinto é um modo de circular, andar, expressar-se sem finalidade marcada. Mas de não perder a cinética, o movimento, sair da apatia.
Lula em seu labirinto talvez seja uma imagem perfeita para explicar a situação atual do ex-presidente, pressionado para assumir o lugar de Dilma na campanha presidencial, mas resistindo com receio de colocar em risco sua lenda.
Na estranha entrevista que deu em Portugal, disse que o julgamento do mensalão foi 80% político, numa peculiar dosimetria que já foi classificada pelo ministro Marco Aurélio Mello de "coisa de doido". Não haveria grandes novidades nessa fala, a não ser a medição do que foi política e do que foi jurídico na opinião de Lula. Mas o ex-presidente mostrou mesmo o desencontro de seus pensamentos quando, confrontado com o fato de que as pessoas condenadas eram líderes do PT, disse ao entrevistador que eram pessoas que não mereciam a sua confiança.
Não é possível deixar de ser solidário a José Dirceu, Delúbio Soares, João Paulo Cunha e José Genoino neste momento em que, mais uma vez, Lula tenta tirar o corpo fora dos malfeitos em que seu partido vem se metendo.
Dias antes dessa entrevista, ele se escusou de comentar o escândalo da Petrobras, alegando para os jornalistas estar "por fora". Como ficou muito feio dizer que estava "por fora" da compra polêmica da refinaria de Pasadena realizada no seu governo, Lula consertou a declaração dizendo, como sempre, que a culpa era da imprensa, os jornalistas entenderam errado. Ele dissera, na verdade, que estava fora (do país) e por isso não falaria sobre o assunto.
Mas dias depois aceitou falar mal do STF para uma televisão portuguesa? Qual a coerência? Na mesma entrevista, Lula exercitou sua incoerência, uma hora dizendo que não estava ali para criticar o Supremo, e em seguida dizer que o julgamento fora político. Exigir coerência de Lula parece ser demais.
A História mostra, no entanto, que os encarcerados do PT são todos de alta confiança de Lula em sua caminhada do sindicalismo à política partidária, e, daí, para a Presidência. Vejamos o caso de Dirceu. Fundador do partido ao lado de Lula, os dois sempre estiveram juntos dominando a direção do partido.
Quando se distanciaram, perderam o controle do PT e permaneceram no ostracismo um bom período. Só retornaram ao controle partidário quando se uniram novamente, para ficarem juntos até a chegada ao Planalto.
O julgamento do mensalão os separou, Lula brilhando pelo mundo, Dirceu na cadeia. Pode ser que, em relação a Dirceu, Lula tenha tido um "ato falho", revelando sua desconfiança da lealdade de Dirceu.
Já Delúbio era o homem de confiança de Lula na estrutura partidária e companheiro de bar, o que estreitou muito a relação. Nos bons tempos do poder, Delúbio trocou a cachaça pelos bons vinhos e os botequins pelos restaurantes caros, mas a lealdade a Lula se manteve, tanto que aceitou calado a expulsão do PT depois do mensalão.
Genoino foi a pessoa de confiança posta na presidência do PT quando Dirceu foi para a Casa Civil coordenar o 1º governo Lula, ser o "capitão" do time, como Lula certa vez definiu. Por tudo isso, as declarações de Lula, sempre afirmando que um dia provará a verdade, provocam reações como a de Marco Aurélio, que ontem diagnosticou um "distanciamento da realidade" nas atitudes do ex-presidente. Interessante é que o autismo é comumente ligado ao labirinto.
O ministro do STF admite que, "na dosimetria, pode até se discutir alguma coisa; agora a culpabilidade, não. A culpa foi demonstrada pelo estado acusador". Também o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, classificou o julgamento do mensalão como "um processo jurídico com um julgamento jurídico".
O fato de que apenas três dos ministros que terminaram o julgamento não foram nomeados nem por Lula nem por Dilma é um argumento definitivo para falar da lisura do julgamento, e Marco Aurélio Mello fez um bom resumo da situação: "A nomeação é técnico-política e se demonstrou institucional. Como eu sempre digo: não se agradece com a toga".
Mas, como diz um psiquiatra amigo meu, a vida e a política são labirintos.
Lula em seu labirinto talvez seja uma imagem perfeita para explicar a situação atual do ex-presidente, pressionado para assumir o lugar de Dilma na campanha presidencial, mas resistindo com receio de colocar em risco sua lenda.
Na estranha entrevista que deu em Portugal, disse que o julgamento do mensalão foi 80% político, numa peculiar dosimetria que já foi classificada pelo ministro Marco Aurélio Mello de "coisa de doido". Não haveria grandes novidades nessa fala, a não ser a medição do que foi política e do que foi jurídico na opinião de Lula. Mas o ex-presidente mostrou mesmo o desencontro de seus pensamentos quando, confrontado com o fato de que as pessoas condenadas eram líderes do PT, disse ao entrevistador que eram pessoas que não mereciam a sua confiança.
Não é possível deixar de ser solidário a José Dirceu, Delúbio Soares, João Paulo Cunha e José Genoino neste momento em que, mais uma vez, Lula tenta tirar o corpo fora dos malfeitos em que seu partido vem se metendo.
Dias antes dessa entrevista, ele se escusou de comentar o escândalo da Petrobras, alegando para os jornalistas estar "por fora". Como ficou muito feio dizer que estava "por fora" da compra polêmica da refinaria de Pasadena realizada no seu governo, Lula consertou a declaração dizendo, como sempre, que a culpa era da imprensa, os jornalistas entenderam errado. Ele dissera, na verdade, que estava fora (do país) e por isso não falaria sobre o assunto.
Mas dias depois aceitou falar mal do STF para uma televisão portuguesa? Qual a coerência? Na mesma entrevista, Lula exercitou sua incoerência, uma hora dizendo que não estava ali para criticar o Supremo, e em seguida dizer que o julgamento fora político. Exigir coerência de Lula parece ser demais.
A História mostra, no entanto, que os encarcerados do PT são todos de alta confiança de Lula em sua caminhada do sindicalismo à política partidária, e, daí, para a Presidência. Vejamos o caso de Dirceu. Fundador do partido ao lado de Lula, os dois sempre estiveram juntos dominando a direção do partido.
Quando se distanciaram, perderam o controle do PT e permaneceram no ostracismo um bom período. Só retornaram ao controle partidário quando se uniram novamente, para ficarem juntos até a chegada ao Planalto.
O julgamento do mensalão os separou, Lula brilhando pelo mundo, Dirceu na cadeia. Pode ser que, em relação a Dirceu, Lula tenha tido um "ato falho", revelando sua desconfiança da lealdade de Dirceu.
Já Delúbio era o homem de confiança de Lula na estrutura partidária e companheiro de bar, o que estreitou muito a relação. Nos bons tempos do poder, Delúbio trocou a cachaça pelos bons vinhos e os botequins pelos restaurantes caros, mas a lealdade a Lula se manteve, tanto que aceitou calado a expulsão do PT depois do mensalão.
Genoino foi a pessoa de confiança posta na presidência do PT quando Dirceu foi para a Casa Civil coordenar o 1º governo Lula, ser o "capitão" do time, como Lula certa vez definiu. Por tudo isso, as declarações de Lula, sempre afirmando que um dia provará a verdade, provocam reações como a de Marco Aurélio, que ontem diagnosticou um "distanciamento da realidade" nas atitudes do ex-presidente. Interessante é que o autismo é comumente ligado ao labirinto.
O ministro do STF admite que, "na dosimetria, pode até se discutir alguma coisa; agora a culpabilidade, não. A culpa foi demonstrada pelo estado acusador". Também o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, classificou o julgamento do mensalão como "um processo jurídico com um julgamento jurídico".
O fato de que apenas três dos ministros que terminaram o julgamento não foram nomeados nem por Lula nem por Dilma é um argumento definitivo para falar da lisura do julgamento, e Marco Aurélio Mello fez um bom resumo da situação: "A nomeação é técnico-política e se demonstrou institucional. Como eu sempre digo: não se agradece com a toga".
Mas, como diz um psiquiatra amigo meu, a vida e a política são labirintos.
A perigosa infiltração política em fundos de pensão - EDITORIAL O GLOBO O GLOBO - 29/04
A perigosa infiltração política em fundos de pensão - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 29/04
Costuma-se saber que essas fundações deram algum mau passo apenas quando o rombo é irreversível, e precisa ser coberto. Quase sempre, pelo contribuinte
Como em economias mais desenvolvidas, no Brasil os fundos de pensão ganham expressão como grandes investidores, por serem importantes captadores de poupança. A peculiaridade brasileira está no fato de que as maiores entidades deste mercado são ligadas a empresas estatais, por administrarem o pecúlio de seus funcionários. Têm, por isso, uma relação incestuosa com o Estado, nem sempre muito transparente. Entidades de interesse privado, estas fundações de estatais vivem em dois mundos: no privado, quando vai tudo bem; e no público, quando necessitam de aporte das mantenedoras (Petros/Petrobras, Previ/Banco do Brasil, Funcef/Caixa Econômica, etc).
Há cerca de 40 anos, o economista Roberto Campos, embaixador, ministro do Planejamento de Castello Branco, volta e meia mostrava em artigos no GLOBO como o Banco do Brasil transferia mais dinheiro para a fundação Previ do que, em dividendos, ao Tesouro Nacional. O corporativismo, como é praxe no Brasil, falava mais alto.
Com o PT no poder, e a CUT, seu braço sindical, já presente em vários desses fundos, Petros, Previ e outras fundações ampliaram a presença no mundo dos grandes negócios em operações em que era possível detectar a presença de interesses políticos. A questão é intrincada porque, pelo seu tamanho, estes fundos são importantes alavancadores de investimentos. Tanto que no governo FH tiveram papel-chave no programa de privatização. E continuam a fazer o mesmo, agora em projetos de concessão no setor de infraestrutura, no governo Dilma. O problema é quando influências políticas patrocinam maus negócios. Pasadena é apenas um deles. E os realizados por fundos de estatais, no sigilo dos gabinetes? A função do ex-petista André Vargas de "facilitador" de negócios para o doleiro Youseff é um alerta. Sua ação foi detectada pela PF no Ministério da Saúde, dada a facilidade de trânsito de um deputado petista junto a um ministro também petista, Alexandre Padilha. E também junto à Funcef (Caixa). O fundo garante que a proposta de negócio feita por Youseff não foi aceita. Ainda bem. Mas, quanto a outras propostas feitas neste e outros balcões semelhantes?
Um aspecto sério de tudo isso é que se costuma saber que esses fundos deram algum mau passo apenas quando o rombo é irreversível, e precisa ser coberto. Neste momento, costumam bater às portas do Tesouro. Sempre em nome do "social" — e das íntimas relações com o governo.
No momento, revelou o GLOBO no domingo, ocorre um conflito na cúpula da Petros, fundo da Petrobras, estatal em que o aparelhamento político foi extenso. Um rombo na fundação pode atingir meio bilhão de reais. Facções de sindicalistas se digladiam em torno do problema.
Tudo indica que um dia esta conta será transferida, via Petrobras, ao Erário. Para impedir esses desfechos, em que o contribuinte é convocado a contribuir, roga-se por uma vigilância efetiva dessas entidades. E seu distanciamento dos poderosos de ocasião.
Costuma-se saber que essas fundações deram algum mau passo apenas quando o rombo é irreversível, e precisa ser coberto. Quase sempre, pelo contribuinte
Como em economias mais desenvolvidas, no Brasil os fundos de pensão ganham expressão como grandes investidores, por serem importantes captadores de poupança. A peculiaridade brasileira está no fato de que as maiores entidades deste mercado são ligadas a empresas estatais, por administrarem o pecúlio de seus funcionários. Têm, por isso, uma relação incestuosa com o Estado, nem sempre muito transparente. Entidades de interesse privado, estas fundações de estatais vivem em dois mundos: no privado, quando vai tudo bem; e no público, quando necessitam de aporte das mantenedoras (Petros/Petrobras, Previ/Banco do Brasil, Funcef/Caixa Econômica, etc).
Há cerca de 40 anos, o economista Roberto Campos, embaixador, ministro do Planejamento de Castello Branco, volta e meia mostrava em artigos no GLOBO como o Banco do Brasil transferia mais dinheiro para a fundação Previ do que, em dividendos, ao Tesouro Nacional. O corporativismo, como é praxe no Brasil, falava mais alto.
Com o PT no poder, e a CUT, seu braço sindical, já presente em vários desses fundos, Petros, Previ e outras fundações ampliaram a presença no mundo dos grandes negócios em operações em que era possível detectar a presença de interesses políticos. A questão é intrincada porque, pelo seu tamanho, estes fundos são importantes alavancadores de investimentos. Tanto que no governo FH tiveram papel-chave no programa de privatização. E continuam a fazer o mesmo, agora em projetos de concessão no setor de infraestrutura, no governo Dilma. O problema é quando influências políticas patrocinam maus negócios. Pasadena é apenas um deles. E os realizados por fundos de estatais, no sigilo dos gabinetes? A função do ex-petista André Vargas de "facilitador" de negócios para o doleiro Youseff é um alerta. Sua ação foi detectada pela PF no Ministério da Saúde, dada a facilidade de trânsito de um deputado petista junto a um ministro também petista, Alexandre Padilha. E também junto à Funcef (Caixa). O fundo garante que a proposta de negócio feita por Youseff não foi aceita. Ainda bem. Mas, quanto a outras propostas feitas neste e outros balcões semelhantes?
Um aspecto sério de tudo isso é que se costuma saber que esses fundos deram algum mau passo apenas quando o rombo é irreversível, e precisa ser coberto. Neste momento, costumam bater às portas do Tesouro. Sempre em nome do "social" — e das íntimas relações com o governo.
No momento, revelou o GLOBO no domingo, ocorre um conflito na cúpula da Petros, fundo da Petrobras, estatal em que o aparelhamento político foi extenso. Um rombo na fundação pode atingir meio bilhão de reais. Facções de sindicalistas se digladiam em torno do problema.
Tudo indica que um dia esta conta será transferida, via Petrobras, ao Erário. Para impedir esses desfechos, em que o contribuinte é convocado a contribuir, roga-se por uma vigilância efetiva dessas entidades. E seu distanciamento dos poderosos de ocasião.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
“É a CPI da vingança”
Senador Aécio Neves (PSDB-MG) sobre a ameaça do governo de criar a CPI do Metrô
AO RENEGAR AMIGOS, LULA CAUSOU MAL-ESTAR NO PT
O ex-presidente Lula provocou grande mal-estar no governo e no PT ao declarar, em entrevista à TV portuguesa RTP que os mensaleiros cumprindo pena no presídio da Papuda não são da sua “confiança”. Até porque não é verdade: um dos presos, José Dirceu, por exemplo, exerceu em seu governo o cargo de maior confiança de presidente da República: ministro-chefe da Casa Civil, espécie de “primeiro-ministro”.
CALOU FUNDO
Um dos mais afetados pela declaração de Lula, segundo fontes do PT, foi o ex-deputado José Genoino, velho amigo do ex-presidente.
OFENDIDOS
Outros velhos amigos, que estão presos e não entregaram o líder, como Delúbio Soares, sentiram-se ofendidos com a afirmação de Lula.
MACUNAÍMA VIVE
Ao renegar os amigos mensaleiros, Lula dá razão aos que o comparam a Macunaíma, o “herói sem caráter” da obra de Mário de Andrade.
PERGUNTA NO PT
Após negar três vezes amizade a “cumpanhêros” do mensalão, Lula vai dizer que sua íntima amiga Rose também “não era de sua confiança”?
PARA OBTER APOIO, AÉCIO PODE BUSCAR VICE NO PSD
Convidado ao jantar oferecido pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, domingo, o senador Aécio Neves (PSDB) intensifica as negociações para fechar um acordo político que pode passar, inclusive, pela posição de vice, na chapa tucana. O PSD tem a oferecer precioso tempo de TV, no horário gratuito, na disputa pela Presidência da República, e a retirada da candidatura de Kassab ao governo paulista.
CORTE PETISTA
A candidatura de Kassab ao governo paulista é incentivada por Lula. O objetivo é tirar votos de Geraldo Alckmin, para forçar o segundo turno.
CHANCE
O PSDB vê na queda da presidente Dilma nas pesquisas a chance de atrair partidos como o PSD, que também negociam com o PT.
PSD SERRISTA
O PSDB tem tudo a ver com o PSD: o partido foi criado por Kassab com o estímulo do ex-prefeito paulistano José Serra.
EIS O ACORDO
O deputado André Vargas corre risco zero de ter seu mandato pedido pelo PT, que não quer cutucar ainda mais a fera com vara curta. Além disso, ele poderia alegar pressão e perseguição do PT
RECRUTADOS
O PT indicará José Pimentel (CE) relator e João Alberto (PMDB-MA), obediente a José Sarney, para presidir a CPI da Petrobras. Ou seja, a CPI será instalada dia 7, mas não vai investigar coisa alguma.
TÁTICA DE GUERRILHA
Cresce no Congresso a tese de que o “volta Lula” é alimentado pelo próprio ex-presidente, que se colocaria como alternativa à presidenta Dilma, roubando qualquer espaço ou protagonismo da oposição.
IRRESPONSABILIDADE
Para enfrentar o drama dos imigrantes haitianos que chegam em massa ao Brasil, o governo federal ao menos deveria parar de emitir vistos de turistas ou “humanitários” a quem chega sem o primeiro.
CHANCE PERDIDA
Em crise de labirintite, o ex-presidente Lula poderia ter procurado um médico cubano, dando uma força no programa Mais Médicos, de Dilma e do ex-ministro Alexandre Padilha. Mas preferiu o Sírio Libanês.
TERRA DO NUNCA
Boa pauta para os presidenciáveis: tirar as duas décadas de gaveta do projeto do ex-senador Marco Maciel (DEM-PE) regulamentando a profissão de lobista. O multidoleiro Yousseff pagaria imposto de renda.
PAPO FIADO
Dono da terceira maior bancada na Assembleia Legislativa de São Paulo, o PV obteve, há mais de mês, a garantia do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de que ocuparia a Secretaria de Minas e Energia.
EM ESPERA
Aspirante à cadeira no Senado, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), já avisou ao PMDB que só entrará na disputa caso o senador Pedro Simon desista de sair candidato à reeleição.
EL TONTO
A tontura que levou Lula ao Hospital Sírio Libanês, no fim de semana, ganhou diagnóstico no Twitter: “Labirintite 8 anos, rótulo vermelho”.
PODER SEM PUDOR
DE CAVALOS E MULHERES
O velho líder gaúcho Flores da Cunha caminhava no Rio de Janeiro, quando foi surpreendido por um amigo:
- Governador, como tem passado?
Já no fim da vida, o ex-governador era um poço de queixas:
- Não estou muito bem. As finanças estão em baixa. Mas farei um empréstimo no banco e resolverei isso...
- Não acredito, governador! O senhor foi tudo na política. Como, logo o senhor, tendo que fazer um empréstimo para as despesas diárias?!
O velho Flores pensou um pouco e respondeu:
- Meu mal, caro amigo, foram cavalos mancos e argentinas ligeiras...
Senador Aécio Neves (PSDB-MG) sobre a ameaça do governo de criar a CPI do Metrô
AO RENEGAR AMIGOS, LULA CAUSOU MAL-ESTAR NO PT
O ex-presidente Lula provocou grande mal-estar no governo e no PT ao declarar, em entrevista à TV portuguesa RTP que os mensaleiros cumprindo pena no presídio da Papuda não são da sua “confiança”. Até porque não é verdade: um dos presos, José Dirceu, por exemplo, exerceu em seu governo o cargo de maior confiança de presidente da República: ministro-chefe da Casa Civil, espécie de “primeiro-ministro”.
CALOU FUNDO
Um dos mais afetados pela declaração de Lula, segundo fontes do PT, foi o ex-deputado José Genoino, velho amigo do ex-presidente.
OFENDIDOS
Outros velhos amigos, que estão presos e não entregaram o líder, como Delúbio Soares, sentiram-se ofendidos com a afirmação de Lula.
MACUNAÍMA VIVE
Ao renegar os amigos mensaleiros, Lula dá razão aos que o comparam a Macunaíma, o “herói sem caráter” da obra de Mário de Andrade.
PERGUNTA NO PT
Após negar três vezes amizade a “cumpanhêros” do mensalão, Lula vai dizer que sua íntima amiga Rose também “não era de sua confiança”?
PARA OBTER APOIO, AÉCIO PODE BUSCAR VICE NO PSD
Convidado ao jantar oferecido pelo presidente do PSD, Gilberto Kassab, domingo, o senador Aécio Neves (PSDB) intensifica as negociações para fechar um acordo político que pode passar, inclusive, pela posição de vice, na chapa tucana. O PSD tem a oferecer precioso tempo de TV, no horário gratuito, na disputa pela Presidência da República, e a retirada da candidatura de Kassab ao governo paulista.
CORTE PETISTA
A candidatura de Kassab ao governo paulista é incentivada por Lula. O objetivo é tirar votos de Geraldo Alckmin, para forçar o segundo turno.
CHANCE
O PSDB vê na queda da presidente Dilma nas pesquisas a chance de atrair partidos como o PSD, que também negociam com o PT.
PSD SERRISTA
O PSDB tem tudo a ver com o PSD: o partido foi criado por Kassab com o estímulo do ex-prefeito paulistano José Serra.
EIS O ACORDO
O deputado André Vargas corre risco zero de ter seu mandato pedido pelo PT, que não quer cutucar ainda mais a fera com vara curta. Além disso, ele poderia alegar pressão e perseguição do PT
RECRUTADOS
O PT indicará José Pimentel (CE) relator e João Alberto (PMDB-MA), obediente a José Sarney, para presidir a CPI da Petrobras. Ou seja, a CPI será instalada dia 7, mas não vai investigar coisa alguma.
TÁTICA DE GUERRILHA
Cresce no Congresso a tese de que o “volta Lula” é alimentado pelo próprio ex-presidente, que se colocaria como alternativa à presidenta Dilma, roubando qualquer espaço ou protagonismo da oposição.
IRRESPONSABILIDADE
Para enfrentar o drama dos imigrantes haitianos que chegam em massa ao Brasil, o governo federal ao menos deveria parar de emitir vistos de turistas ou “humanitários” a quem chega sem o primeiro.
CHANCE PERDIDA
Em crise de labirintite, o ex-presidente Lula poderia ter procurado um médico cubano, dando uma força no programa Mais Médicos, de Dilma e do ex-ministro Alexandre Padilha. Mas preferiu o Sírio Libanês.
TERRA DO NUNCA
Boa pauta para os presidenciáveis: tirar as duas décadas de gaveta do projeto do ex-senador Marco Maciel (DEM-PE) regulamentando a profissão de lobista. O multidoleiro Yousseff pagaria imposto de renda.
PAPO FIADO
Dono da terceira maior bancada na Assembleia Legislativa de São Paulo, o PV obteve, há mais de mês, a garantia do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de que ocuparia a Secretaria de Minas e Energia.
EM ESPERA
Aspirante à cadeira no Senado, o líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque (RS), já avisou ao PMDB que só entrará na disputa caso o senador Pedro Simon desista de sair candidato à reeleição.
EL TONTO
A tontura que levou Lula ao Hospital Sírio Libanês, no fim de semana, ganhou diagnóstico no Twitter: “Labirintite 8 anos, rótulo vermelho”.
PODER SEM PUDOR
DE CAVALOS E MULHERES
O velho líder gaúcho Flores da Cunha caminhava no Rio de Janeiro, quando foi surpreendido por um amigo:
- Governador, como tem passado?
Já no fim da vida, o ex-governador era um poço de queixas:
- Não estou muito bem. As finanças estão em baixa. Mas farei um empréstimo no banco e resolverei isso...
- Não acredito, governador! O senhor foi tudo na política. Como, logo o senhor, tendo que fazer um empréstimo para as despesas diárias?!
O velho Flores pensou um pouco e respondeu:
- Meu mal, caro amigo, foram cavalos mancos e argentinas ligeiras...
100% político - EDITORIAL FOLHA DE SP FOLHA DE SP - 29/04
100% político - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 29/04
Lula desvaloriza decisão do STF sobre o mensalão como apenas 20% jurídica, uma conta de quem se acredita salvador da pátria e do PT
A entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva à Rádio e Televisão de Portugal (RTP) que foi ao ar no sábado não é a primeira oportunidade em que escolhe solo estrangeiro para dar declarações temerárias sobre o mensalão. Neste caso, o ex-presidente preferiu atacar as instituições, ao contrário do que fez quando ocupava a Presidência.
Em Paris, a 15 de julho de 2005 (seis semanas após estourar o escândalo do mensalão), o então presidente admitiu que o PT tivesse cometido erros e que precisava explicar-se à sociedade. Afirmou que o Estado brasileiro iria apurar o caso até o fim. A temeridade, na ocasião, foi tentar justificar os erros como algo que todos os partidos praticam no Brasil.
Em Lisboa, Lula fez algo muito mais grave: pôs sob suspeição o próprio Supremo tribunal Federal.
O ex-presidente disse à jornalista Cristina Esteves, da RTP, que não iria examinar decisões da Suprema Corte e fez exatamente o oposto, ao declarar que a decisão fora 80% política e 20% jurídica. Foi além: tudo não teria passado de um massacre para destruir o PT; a história do mensalão, com o tempo, deverá ser recontada.
A afoiteza, a enumeração fantasiosa de conquistas de governos petistas e o espantalho da conspiração das elites são característicos da única retórica que Lula demonstra conhecer --a de palanque. A incongruência de dirigir-se nesse tom a ouvidos portugueses sugere que o petista em realidade pretendeu enviar mensagens algo cifradas ao Brasil, que correligionários entenderão como ordem para "ir para cima" dos adversários.
Em outras palavras, Lula parece bem mais disposto a se tornar candidato do que semanas atrás.
Sim, ele disse e repetiu, na entrevista, que não está candidato e que será cabo eleitoral de Dilma Rousseff. Mas, com a esperteza que atribui ao brasileiro, reiterou o lugar-comum de que, em política, não se pode dizer "nunca" (como preferiria a sucessora, ainda que talvez lhe convenha Lula verbalizar críticas ao STF que ela, como mandatária de outro Poder, não se permite externar).
"Troço de doido", reagiu o ministro do STF Marco Aurélio Mello, um dos poucos, ao lado de Gilmar Mendes e de Joaquim Barbosa, a se pronunciar sobre a contabilidade luliana. Não é loucura. Temeridade, por certo, jactância, mas cometidas com método e cálculo, zero de desvario.
A entrevista de Luiz Inácio Lula da Silva à Rádio e Televisão de Portugal (RTP) que foi ao ar no sábado não é a primeira oportunidade em que escolhe solo estrangeiro para dar declarações temerárias sobre o mensalão. Neste caso, o ex-presidente preferiu atacar as instituições, ao contrário do que fez quando ocupava a Presidência.
Em Paris, a 15 de julho de 2005 (seis semanas após estourar o escândalo do mensalão), o então presidente admitiu que o PT tivesse cometido erros e que precisava explicar-se à sociedade. Afirmou que o Estado brasileiro iria apurar o caso até o fim. A temeridade, na ocasião, foi tentar justificar os erros como algo que todos os partidos praticam no Brasil.
Em Lisboa, Lula fez algo muito mais grave: pôs sob suspeição o próprio Supremo tribunal Federal.
O ex-presidente disse à jornalista Cristina Esteves, da RTP, que não iria examinar decisões da Suprema Corte e fez exatamente o oposto, ao declarar que a decisão fora 80% política e 20% jurídica. Foi além: tudo não teria passado de um massacre para destruir o PT; a história do mensalão, com o tempo, deverá ser recontada.
A afoiteza, a enumeração fantasiosa de conquistas de governos petistas e o espantalho da conspiração das elites são característicos da única retórica que Lula demonstra conhecer --a de palanque. A incongruência de dirigir-se nesse tom a ouvidos portugueses sugere que o petista em realidade pretendeu enviar mensagens algo cifradas ao Brasil, que correligionários entenderão como ordem para "ir para cima" dos adversários.
Em outras palavras, Lula parece bem mais disposto a se tornar candidato do que semanas atrás.
Sim, ele disse e repetiu, na entrevista, que não está candidato e que será cabo eleitoral de Dilma Rousseff. Mas, com a esperteza que atribui ao brasileiro, reiterou o lugar-comum de que, em política, não se pode dizer "nunca" (como preferiria a sucessora, ainda que talvez lhe convenha Lula verbalizar críticas ao STF que ela, como mandatária de outro Poder, não se permite externar).
"Troço de doido", reagiu o ministro do STF Marco Aurélio Mello, um dos poucos, ao lado de Gilmar Mendes e de Joaquim Barbosa, a se pronunciar sobre a contabilidade luliana. Não é loucura. Temeridade, por certo, jactância, mas cometidas com método e cálculo, zero de desvario.
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