quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Diz que vai, vai, vai. Coluna Carlos Brickmann


Diz que vai, vai, vai. Coluna Carlos Brickmann

O ditador italiano Benito Mussolini não disse exatamente essa frase, mas é como se tivesse dito: ser ministro de Dilma não é difícil, é apenas inútil.

Dilma ainda nem havia reunido o Ministério e já tinha forçado seu homem de confiança, o ministro do Planejamento Nelson Barbosa, a recuar na questão do aumento do mínimo; e, em seguida, deixou claro que as posições da estrela de seu Governo, o ministro da Fazenda Joaquim Levy, não são as que vai adotar. Acha que ele foi infeliz ao dizer que o seguro-desemprego no Brasil está ultrapassado. Quem manda é ela, só ela, que neste mandato não obedece nem a Lula.

As normas anunciadas por Levy para o seguro-desemprego (cujo custo se multiplicou, enquanto o Governo jurava que o desemprego nunca foi tão baixo) e o seguro-defeso (se o Brasil tivesse tantos pescadores quanto os que recebem o seguro-defeso, pago durante o período em que a pesca é proibida, estaríamos nadando em peixe), visavam uma economia anual de R$ 18 bilhões. O primeiro a atacá-lo foi um colega de Ministério, Miguel Rossetto, secretário-geral da Presidência, dilmista desde criancinha. Só diz, e com alegria, o que Dilma determina.

Certo, ser ministro tem suas vantagens: carro com chapa de bronze, motorista, jatinho, gente que vai à frente abrindo as maçanetas. O problema é que os parceiros internacionais não querem saber se o ministro tem direito a pompas, nem se é um sábio: querem saber se podem confiar em suas palavras. Se não puderem, irão ouvi-lo só por gentileza. E lhe darão menos atenção do que Dilma lhe dá.

Quebra-cabeças

Uma coisa é certa: aquele partido unido, fechado, em que os discordantes saíam por falta de espaço, está agora dividido. E dividido publicamente. Quem poderia imaginar, hoje, uma reconciliação entre Marta e Mercadante? 

Ou um acerto de opiniões entre o trotskista Miguel Rossetto e o Chicago Boy Joaquim Levy?

Opinião crítica

Do jornalista Janio de Freitas, da Folha de S.Paulo, cuja posição frequentemente coincide com a do PT: "O país não decidiu mudar. A maioria do eleitorado não apenas votou pela continuidade: rejeitou a política econômica proposta por Aécio e agora adotada por Dilma. Quem decidiu mudar foi Dilma Rousseff, e decidiu sozinha, em uma extravagância de poder contra a vontade das urnas".

Contra-opinião

Dilma mudou os ministros, mas até agora os obrigou a recuar mais de uma vez. Só se saberá se Dilma decidiu mudar quando disser o que quer. 

Está difícil: faz uns 40 dias que a presidente está mais muda que torcedor do Brasil na Copa.

Marta x Dilma

Opinião de Marta, sobre o Governo de Dilma (do qual, aliás, fez parte até recentemente): "Se tudo ia bem, era necessário alguém para implementar ajustes e medidas tão duras e negadas na campanha? Nenhuma explicação".

Opinião de briga

Gilberto Carvalho, ex- secretário-geral da Presidência, ligadíssimo a Lula e nem tanto a Dilma, acha que é hora de lutar: "Tem uma central de inteligência disposta a fazer o ataque definitivo ao Partido dos Trabalhadores e nosso projeto popular. Não vamos subestimar a capacidade deles para nos criminalizar, nos identificar com o roubo, para nos chamar de ladrão, para tentar impingir em nós uma separação definitiva em relação à classe média, para tentar nos isolar e inviabilizar em 2018 a candidatura do Lula, seja politicamente, seja judicialmente."

Os mistérios da vida

Nestor Cerveró, ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, pediu ao juiz Sérgio Moro que arrolasse a presidente Dilma Rousseff como sua testemunha de defesa na ação penal que enfrenta no Paraná. Menos de três horas depois, Cerveró mudou de ideia: desistiu de pedir a convocação da presidente.

Que terá acontecido neste curto espaço de tempo para que Cerveró mudasse de opinião a respeito do arrolamento de Dilma? Segundo o advogado Edson Ribeiro, Cerveró lhe disse que este caso não passou pelo Conselho (que era presidido por Dilma), mas foi decidido diretamente pela Diretoria. 

Ah, as armadilhas da memória! Pensar que menos de três horas antes Cerveró não tinha lembrado desse fato tão importante! Nem o tinha, até agora, contado a seu advogado!

Calma no Brasil

Dilma está quieta, silenta. E toma decisões lentamenta, calmamenta. Em 30 de julho de 2014, há seis meses, o ministro Joaquim Barbosa deixou o Supremo Tribunal Federal (e já havia feito a comunicação à presidente em 29 de maio). Até hoje seu substituto não foi escolhido. Os processos que caberiam a seu substituto vão sendo distribuídos aos outros ministros, sobrecarregando-os. Se Dilma está conversando com aliados sobre o novo ministro, guarda sigilo total.

Sonho distante

Lula sempre disse, enquanto presidente, que quando deixasse o poder realizaria seu sonho de voltar a cozinhar coelhos em seu sítio Los Fubangos, perto de São Bernardo do Campo, seu paraíso particular. Até agora isso não lhe foi possível. 

Em homenagem ao ex-presidente, vamos torcer para que realize seu sonho.

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