Já dizia o
nosso grande filósofo Olavo de Carvalho, recentemente falecido, que
diferentemente dos russos os chineses eram mais comedidos. Os chineses são
repositórios de uma civilização milenar que remonta cerca de cinco mil anos, e
sempre foi um império fechado. Teve, digamos, suas portas arrombadas pelo
imperialismo europeu a partir do século XIX quando as potências européias
literalmente fatiaram o país, além do Japão com uma violência descomunal.
Porém, a China sempre se considerou o centro do mundo, como eles chamam, o império
do meio.
Portanto,
para os chineses, digamos, as medidas do tempo são diferentes. Eles pensam em
séculos, não em anos, ou décadas como nós. Portanto, qualquer político chinês pode
dizer ao povo que vai imprimir medidas para, pelo menos trinta anos ou mais,
sem problemas. Já pensaram por aqui um político fazer projeções ou promessas do
tipo? Por essas e outras seus líderes não tem pressa, e a expansão do atual
imperialismo chinês contém planos estratégicos para décadas. Em suma eles não
tem pressa. Ou pelo menos a pressa, ou o imediatismo do ocidente.
Diferentemente
da Rússia com seus planos expansionistas, depois da morte de Mao Tsé Tung, o
maior genocida da história, os membros da cúpula do partido comunista chinês
manobraram com a cúpula do partido e fizeram num grande expurgo dos aliados de
Mao, a começar pelo sua ex esposa que queria se apoderar do poder e era pior do
que Mao, se isso fosse possível. Cortaram a cabeça de Mao sem deixar de cultuar
o defunto, até hoje no panteão dos fundadores e heróis da revolução comunista.
Dos anos 80 para cá a China inauguraria o que muitos chamam de capitalismo de
estado, ou como classificava Olavo, de economia fascista. Um capitalismo
inteiramente controlado pelo partido, tal qual os regimes fascistas como o
nazista na Alemanha. Em suma eles não estatizaram a economia, mas a mantinham
sob o intenso controle do partido.
Enquanto a
ex União soviética se esfacelava com uma economia estatizada e sem uma tradição
manufatureira, a China trilhou outro caminho, afinal sempre teve uma forte
tradição em manufaturas, inclusive já era um dos grandes exportadores, mesmo
quando fatiada e dominada pelo imperialismo estrangeiro, interrompida pela
crueldade e loucura maoísta. Deng Chiao Ping retomou esta tradição, atraindo
capitais de todo o mundo, pela mão de obra
baratíssima, e pela ditadura comunista que proíbe quaisquer manifestações
trabalhistas.
Em síntese,
os chineses são mais comedidos em suas pretensões imperiais, enquanto os russos
ainda vivem das suas commodities como petróleo e outros produtos naturais como
os fertilizantes, que vendem ao Brasil, dentre outros países. Enfim o que tem
de moderno na Rússia é seu aparato militar, e é com esse monstrengo que ameaça
o mundo. Putin quer porque quer ser o novo Tzar responsável pela expansão do império,
mas apesar de ex membro da temível KGB, não chega nem à sombra de um Stálin
como grande estrategista. Sua pressa e ganância pelo poder imperial vai afundar
cada vez mais a Rússia cujo povo sempre foi escravo dessa gente. Quanto à
China, vai comendo pelas beiradas, digamos assim e logo mais a própria Rússia
vai ser seu quintal fornecedor de matérias primas e importador de suas
manufaturas. É só uma questão de tempo e os chineses sabem esperar com a
paciência de um império milenar.
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