quinta-feira, 3 de março de 2022

CHINA E RÚSSIA – RAFAEL BRASIL

 



Já dizia o nosso grande filósofo Olavo de Carvalho, recentemente falecido, que diferentemente dos russos os chineses eram mais comedidos. Os chineses são repositórios de uma civilização milenar que remonta cerca de cinco mil anos, e sempre foi um império fechado. Teve, digamos, suas portas arrombadas pelo imperialismo europeu a partir do século XIX quando as potências européias literalmente fatiaram o país, além do Japão com uma violência descomunal. Porém, a China sempre se considerou o centro do mundo, como eles chamam, o império do meio.

Portanto, para os chineses, digamos, as medidas do tempo são diferentes. Eles pensam em séculos, não em anos, ou décadas como nós. Portanto, qualquer político chinês pode dizer ao povo que vai imprimir medidas para, pelo menos trinta anos ou mais, sem problemas. Já pensaram por aqui um político fazer projeções ou promessas do tipo? Por essas e outras seus líderes não tem pressa, e a expansão do atual imperialismo chinês contém planos estratégicos para décadas. Em suma eles não tem pressa. Ou pelo menos a pressa, ou o imediatismo do ocidente.

Diferentemente da Rússia com seus planos expansionistas, depois da morte de Mao Tsé Tung, o maior genocida da história, os membros da cúpula do partido comunista chinês manobraram com a cúpula do partido e fizeram num grande expurgo dos aliados de Mao, a começar pelo sua ex esposa que queria se apoderar do poder e era pior do que Mao, se isso fosse possível. Cortaram a cabeça de Mao sem deixar de cultuar o defunto, até hoje no panteão dos fundadores e heróis da revolução comunista. Dos anos 80 para cá a China inauguraria o que muitos chamam de capitalismo de estado, ou como classificava Olavo, de economia fascista. Um capitalismo inteiramente controlado pelo partido, tal qual os regimes fascistas como o nazista na Alemanha. Em suma eles não estatizaram a economia, mas a mantinham sob o intenso controle do partido.

Enquanto a ex União soviética se esfacelava com uma economia estatizada e sem uma tradição manufatureira, a China trilhou outro caminho, afinal sempre teve uma forte tradição em manufaturas, inclusive já era um dos grandes exportadores, mesmo quando fatiada e dominada pelo imperialismo estrangeiro, interrompida pela crueldade e loucura maoísta. Deng Chiao Ping retomou esta tradição, atraindo capitais de todo o mundo,  pela mão de obra baratíssima, e pela ditadura comunista que proíbe quaisquer manifestações trabalhistas.

Em síntese, os chineses são mais comedidos em suas pretensões imperiais, enquanto os russos ainda vivem das suas commodities como petróleo e outros produtos naturais como os fertilizantes, que vendem ao Brasil, dentre outros países. Enfim o que tem de moderno na Rússia é seu aparato militar, e é com esse monstrengo que ameaça o mundo. Putin quer porque quer ser o novo Tzar responsável pela expansão do império, mas apesar de ex membro da temível KGB, não chega nem à sombra de um Stálin como grande estrategista. Sua pressa e ganância pelo poder imperial vai afundar cada vez mais a Rússia cujo povo sempre foi escravo dessa gente. Quanto à China, vai comendo pelas beiradas, digamos assim e logo mais a própria Rússia vai ser seu quintal fornecedor de matérias primas e importador de suas manufaturas. É só uma questão de tempo e os chineses sabem esperar com a paciência de um império milenar.

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