domingo, 28 de junho de 2015

Deu no "JN": Ricardo Pessoa detalha repasses milionários a campanhas eleitorais da dupla Lula-Dilma TV Globo








O empresário apontado como chefe do “Clube das empreiteiras” detalhou os repasses milionários a campanhas eleitorais, inclusive da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula. Uma reportagem da revista “Veja” trouxe o conteúdo da delação premiada do presidente da UTC, Ricardo Pessoa.
As acusações do dono da UTC estão descritas em depoimentos e planilhas em poder da Procuradoria Geral da República. Ricardo pessoa é apontado como chefe do chamado "Clube das empreiteiras", formado para fraudar licitações da Petrobras. Processado por crimes como corrupção e lavagem de dinheiro, o empreiteiro cumpre prisão domiciliar em São Paulo, por causa do acordo de delação.
A revista “Veja” publicou uma lista com 18 pessoas, com base na delação do empresário. Pelo menos sete nomes ainda não tinham aparecido nas investigações.
O Jornal Nacional também confirmou com pessoas ligadas à investigação os nomes citados: o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad; o ex-tesoureiro das campanhas do ex-presidente Lula e da presidente Dilma, José de Filippi, atual secretário de Saúde da Prefeitura de São Paulo; o senador Aloysio Nunes, do PSDB, e o ex-senador Gim Argello, do PTB; o deputado do PSB Júlio Delgado; e os ministros Aloizio Mercadante, da Casa Civil, e Edinho Silva, da Comunicação Social.
A reportagem diz que só no ano passado a UTC repassou R$ 55 milhões a campanhas eleitorais e que usou dinheiro desviado da Petrobras para doar às campanhas do ex-presidente Lula, em 2006, e de Dilma, em 2014.
A revista fala em achaque na campanha de 2014. Edinho Silva perguntou ao empreiteiro: “Você tem obras na Petrobras. O senhor quer continuar tendo?”
Ricardo Pessoa disse que era um pedido de dinheiro para campanha de Dilma. O empresário prometeu pagar R$ 10 milhões. Quem acertou os detalhes foi Manoel de Araújo Sobrinho, um funcionário do Palácio do Planalto. Manoel é hoje o chefe de gabinete do ministro Edinho Silva.
A revista também fala de repasses à campanha do ex-presidente Lula, em 2006: R$ 2,4 milhões, envolvendo o ex-tesoureiro José de Filippi Junior. E que pacotes de dinheiro foram entregues ao comitê da campanha de Lula.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari é citado como alguém que cobrava e também recebia propina; e que os pagamentos ao PT eram contínuos, não só na eleição - feitos por doações oficiais ou repassados em dinheiro vivo. E que Vaccari chamava propina de “pixuleco”. Também ia regularmente ao escritório de Ricardo Pessoa em São Paulo nos sábados para buscar dinheiro desviado dos cofres da Petrobras.
Segundo a revista, para se proteger de microfones, Vaccari rabiscava valores e percentuais numa folha de papel, picotava a anotação e distribuía em pedaços em lixos diferentes. Foi tudo filmado.
Nos documentos que anexou ao processo, Pessoa inclui vídeos das câmeras de segurança da empresa que, segundo a revista, colocam, o ex-tesoureiro na cena do crime.
Ricardo Pessoa detalhou: "Bastava a empresa assinar um novo contrato com a Petrobras que Vaccari aparecia para lembrar: ‘como fica nosso entendimento politico?’", diz a reportagem.
Pessoa detalhou o pedido de Vaccari em nome do prefeito de São Paulo
A reportagem da revista ”Veja” informa ainda que o presidente da UTC pagou propina para defender os interesses da empreiteira em outras frentes.
Em um dos episódios contados na delação, Ricardo Pessoa detalhou o pedido de Vaccari em nome do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.
Segundo a revista, a pedido de Vaccari, em 2012 Haddad recebeu R$ 2,6 milhões para quitar a dívida do PT com uma gráfica.
O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, também foi citado. Segundo a Veja, ele recebeu R$ 500 mil para a campanha ao governo de São Paulo em 2010. Também houve pagamentos para:
- o grupo do senador Fernando Collor, do PTB, R$ 20 milhões, em troca de contrato na BR Distribuidora.
- R$ 5 milhões para o ex-senador Gim Argello, do PTB, acabar com a CPI da Petrobras em 2014.
- R$ 150 mil para o deputado Julio Delgado, do PSB, na mesma operação que pagou Gim Argello.
- R$ 3,2 milhoes para o ex-ministro José Dirceu fazer consultorias. Segundo a revista, elas não foram realizadas. Isso porque parte dos pagamentos foi feita enquanto Dirceu estava preso, condenado no mensalão do PT.
- R$ 2 milhões para o advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do Tribunal de Contas da Uniao, Aroldo Cedraz, para que o advogado desse informações de inteligência sobre o TCU. O objetivo do empreiteiro era antecipar-se às ações de fiscalização dos auditores do TCU e, assim, evitar problemas.
- R$ 300 mil em doações oficiais e outros R$ 200 mil em dinheiro vivo para o senador Aloysio Nunes, do PSDB. Ele foi eleito senador em 2010.
Assim como os outros delatores, Ricardo Pessoa está à disposição dos investigadores para prestar novos depoimentos e detalhar as confissões. A Procuradoria Geral da República é quem pode pedir a abertura de inquérito contra os políticos. As revelações do empresário podem ser usadas como indícios de provas nas investigações da Operação Lava Jato.
Governo vê vazamento seletivo
A presidente Dilma Rousseff escalou três ministros para defender o governo. A reunião de emergência atrasou o embarque dela para os Estados Unidos.
O  helicóptero chegou na hora, mas teve que esperar a presidente Dilma Rousseff, que atrasou em hora e meia a ida para Base Aérea de Brasília, onde embarcou no meio da manhã para os Estados Unidos. É que antes de viajar a presidente queria conversar com ministros. Primeiro, para avaliar o impacto da delação premiada de Ricardo Pessoa. Depois, para dizer que o governo tinha que reagir.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, explicou como: “Ela inclusive disse ao ministro Edinho e a todos outros que porventura tenham sido atingidos com a divulgação de fatos que não sei se estão na delação ou não, mas que imputariam consequências à sua própria honra que agissem. ‘Defendam-se que efetivamente vocês estarão sendo objeto de informações inverdadeiras e caluniosas’”, disse.
O ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, deu coletiva. O tesoureiro da campanha de reeleição da presidente Dilma chamou para si a responsabilidade sobre todos os recursos recebidos.
“Quem arrecadou para campanha presidencial fui eu. Portanto quem responde pelas doações para campanha da presidente Dilma sou eu”, disse.
Respondeu, várias vezes, do mesmo jeito. Disse que as doações para a campanha foram legais, auditadas e aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral, que as conversas com Ricardo Pessoa foram dentro da legalidade e que vai pedir acesso ao conteúdo da delação premiada e para ser ouvido na investigação.
“Não é fundamento legal para isso. O que nós estamos enfrentando nesse momento é o vazamento seletivo de uma delação premiada. Portanto, algo que precisa ser provado. Quem acusa tem a obrigação da prova”, afirmou o ministro Edinho.
Pouco depois foi a vez de outro ministro, Aloizio Mercadante, da Casa Civil, também dar explicações. Ele negou que tenha recebido dinheiro de forma ilegal para a campanha ao governo do estado de São Paulo em 2010.
Mercadante divulgou as datas e os recibos das duas parcelas de doações acertadas entre ele e Ricardo Pessoa. “Vocês abram a Justiça Eleitoral, está lá: R$ 250 mil, candidato Mercadante, governador de estado, 2010. E a outra metade, pela  UTC, no dia 27/08/2010. também  dei o número do recibo. É só entrar na prestação de contas. Está lá. As duas doações. O que mostra que as duas contribuições foram legais, estão oficializadas e portanto não procede essa suspeição”, afirmou Mercadante.
O ministro estava na comitiva que viajaria com a presidente Dilma Rousseff, mas desistiu da viagem.
Respostas
O prefeito Fernando Haddad e o ex-tesoureiro da campanha de Dilma José de Fillípi disseram que as doações da UTC foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
O senador Aloysio Nunes disse que a quantia mencionada foi arrecadada legalmente, que a prestação de contas foi aprovada pela Justiça e que nunca viu Ricardo Pessoa.
O deputado Júlio Delgado afirma que a doação da UTC não foi destinada a ele, mas ao diretório de Minas Gerais do PSB.
O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto disse que todas as doações para o partido foram legais.
José Dirceu declarou que assinou contrato com a UTC para a prospecção de negócios fora do Brasil e que a consultoria dele prestou os serviços no exterior.
O escritório de Tiago Cedraz negou que tenha defendido interesses da UTC no Tribunal de Contas e disse que vai processar Ricardo Pessoa.
O Jornal Nacional não conseguiu contato com o senador Fernando Collor, com o ex-senador Gim Argello nem com Manoel de Araújo Sobrinho.

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