quarta-feira, junho 11, 2014
Figueiredo estava certo - PAULO FIGUEIREDO FILHO
O GLOBO - 11/06
Menos da metade das obras de infraestrutura foi entregue
Menos da metade das obras de infraestrutura foi entregue
É verdadeira a história que circula na internet de que o presidente João Figueiredo recusou-se a promover a candidatura do Brasil à Copa do Mundo, sob o argumento de que o país teria outras prioridades. Dissera, ao então presidente da Fifa e seu amigo, João Havelange: “Você já viu uma favela no Rio de Janeiro ou uma seca no Nordeste? Acha que eu vou gastar dinheiro com estádio de futebol?” A estimativa de Havelange era de que toda a Copa custaria estrondoso US$ 1 bilhão da época, algo como R$ 6 bilhões em valores de 2014.
Foi por uma dessas peças do destino que eu, neto do presidente que recusara a Copa mais de duas décadas antes, recebi como uma das primeiras tarefas na minha passagem pelo setor público, em 2007, a coordenação da candidatura do Estado do Rio — e, consequentemente, do Brasil — para sediar a Copa do Mundo de 2014. Acabávamos de sediar, com sucesso, os Jogos Pan-Americanos, e a Copa do Mundo no país do futebol parecia um tremendo sonho. Foi um raro momento de convergência de interesses e união de todas as esferas de governo e da CBF, que mergulharam de cabeça na candidatura, com engajamento pessoal do presidente Lula.
Lembro-me da sensação de euforia quando conquistamos o direito de sediar o evento maior do futebol. Aquela seria uma Copa diferente, prometiam. A organização alardeava que os estádios seriam integralmente custeados pela iniciativa privada, incluindo a reforma do Maracanã, orçada à época em R$ 300 milhões. O Brasil assumiu, por escrito, um compromisso de resolver gargalos antigos de infraestrutura e mobilidade e teríamos até um trem-bala ligando as duas maiores cidades do país. Haveria tempo de sobra para a preparação. Era a grande chance do Brasil. Pesquisas mostravam que mais de 90% da população apoiavam a Copa do Mundo aqui. Talvez, então, Figueiredo estivesse enganado.
Hoje, sete anos depois, às vésperas da competição, eu e boa parte do país somos forçados a reconhecer a sabedoria do meu avô. Pesquisas recentes mostram que o apoio à Copa no Brasil caiu para 52% da população. Pudera: o custo total da competição deve chegar a R$ 30 bilhões. Menos da metade das obras de infraestrutura foi entregue e os estádios viram seus custos de construção quadruplicarem em alguns dos casos mais escandalosos de superfaturamento da história da República. Por pura ganância de alguns, gastamos cerca de R$ 11 bilhões do dinheiro dos contribuintes apenas na construção das arenas da Copa.
O sonho virou pesadelo e, como Figueiredo antecipara, tantos bilhões teriam sido suficientes para custear integralmente casas populares a quase 2,5 milhões de pessoas ou sete vezes e meia o orçamento original da transposição do Rio São Francisco. Mas, em vez disso, acabaremos com estádios de futebol vazios e um gosto amargo na boca do que a Copa poderia ter sido e da chance que desperdiçamos. É, parece que Figueiredo conhecia o Brasil melhor do que ninguém.
COMENTÁRIO: Devemos admitir que o finado general Figueiredo era mais democrata do que TODA a cúpula do PT. E NÃO CONSTA QUE TENHA SIDO CORRUPTO, ou que tenha feito negócios escusos em benefício próprio ou de familiares. Foi ele quem disse, autocraticamente que faria do país uma democracia, uma contradição em termos. Porém, cumpriu a palavra, entregando, mesmo sem muito gosto, o poder aos civis. Isto é história, e contra fatos não há argumentos. Sou radicalmente contra ditaduras, mas Figueiredo nunca pensou em mandar um decreto totalitário como fez Dilma, querendo transformar o Brasil numa ditadura stalinista.
Todas as ditaduras são essencialmente ruins. Porém as de esquerda são infinitamente piores. E só foi chegar AO PODER PARA CONHECERMOS A FACE AUTORITÁRIA, PARA NÃO DIZER CORRUPTA DO CHAMADO PARTIDO DOS TRABALHADORES. Que no poder, viraram "burgueses", só que às custas das roubalheiras do estado. (RAFAÉ BRASIL)
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