O povo da Ucrânia sofreu o diabo com a Rússia e sobretudo
com a extinta União Soviética. No início dos anos trinta, Stálin confiscou
todos os alimentos dos camponeses e isolou o país. Os camponeses ucranianos foram
acusados pelo governo de contra-revolucionários
e camponeses burgueses, que “escondiam” a produção para o povo. Resultado: oito
milhões de mortos de fome. Nesta época, os que mais sofriam eram as crianças.
Chegaram a vender no mercado negro patê de fígado de criança, e o canibalismo
aflorou. É só procurar com detalhes, na internet.
O pior é que, com o processo de russificação impetrado pelo
governo soviético, milhões de russos foram mandados para lá como colonos. Aliás
esta era a política oficial dos bolchevistas no poder. Milhões de pessoas
deslocadas , milhões exterminadas, ou mandadas para campos de concentração,
milhões de mortos pelas mais bárbaras covardias humanas que o poder totalitário
pode proporcionar.
Por essas e muitas outras, o povo ucraniano quer se ver
longe das garras da Rússia. Culturalmente falando, ambos os países tem,
digamos, muitos pontos em comum , a
começar pela adoção da igreja bizantina, ou seja, a ortodoxa. O nacionalismo
russo é de fazer medo com Putin e companhia. A máfia, que comandava o partido
comunista é quem realmente manda no país, e a temível KGB nunca foi desmontada.
Era e é o maior serviço secreto do mundo. Na Rússia ser, oposição significa
correr risco de morte. A imprensa e os meios de comunicação são controlados
pelo governo e agressões aos homossexuais são estimuladas pela ideologia
nacionalista dominante, e praticadas cotidianamente pelos fascistas de plantão.
Infelizmente, depois da derrocada do socialismo, muitos
russos ainda sentem saudades da suposta potência de outrora. Suposta porque,
apesar de ter sido uma potência militar, seu povo sempre viveu na maior
pindaíba sem ter o mínimo de liberdade. Claro que depois de Stálin as
coisas se abrandaram, mas a ditadura
continuou brutal.
A Rússia ainda posa de potência pelo seu ainda extraordinário
aparato nuclear. Economicamente é menor do que o Brasil, apesar de ter uma
educação eficiente, uma das poucas coisas a se salvar nos regimes comunistas.
Claro que por lá, eles nunca nem pensariam em adotar a chamada pedagogia de
Paulo Freire. Afinal, eles eram perversos mas não tolos.
Faz muito bem os democratas ucranianos se afastarem
rapidamente a sempre algoz Rússia. Não tem dinheiro que pague a liberdade. Que,
como dizia Nélson Rodrigues, é mais importante do que o pão.
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