quarta-feira, 30 de outubro de 2013

LUCINHA PEIXOTO: 'PARA NÃO ESQUECEREM DE MIM' (11)

Para não esquecerem de mim (11)



Sairemos agora do papel higiênico, mas, as coisas sobre o socialismo não param de feder como vocês verão.

“18.

A mais grave consequência da quebra do sistema produtivo é a fome. Sem possibilidade de lucro na produção de alimentos, os países comunistas e suas fazendas coletivas abrigaram as maiores crises de fome do século 20. Foram entre 10 milhões e 30 milhões de mortos em apenas três anos na China (entre 1958 e 1961), 5 milhões de mortos na União Soviética de Lênin entre 1921 e 1922, cerca de 3 milhões na Coreia do Norte entre 1995 e 1999, 2 milhões no Camboja entre 1975 e 1979, 400 mil da Etiópia governada sob influência da KGB. Na Ucrânia, entre 1932 e 1933, a fome foi planejada e aprovada por Stálin, que pretendia punir os rebeldes camponeses ucranianos. Sete milhões de pessoas morreram -  mais que os judeus sob Hitler e num período menor. A falta de comida levou os líderes comunistas a inventar as histórias mais criativas para explicá-la. Na União Soviética, o governo dizia que terroristas trotskistas matavam cavalos, sabotavam colheitas e fábricas de tratores. O escritor George Orwell captou muito bem esse padrão no livro A Revolução dos Bichos: a queda da colheita de trigo foi explicada pela sabotagem de um porco dissidente, que teria jogado joio nas plantações. Apesar de o livro de Orwell falar sobre o stalinismo, acabou prevendo táticas similares de outros regimes. Em Cuba, além da velha história do embargo americano, Fidel Castro chegou a atribuir a tragédia na colheita de batatas aos Estados Unidos, que teriam jogado, de avião, larvas para infectar as plantações. Uma equipe internacional investigou o caso e concluiu que era uma completa bobagem, claro. Apesar disso, a ladainha dos vermes nas batatas ainda faz sucesso: está no livro Os Últimos Soldados da Guerra Fria, de Fernando Morais.”

Continuemos....

“19.

Ao arranjar culpados para as crises de fome, nenhum líder comunista foi tão criativo quanto o chinês Mao Tsé-tung. Em 1958, ele concluiu que o motivo da falta de comida eram quatro pestes que infestavam as plantações: ratos, mosquitos, moscas e pardais. Estes últimos eram os grandes inimigos de Mao, pois não só atacavam plantações como armazéns e árvores frutíferas. A solução, implantar uma força-tarefa, a Grande Matança de Pardais. Os chineses foram obrigados a destruir ninhos e ovos de pardais e a bater panelas, sacudir vassouras e pedaços de madeira 24 horas por dia para evitar que os pássaros pousassem, e assim eles foram levados à morte por cansaço. Parece insano, mas deu certo – ou melhor, deu tudo errado. Os pardais foram eliminados da China. Só que, como eles ajudavam a comer insetos que atacavam as plantações, a matança acabou gerando um desequilíbrio ainda pior. O jeito foi chamar os pássaros de volta. Anos depois, numa ação secreta, os chineses importaram 200 mil pardais da União Soviética. Nem o ditador da Coreia do Norte da época, Kim IL-sung, caiu na história da peste desses pássaros. Mao recomendou a ele a matança dos pardais. O coreano deu um curtir na proposta, mas logo a ignorou.”



Parece brincadeira, mas, não é. É história. E por aqui pelo Brasil se enche a boca para falar de socialismo, sem nem ter pena dos pardais.

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