terça-feira, 28 de dezembro de 2010

CAETÉS E CAPOEIRAS





Foi muito bom o nosso jornalista Roberto Almeida levantar a questão do crescimento de Caetés, em detrimento de Capoeiras, que, segundo ele, ficou para trás, pelo menos nos últimos anos. Gostaria de colocar minha visão da questão levantada, claro, com a intenção de esquentar o debate, quem sabe enriquecendo as colocações do nosso mais querido e lido jornalista? Por que, Caetés cresceu mais do que as outras cidades? Por ter lideranças capazes de trazer indústrias, ou mesmo de incrementar o turismo, a conhecida indústria sem chaminés? Ou mesmo , fazer uma verdadeira revolução agícola, com grandes índices de mecanização, e tecnologia? Nada disso. Este repentino mas não misterioso crescimento de Caetés, pelo menos da sua urbe, foi, digamos, puxado pela própria miséria do povo do município. Como o município é caracterizado pelo minifúndio, sem tecnologia moderna, o surgimento da miséria é um fato infelizmente natural. Já Capoeiras, as áreas de minifúndio são menores, diminuindo a densidade populacional, fazendo com que o povo da zona rural por ser mais rarefeito, e por ter menos minifúndios em detrimento da pecuária, pobre e também de subsistência nos maiores casos seja predominante. Em outras palavras, Caetés tem mais miseráveis do que Capoeiras. Mas o que isso tem a ver com o crescimento da área urbana da cidade?


MISÉRIA E PROGRAMAS SOCIAIS


Podemos dizer que os programas de transferência de renda, começaram no governo Médici, com a criação da aposentadoria rural. Estes programas passaram a ser incrementados a partir dos anos noventa com a criação do famoso bolsa escola, vale gás, e outros no governo Fernando Henrique. Com Lula os programas sociais se ampliaram. Daí o crescimento da cidade. Muitos, venderam suas improdutivas propriedades, sobretudo pelo incremento da violência com os temíveis assaltos na zona rural, e se mudaram para a cidade. Com isso, cresceu significativamente o comércio da cidade, que vive dessa renda, incrementando setores da classe média, sociologicamente falando. Antes, só a prefeitura empregava. Se tirarem estes programas, as cidades vão à falência. Caetés cresceu, mas virou um favelão. A miséria desfila a olhos vistos agora na cidade. Claro muita coisa mudou para melhor. Mas, quais as alternativas para um desenvolvimento efetivo, não artificial? O tão propalado crescimento sustentado? Ademais, o fenômeno da urbanização ocorreu em todo o país, sobretudo as cidades menores. Está nas estatísticas do iBGE. Até distritos como Neves, ou mesmo o Araçá em Caetés, tiveram um significativo crescimento. No Brasil, mais de 85% da população , hoje, vive em cidades. No nordeste, a grande maioria das cidades, sobretudo as do interior e de menor tamanho, vivem essencialmente de recursos federais. Como Caetés e Capoeiras. Em outras cidades o fenômeno é semelhante. O comércio vive às moscas, enquanto os aposentados e pensionistas não recebem. Até as pedras sabem disso. Porém, quais as alternativas? Como promover o crescimento sustentado?


EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA


Só através da educação e o incremento de tecnologia pode-se sair da miséria. Seria o caso de modernizar a agricultura diversificando a produção familiar, procurando brechas no mercado dos chamados orgânicos. Organizar os pequenos produtores em cooperativas, realmente que funcionem, e que efetivamente não sirvam para o enriquecimento ilícito de muitos espertalhões. Incrementar o turismo rural. Atrair indústrias. Ou seja, o crescimento sustentado depende também de políticas públicas eficientes. Enquanto os chefetes politicos regionais ainda interferirem na educação, esta já com índices baixíssimos, não sairemos do lugar. Enquanto se roubar da merenda escolar idem. Seria preciso também acabar com a corrupção e empregarmos melhor o dinheirino que nos cabe. Mas a corrupção se alimenta mesmo da miséria, que não é só material. Para uma melhor manipulação pelos chefetes locais, é melhor mesmo que o povo seja ignorante. Em Caetés eles nem moram na cidade. Nem para engrossar as estatísticas eles servem, ademais, pelas suas ausências, estas cidades nem numericamente cresceriam. Um horror.

2 comentários:

  1. Gostei tanto das análises feitas sobre estes dois municípios de nossa região que resolvi publicá-las na A GAZETA DIGITAL. Este comentário é feito para os dois blogs que sempre acompanho: Roberto Almeida e Rafael Brasil. A publicação, o fiz sem a devida permissão prévia, mas se algum dos Blogs ficar irritado com isto é só pedir que retirarei.

    Não quero me tornar a nova Lucinha Peixoto em termos de “prolixidade” no blog dos outros, mas, não posso deixar de notar que o fenômeno da miséria encoberta pelos programas sociais, ainda vai ser motivo de muitos estudos. Eu sempre duvidei de programas sociais do tipo quanto maior melhor. Hoje o grau de sucesso dos programas sociais está sendo medido pelo número de pessoas que neles estão. Quando este sucesso significará que estes números sejam reduzidos? Talvez, isto seja uma tarefa para a Super Dilma.

    Zé Carlos (A Gazeta Digital)

    ResponderExcluir
  2. È muito difícil julgar a aparência, de o que quer que seja. Como também apontar o verdadeiro responsável pela mazela alheia. Quando li a resposta do Professor Rafael a Roberto Almeida, pesei que foi um exagero, dizer que em Caetés, o que cresceu foi a miséria.Mas foi só fazer uma pequena pesquisa na internet e descobrir, que o IDH de Caetés está entre os 10 piores de
    Pernambuco. Ao ler o comentário de Zé Carlos, vejo, que, também, como Roberto Almeida usou apenas a aparência bonita da cidade. Zé Carlos, apenas a bela análise feita por Rafael. E aponta os programas sociais como se fosse os responsáveis. Espero que alguém diga que estou errado, um dos motivos de Caetés ter o IDH tão baixo, e quem sabe o único motivo, são os baixos salários da maioria dos funcionários da prefeitura de Caetés. Com a maioria dos funcionários contratados pagam quanto quer.
    Prof.Zezinho(Dom Quixote)

    ResponderExcluir

O ESTADO POLICIAL AVANÇA - RAFAEL BRASIL

O estado policial do consórcio PT STF avança contra a oposição. Desde a semana passada, dois deputados federais tiveram "visitas" ...