Uma coisa que sempre me chamou a atenção, quando eu era bem jovem e entrava num banco, era a quantidade de saquinhos de plásticos que as velhinhas levavam na bolsa e a confusão que elas faziam quando chegavam “ na boca do caixa” para separar os documentos, boletos de pagamentos, etc.
O que me chama a atenção, hoje em dia, é que talvez essas velhinhas de que me recordo, não fossem “tão velhinhas” como eu pensava - quando somos jovens, qualquer pessoa com quinze anos a mais do que nós, já é considerada velha. Posso perceber, também, que a quantidade de “saquinhos” que eu via, tem mais relação com a agonia e insegurança que está subjacente nas pessoas que tem muito pouco dinheiro para gerir e algumas pequenas transações bancárias de manutenção mensal para fazer, do que com a idade em si.
Sim, porque todas as velhinhas que me lembro com saquinhos, “estavam mais” para pessoas pobres, do que ricas.
Puxando pelo “cordão da memória”, lembro-me de uma fase em que estava extremamente apertada em questão de dinheiro e era, ainda, bastante jovem. Comecei a separar com muito cuidado, o dinheirinho da conta de luz, o da de água, o da semana... - usar uma liga ou clips e, ordená-los, em pequenos pacotinhos dentro de uma bolsinha. Eu estava simplesmente reproduzindo o comportamento daquelas “velhinhas” do banco, sem entretanto conseguir fazer a menor analogia entre mim e elas e continuando a achá-las engraçadas.
É interessante isso... ficamos fincadas lá “no nosso ponto” a observar os outros sem nem desconfiar que, “do nosso ponto”, o nível de abrangência é muito pequeno, principalmente quando somos jovens.
Parece até, que quando somos jovens “na idade cronológica”, somos de certa forma, “velhos” - no sentido de rígidos - nas idéias.
Nesse sentido poderemos dizer que colocando de lado as questões objetivas da idade cronológica de nosso corpo, com suas limitações e potencialidades de acordo com a faixa etária, os jovens não são, necessariamente, modernos e a as pessoas da terceira idade não são tampouco, necessariamente, atrasadas. Essas questões tem mais a ver com a sensibilidade, vitalidade e maturidade de cada um.
Em princípio, temos a mania de associarmos a palavra vitalidade a jovens e maturidade a pessoas mais velhas..., acho essa associação pobre porque “não dá conta” de toda a problemática. Sabemos que tem pessoas que nunca irão amadurecer mesmo que vivam cem anos e, sabemos também, que a depressão, mesmo em pessoas muito jovens , faz perder a vitalidade.
Portanto, os conceitos e preconceitos sobre juventude e velhice que trazemos conosco ao longo da vida, acentuados por uma cultura que enaltece a beleza e o corpo, desvalorizando de certa forma as pessoas de mais idade, precisam ser constantemente revistos, principalmente pelas pessoas que estão envelhecendo.
Tenho pensado muito nisso e, lido bastante à respeito, como forma de me proteger de mim mesma e dos outros, porque o que os outros pensam só terá rebatimento na minha pessoa se eu estiver alinhada a esses pensamentos. Enfim, nessas minhas “elocubrações” sobre juventude / maturidade / vitalidade / velhice, o que estou querendo mesmo é mergulhar fundo em tudo o que está posto pela mídia com o seu culto a beleza e corpo juvenil e o que está escondido, ou bem menos visível, nas experiências de pessoas que conseguiram passar pelas diversas fases da vida de forma intensa, rica e saudável.
Não dá para subestimar o poder da mídia e o estrago que ela faz de forma subliminar na vida das pessoas que se entregam, de corpo e alma, a ela. Não dá, também, para desconsiderar que o tempo se manifesta de forma flagrante em nossos corpos. A questão, para mim, não é negar a idade e fazer de conta de que nada aconteceu com a gente..., muitas pessoas que fazem isso e ficam correndo atrás e, abusando, do elixir da juventude nas suas diversas formas: cirurgias plásticas, modas,etc., não conseguem tapar o buraco que criam dentro delas com a ilusão da eterna juventude. Para mim, a questão é de tentar ser feliz com a idade e possibilidades que se tem - deixar nascer e florescer novas formas de prazer, preservando o que é possível preservar, de forma saudável.
Por que escrever sobre isso e por que intitular esta crônica de “as velhinhas e os saquinhos de plástico” ?
Bom, primeiro porque acho que não é evitando de falar sobre a velhice que deixaremos de envelhecer . Segundo, foi esse título, aparentemente engraçado, que me levou a ver os equívocos de interpretação de fatos que ocorrem nas nossas vidas.
Márcia Suelena
20 de junho de 2008.
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Muito bom esse artigo.
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