quarta-feira, 8 de julho de 2020

ESCRAVIDÃO E RACISMO - Rafael Brasil


Jurídico Laboral: JOSÉ do PATROCÍNIO - ABOLICIONISTA BRASILEIRO



No Brasil todos tinham escravos ricos, pobres e negros também. Já dizia Joaquim Nabuco que a escravidão traria eleitos nefastos em nossa sociedade por pelo menos um século, e a luta pela abolição da escravatura vem desde 1808 data da criação da sociedade anti escravagista na branca Inglaterra, sob os auspícios do iluminismo ascendente no velho continente.
A revolução industrial abria as portas para a urbanização e, novas ideias, que aliás já corriam o continente estourando na Revolução Francesa, e depois na era napoleônica, aproximou continentes e dinamizou informações e trocas de ideias. O próprio conceito de revolução mostra o dinamismo da sociedade nascente que fez o século XIX um dos mais brilhantes de toda história, para o bem e para o mal, convenhamos.
Como disse Gilberto Freyre, sem a escravidão a nossa colonização não seria possível, simplesmente pela exiguidade do território e população portuguesas, e pela impossibilidade de escravizar a população indígena, ainda nas diversas fases do neolítico, e sempre em guerras fratricidas. E também devemos considerar o espírito da contra reforma que objetivava cristianizar os gentios, causando conflitos entre ordens religiosas como os jesuítas e inúmeras pretensões escravagistas de agentes econômicos portugueses.
Do ponto de vista material, os escravos construíram o Brasil, miscigenado pelos portugueses, já miscigenados pela dominação árabe de séculos, e aqui com os nativos, fato que era estimulado pelos próprios colonizadores portugueses, que no dizer de Freyre, seguindo a influência mourisca, os portugueses ao chegar aqui atolavam os pés em sexo, inclusive os clérigos, e tinham várias mulheres.
Claro que o processo de miscigenação não foi apenas de sangue, podemos dizer assim, mas cultural, primeiro o elemento indígena com o europeu, depois o negro, vindo de várias regiões da África, onde a escravidão era costumeiramente utilizada há séculos. Os europeus não íam para o interior em busca de escravos, trocavam os escravos por mercadorias com os próprios africanos, mantendo um comércio regular e durante todo o período colonial até a abolição em 1888. E a escravidão africana era direcionada aos reinos muçulmanos há séculos da expansão européia, e os próprios muçulmanos escravizaram brancos europeus, desde a expansão muçulmana a partir do século VII.
Portanto a escravidão não foi apenas uma questão de racismo europeu, embora o mesmo existisse, sobretudo a partir do século XIX com a proliferação das ideias eugenistas, sobretudo através do darwinismo que ecoavam as mentes pensantes cientificistas de então. A respeito existem relatos do estranhamento dos índios ao se depararem com negros, não só na América portuguesa, mas na espanhola.
Ao elegerem Zumbi como símbolo da resistência contra a escravidão no Brasil, os movimentos negros, que seguem as narrativas da esquerda, incorrem na mais perfeita ignorância histórica, com fins meramente políticos de racialização da nossa sociedade historicamente miscigenada. Claro, que o racismo deve ser combatido e temos leis fortes contra o mesmo. Porém, os quilombos que proliferaram no país, reproduziam em muitos aspectos características das sociedades tribais africanas, inclusive a servidão. Zumbi tinha escravos e inúmeras mulheres, era analfabeto, enfim um sujeito naturalmente tosco.
Negros que lutaram contra a escravidão foram gente como José do Patrocínio e André Rebouças, que absorveram as ideias libertárias do iluminismo europeu, assim como o próprio Joaquim Nabuco e a própria família imperial, na campanha abolicionista, o primeiro grande movimento cívico popular da nossa história. Sim, a família imperial, assim como o próprio Dom Pedro II eram a favor da libertação dos escravos, aliás a Lei Áurea foi promulgada pela princesa Isabel, com apenas dois artigos. Está abolida a escravidão e revogam-se dispositivos em contrário.
Claro que tudo foi a culminância de um longo processo, mas dizem que a proclamação da república pelos positivistas, foi causada, dentre outros fatores pelos donos de escravos que queriam indenizações do governo e não tiveram suas reivindicações atendidas.
Portanto, os símbolos da luta contra a escravidão deveriam ser outros em favor da verdade histórica, simplesmente, e não por pautas políticas contemporâneas muito duvidosas. Aliás estas pautas esquerdistas são mais do que mentirosas, e seguem modelos estrangeiros como o norte americano onde existe um histórico de segregação racial e eugenia, dentre outros fatores característicos da própria colonização britânica que evidentemente não cabem aqui neste pequeno artigo. Porém é preciso estudar história a partir dos fatos, não apenas da ideologia, simples, mas para muitos complicado, não? Afinal nosso passado está contido nos documentos e ações humanas do passado, o resto é conversa fiada. Cabe a nós estudar e interpretar, e conhecer o passado é conhecer a nós mesmos, quem não sabe disso?

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