No Brasil todos
tinham escravos ricos, pobres e negros também. Já dizia Joaquim
Nabuco que a escravidão traria eleitos nefastos em nossa sociedade
por pelo menos um século, e a luta pela abolição da escravatura
vem desde 1808 data da criação da sociedade anti escravagista na
branca Inglaterra, sob os auspícios do iluminismo ascendente no
velho continente.
A revolução
industrial abria as portas para a urbanização e, novas ideias, que
aliás já corriam o continente estourando na Revolução Francesa, e
depois na era napoleônica, aproximou continentes e dinamizou
informações e trocas de ideias. O próprio conceito de revolução
mostra o dinamismo da sociedade nascente que fez o século XIX um dos
mais brilhantes de toda história, para o bem e para o mal,
convenhamos.
Como disse Gilberto
Freyre, sem a escravidão a nossa colonização não seria possível,
simplesmente pela exiguidade do território e população
portuguesas, e pela impossibilidade de escravizar a população
indígena, ainda nas diversas fases do neolítico, e sempre em
guerras fratricidas. E
também devemos considerar o espírito da contra reforma que
objetivava cristianizar os gentios, causando conflitos entre ordens
religiosas como os jesuítas e inúmeras pretensões escravagistas de
agentes econômicos portugueses.
Do ponto de vista
material, os escravos construíram o Brasil, miscigenado pelos
portugueses, já miscigenados pela dominação árabe de séculos, e
aqui com os nativos, fato que era estimulado pelos próprios
colonizadores portugueses, que no dizer de Freyre, seguindo a
influência mourisca, os portugueses ao chegar aqui atolavam os pés
em sexo, inclusive os clérigos, e tinham várias mulheres.
Claro que o processo
de miscigenação não foi apenas de sangue, podemos dizer assim, mas
cultural, primeiro o elemento indígena com o europeu, depois o
negro, vindo de várias regiões da África, onde a escravidão era
costumeiramente utilizada há séculos. Os europeus não íam para o
interior em busca de escravos, trocavam os escravos por mercadorias
com os próprios africanos, mantendo um comércio regular e durante
todo o período colonial até a abolição em 1888. E a escravidão
africana era direcionada aos reinos muçulmanos há séculos da
expansão européia, e os próprios muçulmanos escravizaram brancos
europeus, desde a expansão muçulmana a partir do século VII.
Portanto a
escravidão não foi apenas uma questão de racismo europeu, embora o
mesmo existisse, sobretudo a partir do século XIX com a proliferação
das ideias eugenistas, sobretudo através do darwinismo que ecoavam
as mentes pensantes cientificistas de então. A respeito existem
relatos do estranhamento dos índios ao se depararem com negros, não
só na América portuguesa, mas na espanhola.
Ao elegerem Zumbi
como símbolo da resistência contra a escravidão no Brasil, os
movimentos negros, que seguem as narrativas da esquerda, incorrem na
mais perfeita ignorância histórica, com fins meramente políticos
de racialização da nossa sociedade historicamente miscigenada.
Claro, que o racismo deve ser combatido e temos leis fortes contra o
mesmo. Porém, os quilombos que proliferaram no país, reproduziam em
muitos aspectos características das sociedades tribais africanas,
inclusive a servidão. Zumbi tinha escravos e inúmeras mulheres, era
analfabeto, enfim um sujeito naturalmente tosco.
Negros que lutaram
contra a escravidão foram gente como José do Patrocínio e André
Rebouças, que absorveram as ideias libertárias do iluminismo
europeu, assim como o próprio Joaquim Nabuco e a própria família
imperial, na campanha abolicionista, o primeiro grande movimento
cívico popular da nossa história. Sim, a família imperial, assim
como o próprio Dom Pedro II eram a favor da libertação dos
escravos, aliás a Lei Áurea foi promulgada pela princesa Isabel,
com apenas dois artigos. Está abolida a escravidão e revogam-se
dispositivos em contrário.
Claro que tudo foi a
culminância de um longo processo, mas dizem que a proclamação da
república pelos positivistas, foi causada, dentre outros fatores
pelos donos de escravos que queriam indenizações do governo e não
tiveram suas reivindicações atendidas.
Portanto, os
símbolos da luta contra a escravidão deveriam ser outros em favor
da verdade histórica, simplesmente, e não por pautas políticas
contemporâneas muito duvidosas. Aliás estas pautas esquerdistas são
mais do que mentirosas, e seguem modelos estrangeiros como o norte
americano onde existe um histórico de segregação racial e eugenia,
dentre outros fatores característicos da própria colonização
britânica que evidentemente não cabem aqui neste pequeno artigo.
Porém é preciso estudar história a partir dos fatos, não apenas
da ideologia, simples, mas para muitos complicado, não? Afinal nosso
passado está contido nos documentos e ações humanas do passado, o
resto é conversa fiada. Cabe a nós estudar e interpretar, e
conhecer o passado é conhecer a nós mesmos, quem não sabe disso?
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