domingo, 12 de agosto de 2018

VAIAS E VAIAS - Rafael Brasil, julho de 2007



VAIAS E VAIAS

Nunca gostei de vaias. Existem, aquelas espontâneas , como a que Lula recebeu no Maracanã. ÙÙÙÙ. Uníssona, sonora vaia, como diria Nelson Rodrigues. Existem as orquestradas, geralmente por grupos antidemocráticos, e que atingem um público mais restrito, como dos auditórios das universidades, tal qual a vaia que deram em dona Ruth Cardoso, se não me engano, na UNB. E mesmo a que deram em Roberto Campos, quando se não me engano da visita de Henry Kissinger, lá pelos idos dos anos sessenta, na mesma UNB. Ouvi uma sonora vaia na então primeira dama Geralda Farias num show musical, lá no Teatro do Parque no Recife, lá pelos idos dos anos setenta, quando anunciaram seu nome no microfone oficial do teatro. Como seu marido, Antonio Farias era prefeito biônico do Recife, representando a odiada ditadura, foi uma, digamos,boa vaia, ou vaia do bem. Uma vaia que ficou na história foi a que recebeu Ceausescu, o ditador Romeno, que convocou o povo justamente para ouvi-lo, como era o costume das ditaduras comunistas. Ao invés de aplaudi-lo, o povão oprimido tascou uma sonora vaia que não parou mais. A vaia depôs o presidente, levando-o exatamente para o xilindró, e depois para uma execução sumária pelas forças de segurança, certamente por queima de arquivo. Bom para o oprimido povo Romeno e claro, para a democracia.
A vaia de Lula foi uma uníssona e sonora vaia, como disse anteriormente. Nunca ninguém, foi vaiado tão acintosamente como o presidente no maracanã. Sociólogos e politicólogos de plantão encheram de tinta os jornais, ressaltando que a mídia, mais precisamente a Rede Globo quase omitiram o fato, certamente para não desgostar o presidente e seu comissariado de plantão, que logo ressaltariam as pesquisas de opinião, constatando a popularidade presidencial, etc. e tal. O próprio presidente comparou o fato de ser vaiado quase inconcebível, para ele foi como se levasse uma vaia na festa de aniversário de um amigo.
Para mim a festa foi boa, a vaia melhor. Foi sonora uníssona e democrática. O povo carioca está de parabéns, ressaltando seu espírito rebelde e libertário. Mais precisamente a classe média que é a principal formadora de opinião. A vaia presidencial foi um alerta para o presidente e seus áulicos, que o poder, enfim , é fugaz, e é preciso baixar a bola, ou o topete. Sobretudo na política, que muda como as nuvens, já dizia uma velha raposa política mineira, que morreu sem deixar saudades, por isso me omito em citar seu insignificante nome. Lula e o PT metidos em escândalos de corrupção. ÚÙÙÙ! Lula e seu governo que não fizeram nenhuma reforma institucional diga de nome. ÙÙÙÙ! Lula e sua turma que quiseram restringir a liberdade de imprensa. ÙÙÙÙ! Lula e sua turma que protegem Renan Calheiros, e outros notáveis corruptos da vida nacional. ÙÙÙÙ! Vaia para ele. Viva ao povo do Rio de Janeiro e Lourenço meu grande primo véio, que tanto espelha o espírito carioca de independência, liberdade e idiotice ao mesmo tempo. Quarem mais vaias? Elas voltarão, para o bem geral da nação e da nossa sempre frágil democracia. Saravá.

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