terça-feira, 24 de abril de 2018

A Internacional Nacionalista contra o Globalismo: Uma Resposta a Demétrio Magnoli - FLÁVIO GORDON


A Internacional Nacionalista contra o Globalismo: Uma Resposta a Demétrio Magnoli


“We have not successfully rolled back the frontiers of the state in Britain, only to see them re-imposed at a European level with a European super-state exercising a new dominance from Brussels”.
- Margaret Thatcher

Oraciocínio analógico é um dos recursos mais espontâneos da inteligência humana. Confrontados com fenômenos novos, tendemos naturalmente a recorrer ao nosso repertório de experiências acumuladas em busca de referências. Afora a dimensão cognitiva, há um evidente conforto psicológico em jamais sentir-se surpreendido, e poder dizer mentalmente: “Acho que já vi isso antes”. Num certo sentido, nunca deixamos de ser aquela criança que, perdida no shopping ou na praia, busca desesperadamente a fisionomia familiar dos pais em meio ao pesadelo de tantos rostos estranhos.
No terreno da história, também a analogia costuma vigorar. Estamos sempre buscando equivalências do passado para interpretar eventos políticos e sociais presentes, até o ponto em que, a despeito do senso de linearidade introduzido pela tradição judaico-cristã, a história continua a se nos afigurar como cíclica. A célebre boutade de Marx, popularizada simplesmente como “a história se repete como farsa”, é não raro citada com ênfase mais na repetição do que na farsa.
Há decerto alguma verdade naquela imagem da história. Afinal de contas, em que pese a gigantesca variedade da experiência do Homo sapiens no tempo e no espaço, a natureza humana permanece mais ou menos inalterada, impondo limites à nossa capacidade de inovar. Mas, no campo específico da história, o recurso à analogia não deve ser levado longe demais, e sobretudo não ao pé da letra, sob pena de gerar análises incorretas, por estereotipadas, dos acontecimentos correntes.
É o que se passa, por exemplo, com a noção de "nacionalismo”, que vem sendo usada e abusada para interpretar eventos tais como a eleição de Donald Trump e o Brexit. A crítica contemporânea ao nacionalismo — e ao seu atual irmão-gêmeo, o populismo — parte da premissa (tipicamente liberal-progressista) de que o mundo seguia natural e fatalmente rumo à dissolução dos Estados nacionais, e que, de súbito, de maneira aberrante, houve um retrocesso, uma espécie de retorno a um ponto anterior da história. Como escreveu o filósofo político John Gray em artigo recente sobre o tema:
“O cortejo liberal definha, e no entanto os liberais têm dificuldade de encarar a situação sem se imaginar pertencendo ao lado certo da história. O problema é que só conseguem divisar o futuro como continuação do passado recente”.
Aquela noção de "retrocesso" é evidentemente ideológica. O que hoje se tem chamado acrítica e pejorativamente de nacionalismo não pode significar a mesma coisa que no passado. Aqui, a homonímia, o uso da mesma palavra, é necessariamente ilusória. Quando muito, seu valor seria apenas metafórico, jamais literal. Levada, como tem sido, ao pé da letra, traduz tão somente uma gigantesca preguiça analítica.
Em que consiste basicamente a diferença entre o nacionalismo de ontem e o "nacionalismo" de hoje, uma diferença tão essencial que, a meu ver, deveria implicar nada menos que o abandono do termo?
Antes, tratava-se de celebrar a nação como um poder situado acima e para além dos indivíduos. Valorizava-se a nação por sua aparente capacidade de transcendência, e há mesmo, na ciência política, toda uma corrente a haver tratado o nacionalismo original como uma forma de Ersatz religion, ou religião substitutiva. Exemplar nesse sentido é a obra clássica do historiador americano Carlton J. H. Hayes, Nationalism: A Religion, publicada em 1960.
Carlton J. H. Hayes (1882–1964)
Hayes e muitos autores insistiram neste elemento fundamental do nacionalismo: a capacidade de gerar um simulacro daquela experiência do sagrado à qual Rudolf Otto dedicou a expressão latina Mysterium tremendum et fascinans.
Não há nada parecido com aquela reverência quasi- (ou pseudo-) religiosa no assim chamado nacionalismo contemporâneo. Este se afirma, não contra o indivíduo, mas contra um projeto de centralização do poder em nível global. Trata-se, por assim dizer, de um nacionalismo "para baixo", e não, como o original, "para cima". Se antes a nação era brandida por representar um poder maior, agora o é por representar um poder menor. Um poder mais fraco e, a despeito de toda a crise de representatividade observada no âmbito dos Estados nacionais, de algum modo ainda manejável pelo cidadão comum através do sistema democrático, não importando o quão precarizado e discutível seja ele.
Muitos dos que hoje são acusados de "nacionalistas" — subentendido nessa pecha todo um campo semântico negativo em torno de pecados como racismo, xenofobia, ignorância, paroquialismo etc. — defendem a nação não de maneira doutrinária, movidos por algum sentimento de apaixonada devoção, mas por uma exigência estratégica e circunstancial: querem evitar o surgimento de um poder que se erga acima do seu próprio território, um poder ainda mais difícil de controlar e fiscalizar. Trata-se aí de reafirmar a nação como o maior poder político admitido, para que, eventualmente, ele mesmo possa ser reduzido. Não por acaso, muitos "nacionalistas" contemporâneos são também federalistas e distritalistas convictos, guiando-se pelo velho princípio da Revolução Americana: "No taxation without representation".
Há, sobretudo, um dado flagrante curiosamente ignorado pela maioria dos críticos do "nacionalismo" corrente: a prova de que este não consiste em xenofobia e em mero apego intransigente às próprias cores nacionais é, paradoxalmente, o seu caráter internacionalista. Conservadores brasileiros torceram para Donald Trump numa eleição que, claro está, não lhes dizia respeito diretamente. Conservadores americanos vibraram com o Brexit. Em retribuição à gentileza, conservadores britânicos como Nigel Farage celebraram a vitória do candidato republicano. O mesmo se diga de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelense, e Marine Le-Pen, candidata à presidência na França.
Logo, trata-se de uma grosseira simplificação descrever um fenômeno tão amplo como mera defesa de valores mesquinhos e expressão de ressentimento xenófobo. O que temos visto, ao contrário, é o curioso surgimento de uma internacional nacionalista, segundo a expressão paradoxal de Timothy Garton Ash, historiador e colunista do The Guardian, que a cunhou com sentido pejorativo, sem perceber que essa "contradição em termos" (segundo suas próprias palavras) enfraquece a cruzada anti-nacionalista da qual faz parte.
Como já disse, é muito cômodo a seus detratores qualificar aquela internacional nacionalista (a formulação original é, na verdade, "internacional dos nacionalistas") de xenófoba e tacanha. Dispensando-se de dedicar ao fenômeno sequer o mínimo de empatia e honestidade intelectual que se exige de qualquer análise séria, eles negam deliberadamente a legitimidade das questões que animam aquele movimento, e que são tão velhas quanto a própria ciência política: Quem determina as leis sob as quais iremos viver? Qual a melhor forma de governo? Como criar um mecanismo de pesos e contrapesos? Como impedir que a autoridade constituída degenere-se em tirania? Como garantir a representatividade?
Se não todos, ao menos boa parte dos que integram aquela curiosa internacional comunga de princípios que giram em torno da defesa de poderes menores e mais controláveis contra a ameaça de um poder maior e potencialmente totalitário, representado pela ideologia da "governança global". Esta, aliás, tem sido particularmente eficaz e insidiosa por apresentar-se em versão soft power, termo cunhado pelo cientista político Joseph S. Nye Jr., e por ele definido como “a habilidade de obter o que se quer mediante atração antes que coerção”.

No Brasil, um dos últimos opinadores a incorrer no uso estereotipado da noção de nacionalismo foi o sociólogo Demétrio Magnoli (que, aliás, tem sido nisso useiro e vezeiro). No dia 23 de março, ele publicou no Globo um artigo intitulado "A volta dos Sábios de Sião", que parte de um libelo anti-globalista extraído do site russo Fort Russ — engrenagem do "núcleo duro do putinismo", segundo o autor — para atacar os nacionalistas contemporâneos, em particular Donald Trump e seus apoiadores.
Magnoli acusa-os de tudo um pouco, lançando mão dos rótulos infamantes de sempre (teóricos da conspiração, xenófobos, radicais, populistas), que soam até compreensíveis na boca de ativistas e militantes políticos, mas sempre espantosos na pena (ou melhor, teclado) daqueles que se pretendem cientistas da sociedade e da política.
Mas a acusação mais grave está contida já no próprio título do artigo. Como se sabe, "Os Protocolos dos Sábios de Sião" é um texto anti-semita do século XIX. Trata-se de uma fraude documental, provavelmente fabricada a mando do czar Nicolau II, e cuja meta era "revelar" uma vasta conspiração mundial comandada pelos judeus. O texto ajudou a formatar o imaginário nacional-socialista, e, por incrível que pareça, até hoje continua a ser levado a sério por anti-semitas e incautos de maneira geral.
Ao fazer uso da analogia, Magnoli tem como objetivo colar a pecha de anti-semitas nos que alegam combater uma quimera chamada “elite globalista”, expressão que o autor atribui a Steve Bannon (a grande mente por trás da administração Trump), com a intenção de ridicularizá-la e equipará-la à farsa dos "sábios de Sião". Aos anti-globalistas, o sociólogo de formação trotskista reserva termos escarnecedores tais como "cavaleiros do nacionalismo" e "neotrumpianos". Escreve:
“Ousados, os neotrumpianos explicam que é preciso distinguir a globalização do ‘globalismo’, isto é, da maléfica ação política da ‘elite globalista’ — como se a integração mundial de cadeias produtivas pudesse dispensar as instituições e as redes que lhe servem de infraestruturas. Alheios às gargalhadas do público letrado, eles acusam a ‘elite globalista’ (Obama, Merkel, Soros) de nutrir tendências ‘esquerdistas’ e ‘socializantes’. Na mesma linha, insurgem-se contra universidades que pregam o respeito às liberdades civis e à diversidade cultural, confundindo isso com a doutrina do multiculturalismo, e entidades científicas que difundem informações sobre mudanças climáticas (uma lenda inventada pelos chineses para sabotar a economia americana, segundo Trump).
A 'elite globalista', contudo, não passa da versão renovada de uma narrativa mais que centenária: a conspiração dos Sábios de Sião (…) A conspiração dos Sábios de Sião evoluiu por inúmeros caminhos, cruzando-se com as ideias das conspirações maçônica e comunista, até coagular-se em sua atual encarnação: o governo mundial da 'elite globalista'. Suas raízes antissemitas jamais desapareceram. O texto publicado pelo Fort Russ intitula-se Emmanuel ‘Rothschild’ Macron: a resposta globalista a Trump, Putin e Le Pen e seu alvo explícito é o candidato presidencial francês de centro-esquerda, que trabalhou num banco de investimentos francês ligado ao Grupo Rothschild. No mesmo texto, o 'Soroses' faz referência a George Soros, o diabo-chefe judeu…"
É curioso que o autor, aparentemente tão preocupado com o anti-semitismo, consiga enxergá-lo nos críticos do globalismo mas não em seus entusiastas. Ora, há poucas instituições no mundo tão anti-semitas quanto a própria ONU, a face mais aparente do globalismo, e cujo viés anti-Israel é bem conhecido, ilustrado em centenas de resoluções absurdas, a exemplo da infame 3379 (que tratava o sionismo como uma forma de racismo, e que levou anos para ser anulada) e da recente 2234 (que condenou as colônias israelenses na Cisjordânia, e foi aprovada graças à vergonhosa abstenção dos EUA, naquele que foi o último de uma série de atos de hostilidade do governo Obama contra Israel).
Magnoli deveria saber aquilo que, certa feita, um colunista brasileiro descreveu muito bem:
"O anti-semita polido mobiliza um sofisma básico: a distinção entre anti-semitismo e anti-sionismo (…) Um século atrás, a distinção entre anti-semitismo e anti-sionismo era um argumento político admissível; desde pelo menos 1948, não passa de camuflagem do ódio aos judeus".
E Magnoli sabe. Era ele aquele colunista, que em agosto de 2014 publicou na Folha de São Paulo o artigo "O sofisma anti-semita".
Por isso, chega a ser inacreditável que Magnoli mencione o bilionário George Soros como o judeu-modelo, pretensa vítima da retórica anti-semita dos nacionalistas contemporâneos. Logo Soros, conhecido por haver, quando jovem, percorrido as ruas de sua Budapeste natal para ajudar os nazistas a confiscar a propriedade de seus compatriotas judeus, algo de que fala hoje sem qualquer sentimento de culpa.
Logo Soros, cujas fundações, ficamos sabendo através dos "Soros Leaks", financiam um sem-número de organizações anti-sionistas, algumas das quais pregando abertamente a destruição do Estado de Israel.
Magnoli caçoa dos nacionalistas para quem, supostamente, Soros seria "o diabo-chefe judeu", mas não tem nada a dizer do "diabo" ele mesmo, hoje talvez o maior fomentador da propaganda anti-sionista (e, pois, a se acreditar no argumento do sociólogo paulistano, anti-semita) no mundo.
Quando se nutre ódio por alguém, recomenda-se não fazer dele objeto de análise. Mas é isso que Magnoli faz com Trump. Acusá-lo de anti-semitismo beira as raias da loucura. Trata-se de uma perfeita inversão da realidade. O novo presidente dos EUA e sua equipe têm conduzido uma virada de 180º na política do país em relação a Israel, desfazendo a orientação fortemente anti-sionista da administração Obama, provavelmente o presidente americano mais anti-Israel de todos os tempos.
Um sinal claro da reaproximação com Israel promovida por Trump foi a nomeação de Nikki Haley como embaixadora dos EUA na ONU. E, logo em seu primeiro discurso oficial, Haley fez críticas contundentes ao anti-semitismo da organização, defendendo o Estado judeu com uma clareza moral e uma veemência como há muito não se viam na América.
A postura pró-Israel de Trump, demonstrada ao longo da campanha presidencial, fez com que o primeiro-ministro israelense saudasse o novo presidente americano com singular entusiasmo. Benjamin Netanyahu não deve estar lendo com atenção as colunas do Magnoli.
Para o projeto globalista, o anti-sionismo é estrutural, e tem valor estratégico. Bem como o anti-americanismo. Israel e EUA talvez sejam hoje as duas únicas nações verdadeiramente soberanas no mundo democrático. Daí que a sua aliança — que a dupla Obama & Hillary fez de tudo para abalar — seja o pesadelo do globalismo. Como observa Todd Huizinga, sobre quem falaremos logo abaixo:
"Na qualidade de Estado-nação mais poderoso do mundo, que guarda ciosamente a sua soberania nacional, os Estados Unidos, por sua própria existência, são um obstáculo no caminho da visão da União Européia (UE) de um mundo que evolui para além do Estado-nação. O mesmo vale para Israel, que sofre incansável hostilidade da UE, sobretudo porque a existência de uma nação democrática e orgulhosa, ademais fundada numa visão essencialmente etno-religiosa da nacionalidade, desafia a visão-de-mundo supranacional, pós-religiosa e pós-étnica da UE. O fato de que Israel ouse ser fundamentalmente ocidental, e ainda assim rejeitar muito da perspectiva européia sobre o mundo, atiça a ira da UE".
Evidentemente, Magnoli tem o direito de ignorar tudo do globalismo, sobre o qual há, hoje em dia, uma quantidade quase inabarcável de literatura — boa parte dela constituída de livros panfletários e de baixa qualidade, decerto, mas também de um número suficiente de análises sérias, profundas e extensamente documentadas. Da mesmo forma, ele tem o direito de militar pelo globalismo em artigos de opinião. O que ele não tem o direito de fazer é usar a sua posição de intelectual público para desinformar os leitores, distorcendo os termos do conflito e caricaturando às raias do grotesco os seus adversários.
Por exemplo, a distinção entre "globalização" e "globalismo" é tão óbvia, e de tão fácil compreensão, que o deboche do autor em relação a ela, descrevendo os seus proponentes como "ousados", não pode ser fruto de ignorância, senão de malícia. Não é preciso qualquer ousadia para entendê-la, mas muita má vontade para não fazê-lo.
A globalização, como descreve Magnoli, de fato diz respeito à "integração mundial de cadeias produtivas". E é óbvio que esta depende de "instituições" e "redes que lhe servem de infraestruturas". O ponto é o seguinte: ninguém o nega. O que se questiona é a natureza, a qualidade e o alcance daquelas "instituições" e "redes". Que elas tenham necessariamente de passar de um simples suporte de interações econômicas livres e espontâneas a um meio de concentração de poder político supranacional infenso a mecanismos de fiscalização — esta a definição de globalismo! — é o que está em pauta. E é justo o que Magnoli omite de forma deliberada.
Falávamos logo acima da abundante literatura de qualidade acerca do globalismo. Puxando apenas pela memória, dentre os autores de obras de referência sobre o tema eu poderia citar Carroll QuigleyMichel SchooyansHenry LambNicholas HaggerTed FlynnAlan B. JonesCliff KinkaidGary AllenEdward GriffinWilliam F. JasperJohn FontePascal Bernardin, entre outros.
Mas, para não me alongar em demasia, destacarei apenas o livro The New Totalitarian Temptation: Global Governance and the Crisis of Democracy in Europe, do diplomata americano Todd Huizinga.

Com incrível riqueza de detalhes e referências de fontes primárias, o livro de Huizinga trata do surgimento, funcionamento e objetivos da União Européia (UE), que Pascal Lamy, ex-diretor-geral da OMC e ex-presidente da Comissão Européia, descreveu certa vez como “o laboratório da governança internacional — o lugar onde a nova fronteira tecnológica da governança internacional está sendo testada”.
Pascal Lamy (1947- ): a União Européia como "laboratório" do globalismo
A UE seria, pois, o modelo de um sistema mundial de governança global. Nessa nova ordem mundial, escreve Huizinga,
"o poder não será exercido primeiramente por governos nacionais que representam seus eleitorados, mas por uma rede cada vez mais densa de organizações internacionais, que administram um corpo crescente de legislação e regulação internacionais, pretensamente em benefício de uma cidadania global".
No mesmo discurso em que proferiu as palavras citadas anteriormente, Lamy também forneceu uma descrição paradigmática da ideologia globalista, da qual é hoje um dos principais proponentes:
“Desafios globais requerem soluções globais, e estas só serão alcançadas com a governança global adequada, que hoje, 20 anos depois [ele referia-se à queda do Muro de Berlim], continua muito fraca”.
E citou ainda uma formulação mais antiga de Jean Monnet, o grande mentor intelectual do projeto europeu:
“As nações soberanas do passado já não podem fornecer um quadro de referência para a resolução de nossos problemas presentes. E a comunidade européia ela mesma não é mais que um passo rumo às formas organizacionais do mundo de amanhã”.
Jean Monnet (1888–1979)
Com efeito, a UE foi desde o início a encarnação mesma da ideologia globalista, criada com o propósito de estabelecer a utopia kantiana da “paz perpétua”, nem que para isso fosse preciso amputar largas porções da soberania dos Estados-membros e violar os valores e tradições de seus cidadãos. Ao contrário de organismos como o NAFTA (este sim uma daquelas "instituições" e "redes" de que fala Magnoli, voltadas tão somente para a integração econômica), a UE não é apenas uma entidade econômica, mas também profundamente política. Ela é, na definição de Huizinga,
“uma organização supranacional que exerce significativos poderes soberanos, frequentemente às custas dos poderes dos Estados-membros. A lei da UE sobrepõe-se à lei nacional do Estado-membro, por exemplo, e seus decretos e regulamentações afetam a vida cotidiana de cada Estado-membro”.
Quando, por acaso, os cidadãos dos países-membros rejeitam via referendo alguma lei da UE, a reação da entidade é característica. Huizinga ilustra:
“Em três casos, duas vezes na Irlanda e uma na Dinamarca, a UE recusou-se a aceitar a vontade dos eleitores. Em vez disso, ela impôs novas votações e exerceu pressão maciça para que os eleitores ‘compreendessem’ e votassem sim”.
Ressalto que o autor escreveu o livro muito antes do Brexit, que certamente entraria como mais um exemplo do autoritarismo dos burocratas de Bruxelas.
E autoritarismo e elitismo parecem mesmo ser características marcantes do projeto europeu e, de modo mais geral, do globalismo. Ao contrário do que sugere Magnoli, a idéia de uma "elite globalista" é tudo menos um delírio conspiratório de seus críticos. Eis como, por exemplo, a noção de governança global é definida por Thomas G. Weiss, diretor emérito do Ralph Bunche Institute for International Studies, professor do Graduate Center da CUNY, e um dos maiores estudiosos contemporâneos do tema:
“O complexo de instituições formais e informais, mecanismos, relacionamentos e processos entre e dentre estados, mercados, cidadãos e organizações, tanto inter- quanto não-governamentais, através dos quais os interesses coletivos em nível global são articulados, deveres, obrigações e privilégios são estabelecidos, e diferenças mediadas por profissionais instruídos” (citado por Huizinga, pp. 21–22 — Grifos meus).
Notem bem: os responsáveis por comandar aquela complexa maquinaria política não são representantes eleitos, mas profissionais instruídos. "A UE não seria a UE", comenta Huizinga, "sem essa cultura de governo da elite e dos insiders".
Aliás, a proposta de que decisões políticas importantes devam ficar a cargo de uma elite de iluminados — ou “ungidos”, na feliz expressão de Thomas Sowell — foi avançada com todas as letras pelo filósofo americano Jason Brennan, que lamentava a decisão majoritária dos britânicos de sair da UE, motivada, segundo ele, por "informações equivocadas sobre a realidade britânica". Brennan está falando sério, e a sua opinião sobre o melhor sistema político para o mundo contemporâneo é uma bizarra reedição da idéia platônica do "rei-filósofo". Epistemocracia, o governo dos que conhecem: eis o que sugere o autor em seu livro Against Democracy.
É nisto, em última instância, que consiste a governança global: a usurpação do auto-governo democrático por uma elite governante que jamais presta contas aos seus governados, e que, a despeito de sua retórica humanista e universalista de promoção dos direitos humanos, nutre por aqueles um profundo desprezo. Trata-se de um programa brutalmente elitista, que põe a política antes das pessoas, na medida em que busca remodelar os seres humanos em função de seus projetos políticos, em vez de adaptar os projetos aos seres humanos tais como são.
Como sintetiza John Fonte em Sovereignty or Submission: Will Americans Rule Themselves or Be Ruled by Others?, os globalistas
“consideram a ‘nova’ lei internacional, que encarna os últimos (e mais progressistas) conceitos de direitos humanos globais e formais universais, como sendo superior a toda lei nacional ou constituição de qualquer nação democrática” (citado por Huizinga, p. 24).
A discussão contemporânea sobre o aborto no Brasil é um bom exemplo daquele elitismo. A proposta de sua legalização, cláusula pétrea do globalismo, é rejeitada pela esmagadora maioria da população, eleitoralmente representada no Congresso. Ainda assim, ela tem sido articulada desde cima, por vias anti-democráticas, mediante a pulsão legiferante do STF, cujos membros, praticantes habituais do mais desavergonhado ativismo judicial, acreditam encarnar a superioridade moral daquela "nova lei internacional". O jornalista Felipe Moura Brasil, da Veja, explicou o problema muito bem:
E já agora percebemos que, além de não ser apenas uma proposta de integração econômica, mas de concentração de poder político, o globalismo tampouco é apenas uma proposta de concentração de poder político, mas de educação moral. Esmiuçando os documentos das organizações internacionais (que são a forma institucional mais visível da ideologia), pode-se notar facilmente o quanto essa educação visa a uma homogeneização das consciências. Eis um exemplo:
“O ponto mais importante é que deveria haver um currículo universal, internacional e padrãoestabelecido sob os auspícios das Nações Unidas. Em particular, esse currículo padrão deveria ser difundido a partir das séries de manuais escolares padronizados elaborados sob os auspícios das Nações Unidas (…) Enquanto uma geração não tiver recebido os ensinamentos de um currículo internacional padrão, todos raciocinarão segundo os velhos esquemas mentaisque, por fim, são fatais para a humanidade” (grifos meus).
- International symposium and round table, 27 nov-2 dez. 1989, Beijing, China. "Qualities required of education today to meet foreseeable demands in the twenty-first century". Proceedings, UNESCO, pp. 40 e 42.
O trecho ilustra bem o já mencionado desprezo da "elite globalista" — sim, para o desgosto de Magnoli, é este o termo correto para descrever o fenômeno — por aqueles que ela pretende governar sem representar. Daí o desejo de "educá-los".
Ora, a transformação da política em pedagogia, e a idéia mesma de educar adultos, já mostrou Hannah Arendt, é característica essencial do totalitarismo — a definição mesma de concentração de poder. Que esse totalitarismo se exerça à moda soft power, para usar novamente o conceito de Joseph S. Nye Jr., não significa que seja menos nocivo. Que a ideologia globalista seja uma "soft utopia", e o conceito agora é de Huizinga, não implica que seja aceitável.
O problema da centralização do poder político hoje é que ela é tanto mais perigosa quanto mais difícil de visualizar, e isso explica a cegueira de tantos como Demétrio Magnoli diante dela. O "centro" hoje já não é um tirano individual, um partido político, uma junta militar, mas uma rede altamente intrincada de agentes, dificilmente responsabilizáveis diretamente. Todavia, posto que mais complexa e sofisticada, e é nisso que os anti-globalistas têm insistido, ela é centralização ainda assim.
A sua eficácia consiste não no segredo, que não há, mas na discrição e no hermetismo da linguagem utilizada nos documentos oficiais. Contrariamente ao que sugere Magnoli, os mais importantes críticos do globalismo não são teóricos da conspiração, até porque, estivéramos mesmo diante de uma conspiração, tratar-se-ia daquela "conspiração aberta" de que falava o romancista H. G. Wells, dileto membro da Sociedade Fabiana, e ele próprio um velho entusiasta da idéia de governança global.
John J. McCloy, ex-presidente do Council on Foreign Relations, comentou certa feita:
“O impulso rumo à governança global pode ser bem documentado, mas ao final do século XX ele não se parece com uma conspiração tradicional, no sentido usual de uma cabala secreta de homens cruéis encontrando-se clandestinamente a portas fechadas. Em vez disso, trata-se de uma 'rede' de indivíduos com a mesma mentalidade, situados em altos postos a fim de atingir um objetivo comum, tal como descrito pelo insider Marilyn Ferguson no clássico de 1980, The Aquarian Conspiracy”.
Citado por Ted Flynn em Hope of the Wicked: The Master Plan to Rule the World. Herndon (Virginia): MaxKol Communications, 2000. p. 3.
Não, não há mesmo conspiração. Não há segredo. Para além de toda literatura analítica sobre o globalismo, as fontes primárias estão acessíveis a todos: decretos, declarações, diretrizes, resumos de conferências, atas de reuniões, livros de memórias… O problema é que, para extrair alguma unidade por detrás da estonteante massa de documentos, é preciso proceder a uma análise simbólica do vocabulário empregado, estabelecer o sentido contextual dos termos.
Como esclarece Huizinga, aquele vocabulário é geralmente vago, genérico e ambíguo o bastante para permitir acomodar as divergências de pontos-de-vista entre os globalistas. Sobretudo, é preciso compreender que não há aí, e seria improvável que houvesse em se tratando de rede tão complexa de agentes, uma completa homogeneidade ideológica e política. A unidade é sobretudo pragmática, e para isso concorrem precisamente a vacuidade e ambiguidade da prosa globalista, sempre expressa naquela langue du boiscaracterística do mundo diplomático. Nas palavras de Huizinga:
“Mesmo na ausência de consenso entre as partes, uma declaração, proposta de política pública ou mesmo tratado expedidos pela UE podem avançar mediante o uso pragmático da ambiguidade construtiva — ao frasear os trechos controversos de tal modo que cada parte possa interpretá-los conforme sua preferência”.
Para os curiosos que encaram as fontes documentais pela primeira vez, o linguajar globalista pode soar impenetrável, entediante ou, pior ainda, inócuo. Só os muito persistentes seguem na missão de decifrá-lo. Para os preguiçosos e desonestos intelectuais, a situação é irremediável: eles são imediatamente afugentados pela esfinge, indo ato contínuo refugiar-se no conforto dos estereótipos socialmente compartilhados. É mais fácil e gratificante denunciar as "teorias da conspiração". Caprichando na ênfase, é possível até fazer-se passar por racional e criterioso.
Aquela inescrutabilidade é o segredo do sucesso do projeto globalista, da consolidação dessa "soft utopia". Novamente, tudo o que é preciso fazer para constatá-lo é vasculhar as fontes primárias. Como, por exemplo, esta confissão de Jean-Claude Juncker, ex-presidente do Conselho Europeu, e atual presidente da Comissão Européia. Falando sobre integração e poder supranacional, ele declarou ao jornal alemão Der Spiegel:
“Nós primeiro decidimos algo, e então lançamos a idéia, aguardando um pouco para ver o que acontece. Se não houver grandes rebeliões e gritos de protesto, porque a maioria das pessoas sequer entendeu o que foi decidido, nós vamos em frente — passo a passo, até não haver mais volta” (grifos meus).
Depoimento de Jean-Claude Juncker ao Der Spiegel. O trecho traduzido acima está logo no primeiro parágrafo.
Como observa o jornalista Adrian Hilton:
“As nações européias devem ser guiadas rumo a um super-Estado sem que suas populações compreendam o que se passa. Isso pode ser obtido por etapas sucessivas, cada qual disfarçada como tendo um propósito econômico, mas que eventual e irreversivelmente levará à federação” (citado por Huizinga, p. 33).
Se Magnoli não fica incomodado com aquela falta de transparência por parte da elite globalista, o problema é dele. Mas que não se valha dessa indiferença para difamar aqueles que, com toda a razão, o fazem. É contra essa realidade, afinal, que os "cavaleiros do nacionalismo" têm se levantado. Se as nossas próprias autoridades — eleitas! — estão longe de ser grande coisa, só nos faltava ter de aturar o cinismo e a arrogância de potestades supranacionais.

Depois de tudo o que vimos até aqui, não há como não julgar indesculpável a tentativa de Magnoli de deslegitimar e caricaturar grosseiramente uma preocupação tão razoável frente a um poder que, desde uma altura olímpica, tanto tem impactado a vida de milhões e milhões de pessoas ao redor do mundo, sem que a elas sejam dados os meios de constituí-lo, fiscalizá-lo e, eventualmente, revogá-lo. Afinal, as autoridades globalistas não são sujeitas a impeachment!
A atitude do sociólogo parece ainda mais lamentável — mais realista que a do rei — quando se nota que até mesmo alguns próceres do globalismo reconheceram o problema da representatividade política no projeto de governança global. É o caso do já mencionado Pascal Lamy:
"Quais são, então, os desafios específicos para a governança global? (…) Dado que a legitimidade depende da proximidade do relacionamento entre o indivíduo e o processo decisório, o desafio da governança global é a distância. Os outros desafios de legitimidade são os assim chamados déficit democrático e déficit de fiscalização, que emergem na ausência de meios pelos quais os indivíduos possam questionar o processo decisório internacional (…) Se há uma área na qual a Europa não tem tirado boas notas, é provavelmente no terreno da legitimidade. Temos assistido a uma crescente distância entre as opiniões públicas na Europa e o projeto europeu…"
Simplesmente não é concebível que Magnoli desconheça especificamente os efeitos das políticas globalistas sobre o Brasil, até porque ele é autor de uma obra relevante acerca do assunto. Refiro-me a Uma Gota de Sangue: História do Pensamento Racial. Aí, Magnoli descreve com detalhes o papel da Fundação Ford (FF) no fomento artificial do neo-racialismo brasileiro, que, idealizado por acadêmicos subvencionados, culminou na adoção generalizada de políticas de ação afirmativa contrárias à tradição identitária nacional, centrada na mestiçagem antes que no binarismo negro/branco. Nas palavras do autor:
“A difusão internacional do multiculturalismo foi interpretada pelos sociólogos franceses Bourdieu e Wacquant como 'uma verdadeira globalização das problemáticas americanas'. A ação da FF no Brasil atesta a agudeza desse diagnóstico. As subvenções da Fundação replicaram nas universidades brasileiras os modelos de estudos étnicos e de 'relações raciais' aplicados nos EUA, e consolidaram uma rede de organizações racialistas que começaram a reproduzir os discursos e demandas das similares afro-americanas".
É a esse tipo de atuação política de cima para baixo, que não hesita em violar valores e tradições culturais, que os críticos dão o nome de "globalismo". Nada muito difícil de entender, certo?
Mas, como vimos, quer trate do anti-semitismo, quer do racialismo, Magnoli parece mesmo ter o hábito de não levar muito a sério o que escreve. É como se, uma vez publicadas as informações contidas em seus textos, elas se tornassem um corpo estranho à inteligência do autor, incapaz de extrair-lhes as devidas consequências.
Não há, entretanto, nada de sui generis naquela sua postura. Esse senso frouxo de responsabilidade autoral é uma característica comum a um tipo particular de intelectual, surgido pela primeira vez na história nos clubes e salões do Iluminismo francês. Ali, no seio daquela petite troupe de philosophes, naquela "igreja invisível" (a expressão é de Diderot) de iluminados distantes da canaille ("o populacho", no recorrente vocabulário de Voltaire), desenvolveu-se uma forma de personalidade intelectual mais devotada à formação da opinião influente do que à compreensão da realidade.
Eis como o grande historiador Augustin Cochin — morto nos campos de batalha da Primeira Guerra — descreve o surgimento do fenômeno:
“Eu não falo daqueles outros, dos bons vivants de 1730, mas dos enciclopedistas da era seguinte. Estes são graves: como não sê-lo quando se está certo de que o alvorecer do espírito humano data do seu século, da sua geração, de si próprio? A ironia substitui a alegria; a política, os prazeres. A brincadeira vira profissão; o salão, um templo; a festa, uma cerimônia; o clube, um império, do qual lhes mostrei o vasto horizonte: a república das letras.
E o que se faz naquele país? Nada além, antes de tudo, do que se fazia no salão de Madame Geoffrin: conversa-se. Vai-se ali para falar, não para fazer; toda essa agitação intelectual, esse imenso tráfico de discursos, escritos e correspondências não conduz ao mais mínimo começo de trabalho, de esforço real. Trata-se apenas de ‘cooperação de idéias’, de ‘união pela verdade’, de ‘sociedade de pensamento’.
Ora, não é indiferente que um tal mundo se constitua, se organize e dure: pois seus habitantes se reúnem à força das coisas postas sob um outro ponto-de-vista, sob outra inclinação, diante de outras perspectivas que não as da vida real. Esse ponto-de-vista é o da opinião, ‘a nova rainha do mundo’, disse Voltaire, que saúda a sua chegada na cidade do pensamento. Enquanto que no mundo real o juiz de todo pensamento é a prova, e sua meta o efeito, nesse mundo o juiz é a opinião dos outros, e sua meta, a confissão. E se, naquele mundo, o meio é a realização, o “trabalho”, neste é a expressão, a fala. Todo pensamento, todo esforço intelectual só existe aqui mediante o consentimento. É a opinião que faz o ser. É real o que os outros vêem, verdadeiro o que dizem, bom o que aprovam. Assim, a ordem natural é invertida: aqui a opinião é causa, e não, como na vida real, efeito. O parecer toma o lugar do ser; o dizer, o lugar do fazer”.
COCHIN, Augustin. Les Sociétés de Pensée et la Démocratie: Études d’Histoire Révolutionnaire. Paris: Plon-Nourrit et Cie., 1921. pp. 9–10.
Augustin Cochin (1876–1916)
O pertencimento de Magnoli àquela igreja invisível — onde "é real o que os outros vêem, verdadeiro o que dizem, bom o que aprovam", segundo a formulação de Cochin — fica evidente quando prestamos atenção a um detalhe de sua crítica aos nacionalistas contemporâneos. Um minúsculo detalhe, perdido em meio à ruidosa vizinhança de palavras, mas que no entanto parece trair a real motivação do autor para haver se lançado à inglória tarefa de deitar falação sobre um tema cuja substância desconhece. Ele se encontra no trecho já citado de seu artigo. Ei-lo:
"Alheios às gargalhadas do público letrado, eles [os neotrumpianos] acusam a ‘elite globalista’ (Obama, Merkel, Soros) de nutrir tendências ‘esquerdistas’ e ‘socializantes’.
Nem vale a pena entrar no mérito das "tendências 'esquerdistas' e 'socializantes'" de nomes como Obama (que conduziu a América rumo à extrema-esquerda) e Soros (o principal patrocinador de movimentos e organizações de esquerda ao redor do planeta, incluindo o brasileiro Mídia Ninja). Essa é mais uma daquelas obviedades que Magnoli omite dos seus leitores.
O aspecto curioso é que, na ânsia de difamar os "neotrumpianos", a única idéia que lhe ocorreu foi a de transformá-los em objeto das "gargalhadas do público letrado". Chega a ser quase enternecedor, e um tanto embaraçoso, perceber o quanto de sua alma o sociólogo expõe nesse artifício, deixando nos leitores a impressão de estarem invadindo-lhe a privacidade.
A reverência do homem pelo "público letrado" é tamanha, que ser alvo de suas gargalhadas parece-lhe o mais doloroso dos castigos. Houvesse Dante feito de Magnoli um personagem da Divina Comédia, decerto dedicar-lhe-ia um círculo todo especial do Inferno, formado por uma multidão de letrados a gargalhar. No tribunal mental do nosso cavaleiro do anti-nacionalismo, o juiz é a opinião dos pares acadêmicos. E, perante tão rigoroso magistrado, compreende-se enfim que Demétrio Magnoli tenha optado por sacrificar a própria inteligência na redação de um artigo tão ruim.

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