Quais serão os próximos Estados a reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e o que isso nos revela sobre os amigos e os inimigos do povo judeu? Na nova configuração da política internacional, Israel é um exemplo a ser seguido na lutra contra o globalismo e o islamismo radical.
Em um pronunciamento realizado na última quarta-feira, o Presidente Donald Trump oficializou o reconhecimento americano de Jerusalém como a capital de Israel, demonstrando audácia, coragem e uma disposição ímpar de resistir às ameaças e às chantagens feitas por ditadores e terroristas do Oriente Médio que, tradicionalmente, se valem da promessa de violência para constranger presidentes americanos e determinar, ou ao menos restringir, suas escolhas de política externa.
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Muito tem se falado sobre as consequências imediatas e mais distantes dessa decisão, quase sempre num tom apocalíptico e histérico que distorce a real dimensão da situação e deixa de fora uma série de questões relevantes.
Uma dessas questões é a que diz respeito aos possíveis e prováveis chefes de Estado que deverão seguir o exemplo do presidente americano e reconhecer que, apesar de toda a grita dos suspeitos de costume, não faz sentido manter Israel como a única nação soberana que não possui o direito de escolher sua própria capital. E, a despeito do que os engenheiros de narrativas querem fazer crer, Donald Trump não está isolado em sua decisão e deverá ser acompanhado por um número significativo de Estados.
Quem serão os próximo?
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De acordo com o governo e a imprensa israelense, representantes diplomáticos de inúmeros países têm dado sinais de que pretendem reconhecer Jerusalém como a capital de Israel e transferir para lá a sede de suas missões diplomáticas no país. Porém, tão importante quanto o número de países são os agentes e os movimentos políticos que estão na vanguarda desse processo — algo que, como veremos, diz muito sobre o mundo que vivemos hoje e sobre a desinformação propagada pelo establishment midiático.
Viktor Orban, o presidente húngaro que é retratado como um anti-semita pela imprensa internacional somente por ter ousado se opor à Open Society de George Soros, atuou para vetar um comunicado conjunto da União Européia condenando a decisão americanae, segundo se especula no Knesset, já deu início às movimentações para transferir a embaixada da Hungria para Jerusalém.
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O mesmo tipo de informação tem circulado a respeito de outros países do Leste Europeu, também frequentemente vilipendiados com a acusação injusta de anti-semitismo, como a Polônia e a República Tcheca.
Embora isso possa soar estranho a quem está acostumado a ler as reportagens ricas em adjetivos e escassas em realidade produzidas pela grande mídia, não há nada de verdadeiramente surpreendente nessas informações.
A República Tcheca há muitos anos tem se destacado como o principal aliado de Israel no continente europeu e países como a Polônia e a Húngria, cada vez mais sufocados pelas intromissões da União Européia, têm olhado para Israel como um modelo a ser seguido na luta contra as ameaças à unidade e à soberania de suas nações.
O mesmo pode ser dito acerca de outra figuras nacionalistas, como Marine Le Pen, Geert Wilders e Matteo Salvini, que têm buscado se aproximar de políticos israelenses por verem no sionismo um modelo de nacionalismo, ou de soberanismo, a ser seguido por políticos que desejam proteger a soberania de suas nações sem repetir os erros e os excessos cometidos em nome do nacionalismo no passado.
Esse contexto é essencial para compreender o que tem acontecido e o que pode acontecer em termos de apoio diplomático à decisão americana.
Os amigos nacionalistas do povo judeu
Em maio deste ano, o parlamento tcheco aprovou uma proposta que reivindicava o reconhecimento de Jerusalém como Israel pelo primeiro-ministro Bohuslav Sobtka. Ontem, incentivado pelo exemplo americano e após sete meses de espera, o ministro das relações exteriores da República Tcheca anunciou que seu país, “junto com outros estados-membro da União Européia”, reconhece Jerusalém como a capital de Israel.
A imprensa israelense informou ainda que Rodrigo Duterte, o polêmico presidente nacionalista das Filipinas, será um dos primeiros a seguir a decisão americana. A notícia não deveria surpreender. A conexão entre as Filipinas, um país dominantemente católico, e Israel pode parecer exótica, mas é real, duradoura e um tanto sólida.
Os filipinos são maioria entre os quase 100 mil missionários católicos estrangeiros que atuam em Israel, onde eles encontram paróquias que oferecem missas e outros serviços na língua tagalo (o idioma filipino), além do inglês, do hebraico, do árabe e do latim mais usuais. Do mesmo modo, o número de católicos hebreus vem crescendo vertiginosamente e em algumas cidades já é maior do o que o de católicos árabes, o que tem aumentado significativamente o sentimento pró-Israel entre os católicos que atuam na região.
Do mesmo modo, alguns países africanos, como Gana, Tanzânia e Botsuana, também deram claros sinais de apoio à decisão americana e fizeram declarações que indicam uma disposição de transferir suas embaixadas para Jerusalém.
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De volta à Europa, Geert Wilders, líder do Partido pela Liberdade da Holanda, classificou a decisão de Donald Trump como fantástica e disse que fará de tudo para que o governo holandês acompanhe os EUA nessa decisão. Outros partidos holandeses, como a União Cristã, o Fórum Para a Democracia e o Partido Político Reformado, assumiram compromisso similar.
Matteo Salvini, líder do italiano Lega Nord e um dos mais fortes candidatos a se tornar o futuro primeiro-ministro italiano, foi ainda mais incisivo e disse apoiar totalmente as políticas do Presidente Donald Trump para Israel e também no que concerne a cortes de impostos e controle de fronteira.
Marine Le Pen não se pronunciou pessoalmente, mas Gilbert Collard, um deputado francês que atua como um de seus porta-vozes e é Secretário Geral do Rassemblement Bleu Marine (uma coalizão de partidos e movimentos que apóiam Le Pen), disse apoiar a decisão do presidente americano em nome do direito internacional e afirmou que, apesar de se preocupar com a reação de muçulmanos radicais, acredita que nenhum país pode negar a Israel o direito de escolher sua própria capital.
O povo judeu e seus falsos amigos
O apoio de lideranças nacionalistas a Israel está sendo tratada com um misto de perplexidade e cinismo por parte dos especialistas que povoam a grande mídia, pessoas que, não custa lembrar, jamais hesitam antes de banalizar expressões como “anti-semitismo” e instrumentalizá-las para desacreditar políticos e movimentos nacionalistas que, para todos os efeitos, não só não são anti-semitas como são mais pró-Israel do que a maioria esmagadora dos jornalistas e comentaristas do establishment midiático internacional.
Talvez a reação mais curiosa a esse fenômeno tenha sido a do filósofo comunista Slavoj Zizek, que, em um artigo publicado pelo UK Independent, afirmou que há uma perigosa e popular tendência européia de combinar anti-semitismo com sionismo.
Não tenham dúvida de que não é por ignorância ou por confusão que o comunista esloveno, um crítico contumaz de Israel e dos judeus, faz esse tipo de afirmação. Zizek entende como poucos o estratagema da rotulação maliciosa, que consiste em esvaziar símbolos linguísticos de seus significados originais e os converter em palavras-gatilho que, por sua vez, serão de grande utilidade na manipulação das massas e da opinião pública.
Infelizmente, alguns setores da mídia e da academia reduziram uma expressão tão carregada de significado histórico quanto “anti-semitismo” a um mero xingamento, algo que pode ser dito em meio ao desfile de termos técnicos transformados em ofensas (“homofóbico”, “fascista” e “coisas do tipo”) que servem de substância à rotulação maliciosa.
A luta anti-globalista e o exemplo paradigmático de Israel
Esses truques maliciosos acabam induzindo pessoas honestas, incluindo muitos judeus, à uma compreensão equivocada do que se passa no mundo de hoje. Como já dissemos outras vezes neste Senso Incomum, o fato é que o nacionalismo israelense se tornou o benchmark do anti-globalismo, o exemplo a ser seguido no que diz respeito à defesa da soberania nacional e à resistência contra as interferências indevidas dos globalistas.
Israel — uma nação que, paradoxalmente, teve sua representação estatal moderna criada sob a tutela da ONU — foi a primeira nação a ter se conscientizado de modo mais concreto sobre os riscos do globalismo. Isso ocorreu porque parte do Sistema ONU foi capturado, de um lado, por uma burocracia comprometida com o avanço e o aprofundamento da governança global, e, de outro, por representantes de antigas colônias europeias que odeiam o povo judeu, de modo que o conjunto de organizações que o formam foi convertido em um aglomerado de entidades comprometidas com a destruição da soberania do Estado de Israel.
Àqueles que consideram esta última afirmação exagerada recomendamos a leitura dos relatórios da UN Watch ou dos discursos da Embaixadora Nikki Haley. Israel é o alvo prioritário dos globalistas e, gradualmente, as lideranças dos movimentos nacionalistas e soberanistas começam a se dar conta disso, bem como a enxergar, nos esforço de sobrevivência e manutenção de soberania realizados por Israel, um exemplo a ser seguido.
O filósofo judeu, Franz Rosenzweig, costumava dizer que o antigo Reino de Israel era o paradigma e o exemplo maior de nação, a expressão original e mais bem-sucedida do nacionalismo que inspirou as modernas democracias nacionais européias.
Essa afirmação continua sendo válida e se aplica igualmente bem ao moderno Estado de Israel, uma inspiração para todas as nações que não querem ver suas identidades e cultura diluídas no altar do cosmopolitismo globalista.
Compreender esse fato é essencial não apenas para entender os desdobramentos da política internacional contemporânea, mas também para discernir quem são os verdadeiros amigos e os verdadeiros inimigos do povo judeu.
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