terça-feira, 28 de março de 2017

PRECISAMOS FALAR SOBRE CIRO GOMES - Flavio Morgenstern

As declarações do presidenciável Ciro Gomes fariam Donald Trump e Marine Le Pen serem considerados frouxos. Por que a mídia eufemiza tudo?
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Qualquer notícia sobre um político exagerando no tom de seus discursos vira rebuliço imediato, com risco de o político passar anos respondendo processos que vão parar no STF explicando que não incita ninguém ao estupro. Isto se e somente se o político em questão for Jair Bolsonaro. Caso seja o autoritário, violento e histriônico Ciro Gomes, as manchetes estarão no rumo oposto: abafarão o caso, enquanto a classe política e jurídica fará ouvidos moucos.
Ciro Gomes, o descontrolado, pôde até mesmo dizer que receberia Sérgio Moro “à bala” em vídeo que, pelo contrário, a imprensa ameniza o caso para o presidenciável histérico. Ciro Gomes, o nervosinho, fez uma provocação ao juiz curitibano por ele ter acatado um pedido de condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, que pode ser um dos responsáveis pelo atraso na prisão de Lula. Para Ciro Gomes, o à-flor-da-pele, caso Moro ouse mandá-lo à prisão (afinal, por que mandaria?), ao contrário do blogueiro de codinome Eduguim, toda a sua “turma” seria recebida sob tiros.
Em uma manchete acovardada, Sonia Racy, no Estadão, estampa “Ciro Gomes desafia Sérgio Moro a prendê-lo”, também copiada pelo Jornal do Brasil, como se o principal de uma notícia incluindo praticamente uma ameaça de morte recaísse no “desafio” (sic) proposto por Ciro Gomes, o machinho-alfinha.
Para o portal comunista Catraca Livre, bastou um ‘Moro que mande me prender’, afirma Ciro Gomes em vídeo. Já antevendo justamente seu candidato petista preso em 2018, o portal já trata Ciro Gomes, o cangaceiro, como carta na manga em prol do totalitarismo bolivariano. Para os catraquentos, Ciro Gomes, o impávido, apenas “mandou uma mensagem” ao juiz. Catraca Livre e Estadão, hoje, são praticamente indiscerníveis.
Ciro Gomes, o gardenaleano, é famoso por suas verbalizações teatralizadas. Poucos no país o levam minimamente a sério. Seus sofismas apenas jogam com a ignorância da platéia. O que é novo e digno de nota em Ciro Gomes, o previsível, é o quanto a imprensa em uníssono já envida seus maiores esforços para passar um pano e eufemizar suas declarações mórbidas.
Acaso alguém no país, mormente um político, pode fazer ameaças de morte a autoridades (ainda que soem a uma confissão adiantada), enquanto jornais divulgam tão somente que o cidadão fez um “desafio”? Será que Ciro Gomes, o duelista, é defensor do desarmamento, provando que a desastrosa política desarmamentista significa apenas o povo desarmado, enquanto Ciro Gomes, o bravo Sir Robin, só tem coragem de tiroteio após desarmar seu inimigo? Achar-se-á na casa de Ciro Gomes, o executor, uma arma registrada, e receberia uma batida investigadora “à bala” para provar sua virilidade e seu peito peludo?

Por ventura Ciro Gomes, o cabeça brilhante, será criticado por desarmamentistas, por esquerdistas pacifistas, por feministas e gente ocupada em denunciar “discurso de ódio” ou com a causa “trans” pela sua postura tão heteronormativa, briguenta e estomagada, ou a imprensa continuará a tratar frases inocentes de Jair Bolsonaro como caso para o STF, enquanto incensa e abafa tudo o que Ciro Gomes, o palavrador, disser, sem demais conseqüências?
Não se trata tão somente de divulgar e fazer um post no Facebook. É um caso com tiros. É um caso para autoridades. Que nunca mais se permita dizer que autoritários estão deste lado, e não do lado de Ciro Gomes, o alvejante. Que o discurso se inverta. Que se cobre dos jornais, forçando-os a sofrerem conseqüencias pelo que tentam desinformar. Que se faça campanha para que as autoridades tomem as atitudes pelas quais o povo anseia, e não apenas se comente em redes sociais. E que as autoridades cuidem para não serem recebidas à bala.
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