sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Que falta faz o DDT - Leandro Narloch


A paranoia de ambientalistas contra um inseticida barato e eficaz causou o retorno de doenças transmitidas por mosquitos

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O cientista suíço Paul Müller ganhou o Nobel de Medicina de 1948 por ter sintetizado uma substância milagrosa: o DDT. Até então, os inseticidas eram caros e à base de arsênico, que também contamina humanos e outros mamíferos. O DDT não tinha esse inconveniente, custava pouco e evitava a proliferação dos insetos por um ano. Por onde passava, eliminava o Anopheles e o Aedes aegypti, erradicava doenças e salvava multidões. Os casos de malária no Sri Lanka, que passavam de mais de 1 milhão em 1960, caíram para dezoito em 1963. No Brasil, o inseticida eliminou Aedes aegypti, que permaneceu erradicado entre 1955 e 1967. Malária, dengue e febre amarela pareciam então problemas resolvidos.
Até que, em 1962, a ambientalista americana Rachel Carson publicou A Primavera Silenciosa. Um clássico do apocalipsismo, o livro deixou milhões de leitores tremendo de medo. Rachel dizia que, por causa do DDT e outros produtos químicos, pássaros seriam extintos, o câncer se espalharia entre adultos e seria a principal causa de morte entre crianças. Ela previu até que a expectativa de vida no Ocidente cairia algumas décadas.
A maior parte das denúncias era exagero puro. Certamente o DDT, como qualquer remédio ou pesticida, tem riscos se for mal utilizado, mas os benefícios superam de longe os prejuízos. A Academia Americana de Ciências estima que 500 milhões de pessoas foram salvas pelo inseticida nas décadas de 1950 e 1960. E o câncer estava mesmo se tornando a principal causa de morte de crianças – mas isso porque, com a invenção dos antibióticos, mortes causadas por infecções despencaram.
Apesar dessas falhas, o livro motivou a proibição do DDT em boa parte do mundo, a partir de 1970. No Brasil, foi proibido para campanhas de saúde pública em 1998. Desde então, a dengue voltou a ser um problema no país:
mortes por dengue
Mortes por dengue no Brasil deram um salto depois de 1998, quando o DDT foi proibido em campanhas de saúde pública. Veja outros gráficos aqui.
Só depois da onda de perseguição ao DDT estudos mostraram que a relação entre ele o câncer é fraca e confusa. Rachel Carson estava errada: o assombro sobre os efeitos cancerígenos do inseticida tinham sido em vão. Em 2006, a Organização Mundial de Saúde reviu sua decisão e voltou a recomendar o DDT para o combate de malária na África. Agora mais e mais países voltam a utilizá-lo.
O Brasil deveria fazer o mesmo. Combater dengue, zika e chikungunya com a arma que realmente funciona. É preciso deixar de dar atenção a ambientalistas paranoicos e “dedetizar”, no sentido literal do termo.
@lnarloch

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