quarta-feira, 24 de junho de 2015

Preso, Marcelo Odebrecht orienta destruição de e-mail em bilhete Laryssa Borges - Veja




Marcelo Odebrecht da construtora Odebrecht é encaminhado para o IML de Curitiba (PR), na manhã deste sábado (20)
Marcelo Odebrecht da construtora Odebrecht é encaminhado para o IML de Curitiba (PR), na manhã deste sábado (20)(Vagner Rosário/VEJA)
Um bilhete redigido pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht de dentro da carceragem da Polícia Federal em Curitiba (PR) chamou a atenção dos agentes que fazem a triagem das mensagens trocadas pelos presos e seus advogados. Num trecho do texto, de difícil interpretação, Odebrecht diz a seus defensores: "Destruir email sondas". A PF copiou o bilhete e reportou o caso ao juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato. O episódio veio à tona nesta quarta-feira. Duas interpretações se contrapõem. Para os investigadores, o bilhete poderia representar uma ordem para a destruição de provas. Essa ordem seria motivo para que Odebrecht tivesse sua prisão estendida - pois seria uma tentativa de obstruir a investigação. Para os advogados do empresário, o uso de destruir era metafórico: Odebrecht apenas os orientava a desconstruir a acusação de ter superfaturado contratos com a Petrobras.
Em e-mails rastreados pelos agentes da Lava Jato, Odebrecht discutiu a contratação de navios-sonda e a possibilidade de "sobrepreço" de até 25.000 dólares por dia. Na versão da defesa do empreiteiro, considerada risível por policiais que atuam no caso, a palavra "sobrepreço" não seria superfaturamento, mas sim um termo técnico utilizado na conversa.
Os advogados Rodrigo Sanchez Rio e Dora Cavalcanti, que integram a banca de defesa dos executivos, não devolveram aos investigadores o bilhete original lido na carceragem. A PF deu prazo de 24 horas para a apresentação do manuscrito, mas não obteve retorno até agora.
A defesa de Marcelo argumenta que o verbo "destruir" seria uma "estratégia processual" - e não a aniquilação de eventuais provas. Também afirmam que o e-mail sobre navios-sonda já consta dos autos. "Há uma percepção de que a prisão de Marcelo não se sustenta. Houve uma interpretação torta e maldosa. Não faz sentido a polícia entregar à defesa um bilhete que poderia ser uma prova e também não faz sentido haver uma suposta ordem para destruir um e-mail já apreendido pelos policiais", disse a advogada Dora Cavalcanti.
Divulgação
Bilhete escrito por Odebrecht
O conteúdo do bilhete escrito por Odebrecht(VEJA.com/Divulgação)
Nesta terça, antes de o delegado Eduardo Mauat ter reportado o episódio ao juiz Sergio Moro, a defesa de Marcelo Odebrecht encaminhou ofício ao magistrado no qual diz que a mensagem manuscrita pelo executivo foi "maliciosamente interpretada como indício da prática de crime".
"As anotações não continham o mais remoto comando para que provas fossem destruídas e que, à toda evidência, a palavra destruir fora empregada no sentido de descontruir, rebater, infirmar a interpretação equivocada que foi feita sobre o conteúdo do e-mail", diz a defesa.
Para a Polícia Federal, não é a primeira vez que a Odebrecht tenta destruir provas da participação da empreiteira no propinoduto. Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão na empresa em São Paulo, representantes da Braskem, o braço petroquímico da empresa, foram notificados para apresentarem arquivos de e-mails da do executivo Roberto Prisco Ramos. Os dados, contudo, não foram apresentados na íntegra.

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