quinta-feira, 25 de junho de 2015

O ódio de Verissimo - Rodrigo Constantino


Verissimo
Acabo de chegar de uma travessia cansativa do Atlântico, direto de Lisboa para Miami, passando por Nova York. Ou seja, estou extremamente cansado, sem falar do “jet lag” (é como se tivesse acordado de madrugada). Mas já sabia que não poderia fugir do ofício hoje, que não teria descanso. Leitores tinham me avisado da nova peripécia de Verissimo, o filho de Erico. Esperada, pois é o que faz em sua coluna sempre que deixa o futebol de lado para falar de política. Hoje, contudo, ultrapassou os limites da canalhice habitual.
Comentando a “entrevista” de Dilma ao apresentador Jô Soares, que confessa nem ter visto, Verissimo falou do suposto ódio da “elite” ao PT, como se fosse algo infundado, irracional, que existiria independentemente das coisas que o partido tem feito no poder, dos “desmandos”. É um ódio de classe, portanto, segundo o colunista. Mesmo se o PT estivesse acertando, diz ele, essa classe dominante estaria com ódio, pois odeia a “justiça social” que o PT supostamente representa. Diz Verissimo:
A deterioração do debate político no Brasil é consequência direta de um antipetismo justificável, dado os desmandos do próprio PT no governo, e de um ódio ao PT que ultrapassa a razão. O antipetismo decorre, em partes iguais, da frustração sincera com as promessas irrealizadas do PT e do oportunismo político de quem ataca o adversário enfraquecido. Já o ódio ao PT existiria mesmo que o PT tivesse sido um grande sucesso e o Brasil fosse hoje, depois de 12 anos de pseudossocialismo no poder, uma Suécia tropical. O antipetismo é consequência, o ódio ao PT é inato. O antipetismo começou com o PT, o ódio ao PT nasceu antes do PT. Está no DNA da classe dominante brasileira, que historicamente derruba, pelas armas se for preciso, toda ameaça ao seu domínio, seja qual for sua sigla.
É inútil tentar debater com o ódio exemplificado pela reação à entrevista do Jô e argumentar que, em alguns aspectos, o PT justificou-se no poder. Distribuiu renda, tirou gente da miséria e diminuiu um pouco a desigualdade social — feito que, pelo menos pra mim, entra como crédito na contabilidade moral de qualquer governo. O argumento seria inútil porque são justamente estas conquistas que revoltam o conservadorismo raivoso, para o qual “justiça social” virou uma senha do inimigo.
Em primeiro lugar, seria apropriado recomendar que Verissimo visse a “entrevista” antes de afirmar que Jô “com certeza” se comportou de forma adequada. Se ele tivesse visto, teria notado um apresentador bajulador, incapaz de fazer as perguntas certas ou incômodas, atuando como um levantador de bolas sob o controle do marqueteiro João Santana. Mas Verissimo não viu e gostou, pois quando é para defender canalhices socialistas, os socialistas canalhas se unem. Similis simili gaudet!
Em segundo lugar, o que falar da declaração de Verissimo de que a deterioração do debate político brasileiro é resultado direto do antipetismo? Por onde andou o “engraçado” cronista nos últimos 12 anos, depois de “matar” a Velhinha de Taubaté para não precisar mais criticar o governo de esquerda? Então Verissimo finge não saber que é o próprio PT que avacalha com qualquer debate político, justamente porque não quer debater de verdade, e sim acusar os demais com base em rótulos chulos e nas suas supostas más intenções? Então o filho de Erico não sabe que é o PT que impede qualquer debate civilizado nesse país, com respeito pelas divergências legítimas, em vez de tratar o adversário como inimigo mortal?
Verissimo fala de uma tal “classe dominante” com medo de perder o domínio, mas não sabe que a classe dominante é o próprio PT, há 12 anos dilapidando o patrimônio público em benefício privado? Então Verissimo vive em Marte e não soube do petrolão, do escândalo que envolve as maiores empreiteiras do país em conluio com o PT? Então Verissimo tirou férias em Plutão e não acompanhou o noticiário da última década, à exceção de jogos de futebol?
Outra canalhice: tentar simular críticas para depois elogiar o lado “social” do legado do PT. Tirou gente da miséria e diminuiu a desigualdade? Novamente: por onde andou Verissimo nos últimos anos? Internado em algum hospital público sem televisão? Pois no hospital privado em Moinhos de Vento, bairro nobre de Porto Alegre, com certeza o colunista tinha acesso às notícias e saberia que o PT é responsável pela queda de 2% da atividade econômica e da inflação de 9% que machuca em cheio os mais pobres. Sério que Verissimo tem a cara de pau de ainda defender o PT pelo seu “legado social”? Haja óleo de peroba!
Mas para Verissimo, o ódio ao PT, que seria coisa da elite (haja elite nesse país, pois 65% rejeitam com força o governo Dilma), é fruto justamente desse foco no social. Verissimo nunca fez uma piada tão boa, mas essa é um tanto macabra, convenhamos. Os pobres que sofrem diariamente com as trapalhadas do PT e estão indignados com o estelionato eleitoral fazem parte da elite agora? E estão revoltados por causa dos “avanços” que são incapazes de enxergar, é isso mesmo?
Conservadorismo raivoso, diz o “moderado” bajulador de tiranos. Vamos, então, colocar os pingos nos is de uma vez por todas. Eis o que Verissimo odeia: os fatos, a verdade, os pobres de carne e osso, a honestidade, a democracia, o povo brasileiro. Eis o que o povo brasileiro, revoltado com o PT, odeia: a corrupção, o cinismo, a alta inflação, o desemprego crescente, a amizade do PT com ditaduras assassinas, tudo isso disfarçado atrás de um manto hipócrita e canalha de “justiça social”.
Jô Soares, como já disse aqui, está em plena decadência em sua carreira e cada vez menos gente o admira. Verissimo quer apenas se juntar aos fracassados morais, deve ter ficado com ciúmes e quer participar do abraço dos afogados. Pois fama e dinheiro não são tudo na vida, e a estima dos brasileiros decentes, essa dupla jamais terá. A máscara da esquerda caviar caiu, e os bajuladores de plantão podem ter os benefícios da “amizade” com o poder, mas levarão como consequência o ódio e o desprezo dos brasileiros mais informados e enojados com todo esse espetáculo patético.
Rodrigo Constantino

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