quarta-feira, 24 de junho de 2015

Cinco notas de Carlos Brickmann


CARLOS BRICKMANN
Briga sem brigarLula fez uma série de declarações explosivas, em reuniões fechadas mas com muita gente (e, como dizia Tancredo Neves, se o segredo é conhecido por mais de uma pessoa deixa de ser segredo). Disse que muitos petistas só pensam hoje em cargos, empregos, boquinhas; que o PT perdeu a utopia; que os militantes só militam por pagamento; que Dilma não o ouve e tem mão pesada para política.
Lula definitivamente não é bobo. Sabe que tudo o que diz nessas reuniões será divulgado. Ou seja, falou para que todos saibam, mas numa situação em que pode dizer que não foi bem assim. Mostra sua insatisfação com o PT e o governo, busca livrar-se da má imagem do partido e da presidente que elegeu, mas sem rupturas. Quer ter as vantagens de ambos os lados.
O nome do jogoLula é um político hábil e executa bem seu jogo. Só se equivoca ao dizer que o PT perdeu a utopia. Utopia não é sinônimo de pudor.
O apelido do jogadorÉ um erro atribuir o apelido Brahma, pelo qual Lula era conhecido por alguns empreiteiros, a eventuais hábitos pessoais. É Brahma por ser o Número 1.
O que, a propósito, considerando-se o momento, é muito mais comprometedor.
Dançando quadrilhaEsta semana deve ser de tranquilidade na Câmara (e, por extensão, no Senado). O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, do PMDB do Rio, liberou os parlamentares do Nordeste do registro de presença em dois dias desta semana, terça e quarta, para que possam comemorar São João condignamente em seus Estados. Traduzindo, não haverá parlamentares do Nordeste no Congresso em nenhum dia da semana. E a probabilidade de haver sessões é baixíssima.
Não são todos iguais perante a lei? Então, todos igualmente gazeteiam.
Questão de caráterA jornalista Cora Rónai, viúva de Millôr Fernandes, conta uma história exemplar, um ótimo exemplo para situações como as de hoje. Certa vez, ela e Millôr passaram o fim de semana em Salvador, num ótimo hotel. Na saída, o hotel informou a Millôr que ele não precisaria pagar nada, porque a Odebrecht tinha acertado tudo, em cortesia. Millôr, rápido, recusou com a mesma cortesia: “Sinto muito, não posso aceitar. Nós viemos pela Mendes Jr”.

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