Eleições 2014
Tsunami varrerá PT do governo, diz Aécio Neves
Com anúncio do candidato à presidência, PSDB deixa para trás disputas internas que atrapalharam desempenho do partido em eleições passadas
Laryssa Borges
José Serra e Geraldo Alckmin prestam apoio à Aécio Neves na convenção do PSDB (Nelson Antoine/Fotoarena)
Depois de três derrotas consecutivas nas eleições para o Palácio do Planalto, o PSDB oficializou neste sábado, em solo paulista, o nome do mineiro Aécio Neves como candidato à Presidência da República. Aos 54 anos, Aécio deu a largada a sua pré-campanha desmontando um dos nós que marcaram as últimas três últimas campanhas presidenciais vencidas pelo PT: as disputas dentro do próprio partido. Neste sábado, o candidato tucano recebeu o apoio público dos principais líderes do PSDB paulista, entre eles o ex-governador José Serra, que insuflou a seção paulista da sigla com um recado direto ao partido: “Ninguém aguenta mais isso". Aécio fez coro: "Um tsunami vai varrer do governo aqueles que não têm se mostrado dignos de atender às demandas da sociedade."
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O discurso de Serra foi definido de última hora. Aliados do ex-governador defendiam que ele, que foi candidato à presidência da República em 2002 e 2010, tentasse novamente — segundo os principais institutos de pesquisa, Serra é um dos principais nomes lembrados pelos eleitores em sondagens espontâneas. "Temos um encontro marcado com o Brasil. O PSDB e aliados chegam unidos para essa disputa. Estamos todos juntos, com Aécio à frente", afirmou Serra. "Petistas já não sabem por que governam o Brasil, nem sabem por que pretendem ficar mais quatro anos. Eles não têm nenhum futuro a oferecer. O PT neste momento é a vanguarda do atraso", completou.
"As ruas deram o recado. É preciso ouvir a voz das ruas. Temos que ouvir o povo e estar mais próximos dele", disse o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
No partido, o nome de Serra é o favorito para disputar a vaga do Estado de São Paulo ao Senado. Nos últimos meses, aliás, seu nome chegou a ser cogitado para vice de Aécio, numa engenharia para fortalecer a chapa. Com um capital de mais de 40 milhões de votos nas eleições de 2010 (44% do país), Serra ainda não definiu se disputará a eleição ao Senado ou à Câmara. Os favoritos à vice são o senador Aloysio Nunes Ferreira e o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati. A escolha por Aloysio é encarada como uma estratégia para angariar apoio da seção paulista à chapa de Aécio. No caso de Tasso, a opção busca atrair votos no Nordeste, região em que o PT obteve desempenho majoritário nas últimas eleições.
Falta ainda a definição do vice-presidente, que o PSDB negocia com PSD, PR e PP, os aliados da futura adversária Dilma Rousseff.
"Há uma ansiedade nas ruas. Essa é a verdadeira política, trazer esperança ao povo. Aécio será o presidente do emprego, da oportunidade, da renda das pessoas. É tempo de trabalho, de competência, de seriedade", disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
Em seu discurso, Aécio não economizou críticas ao PT. Lembrou sua trajetória como presidente da Câmara e governador de Minas Gerais. Na véspera da convenção, viajou à cidade de São João Del Rei, onde está o túmulo do avô Tancredo Neves. "Coube a Tancredo um reencontro com a democracia. Agora, vamos ter um reencontro com a dignidade no trabalho", disse.
Aécio prometeu ainda "derrubar muros" para reaproximar o brasileiro da política. "Precisamos erguer pontes que permitam o reencontro dos cidadãos com seus representantes e que possam unir governo e sociedade. Não podemos deixar que a indignação nos paralise, que o individualismo nos afaste uns dos outros. O Brasil precisa se reencontrar rapidamente consigo mesmo."
Ao lado de FHC, Aécio elencou conquistas dos oito anos do mandato do tucano e destacou que o PT perdeu o controle do governo por recorrer à "contabilidade criativa" para cumprir metas econômicas e por não conseguir conter a alta da inflação. "Colocamos fim ao ciclo hiper-inflacionário. Com a determinação do presidente Itamar Franco e com a liderança inconteste de Fernando Henrique Cardoso transformamos a realidade brasileira com o Plano Real quando quase ninguém acreditava", disse Aécio, citando ainda a criação da Lei de Responsabilidade Fiscal, a produção de medicamentos genéricos e a modernização dos serviços de telecomunicações.
Aécio ainda afirmou que o PT tenta reinventar a história ao afirmar que foi o pioneiro em políticas sociais. "Fomos nós, PSDB e aliados, que criamos os primeiros e definitivos programas de assistência social, com benefício de assistência social. Demos início ao que seria depois o Bolsa-Família. Não adianta nossos adversários quererem, porque a história não se reescreve. Ela está para ser revisitada e reconhecida", afirmou.
Além de Serra, FHC e do governador Geraldo Alckmin, compareceram à Convenção Nacional do PSDB a filha de Juscelino Kubitschek, Maristela, e os governadores tucanos Beto Richa (PR), Simão Jatene (PA), Marconi Perillo (GO), Siqueira Campos (TO), Alberto Pinto Coelho (MG) e Teotonio Vilela (AL).
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