quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014
RECORDAR É VIVER - TEXTO DE 2006 - RAFAEL BRASIL
A MORTE – Rafael Brasil
O homo Sapiens certamente é o único ser que tem plena consciência da morte. Por isso, desde os nossos mais longínquos antepassados, que enfeitam-se os mortos das mais variadas formas. Com penas, paus, urnas altamente elaboradas, caixões das mais variadas formas. E os rituais também são muito diversos, porém ensejam a importância e a inexorabilidade do fato comum. Segundo a ciência, ainda estamos longe de conhecermos os principais mecanismos da morte. Talvez seria preciso compreender os mecanismos do cérebro, o que ainda estamos longe de alcançar. Segundo a maioria das religiões, a morte significa a passagem para uma nova vida. Uns, no inferno ou purgatório, pagando os malefícios que por ventura fizeram a outrem, ou mesmo a sociedade. Hitler, Stálin, Nixon, Mão Tse Tung, devem passear, desde que “passaram para uma melhor” nos corredores labirintícios destes departamentos infernais. Aliás, boa parte dos políticos , assim também como clérigos e pastores, fazem companhia aos residentes do reino de Lúcifer, o coisa ruim, que reina naquele triste pedaço. Como o céu, o inferno também deve ser democrático, e afinal, todos devem pagar por seus pecados. E, convenhamos, gente ruim é que não falta neste mundo. Para os filósofos, o mistério ainda continua. Para uns, a morte é o nada. Para outros um processo de purificação do espírito, da alma. Para alguns, o inferno e o céu é aqui mesmo, nós é que construímos.
“Todo mundo morre”, reafirmava o truísmo da morte um tio meu, muito agradável e de humor mordaz, tio Rildo, quando demonstrávamos algum espanto com a mesma. Como comunista e ateu, preferia lutar por uma vidinha melhor aqui mesmo na terrinha. Morreu pobre, mas convicto de que, se existisse céu, este seria socialista. Afinal Deus não permitiria em seu reino uma comunidade de almas dividida em classes, ora bolas. E, certamente no céu, devemos também ser todos bonitos. Nada de barriga, ou de silhuetas tronchas. Seriamos todos como manequins, sem defeito, ou mesmo quase perfeitos. E, no dizer do finado senador pelo Rio Grande do Norte, Dinarte Mariz, de que se existe céu mesmo, deveria ser melhor do que o senado. Como já faz um bom tempo que está morto, agora deve saber direitinho. Todas as religiões ressaltam o paraíso pós -morte, mas claro, ninguém quer ir. Vamos todos a pulso , por isso, muitas vezes tratamos de evitar o assunto.
Muitos, sobretudo os artistas, anseiam tornar-se imortais, ou seja, lembrados eternamente. Claro, creio na idéia católica de santidade, ou seja, de que existem seres humanos excepcionais, que seriam os santos. Beethoven , Bach, Mozart, Einstein, Graciliano Ramos e Machado de Assis, estariam entre essa turma, só para ficarmos nestes exemplos. Teriam eles um lugar especial na galeria celestial? Ou seriam reclassificados, como nós, de cidadãos comuns? Bem, mas a imortalidade é uma das inúmeras quimeras humanas. São como as visões do paraíso, tão cultuadas pelos religiosos deste pequenino planeta terra. Ademais, ainda nem sabemos ao certo nem de onde viemos, nem tampouco aonde vamos. Aliás, estas pequeninas indagações filosóficas vieram dos antigos gregos, um dos povos mais perguntadores- por isso inventaram a filosofia- de todos os tempos.
Além de toda essa conversa mole, a morte está aí. Levando os nossos amigos, e espreitando a nós mesmos, nas inúmeras esquinas da vida. Um dia chegará a nossa vez, sejamos ricos ou pobres, ignorantes ou letrados. E, a partir desse fato insofismável, a vida continua. A vida bate, como diria o poeta. Em Garanhuns, Buenos Aires, São Paulo ou Chicago. A vida bate, seguindo o ritmo da morte.
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