domingo, 17 de março de 2013

JESUÍTAS E COMUNISTAS - RAFAEL BRASIL


Os comunistas clássicos, como Lênin, Trotski e mesmo o italiano Antônio Gramsci, sempre foram admiradores dos Jesuítas. Afinal a organização jesuítica se assemelharia muito com as organizações sob inspiração bolchevista. Hierarquia e rígida disciplina militar. Objetivos políticos claramente definidos. Em outras palavras, para os comunistas, uma política voltada para a práxis, a união da teoria com a prática. 
Surgida sob o comando e inspiração do militar espanhol ignácio Loyola (1491-1556), no espírito da contra-reforma, a verdadeira reforma católica em resposta ao surgimento e crescimento do protestantismo, e também para atender os anseios de uma Espanha imperial, a Companhia de Jesus foi fundada no intuito de agregar os chamados infiéis do novo mundo ( os indígenas ), e combater os considerados infiéis oriundos do protestantismo em franca expansão.
Os jesuítas chegaram a brigar contra os interesses do estado português e do espanhol, pois sua política ía de encontro aos interesses dos colonizadores, escravocratas, sedentos para dominar e explorar a mão-de-obra indígena. Eram odiados pelos indígenas que no dizer de Gilberto Freyre, sequestravam os filhos dos indígenas ainda bebês, os chamados culumins, para serem catequizados desde pequeninos, longe da influência nativa. Por isso, muitos índios nem podiam ver os homens de batinas pretas, ponta de lança da destruição sistemática das culturas aborígenes.
As missões jesuíticas foram erradicadas pelos colonizadores, deixando as obras missionárias, com algumas com mais de duas mil pessoas, e quase auto suficientes, organizando a produção não só agrícola, mas de boa parte dos utensílios por eles utilizados. Também foram muito influentes na educação, e o são ainda hoje.
Nem é preciso dizer que seus objetivos foram alcançados, pois a América Latina é ainda hoje majoritariamente católica, apesar do crescimento vertiginoso do protestantismo de cunho pentecostal. 
A crise da igreja é mais de ordem interna. O homossexualismo e a pedofilia são dos principais problemas a serem enfrentados. Tem também a corrupção, e o , digamos, afrouxamento da doutrina. O papa logo veio dizendo que a igreja não é uma ONG, é uma instituição com mais de dois mil anos, portanto, voltada para a tradição. Também, como toda religião é cercada de dogmas, os mesmos não podem ser mudados aos sabores de ocasião. Não se pode esperar a igreja defender coisas como o aborto, e o casamento gay. Aliás, o homossexualismo é claramente combatido pela doutrina católica.
Como Jesuíta e de fora da cúria romana, o papa argentino pode avançar muito nas reformas pretendidas por Bento XVI. Porém não se alegrem os chamados progressistas. As reformas vão do lado do conservadorismo, uma espécie de "freio de arrumação" frente aos reformistas. Também um papa argentino, portanto latino americano, pode não ser uma boa coisa para os populistas da região, a começar pela presidente argentina Cristina Kichner, que aliás, recebeu com uma intensa frieza o resultado do conclave. Vamos ver o desenrolar dos acontecimentos, e torcer pela recuperação da igreja católica no continente. Saravá!

Um comentário:

  1. Ganhei a noite hoje com o seu texto, professor. É muito bom poder visitar seu blog e deparar com uma beleza destas. Parabéns! Escreva mais, ensine-nos mais!

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