Augusto Nunes, em seu blog aqui na VEJA Online, foi ao ponto, como de hábito, ao tratar do comportamento de Ana Arraes no TCU. Como se sabe, a ministra considerou – ancorada de forma duvidosa numa lei imoral – legal uma prática que já havia sido considerada ilegal pelo próprio tribunal. Explico de novo. Agências de publicidade que trabalhavam para as estatais estavam obrigadas a devolver às empresas as chamadas “bonificações por volume”. O que é isso? Os descontos concedidos pelos veículos de comunicação tinham de ser repassados aos anunciantes. Marcos Valério detinha a conta do Banco do Brasil. E não repassou um tostão. Ora, esse mesmo Valério vem a ser ninguém menos do que o operador do mensalão. Com a sua decisão, a ministra Ana Arraes, vamos dizer assim, colabora para diminuir as evidências de que a grana do mensalão era, na verdade, dinheiro público.
Muito bem! Ana Arraes não existe! Ana Arraes é um caso notável de mãe parida pelo filho… Mais complicado do que Hesíodo narrando a Teogonia. Quem existe é Campos. Agora reproduzo trecho do post de Augusto. Volto depois:
(…)
[a reação da oposição] foi pífia!. Os jornais noticiaram preguiçosamente a jogada que transformou o TCU em avalista da inocência do gatuno Marcos Valério. E não associaram o relatório de Ana Arraes, que deixou o gerente-geral da quadrilha menos intranquilo, à informação divulgada por VEJA neste fim de semana: a mais perigosa caixa-preta do país vinha ameaçando revelar detalhes de encontros que teria mantido com Lula antes da descoberta do mensalão.
[a reação da oposição] foi pífia!. Os jornais noticiaram preguiçosamente a jogada que transformou o TCU em avalista da inocência do gatuno Marcos Valério. E não associaram o relatório de Ana Arraes, que deixou o gerente-geral da quadrilha menos intranquilo, à informação divulgada por VEJA neste fim de semana: a mais perigosa caixa-preta do país vinha ameaçando revelar detalhes de encontros que teria mantido com Lula antes da descoberta do mensalão.
Se a imprensa cochila, a oposição oficial dorme profundamente o sono dos otários que se acham malandros. Caso acordem, os líderes do PSDB, do PPS e do DEM poderão ser instados a comentar o que fez a mãe de Eduardo Campos. E não convém melindrar o dono de um partido que, se já não é sócio, pode vir a sê-lo. O prefeito Gilberto Kassab, como se sabe, inventou um partido que não é de esquerda, nem de centro e nem de direita. Eduardo Campos foi mais esperto que o fundador do PSD: conforme as circunstâncias, o PSB é de esquerda, de direita ou de centro.
Isso permite a Eduardo Campos estar com o PT em São Paulo, com o PSDB em Belo Horizonte e contra os dois no Recife. Tratado como inimputável pelo governo e pela oposição, o governador de Pernambuco não ouviu sequer uma interjeição de espanto ao mostrar-se capaz de uma ousadia que jamais passou pela cabeça dos coronéis da velha guarda. Para levar vantagem nos acertos que faz, o moderno coronel nordestino põe até a mãe no meio.
Voltei
Há gente observando que a decisão pode ter sido imoral, mas foi legal, já que uma lei proposta por José Eduardo Cardozo – sim, o atual ministro da Justiça e um dos ex-Três Porquinhos de Dilma – legalizou a apropriação daquele dinheiro, para contratos passados e vindouros. Sim, essa lei indecente existe mesmo.
Ocorre que a devolução do dinheiro da bonificação ESTAVA PREVISTA EM CONTRATO. O que Eduardo Campos fez … ooops! O que Ana Arraes fez, com o endosso do tribunal, foi permitir que os contratos fossem rasgados. Atenção! A lambança vale para todas as agências e todas as estatais. Estima-se em R$$ 106 milhões a rapina.
Eis Eduardo Campos, um “homem novo”, um “nome novo” da política… O escândalo dos precatórios que o diga, não é mesmo? Ele está anunciando o que nos espera caso venha a ser, como pretende, presidente da República um dia.
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