quarta-feira, 1 de julho de 2015

Depoimento de Barusco a Moro desmoraliza de novo a tese do cartel. E isso é apenas um fato!


Queridos leitores, este jornalista — ou “blogueiro falastrão”, como acusa Lula — não pode fazer nada se só sabe pensar dentro e de acordo com a lógica. Sempre que um papo começa a ficar meio maluco, caio fora — e é assim desde a tenra juventude, quando adolescentes são dados a devaneios por fatores endógenos ou exógenos. Sou exigente: se é para acreditar no que vai acima de uma cadeia material de causalidades e efeitos, salto logo para Deus, entendem?  Por que esse gracejo? Porque, não duvidem, tudo o que há no mundo faz sentido, ainda que a gente não goste do que vê. E, se parece não fazer sentido, é porque não sabemos tudo.
Desde que começou a Operação Lava Jato, em março do ano passado, tenho combatido a tese do cartel, o que tem me custado algumas críticas boçais de quem nem sabe do que está falando, como se negar esse crime implicasse negar os outros ou aliviasse a situação para alguém. Nada disso! Para as empreiteiras, não há alívio nenhum. O único que vai ficar INFELIZ se essa acusação cair é o PT.
Pedro Barusco, o ex-gerente de Serviços da Petrobras — aquele que aceitou devolver US$ 97 milhões —prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro. Ele fez acordo de delação premiada. Que tenha roubado adoidado, é fato. Tanto é que topa devolver aquela bolada. Presume-se que saiba das coisas.
E o que foi que ele disse? João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, atuava como porta-voz do partido na arrecadação de propina em contratos da Petrobras que passavam pela diretoria de Serviços, comandada pelo petista Renato Duque. Segundo disse, Vaccari mandava até bilhetinhos cobrando a propina.
E como se dava a coisa: 1% sobre os contratos daquela diretoria. Prestem atenção: “O Duque falava: ‘Isso aqui é metade do partido, metade da casa’. E eu cuidava da parte da casa”. E ainda. Na gestão do João Vaccari como tesoureiro do partido, era ele quem tomava conta dessa parte da propina”. Indagado sobre a frequência das propinas recolhidas pelo PT, foi direto: “Nas tabelas que eu fazia de divisão sempre tinha”.
Afirmar que uma estrutura com esse grau de controle — QUE ERA EXERCIDO DENTRO DA PETROBRAS, GERENCIADO POR UM PARTIDO, QUE TINHA NAS MÃOS AS NOMEAÇÕES — é cartel é uma piada.
Duque, o petista, sabia de alguma coisa? Barusco disse o seguinte a Moro: “Ele [Duque] me pedia, de tempos em tempos, para fazer prestação de contas e, depois, começou a me pedir algumas quantias em dinheiro quinzenalmente, semanalmente e fui contabilizando esses pagamentos a ele”.
Isso tem cara de cartel? Vocês já leram a definição de cartel? Aliás, o juiz quis saber por que as empresas aceitavam o achaque. Barusco especula: “Acho que as empresas julgavam que a situação era boa para elas, que elas se sentiam comandando o mercado, tinham encomendas e não queriam que as coisas mudassem. Era para manter aquele status quo. Eles recebiam tratamento especial por pagar propina.”
O juiz Sérgio Moro tem lá uma penca de delações premiadas deixando claro que, se as empreiteiras não participassem das safadezas na Petrobras, podiam ser prejudicadas em outras áreas do governo. Não! Não são santas nem são vítimas. Mas cartel não é.
E por que é importante não ser?
Na segunda, na TVeja, Carlos Graieb, que comanda A VEJA.com, me perguntou por que eu considerava importante descaracterizar a tese de cartel. Simples: porque se enxerga a real natureza do jogo. E a real natureza do jogo é a criação de uma máquina para assaltar não apenas a Petrobras, mas o estado brasileiro. Uma máquina partidária. Acusar a existência do cartel dá a entender que, qualquer que fosse o ator do outro lado, elas teriam operado como operaram. E isso é mentira. Essa é a versão na qual o PT quer que a gente acredite. E eu não acredito. Não é por preconceito, mas em razão do que dizem os fatos.
Finalmente, cumpre indagar e responder: pode haver o concurso dos crimes, cartel e extorsão? Até pode. Mas, como indicam os fatos, não foi o que aconteceu.
Ou alguém vai me convencer que Vaccari mandava um bilhete cobrando a propina que seria arrancada de um poderoso cartel? Tenham paciência, né?
Nós estamos tratando é de uma organização que praticou crimes contra o Estado brasileiro. É mais do que coisa de batedores de carteira, ainda que de desempenho bilionário.
Vamos chamas as coisas pelo nome que elas têm.
Por Reinaldo Azevedo

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