Calcula-se que nos últimos cinco anos, cerca de quatrocentos mil cristãos foram assassinados no Egito. Quando da assunção no poder da irmandade muçulmana, foram eliminados cento e cinquenta mil. Na maioria, cristão cooptas. Dezenas de templos foram incendiados pela turba, com a clara complacência do governo fundamentalista, que foi derrubado por um sangrento golpe militar. Nada que justifique o golpe, mas o povão quer mesmo é o fundamentalismo. A democracia ainda é uma plantinha tênue nos territórios muçulmanos, e os liberais apoiaram o golpe. Estranho, mas ditadura teocrática talvez seja pior, pois quem é contra, é contra deus. Toda ditadura é horrenda, e a escolha dos liberais egípcios seria como preferir morrer afogado ou enforcado, Mas eles sabem o que fazem, pois sentem na própria pele os dissabores de viver em países miseráveis, pré-capitalistas. Onde a religião nunca se separou do estado, e a democracia é tida como mais um sistema do "ocidente decadente".
Foi a irmandade muçulmana que treinou os principais terroristas islâmicos. Nem a monarquia absoluta da Arábia Saudita querem os fundamentalistas no poder, pois sobretudo eles atrapalham os negócios. Bin Laden aliás fazia parte da aristocracia saudita. A irmandade muçulmana também apóia grupos terroristas como o hamas e resbolah, dois grupos radicais que, como o Irã pregam o extermínio do estado de Israel. É tudo muito complicado. Todos condenam com razão a carnificina. Mas também temem mais uma ditadura fundamentalista numa região extremamente conflituosa e onde tem as maiores reservas de petróleo do mundo, e de certa forma, regula os mercados. Por essas e outras ninguém deu um pio no massacre dos cristãos. Como eles fazem parte nas minorias de um país muito importante na geopolítica da região, ninguém deu bola. Aliás ninguém dá bola mesmo para pobre.
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