quinta-feira, 4 de julho de 2013

PLEBISCITO É UMA DERROTA DURÍSSIMA PARA DILMA - AUGUSTO NUNES


PROTESTOS: Recuo de Temer não esconde que fracasso do “plebiscito” é derrota duríssima para Dilma

A bomba do mico do "plebiscito" estourou no colo de Dilma, embora Temer é quem tenha colocado a cara para bater (Foto: Ueslei Marcelino / Reuters)
Não adianta disfarçar, não adianta colocar o pobre vice-presidente Michel Temer para, não sem coragem, colocar a cara para bater e anunciar, ele próprio, o arremesso de toalha do governo à desvairada proposta de fazer um “plebiscito”, em absurda correria, para promover uma suposta “reforma política” feita em cima dos joelhos de forma a vigorar já em 2014.
Não adianta: a derrota política humilhante, acachapante, terrível explodiu no colo da presidente Dilma Rousseff.
É uma derrota pessoal e intransferível, embora saibamos que a proposta do “plebiscito” embutia enfiar goela abaixo do país determinadas medidas de alto interesse do PT — e não das ruas, que ela supostamente pretendia acalmar com o anúncio.
“Plebiscito”, se houver, será daqui a mais de UM ANO — misturado às eleições de outubro de 2014.
E para valer só em 2016, em eleições municipais que contam pouco para o lulopetismo. Na verdade, na hipótese de ser aprovado, para vigorar efetivamente daqui a mais de cinco longos anos, nas eleições gerais de 2018…
Ficou exposto no triste e humilhante episódio, como nunca antes, a falta de capacidade e de visão política da presidente. Mesmo que não tenha sido sua a ideia original desastrosa do “plebiscito”, ela aceitou de bom grado esse cavalo de Troia embrulhado como solução à indignação popular e assumiu sua paternidade — não obstante, do ponto de vista formal, a coisa tivesse que passar pelo Congresso.
Como Temer, o alto comando do PMDB e do próprio Congresso, além de outros líderes da base parlamentar aliada, perceberam que não passaria, a toalha foi arremessada.
O traquejo político, qualidade essencial de um presidente da República, revelou-se rarefeito, se não inexistente em Dilma já quando a presidente não preparou minimamente, e com um mínimo de antecedência, a reunião com governadores e prefeitos em que anunciou a “bomba” que viria hoje a implodir.
Não houve conversas preliminares nem sondagens com os convidados para a reunião — algo obrigatório em conclaves desse porte.
Além do mais, antes de lançar a ideia, por provável inspiração dos Rui Falcões da vida, ela não consultou nenhum dos líderes partidários de sua própria base de sustentação, não consultou os presidentes da Câmara e do Senado e tampouco raposas experientes que ajudam a dar suporte a seu governo, como o senador José Sarney (PMDB-AP).
Agora, quando, espertamente, políticos em bando — sobretudo os do PMDB — tiram o corpo fora, o mico fica na mão da presidente.
E o enorme desgaste também.
Não importa que Temer haja voltado atrás (leia reportagem do site de VEJA), pressionado que foi, obviamente, pelo Planalto. Até a nota em que recuou pisa em ovos, reconhecendo, implicitamente, que o “plebiscito” continua sobre a mesa para tentar salvar a face de Dilma.
Vejam só esse item da nota:
Embora reconheça as dificuldades impostas pelo calendário, reafirmo que o governo mantém a posição de que o ideal é a realização do plebiscito em data que altere o sistema político-eleitoral já nas eleições de 2014“.
Vejam bem: “o ideal” seria a realização do plebiscito de forma a valer para 2014.
O “ideal”, para o governo.
Ou seja, agora passou apenas um tênue desejo de que esse objetivo seja alcançado.
Mas esse “plebiscito” é um mico, e a presidente pagará um preço alto pelo fracasso de uma ideia infeliz e natimorta.

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