terça-feira, 30 de setembro de 2014

DATAFOLHA – Em 2 dias, diferença entre Aécio e Marina cai 4 pontos: 25% a 20%; Dilma segue com 40%; um 2º turno PT-PSDB volta ao horizonte. Ou: PT não muda a própria imagem, mas depreda a alheia - POR REINALDO AZEVEDO



Pois é… Em quatro dias, caiu quatro pontos a diferença entre os candidatos Aécio Neves, do PSDB, e Marina Silva, do PSB, que disputam uma das vagas no segundo turno da eleição presidencial. No levantamento feito pelo Datafolha nos dias 25 e 26, a diferença a favor da peessebista era de 9 pontos: 27% a 18%; agora, na pesquisa feita na segunda e nesta terça, é de apenas 5: 25% a 20%. Como a margem de erro é de dois pontos para mais ou para menos, vejam que curioso: qualquer distância entre 1 ponto (23% a 22%) e 9 pontos (27% a 18%) está no intervalo possível. Mas é improvável que ela se situe num extremo ou noutro. Se a velocidade da possível queda de Marina se mantiver constante e a da possível ascensão de Aécio também, pode ser o tucano a disputar a etapa final com a petista.
Os demais candidatos somaram apenas dois pontos. Dizem que votarão em branco ou nulo 5% dos entrevistados, mesmo percentual do que pretendem anular o voto. O Datafolha ouviu 7.520 entrevistados em 311 municípios. Vejam o gráfico publicado pelo Portal G1.
Datafolha 30.09 Portal G1
Em duas semanas, a diferença entre Marina e Aécio caiu 8 pontos: de 30% a 17% para 25% a 20%. Dilma, nesse período, variou na margem de erro: de 37% para 40%. Tudo indica que a hipótese que chegou a ser aventada a dois dias não vai se confirmando: havia quem visse a possibilidade de Dilma levar a disputa ainda no primeiro turno. A novidade da pesquisa do Datafolha é a possibilidade de uma troca de posições no segundo lugar. Observem que a situação de agora é muito parecida com a de 14 e 15 de agosto, antes do início do horário eleitoral.
Quando se veem os números do segundo turno, Aécio e Marina parecem estar em tendências opostas.Datafolha G1 2º turno
Ainda que discreta em 15 dias, há uma tendência de diminuição da diferença entre Dilma e Aécio: era de 10 pontos (49% a 39%); agora é de nove (50% a 41%), dentro da margem de erro. Ocorre que, na disputa com Marina, a vantagem da petista aumentou substancialmente: a ex-senadora aparecia na frente, com 46% a 44%; agora, está atrás: 41% a 49% — a candidata do PT subiu 5 pontos, e a do PSB caiu 5 — uma variação de 10 pontos contra a peessebista. De novo, a variação na comparação com os dados anteriores ao início do horário eleitoral indica pouca mudança.
Uma coisa, no entanto, sofreu forte alteração. A campanha negativa contra Marina surtiu, sim, efeito, e ela e seus estrategistas não conseguiram, até agora, furar o cerco. Vejam este gráfico do G1 com a rejeição aos candidatos.
Datafolha 30.09 rejeição
Dilma segue na liderança e variou pouco em um mês e meio: de 34% pra 31%, dentro da margem de erro. Isso indica que conquistou indecisos ou pessoas que iriam anular o voto, mas conseguiu mudar a opinião de bem pouca gente. Já a rejeição a Marina, no período, cresceu 127%, indo de 11% para 25%; Aécio foi de 18% para 23%. Finalmente, a avaliação do governo Dilma variou dentro da margem de erro em dois dias: os que acham o governo ruim ou péssimo foram de 22% para 23%; os que o consideram bom ou ótimo, de 37% para 39%, e a turma que o avalia como regular oscilou de 39% para 37%. Os números são os mesmos de antes do início do horário eleitoral.
Há um dado curioso nessa história toda: até agora, a campanha odienta do PT na televisão, vistos os números, não diminuiu substancialmente a rejeição a Dilma, não alterou quase nada o número dos que querem votar nela nem mudou a avaliação sobre o seu governo. Mas fez um estrago e tanto em Marina Silva e contribuiu bastante para dificultar a ascensão de Aécio.
Não deixa de ser o retrato desta disputa: o PT não veio para construir, mudar ou renovar. Veio para destruir. Não tem mais como falar bem de si mesmo. Restou-lhe apenas o papel de achincalhar os adversários..
Por Reinaldo Azevedo

Malévola e os inocentes. Coluna Carlos Brickmann



 Tudo errado

Frase de Dilma Rousseff: "Humildemente, peço seu voto". A frase não tem sentido: a ala bolivariana do petismo não sabe o que é voto. Os petistas militantes não sabem o que é "pedir". E Dilma não sabe o que é "humildemente".


MALÉVOLA E OS INOCENTES
Na época em que o Palmeiras tinha um dos melhores times do mundo, o goleiro Leão saiu de campo reclamando por ter perdido um jogo nos pênaltis. "O goleiro deles se adiantou", queixou-se. O técnico do Palmeiras, Filpo Núñez, um mestre, disse que a reclamação não tinha sentido: se o goleiro deles se adiantou, é porque o juiz estava deixando. Leão deveria ter-se adiantado também.

Isso vale para a eleição. A campanha do PT é sempre agressiva. Lula já disse que fazia bravatas; e inventou que Alckmin iria privatizar a Petrobras. É espantoso que PSDB e PSB se queixem da baixaria de campanha, como se Dilma fosse a Loba Má. Se não sabiam, são desinformados. Se sabiam, despreparados.

Não é só o PT. Há mais de 60 anos o brigadeiro Eduardo Gomes ficou com a fama de rejeitar o voto de "marmiteiros" - operários que levavam marmita para o serviço. Lula era acusado de planejar a divisão das casas (outras famílias iriam morar com os proprietários) e o confisco das contas bancárias - que, aliás, aconteceu, só que promovido por seu então adversário, Fernando Collor. É jogo bruto. E quem prefere o chororô à preparação adequada está condenado à derrota.

Urnas fraudadas? São as mesmas que funcionavam quando o tucano Fernando Henrique foi presidente; as mesmas que eram boas quando Marina Silva era ministra de Lula. Crimes eleitorais? Apontem alguém que tenha sido afastado das eleições por esse motivo. Roubalheira? OK, mas como diria um notável líder de dois mil e poucos anos atrás, quem não tiver pecado que atire a primeira pedra.

Os cordeirinhos

Pois não é que agora um importante dirigente tucano lamenta que muitos eleitores tenham dificuldade para falar o nome de Aécio? Pode ser - e que é que Aécio e seu partido fizeram, nos últimos anos, para resolver esse problema? 

E, cá entre nós, ninguém precisa falar o nome do candidato. Basta teclar seu número.

Alegria, alegria

Quando as coisas vão mal, o PT também entra no chororô. A moda é culpar "a zelite paulista" pelo pífio desempenho do candidato petista Alexandre Padilha - um político sem voto que não morava nem votava em São Paulo e foi importado só para ser candidato. As reclamações se espalham: o conservadorismo paulista freia o projeto petista de implantar o Paraíso brasileiro. Não votar no PT é como se fosse um crime. 

Mas citemos o ótimo poeta português Manuel Alegre a respeito da posição do eleitorado paulista: "Mesmo na noite mais triste, em tempo de servidão, há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não". 



O truque que deu certo

Levy Fidelix chegou lá: depois de muitos anos defendendo o aerotrem, sem qualquer repercussão, virou assunto nacional ao falar mal de gays no debate da Record. Foi esperteza explícita (alguém que há tantos anos vive dos dividendos de um partido nanico certamente não é burro). Sabe que a população não vai decair devido a leis que consagrem direitos de homossexuais. Júlio César gostava de homens e aumentou o poderio de Roma. Alcibíades teve um caso com o filósofo Sócrates e foi o mais vitorioso general de sua época. Fidelix lançou a isca e virou assunto. 

E conseguiu até que gente inteligente lhe desse importância. 

O verde errado

Responda sem consultar o Google: qual o ator que faz o papel do Incrível Hulk? Este colunista responde: é Mark Ruffalo. Ruffalo gravou vídeo de apoio a Marina Silva, cheio de elogios à candidata. Menos de 24 horas depois, retirou seu apoio a Marina: "Não posso apoiar um candidato que tem uma abordagem dura em relação a questões como casamento entre homossexuais e os direitos reprodutivos". Direitos reprodutivos, no dialeto utilizado, significa "aborto".

Hulk apoiou Marina e retirou seu apoio. Não é nada, não é nada... não é nada.

Os mais iguais

O juiz baiano Sérgio Rocha Pinheiro Heathrow foi condenado por crime de peculato - desvio de dinheiro público - pelo Tribunal de Justiça da Bahia. Segundo a acusação, o juiz libertou duas pessoas, com o pagamento de fiança, e se apropriou das quantias. Coisa pequena, aliás (para quem acompanha o Petrolão, é dinheiro de troco): R$ 1.085,00 e R$ 3.400,00. Mas, enfim, houve desvio de dinheiro público, segundo o entendimento do Tribunal que o condenou.

Qual foi a pena? Não, caro leitor. Prisão é para os fracos. Para o juiz Sérgio Rocha Pinheiro Heathrow, a pena é outra: aposentadoria, com vencimentos proporcionais ao tempo de serviço. Foi condenado a receber sem trabalhar.

Hábitos e costumes

O tratamento ao juiz Sérgio Heathrow não foi mais benévolo que o habitual. Um juiz condenado por matar a esposa e ocultar o cadáver continua como ocupante do cargo de juiz titular da comarca. Como não pode trabalhar, outro magistrado exerce a função, mas com título e salário de juiz substituto.

Marina: 'Mente quem diz que não sabia dos roubos na Petrobras'


Em São Paulo, candidata do PSB fez duros ataques à presidente Dilma Rousseff: "Come pela boca de marqueteiros"

Bruna Fasano
Candidata Marina Silva (PSB) conversa com membro de tribo Tupi durante campanha na cidade de São Paulo/SP - 30/09/2014
Candidata Marina Silva (PSB) conversa com membro de tribo Tupi durante campanha na cidade de São Paulo/SP - 30/09/2014 (Nacho Doce/Reuters)
A candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, fez duras críticas á presidente Dilma Rousseff (PT) nesta terça-feira, em São Paulo, e afirmou que a adversária petista mentiu ao dizer que não sabia da existência de um amplo esquema de corrupção na Petrobras. Reportagens de VEJA revelaram que o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa entregou em acordo de delação premiada uma constelação de políticos e partidos que receberam dinheiro desviado da empresa – entre eles o PT e a própria campanha de Dilma em 2010.
"Não venha me chamar de mentirosa. Mente quem diz que não sabia dos roubos na Petrobras", disse Marina. A fala foi feita em resposta a mais uma peça da propaganda eleitoral de Dilma direcionada à desconstrução da figura de Marina – desta vez, a propaganda afirma que a ex-senadora mentiu ao dizer que votou a favor da extinta CPMF. "Para votar um projeto no Congresso há muitos trâmites. Quem nunca foi sequer vereadora e vira presidente do Brasil não entende isso."
Marina Silva disse ainda que o PT promove uma "campanha da discórdia" contra ela e que a presidente "come pela boca de marqueteiros". "Nunca pensei que uma mulher pudesse permitir fazer o que estão fazendo para destruir a biografia honrada de outra mulher."
"Eles me criticam, dizem que me emociono ao falar sobre os ataques que venho sofrendo, ao falar sobre minha vida. Mas a pior fraqueza é fazer o jogo do dominador. Não quero parecer com essa gente, não quero parecer com eles", disparou. "Mente quem promete construir 6.000 creches e não entrega sequer 400", afirmou.

Haverá amanhã! Ou: Chega de especulação! - POR REINALDO AZEVEDO


Haverá amanhã! Ou: Chega de especulação!

As contas do governo central — que são compostas pelas contas do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social — registraram, informa a VEJA.com, um déficit primário de R$ 10,423 bilhões de reais. É o pior resultado fiscal para meses de agosto em 18 anos. Segundo a série histórica do Tesouro Nacional, que começa em 1997, foi a primeira vez que o governo central teve resultado negativo em um mês de agosto. Dá para ser otimista assim? Não dá! Aliás, nem otimista nem pessimista. Cumpre ser realista.
Está na cara que o governo Dilma estourou com as contas públicas; estourou, como disse o ex-presidente FHC, com a boa governança na economia. Mas, atenção!, vamos com calma! Haverá ainda um país no dia 27 de outubro, pouco importa quem seja o eleito.
De fato, quero deixar claro que acho, sim, que há especulação exagerada. Embora eu entenda os motivos — e também os aponte — que fazem os agentes econômicos desconfiar de Dilma, não dá para fazer de conta que o país está à beira do abismo. Porque isso também não é verdade.
Vocês sabem o quanto lastimo a campanha eleitoral terrorista que o PT vem fazendo. Ainda nesta segunda, Dilma afirmou que um de seus adversários, Aécio Neves, é o retrocesso; a outra, Marina Silva, seria a aventura. Só ela própria, Dilma, seria a opção segura. Opção segura de quê? De crescimento perto de zero, de inflação no teto da meta e juros cavalares? Ora, tenha paciência, presidente. Assim, a senhora não consegue pôr os pingos nos is.
Se abomino o terrorismo dilmista, também repudio a especulação desenfreada, que dá a entender que não haverá amanhã se Dilma for reeleita. É claro que haverá. Pessoalmente, acho que, dos três amanhãs possíveis, esse é o pior. Mas o Brasil seguirá ainda como uma das maiores economias do mundo, com um empresariado operoso — embora vivendo dificuldades terríveis — e com uma agropecuária entre as mais competitivas do mundo.
Eu não estou aqui a dizer um “senta que o leão é manso”. Não é manso nada! Ele é até bem rabugento. Mas o Brasil vai superar as dificuldades. Uma coisa importante é a seguinte: qualquer que seja o futuro presidente, que a gente não abandone a política, a crítica permanente e a cobrança de resultados. Dilma só estourou com os fundamentos da economia porque, durante muito tempo, nós todos, inclusive a imprensa, fomos condescendentes com ela.
Nunca um país se beneficiou do amortecimento do espírito crítico. Quem gosta de ditadura de opinião é Lula. Nós gostamos é de pluralidade. O Brasil é maior do que a eventual reeleição de Dilma — que, de resto, está longe de ser garantida. É preciso, em suma, parar com as especulações de um lado e de outro.
Por Reinaldo Azevedo

TVEJA - "EFEITO DILMA": INFORMAÇÃO É O REMÉDIO PARA ACALMAR O MERCADO

 
30 de Setembro de 2014

Eleições 2014

“Efeito-Dilma”: informação é o remédio para acalmar o mercado

Para amenizar o “efeito-Dilma” como o que causou a  turbulência ontem no mercado financeiro há um remédio: informação. A presidente-candidata é o cenário mais incerto e enquanto pregar o “mais do mesmo” o mercado vai reagir.

FHC ironiza Dilma: “Merece o Nobel de Economia; conseguiu arrebentar com tudo ao mesmo tempo” - DO BLOG DE REINALDO AZEVEDO


Na VEJA.com:
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ironizou a presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira, em Fortaleza, ao falar para 1.200 empresários. “Ela merece o Prêmio Nobel da Economia, pois conseguiu arrebentar tudo ao mesmo tempo. Isso é muito difícil de fazer em economia”, disse para aplausos dos empresários cearenses. Outra crítica a Dilma foi a passagem dela na Organização das Nações Unidas (ONU) na semana passada. “É triste quando a presidente do Brasil diz que vamos negociar com quem quer degolar”, afirmou, referindo-se à sugestão de Dilma de estabelecer um diálogo com os terroristas do Estado Islâmico.
Acompanhado do candidato ao Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), FHC pediu votos para o presidenciável Aécio Neves, mas admitiu que é muito difícil ele ir para um 2º turno. “Se fosse pelas qualidades dele, iria, mas a máquina federal está muito organizada para reeleger a presidente e o apelo de Marina é forte”, destacou. FHC disse que “infelizmente, o que vale agora nas eleições é o marquetismo que confunde tudo e acaba elegendo presidente”.
O ex-presidente fez referências à corrupção como mal maior hoje no país. “Temos que abrir o jogo da corrupção, mas a crise política é muito maior que a dificuldade econômica “. FHC esteve em Fortaleza para participar do Fórum Brasil em Debate, promovido pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil do Ceará (Sinduscon-CE) e pela Cooperativa da Construção Civil do Ceará (Coopercon-CE).
Por Reinaldo Azevedo

A lista dos perigos - ARNALDO JABOR

A lista dos perigos - ARNALDO JABOR



O ESTADÃO - 30/09


O que acontecerá com o Brasil se a Dilma for eleita?

Aqui vai a lista:

A catástrofe anunciada vai chegar pelo desejo teimoso de governar um país capitalista com métodos "socialistas". Os "meios" errados nos levarão a "fins" errados. Como não haverá outra "reeleição", o PT no governo vai adotar medidas bolivarianas tropicais, na "linha justa" da Venezuela, Argentina e outros.

Dilma já diz que vai controlar a mídia, economicamente, como faz a Cristina na Argentina. Quando o programa do PT diz: "Combater o monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento", leia-se, como um velho petista deixou escapar: "Eliminar o esterco da cultura internacional e a 'irresponsabilidade' da mídia conservadora". Poderão, enfim, pôr em prática a velha frase de Stalin: "As ideias são mais poderosas do que as armas. Nós não permitimos que nossos inimigos tenham armas, porque deveríamos permitir que tenham ideias?".

As agências reguladoras serão mais esvaziadas do que já foram, para o governo PT ter mais controle sobre a vida do País. Também para "controlar", serão criados os "conselhos" de consulta direta à população, disfarce de "sovietes" como na Rússia de Stalin.

O inútil Mercosul continuará dominado pela ideologia bolivariana e "cristiniana". Continuaremos a evitar acordos bilaterais, a não ser com países irrelevantes (do "terceiro mundo") como tarefa para o emasculado Itamaraty, hoje controlado pelo assessor internacional de Dilma, Marco Aurélio Garcia. Ou seja, continuaremos a ser um "anão diplomático" irrelevante, como muito acertadamente nos apelidou o Ministério do Exterior de Israel.

Continuaremos a "defender" o Estado Islâmico e outros terroristas do "terceiro mundo", porque afinal eles são contra os Estados Unidos, "inimigo principal" dos bolcheviques que amavam o Bush e tratam o grande Obama como um "neguinho pernóstico".

Os governos estaduais de oposição serão boicotados sistematicamente, receberão poucas verbas, como aconteceu em S. Paulo.

Junto ao "patrimonialismo de Estado", os velhos caciques do "patrimonialismo privado" ficarão babando de felicidade, como Sarney, Renan "et caterva" voltarão de mãos dadas com Dilma e sua turminha de brizolistas e bolcheviques.

Os gastos públicos jamais serão cortados, e aumentarão muito, como já formulou a presidenta.

O Banco Central vai virar um tamborete usado pela Dilma, como ela também já declarou: "Como deixar independente o BC?".

A Inflação vai continuar crescendo, pois eles não ligam para a "inflação neoliberal".

Quanto aos crimes de corrupção e até a morte de Celso Daniel serão ignorados, pois, como afirma o PT, são "meias-verdades e mentiras, sobre supostos crimes sem comprovação...".

Em vez de necessárias privatizações ou "concessões", a tendência é de reestatização do que puderem. A sociedade e os empresários que constroem o País continuarão a ser olhados como suspeitos.

Manipularão as contas públicas com o descaro de "revolucionários" - em 2015, as contas vão explodir. Mas ela vai nomear outro "pau-mandado" como o Mantega. Aguardem.

Nenhuma reforma será feita no Estado infestado de petistas, que criarão normas e macetes para continuar nas boquinhas para sempre.

A reforma da Previdência não existirá, pois, segundo o PT, "ela não é necessária, pois exageram muito sobre sua crise", não havendo nenhum "rombo" no orçamento. Só de 52 bilhões.

A Lei de Responsabilidade Fiscal será desmoralizada por medidas atenuantes - prefeitos e governadores têm direito de gastar mais do que arrecadam, porque a corrupção não pode ficar à mercê de regras da época "neoliberal". Da reforma política e tributária ninguém cogita.

Nossa maior doença - o Estado canceroso - será ignorada e terá uma recaída talvez fatal; mas, se voltar a inflação, tudo bem, pois, segundo eles, isso não é um grande problema na política de "desenvolvimento".

Certas leis "chatas" serão ignoradas, como a lei que proíbe reforma agrária em terras invadidas ilegalmente, que já foi esquecida de propósito.

Aliás, a evidente tolerância com os ataques do MST (o Stedile já declarou que se Dilma não vencer, "vamos fazer uma guerra") mostra que, além de financiá-los, este governo quer mantê-los unidos e fiéis, como uma espécie de "guarda pretoriana", como a guarda revolucionária dos "aiatolás" do Irã.

A arrogância e cobiça do PT aumentarão. As 30 mil boquinhas de "militantes" dentro do Estado vão crescer, pois consideram a vitória uma "tomada de poder". Se Dilma for eleita, teremos um governo de vingança contra a oposição, que ousou contestá-la. Haverá o triunfo "existencial" dos comunas livres para agir e, como eles não sabem fazer nada, tudo farão para avacalhar o sistema capitalista no País, em nome de uma revolução imaginária. As bestas ficarão inteligentes, os incompetentes ficarão mais autoconfiantes na fabricação de desastres. Os corruptos da Petrobrás, do próprio TCU, das inúmeras ONGs falsas vão comemorar. Ninguém será punido - Joaquim Barbosa foi uma nuvem passageira.

Nesta eleição, não se trata apenas de substituir um nome por outro. Não é Fla x Flu. Não. O grave é que tramam uma mutação dentro do Estado democrático. Para isso, topam tudo: calúnias, números mentirosos, alianças com a direita mais maléfica.

E, claro, eles têm seus exércitos de eleitores: os homens e as mulheres pobres do País que não puderam estudar, que não leem jornais, que não sabem nada. Parafraseando alguém (Stalin ou Hitler?) - "que sorte para os ditadores (ou populistas) que os homens não pensem".

Toda sua propaganda até agora se acomodou à compreensão dos menos inteligentes: "Quanto maior a mentira, maior é a chance de ela ser acreditada" - esta é do velho nazista.

O programa do PT é um plano de guerra. Essa gente não larga o osso. Eles odeiam a democracia e se consideram os "sujeitos", os agentes heroicos da História. Nós somos, como eles falam, a "massa atrasada".

É isso aí. Tenho vontade de registrar este texto em cartório, para depois mostrar aos eleitores da Dilma. Se ela for eleita.

PARTE DO PT DE PERNAMBUCO NÃO VOTA EM ARMANDO MONTEIRO - NOTA DE CLÁUDIO HUMBERTO

PT-PE RACHADO

O PT-PE chega rachado às eleições. A facção PTLM (Lutas e Massas), rompeu com João Paulo, candidato ao Senado, para apoiar Fernando Bezerra Coelho (PSB). Também apoia o socialista Paulo Câmara para o governo, até porque petista não vota no usineiro Armando Monteiro.

Quem é o antipetista? - MERVAL PEREIRA

Quem é o antipetista? - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 30/09

A disputa pelo voto antipetista é o que opõe nesta reta final a candidatura de Aécio Neves, do PSDB, à de Marina Silva, do PSB. O raciocínio que prevalece hoje no PSDB é francamente contrário a um acordo formal com Marina num eventual segundo turno. À medida que cresce a percepção entre os assessores de Aécio Neves de que é possível ir ao segundo turno passando por cima de Marina, o que tem que necessariamente ser confirmado pelas pesquisas Ibope e Datafolha que serão divulgadas hoje, aumenta também a visão crítica sobre a relação entre os dois partidos.

Afinal, raciocinam, não é justo cobrar do PSDB uma frente de oposição no primeiro turno para apoiar uma candidata que não apoiou o PSDB no segundo turno na eleição passada. Além do mais, Marina não teria feito nenhum sinal até o momento para uma aproximação, e Walter Feldman, que supostamente será o articulador político de um futuro governo, diz que o PSDB tende a acabar.

Há uma espécie de orgulho na campanha tu-cana pelo "mérito", não "culpa", de terem feito um estrago na candidatura de Marina, revelando sua raiz petista - que, nessa visão da campanha de Aécio, não representaria uma mudança verdadeira de cenário.

O resultado prático na contabilidade dos tucanos foi inviabilizar o voto útil em Marina no primeiro turno. Por que votar útil por Marina se ela já está perdendo no segundo turno para Dil-ma e dá mostras de fraqueza? Marina já deixou de ser "uma causa", virou uma candidata, o que seria meio caminho para ser superada nesta reta final.

Boa parte do voto antipetista ainda está com Marina em São Paulo e Minas, e o esforço do primeiro turno é recuperá-lo para chegar nos últimos dias em empate técnico com a candidata do PSB. Nas simulações de segundo turno, já ganham de 70% a 80% dos votos de Marina, dizem os analistas da campanha tu cana.

A campanha em Minas tem um subproduto especial, a tentativa de reverter o quadro em que o petista Fernando Pimentel supera o tucano Pimenta da Veiga. O objetivo inicial é impedir que, lá, a eleição termine no primeiro turno. Se Aécio Neves conseguir reverter a questão nacional indo para o segundo turno contra Dilma, a disputa em Minas ganhará uma dimensão distinta.

Caso apenas em Minas seja possível evitar a derrota no primeiro turno, o grupo político de Aécio Neves se dedicará integralmente à campanha estadual, para garantir seu reduto eleitoral. Hoje, o candidato petista tem, segundo o Datafolha,

51% dos votos válidos, o que o coloca no limite da vitória no primeiro turno.

Há, porém, histórias famosas em Minas sobre reviravoltas em eleição, a mais recente delas com Hélio Costa em 1994, quando terminou o primeiro turno à frente, com 49% dos votos, e perdeu no segundo turno para Eduardo Azeredo. Na eleição anterior, Costa já havia perdido para Hélio Garcia por 1% dos votos no 2? turno.

Superar Dilma e Marina em São Paulo e em Minas seria o primeiro passo para uma recuperação nacional, que viria em conseqüência. Num segundo turno, a tentativa será fazer a maior diferença possível nos dois estados, conforme o planejamento inicial, para reduzir a diferença no Norte e no Nordeste. O problema é que, em ambos os estados, a presidente Dilma está tendo uma performance muito boa, e a recíproca não é verdadeira para Aécio no Norte e no Nordeste do país.

As pesquisas divulgadas ontem, da CNT/MDA e do Vox Populi, mostram a presidente Dilma com 40% dos votos, a mesma pontuação que a pesquisa anterior do Datafolha, mas diferem em relação a Marina. Na CNT/MDA, a candidata do PSB caiu 2 pontos, e Aécio subiu os mesmo dois, o que representaria as curvas ascendente do tucano e descendente de Marina. Já o Vox Populi mostra Marina subindo dois pontos e Aécio subindo um, o que demonstraria que dificilmente o tucano teria condições de superar Marina até o próximo domingo.

Mato sem cachorro - ELIANE CANTANHÊDE FOLHA DE SP - 30/09

Mato sem cachorro - ELIANE CANTANHÊDE


FOLHA DE SP - 30/09

BRASÍLIA - A campanha do PSDB anda animada com os ventos de última hora em grandes redutos eleitorais, mas Aécio Neves está num mato sem cachorro. Se correr, o bicho pode pegar; se ficar, o bicho pode comer.

A boa notícia para o tucano no Datafolha é que ele cresceu seis pontos em São Paulo, por exemplo, e no geral está só nove pontos atrás de Marina Silva, a segunda colocada. A má notícia é que faltam poucos dias e o grande risco de Aécio, ao bater em Marina, é favorecer Dilma, não ele próprio.

A única chance de Aécio chegar ao segundo turno é atacar as fragilidades de Marina. Mas, se ele não calibrar bem os ataques, pode obter o efeito inverso ao que gostaria: a vitória de Dilma já no primeiro turno.

Depende de uma combinação de dados: o quanto Marina cair e o quanto ele subir. Aécio precisa bater, mas não pode bater muito. Tem de ser o suficiente para enfraquecer Marina e herdar os seus votos, não a ponto de enfraquecê-la demais e transferir pontos diretos dela para Dilma.

Uma operação delicada, ainda mais se Dilma tem todas as condições e vantagens. Quanto mais brotam notícias ruins da economia e quanto mais se sabe que ela não cumpriu as promessas de 2010, mais ela cresce. O que se discute não é o crescimento pífio, as contas públicas, o desequilíbrio externo. É se Marina é a candidata dos banqueiros. Raia o ridículo.

Isso comprova que as versões e o marketing valem mais do que os fatos e a realidade. São eles que determinam os rumos das eleições. E, além de todos os seus trunfos objetivos, Dilma conta com a oposição dividida, competindo entre si, atarantada, para fazer o jogo dela.

Aécio precisa medir adequadamente os ataques no primeiro turno. E PSDB, PSB, Rede, DEM e PPS não podem explodir pontes para uma rearticulação de forças no segundo. Senão, ficará cada vez mais difícil enfrentar o rolo compressor do governo e do PT. Apesar de tudo e de todo o grande desgaste, aparentemente irreversível, do partido

Coincidências - JOSÉ CASADO

Coincidências - JOSÉ CASADO



O GLOBO - 30/09


Dilma propôs lei contra caixa 2 — o que existe há 28 anos —, na semana em que caciques do PT foram acusados de pedir dinheiro para campanha aos operadores de maracutaias petroleiras



Quarta-feira passada em Nova York, a presidente da República usou a Assembleia Geral da ONU para exaltar, entre outras coisas, o “combate à corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros” no seu governo.

Nos dias seguintes, a candidata Dilma Rousseff propagou a mais nova promessa do seu sigiloso programa de governo: um “pacote” de medidas anticorrupção, com lei específica “para transformar em crime a prática de caixa 2”. No domingo repetiu a oferta, inscrita num caderno a que recorreu durante todo o debate na Rede Record.

Eleição tem dessas coisas. Candidatos desafiam a imaginação dos eleitores com todo tipo de promessa — de pontes onde não existem rios até ferrovias sem trens. Em maio, por exemplo, Dilma inaugurou trecho da Transnordestina, cujos trilhos continuam sem tráfego ferroviário. A linha havia sido inaugurada duas vezes por Lula na campanha para eleger Dilma em 2010.

Desta vez, a presidente-candidata inovou. Ao prometer “transformar em crime a prática de caixa 2”, anunciou a intenção de fazer algo que existe há mais de 28 anos.

Está na lei 7.492, entre as definições de crimes contra o sistema financeiro nacional. Em 23 palavras o artigo 11 sentencia de forma cristalina sobre recursos financeiros “não contabilizados”, o popular caixa 2: “Manter ou movimentar recurso ou valor paralelamente à contabilidade exigida pela legislação: Pena — Reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.”

O texto pode ser consultado na página da Casa Civil da Presidência (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/l7492.htm). Se Dilma quiser, pode telefonar ao ex-presidente José Sarney, que sancionou a lei na segunda-feira 16 de junho de 1986. Caso persista na dúvida, deveria resgatar o voto da ministra Cármen Lúcia na sessão de terça-feira 9 de outubro de 2012 do Supremo Tribunal Federal.

Ela julgava caciques do Partido dos Trabalhadores acusados no mensalão. A defesa do tesoureiro do PT Delúbio Soares alegou que o dinheiro era “caixa 2, de campanha”. A ministra, que na época também presidia o Tribunal Superior Eleitoral, respondeu incisiva: “Me causou especial atenção a circunstância de que a defesa, quer na defesa escrita, quer na apresentação na tribuna desta Casa, afirmou o ilícito. E que o dinheiro arrecadado não tinha sido comprovado (...) Acho estranho e muito, muito grave, que alguém diga, ‘houve caixa 2’. Caixa 2 é crime! É agressão contra sociedade brasileira!”

O desfecho do caso é conhecido. Não se conhecem as razões pelas quais Dilma decidiu reintroduzir o mensalão e a puída tese do caixa 2 na reta final do primeiro turno.

Pode ter sido ato impensado no calor da peleja por uma nobre causa — autopreservação. Afinal, há 28 semanas seguidas seu governo vive sobressaltado por revelações sobre traficâncias na Petrobras, estatal que ela tentou controlar nos últimos 12 anos.

Ainda assim, é difícil compreender a essência da evocação do crime de caixa 2. Sobretudo, pela ocasião: Dilma se propôs a fazer uma lei que existe há mais de 28 anos na mesma semana em que caciques do PT foram acusados de pedir dinheiro para sua campanha presidencial (2010) aos operadores de maracutaias petroleiras.

Só pode ser mera coincidência

Perdas inegáveis - DORA KRAMER

Perdas inegáveis - DORA KRAMER


O ESTADÃO - 30/09


A menos que a presidente Dilma Rousseff saia em disparada nas últimas pesquisas antes do primeiro turno, esta agora terá sido a eleição em que o candidato com o maior índice de intenções de voto apresenta a menor vantagem em relação ao principal adversário.

O instituto Datafolha levantou os dados dos desempenhos dos candidatos de 1994 para cá, comparando as pesquisas feitas a uma semana do dia da primeira votação. Fernando Henrique Cardoso, há 20 anos, tinha 47% contra 23% de Luiz Inácio da Silva, mais que o dobro; venceu na primeira rodada por 54% a 27%.

Quatro anos depois, a pesquisa registrava proporção semelhante: 46% a 25%; FH ganhou no primeiro turno por 53% a 31%. A partir de 2002 as disputas ficariam mais difíceis e todas seriam decididas no segundo turno. Naquele ano, Lula aparecia na pesquisa com 45% contra 21% de José Serra, 24 pontos de diferença; na simulação de segundo turno, a distância era de 22 pontos (57% a 35%). O resultado, Lula 61% e Serra 38%.

Em 2006, as pesquisas registravam uma redução da vantagem no primeiro turno com 49% para Lula e 31% para Geraldo Alckmin, 18 pontos. A simulação do segundo apontava a recuperação do petista (54% a 39%, diferença de 15 pontos) confirmada com folga pelo resultado das urnas, 60% Lula e 38% Alckmin.

Na eleição seguinte, Lula no auge da popularidade, governo com aprovação altíssima, a candidata Dilma Rousseff aparecia nas pesquisas uma semana antes da eleição com 46% contra 28% de José Serra; 18 pontos de diferença. Na simulação da segunda etapa a distância entre os dois era de 13 pontos (52% a 39%). Dilma ganhou por 12:56% a 44%.

As pesquisas desta semana é que vão permitir a conferência precisa da situação atual comparativamente aos dados acima. Mas, considerando os números mais recentes a margem é consideravelmente mais estreita: no primeiro turno Dilma tem vantagem de 13 pontos em relação a Marina (40% a 27%) e no segundo, inéditos 4 (47% a 43%).

A menos que as pesquisas finais que começam a sair hoje mostrem que o Brasil resolveu cair de amores pela presidente Dilma Rousseff, os números mostram como nunca foi tão estreita a margem de manobra para o governo do PT.

Está aí em parte explicado o recurso aos ataques ferozes à segunda colocada, arma em geral evitada por candidatos em situação razoavelmente confortável nas disputas, dado o alto risco de haver uma espécie de efeito bumerangue. Não havia outro jeito. Ou a campanha abatia Marina Silva ou entregava de bandeja a Presidência.

Mesmo com a perda já significativa de pontos da candidata do PSB, principalmente nos maiores colégios eleitorais, o ambiente no PT está longe de ser de serenidade e bom humor. No comitê central, em Brasília, a atmosfera está mais para manifestações de junho que para Copa do Mundo.

Na verdade o clima é tenso em todas as campanhas. O PSB teme o derretimento de última hora e no campo dos tucanos o inconformismo é com a confirmação da eliminação precoce pela primeira vez em 20 anos.

De um lado governar com muito menos, de outros fazer oposição com menos ainda.

Corpo mole. Compreende-se que o PSDB tenha investido pesado no Sudeste a fim de tentar tirar nos maiores colégios eleitorais a diferença da vantagem que o PT tem o Nordeste. O que não é compreensível é o desempenho de nanico que o partido apresenta na região.

Em redutos de aliados fortes. No Ceará, onde Tasso Jereissati será eleito, o senador Aécio Neves tem 7% na última pesquisa do Datafolha. No Rio Grande do Norte, terra de Agripino Maia, coordenador da campanha, o Ibope registra 11% para Aécio. Mesmo índice na Paraíba, onde o senador tucano Cássio Cunha Lima está em primeiro lugar para governador.

Os mesmos 11% o candidato do PSDB tem na Bahia, a despeito de o candidato ao governo Paulo Souto (DEM), seu aliado, estar cotado para vencer no primeiro turno.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

"Os saqueadores". Por Ives Gandra da Silva Martins*

"Os saqueadores". Por Ives Gandra da Silva Martins*
...O simples fato de não querer apurar a fundo, de desviar a atenção desse terrível assalto à maior empresa pública privada, procurando dar-lhe diminuta atenção, como se o governo nada tivesse de responsabilidade, torna suspeita a gestão, pelo menos na denominada culpa in vigilando....

Artigo publicado originalmente em O Estado de S. Paulo, pagina 2, Opinião, edição de 25 de setembro de 2014

Ayn Rand (1905-1982) foi uma filósofa, socióloga e romancista com aguda percepção das mudanças que ocorreram na comunidade internacional, principalmente à luz do choque entre o sucesso do empreendedorismo privado e o fracasso da estatização populista dos meios de produção, na maior parte dos países de ideologia marxista. Seu romance A Revolta de Atlas, escrito há mais de 50 anos, talvez seja o que melhor retrata a mediocridade da corrente de assunção do poder por despreparados cidadãos que têm um projeto para conquistá-lo e mantê-lo com slogans contra as elites em "defesa do povo", o que implica a destruição sistemática, por incompetência e inveja, dos que têm condições de promover o desenvolvimento.

No romance, os medíocres ameaçam o governo dos Estados Unidos e começam a controlar e assumir os empreendimentos que davam certo, sob a alegação de que os empreendedores queriam o lucro, e não o bem da sociedade. Tal política tem como resultado a gradual perda de competitividade dos americanos, o estouro das finanças, a eliminação das iniciativas bem-sucedidas e a fuga dos grandes investidores e empresários, que são perseguidos, grande parte deles desistindo de administrar suas empresas, com o que os governantes se tornam ditadores e o povo passa a ter os serviços públicos e privados deteriorados. Não contarei mais do romance, pois o símbolo mitológico de Atlas, que sustenta o globo, é lembrado na revolta dos verdadeiros geradores do progresso da Nação.

..."vejo na mediocridade reinante no governo federal do Brasil, loteado em 39 ministérios e 22 mil amigos do rei não concursados, vivendo regiamente à custa da Nação, sob o comando da presidente da República, é a destruição sistemática que, nos últimos anos, ocorreu com a indústria brasileira, abalada em seu poder de competitividade por um Estado mastodôntico, que sufoca a Nação com alta inflação, elevada carga tributária, saldo desprezível na balança comercial, superávit primário ridículo e maquiado, rebaixamento do nível de investimento exterior, desvio em aplicações de capitais que deixam de ser colocados no País para serem destinados a outras nações emergentes, perda de qualidade no ensino universitário e na assistência social...


O que de semelhante vejo na mediocridade reinante no governo federal do Brasil, loteado em 39 ministérios e 22 mil amigos do rei não concursados, vivendo regiamente à custa da Nação, sob o comando da presidente da República, é a destruição sistemática que, nos últimos anos, ocorreu com a indústria brasileira, abalada em seu poder de competitividade por um Estado mastodôntico, que sufoca a Nação com alta inflação, elevada carga tributária, saldo desprezível na balança comercial, superávit primário ridículo e maquiado, rebaixamento do nível de investimento exterior, desvio em aplicações de capitais que deixam de ser colocados no País para serem destinados a outras nações emergentes, perda de qualidade no ensino universitário e na assistência social. Por outro lado, os programas populistas, que custam muito pouco, mas não incentivam a luta por crescimento individual, como o Bolsa Família (em torno de 3% do Orçamento federal), mascaram o fracasso da política econômica. O próprio desemprego, alardeado como grande conquista - leia-se subemprego -, começa a ruir por força da queda ano após ano do produto interno bruto (PIB), que cresce pouco e cada vez menos, e muito menos que o de todos os países emergentes de expressão.

É que o projeto populista de governo, que o leva a manter um falido Mercosul com parceiros arruinados, como Venezuela e Argentina, sobre sustentar Cuba e Bolívia, enviando recursos que seriam mais bem aplicados no Brasil, fechou portas para o País celebrar acordos bilaterais com outras nações. Prisioneiro que é do Mercosul, são poucos os acordos que mantemos. Tal modelo se esgotou e, desorientados, os partidários de um novo mandato não sabem o que dizem e o que devem fazer. Basta dizer que o "ex-ministro da Fazenda em exercício" declarou, neste mês de eleição, que em 2015 continuará com a mesma política econômica, que se revelou, no curso destes últimos anos, um dos mais fantástico fracassos da História brasileira. Parece que caminhamos para uma estrada semelhante à trilhada por Argentina e Venezuela.

No romance de Ayn Rand, quando os verdadeiros empreendedores, que tinham feito a nação crescer e a viam definhando, decidiram reagir, denominaram os detentores do poder, nos Estados Unidos imaginário da romancista, de "os saqueadores". Estes, anulando as conquistas e os avanços dos que fizeram a nação crescer para se enquistarem no poder, por força da corrupção endêmica, da incompetência, de preconceitos e do populismo, levaram o país à ruína.

À evidência, não estou alcunhando os 39 ministérios e os 22 mil não concursados de integrantes de um grupo de "saqueadores", como o fez Ayn Rand. Há, todavia, na máquina burocrática brasileira - com excesso de regulamentação inibidora de investimentos, assim como de desestímulo ao empreendedorismo, e escassez de vontade em simplificar as normas que permitem o empreendedorismo, apesar do esforço heroico e isolado de Guilherme Afif Domingos, uma gota no oceano -, algo de muito semelhante entre o descrito em seu romance há mais de 50 anos e o Brasil atual. 

Basta olhar o "mar de lama" da corrupção numa única empresa (Petrobrás). O que mais impressiona, todavia, é que, detectada a ampla corrupção na empresa - são bilhões e bilhões de dólares -, o governo tudo faça para congelar a CPI e não desventrar para o público as entranhas dos mecanismos deletérios e corrosivos que permitiram tanto desvio de dinheiro público e privado. O simples fato de não querer apurar a fundo, de desviar a atenção desse terrível assalto à maior empresa pública privada, procurando dar-lhe diminuta atenção, como se o governo nada tivesse de responsabilidade, torna suspeita a gestão, pelo menos na denominada culpa in vigilando.

Precisamos apenas saber se o eleitor brasileiro está consciente de que, se não houver mudança de rumos, o Brasil de país do futuro, como escreveu Stefan Zweig, se tornará, cada vez mais, o país do passado, vendo o desfile das outras nações passando-lhe à frente, por se terem adaptado às mudanças de uma sociedade cada vez mais complexa e competitiva, em que apenas os países que se prepararem terão chances.

*Ives Gandra da Silva Martins - É professor emérito das universidades Mackenzie, Unip, Unifieo, UNIFMU, do Ciee/O Estado de S. Paulo, da Eceme e da ESG. É presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomércio-SP, fundador e presidente honorário do Centro de Extensão Universitária.

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