O que os historiadores, mais especialmente os de esquerda,
passaram a chamar de Revolução Russa, foi um golpe de estado, em outubro de
1917, dado pelos bolcheviques, chamado partido da maioria, liderado por Lênin.
Que lutara contra o marxismo da Segunda Internacional Comunista, que advogava
um socialismo, mais, digamos, processual, ou seja, a ruptura revolucionária
seria dada com o crescimento do capitalismo e suas contradições internas. A
revolução se daria, como previra Marx, nos países capitalistas mais avançados,
logicamente os de maior classe operária.
Lênin advogava que a revolução poderia acontecer em países
mais atrasados como a Rússia, com uma incipiente classe operária, e uma
população preponderantemente camponesa, e uma classe média urbana atrelada ao poderoso aparato do estado
imperial czarista. E o papel revolucionário caberia ao partido, com
intelectuais oriundos das classes médias, denominados “traidores de classe”.
Eram os pequenos burgueses, ou seja, os intelectuais que comandariam a revolução.
E assim se deu, porém com fatores peculiares do envolvimento do Império Russo
na Primeira Guerra mundial, um dos fatores
que redundaram no fenômeno histórico que viria a ser de fundamental importância
para a política global do sangrento século XX, expressão utilizada pelo autor auto
intitulado último intelectual comunista do séc. Eric Hobsbawm. O mesmo que
omitiu todas as atrocidades do comunismo no século sangrento, como ele
intitulara no seu livro Era dos Extremos. Haja contorcionismos e desonestidade
intelectual.
A tomada do poder foi um golpe. Um golpe no vácuo do fracasso
dos mencheviques, os social democratas liderados pelo hesitante Kerenski, que
não soube enfrentar a crise causada pela guerra, onde abundavam incompetência e
corrupção deslavada, e ampla e crescente antipatia popular. Já Lênin, negociara
o fim da guerra secretamente com os alemães, era um estrategista e um lutador
político incansável, e implacável com seus inimigos, lançando as bases do
estado totalitário que viria a se tornar a União Soviética. Para tal acabou com
as pretensões dos mencheviques e outros opositores com o cancelamento de uma
assembleia constituinte, que dizem, os bolcheviques perderiam.
A Revolução se consolidaria de fato com a guerra civil. Na
época, ninguém dava um derréis de mel coado, pela vitória dos bolcheviques. Mas
graças a capacidade política e organizacional militar de Trotski, os
bolcheviques ganharam, em batalhas sangrentas, em 1921. Ao passo do
desenvolvimento da guerra civil, o chamado e endeusado pelos comunistas, terror revolucionário, ao tempo que aniquilava
os exércitos brancos, aniquilava toda a dissidência interna à esquerda, impondo
o chamado centralismo democrático, que de democrático não tinha nada. Era
apenas a imposição da ditadura bolchevista, sob o férreo comando de Lênin, e a
agitação e organização militar de Trotski, que fundara o exército vermelho.
Com Lênin e Trotski, as sementes do estado totalitário já
estavam plantadas. Todos os revolucionários que sobreviveram foram aniquilados
por Lênin, e depois por Stálin, como o próprio Trotski. Depois da morte de
Lênin em 1924, a luta pelo poder foi ganha pelo então obscuro burocrata Stálin,
que seria um dos maiores tiranos da história. A experiência socialista na então
União Soviética causou o extermínio de cerca de 30 milhões de pessoas. Há
controvérsias para mais. Foi utilizado massivamente o trabalho escravo. Centenas
de milhares de almas pereceram nas obras feias e suntuosas do regime comunista.
Uma desgraça, a ainda tem gente que acha isso legal. Só se for por ignorância
mesmo, ou simplesmente má fé.
A Revolução russa
marcou indelevelmente o século XX, que foi caracterizado por violentas
guerras tendo como pano de fundo a
ideologia comunista. Hoje o comunismo é cultural, gramsciano, vindo da
academia. Ademais, o comunismo é uma obra de intelectuais. A classe operária
que os intelectuais diziam representar nunca aderiu efetivamente ao regime.
Afinal nunca na história a classe trabalhadora foi tão explorada e
escravizada. Coisa de satã. Vade retro!
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