CARLOS BRICKMANN: vândalos, vikings e a política dos herdeiros
Os vândalos, quem diria, são vikings
Notas de Carlos Brickmann publicadas neste domingo em diversos jornais
São ferozes como os vikings e, como os vikings, acreditam no poder da destruição: os vândalos ferem, destroem e já mataram pelo menos uma pessoa.
São unidos como os vikings, e desta união extraem sua força: a coordenação que mantiveram deixou os inimigos, os policiais, desarvorados. E, quem diria, a moda viking, aquele famoso capacete com chifres, expôs sua maneira de agir.
Uma integrante do grupo de vândalos, Anne-Josephine Louise Marie Rosencrantz, descobriu que seu namorado Luiz Carlos Rendeiro Jr., Game Over, pai de seu filho, era partilhado por outra ativista, Elisa Quadros Pinto Sanzi, Sininho.
A traída se vingou traindo: Anne-Josephine foi à Polícia e prestou depoimento sobre a ação dos vândalos. Começou informando como Sininho admitiu o namoro com Game Over: “Sininho diz que ela e Game Over tinham um romance revolucionário”. E apresentou as denúncias – entre elas, diz, a tentativa, liderada por Sininho, de incendiar o prédio da Câmara dos Vereadores do Rio.
Segundo Anne-Josephine, este incêndio não fazia parte dos planos dos manifestantes, e Sininho, aos gritos, pedia que lhe levassem gasolina para iniciar o fogo. Conforme diz Anne-Josephine, foi Game Over que conseguiu controlá-la.
De acordo com a Polícia, Anne-Josephine detalhou ainda as funções dos principais lideres dos vândalos e – oh, novidade! – relatou o uso de drogas por eles.
E daí? Daí que todos os detidos por vandalismo, inclusive os acusados por Anne-Josephine, foram libertados por ordem do desembargador Siro Darlan.
Os herdeiros – Presidência
A primeira tentativa de organização administrativa do Brasil foram as capitanias hereditárias, criadas por D. João III, rei de Portugal, em 1534. O sistema foi extinto pelo Marquês de Pombal em 1759.
Mas, na prática, a capitania hereditária, em que o poder passa de pai para filho, ainda existe.
A candidata do PSOL à Presidência, Luciana Genro, é filha do governador petista Tarso Genro, candidato à reeleição no Rio Grande do Sul.
Aécio Neves, PDSB, é neto do governador mineiro Tancredo Neves, que morreu sem tomar posse na Presidência; Eduardo Campos, PSB, é neto do três vezes governador pernambucano Miguel Arraes, já falecido.
Os herdeiros – Governos
O candidato do PMDB no Maranhão, Lobão Filho, é filho do ministro das Minas e Energia e ex-governador Édison Lobão.
No Pará, o candidato do PMDB é Hélder Barbalho, filho do ex-governador, ex-deputado e senador Jader Barbalho (político famoso, que até preso já esteve), e da ex-deputada federal Elcione Barbalho.
Renan Filho, PMDB, Alagoas, é filho do presidente do Senado, Renan Calheiros, sobrinho dos ex-deputados federais Olavo e Renildo, sobrinho do ex-prefeito de Murici, Remi Calheiros.
Lobãozinho e Renanzinho descendem de um tronco mais antigo: José Sarney, padrinho de seus pais.
Zé Filho, PMDB, candidato à reeleição no Piauí, é sobrinho do ex-governador Mão Santa. Nelsinho Trad, PMDB, Mato Grosso do Sul, é filho do deputado federal Nelson Trad. Marcelo Miranda, PMDB, Tocantins, é filho do deputado estadual Brito Miranda e foi governador por dois mandatos.
Henrique Alves, PMDB, Rio Grande do Norte, é filho dos governadores e ministros Aluísio Alves e Garibaldi Alves Filho. Vital do Rego, PMDB, Paraíba, é neto do ex-governador Pedro Gondim, irmão de Veneziano Segundo Neto, ex-prefeito de Campina Grande, e filho da deputada federal Nilda Gondim.
Filhos, filhos
Moraes Moreira canta que “todo menino é um rei”. E todo mundo é fidalgo – na versão original da palavra, “filho de algo”, filho de alguém.
E boa parte dos candidatos, admitamos, é mesmo filho de algo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário