quinta-feira, 17 de julho de 2014

A MÁSCARA DO GIGANTE - MÁRIO VARGAS LLOSA






Artigo escrito pelo jornalista e escritor peruanoMARIO VARGAS LLOSA, Prêmio Nobel de Literatura no Jornal  espanhol El País em 12 de julho de 2014



Fiquei muito envergonhado com a cataclísmica derrota do Brasil frente à Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, mas confesso que não me surpreendeu tanto. De um tempo para cá, a famosa seleção Canarinho se parecia cada vez menos com o que havia sido a mítica esquadra brasileira que deslumbrou a minha juventude, e essa impressão se confirmou para mim em suas primeiras apresentações neste campeonato mundial, onde a equipe brasileira ofereceu uma pobre figura, com esforços desesperados para não ser o que foi no passado, mas para jogar um futebol de fria eficiência, à maneira europeia. Nada funcionava bem; havia algo forçado, artificial e antinatural nesse esforço, que se traduzia em um rendimento sem graça de toda a equipe, incluído o de sua estrela máxima, Neymar. Todos os jogadores pareciam sob rédeas. O velho estilo – o de um Pelé, Sócrates, Garrincha, Tostão, Zico – seduzia porque estimulava o brilho e a criatividade de cada um, e disso resultava que a equipe brasileira, além de fazer gols, brindava um espetáculo soberbo, no qual o futebol transcendia a si mesmo e se transformava em arte: coreografia, dança, circo, balé. Os críticos esportivos despejaram impropérios contra Luiz Felipe Scolari, o treinador brasileiro, a quem responsabilizaram pela humilhante derrota, por ter imposto à seleção brasileira uma metodologia de jogo de conjunto que traía sua rica tradição e a privava do brilhantismo e iniciativa que antes eram inseparáveis de sua eficácia, transformando seus jogadores em meras peças de uma estratégia, quase em autômatos. 

NÃO HOUVE NENHUM MILAGRE NOS ANOS DE LULA, E SIM UMA MIRAGEM QUE AGORA COMEÇA A SE DISSIPAR 

Contudo, eu acredito que a culpa de Scolari não é somente sua, mas, talvez, uma manifestação no âmbito esportivo de um fenômeno que, já há algum tempo, representa todo o Brasil: viver uma ficção que é brutalmente desmentida por uma realidade profunda. Tudo nasce com o governo de Luis Inácio 'Lula' da Silva (2003-2010), que, segundo o mito universalmente aceito, deu o impulso decisivo para o desenvolvimento econômico do Brasil, despertando assim esse gigante adormecido e posicionando-o na direção das grandes potências. As formidáveis estatísticas que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística difundia eram aceitas por toda a parte: de 49 milhões os pobres passaram a ser somente 16 milhões nesse período, e a classe média aumentou de 66 para 113 milhões. Não é de se estranhar que, com essas credenciais, Dilma Rousseff, companheira e discípula de Lula, ganhasse as eleições com tanta facilidade. Agora que quer se reeleger e a verdade sobre a condição da economia brasileira parece assumir o lugar do mito, muitos a responsabilizam pelo declínio veloz e pedem uma volta ao lulismo, o governo que semeou, com suas políticas mercantilistas e corruptas, as sementes da catástrofe. A verdade é que não houve nenhum milagre naqueles anos, e sim uma miragem que só agora começa a se esvair, como ocorreu com o futebol brasileiro. Uma política populista como a que Lula praticou durante seus governos pôde produzir a ilusão de um progresso social e econômico que nada mais era do que um FUGAZ FOGO DE ARTIFÍCIO. O endividamento que financiava os custosos programas sociais era, com frequência, UMA CORTINA DE FUMAÇA para tráficos delituosos que levaram muitos ministros e altos funcionários daqueles anos (e dos atuais) à prisão e ao banco dos réus. As alianças mercantilistas entre Governo e empresas privadas enriqueceram um bom número de funcionários públicos e empresários, mas criaram um sistema tão endiabradamente burocrático que incentivava a corrupção e foi desestimulando o investimento. Por outro lado, o Estado embarcou muitas vezes em operações faraônicas e irresponsáveis, das quais os gastos empreendidos tendo como propósito a Copa do Mundo de futebol são um formidável exemplo. O governo brasileiro disse que não havia dinheiro público nos 13 bilhões que investiria na Copa do Mundo. Era mentira. O BNDES (Banco Brasileiro de Desenvolvimento Econômico e Social) financiou quase todas as empresas que receberam os contratos para obras de infraestrutura e, todas elas, subsidiavam o Partido dos Trabalhadores, atualmente no poder. 

AS OBRAS DA COPA FORAM UM CASO FLAGRANTE DE DELÍRIO E IRRESPONSABILIDADE 

As cifras que os órgãos internacionais, como o Banco Mundial, dão na atualidade sobre o futuro imediato do país são bastante alarmantes. Para este ano, calcula-se que a economia crescerá apenas 1,5%, uma queda de meio ponto em relação aos dois últimos anos, nos quais somente roçou os 2%. As perspectivas de investimento privado são muito escassas, pela desconfiança que surgiu ante o que se acreditava ser um modelo original e resultou ser nada mais do que umaperigosa aliança de populismo com mercantilismo, e pela teia burocrática e intervencionista que asfixia a atividade empresarial e propaga as práticas mafiosas. Apesar de um horizonte tão preocupante, o Estado continua crescendo de maneira imoderada – já gasta 40% do produto bruto – e multiplica os impostos ao mesmo tempo que as “correções” do mercado, o que fez com que se espalhasse a insegurança entre empresários e investidores. Apesar disso, segundo as pesquisas, Dilma Rousseff ganhará as próximas eleições de outubro, e continuará governando inspirada nas realizações e logros de Lula. Se assim é, não só o povo brasileiro estará lavrando a própria ruína, e mais cedo do que tarde descobrirá que o mito sobre o qual está fundado o modelo brasileiro é uma ficção tão pouco séria como a da equipe de futebol que a Alemanha aniquilou. E descobrirá também que é muito mais difícil reconstruir um país do que destruí-lo. E que, em todos esses anos, primeiro com Lula e depois com Dilma, viveu uma mentira que seus filhos e seus netos irão pagar, quando tiverem de começar a reedificar a partir das raízes uma sociedade que aquelas políticas afundaram ainda mais no subdesenvolvimento. É verdade que o Brasil tinha sido um gigante que começava a despertar nos anos em que governou Fernando Henrique Cardoso, que pôs suas finanças em ordem, deu firmeza à sua moeda e estabeleceu as bases de uma verdadeira democracia e uma genuína economia de mercado. Mas seus sucessores, em lugar de perseverar e aprofundar aquelas reformas, as foram desnaturalizando e fazendo o país retornar às velhas práticas daninhas. Não só os brasileiros foram vítimas da miragem fabricada por Lula da Silva, também o restante dos latino-americanos.Por que a política externa do Brasil em todos esses anos tem sido de cumplicidade e apoio descarado à política venezuelana do comandante Chávez e de Nicolás Maduro, e de uma vergonhosa “neutralidade” perante Cuba, negando toda forma de apoio nos organismos internacionais aos corajosos dissidentes que em ambos os países lutam por recuperar a democracia e a liberdade. Ao mesmo tempo, os governos populistas de Evo Morales na Bolívia, do comandante Ortega na Nicarágua e de Correa no Equador – as mais imperfeitas formas de governos representativos em toda a América Latina – tiveram no Brasil seu mais ativo protetor. Por isso, quanto mais cedo cair a máscara desse suposto gigante no qual Lula transformou o Brasil, melhor para os brasileiros. O mito da seleção Canarinho nos fazia sonhar belos sonhos. Mas no futebol, como na política, é ruim viver sonhando, e sempre é preferível – embora seja doloroso – ater-se à verdade.

4 comentários:

  1. VARGAS LLOSA, MEU PREZADO RAFAEL, É O MELHOR ESCRITOR VIVO DO MUNDO, QUE FEZ DUPLA POR MUITO TEMPO COM GABRIEL GARCIA MARQUES QUE MORREU RECENTEMENTE, JUNTANDO-SE A PABLO NERUDA, ESSE PERUANO, COLOMBIANO E O CHILENO FAZIAM(E FAZEM) UM TRIO QUE HONRA TODA AMÉRICA LATINA E EM ESPECIAL A NOSSA AMÉRICA DO SUL. ESTE TEXTO POSTADO POR VOCÊ, PROFESSOR, É TÃO LÚCIDO E VERDADEIRO QUE DEVERIA SER DIVULGADO EM REDES SOCIAIS, PREGADO NOS POSTES E IMPRESSOS EM GARRAFAS DE CERVEJAS E, PORQUE NÃO, JOGADO NO CÉU EM FORMA DE PANFLETO. DE TÃO CONTEMPLATIVO, ESSE TEXTO DEVERIA SER ENTREGUE PARA TODOS OS BRASILEIROS, ESPECIALMENTE DO NOSSO NORDESTE. QUEM DISSE ISSO NÃO FOI NINGUÉM DA “OPOSIÇÃO” NEM DA “MÍDIA GOLPISTA”, NEM ESTAVA NO MARACANÃ CANTANDO EM CORO O VTNC PARA A DILMA. MAS DE UM PREMIO NOBEL, QUE NÃO É LIGADO A NINGUÉM, PORTANTO, NEUTRO. MAS EU CREIO QUE DESTA VEZ A NUDEZ DO REI ESTÁ POR DEMAIS CLARA PARA QUE ALGUÉM SE CONVENÇA OU SE ACANHE DIANTE DO TEATRO DAS ILUSÕES DOS QUE BATALHAM PELA INSTALAÇÃO COMPULSÓRIA DA ALIENAÇÃO E DA INSENSATEZ. ESSES MALTRAPILHOS DO CARÁTER AINDA TENTARÃO FINCAR SUAS ESTACAS, MAS COMO DIRIA O POETA, O SOLO HUMANO ESTÁ MAIS DURO, OS ESCUDOS MAIS SOFISTICADOS E AS PESSOAS COM MAIS DE UM NEORÔNIO MENOS DISPOSTAS AO ENGODO PARA CONFIAR-LHES AS CHAVES DO DESENVOLVIMENTO. ENFIM, POR MAIS QUE FAÇAM, POR MAIS QUE INTRIGUEM E POR MAIS QUE MINTAM, DESTA VEZ O FEITIÇO VIRARÁ CONTRA O FEITICEIRO. OLHANDO DIREITINHO MEU PREZADO RAFAEL, NÃO É MESMO A CARA DE CERTOS SETORES DA SOCIEDADE BRASILEIRA, HÉIN?!?!?! TUDO IMPROVISADO, BAGUNÇADO, NAS COXAS, CONTANDO COM A SORTE E QUE PODE FAZER DE QUALQUER JEITO MESMO PORQUE NO FIM DÁ TUDO CERTO, TUDO NA MALANDRAGEM E TRAPAÇA, MAS NA HORA DE CONCORRER COM ALGUÉM QUE FAZ O TRABALHO A SÉRIO, AÍ, DESMORONA. É ASSIM NA EDUCAÇÃO, NO COMBATE À CORRUPÇÃO, NO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E DANA-SE POR AÍ AFORA. NÃO É A TOA QUE, A ALEMANHA QUE ENFIOU SETE SALSICHÕES NA NOSSA RABADA, COLECIONA 102 PRÊMIOS NOBEL, ENQUANTO O BRASIL SE CONTENTA COM APENAS 0. É ISSO MESMO, EU DISSE ZERO...

    ResponderExcluir
  2. ESTE É UM ARTIGO ESCRITO COM CONTEÚDO APENAS NEGATIVO PONTO O BRASIL NO POSIÇÃO DE REBAIXAMENTO.

    NÃO SE LEMBRA O ESCRITOR DE QUE NÓS AINDA CONTINUAMOS PENTE CAMPEÕES DO MUNDO E OS ESTRANGEIROS APLAUDIRAM O BRASIL DE PÉ QUANDO FOMOS CAMPEÕES DO MUNDO.

    CHORAR E FICAR TRISTE NO FUTEBOL É A COISA MAIS NATURAL DO MUNDO E EU JÁ ENFRENTEI ISTO POR DIVERSAS VEZES QUANDO ERA JOGADOR TAMBÉM.

    TENHO GRANDES LEMBRANÇAS QUANDO EM 1989 TÍNHAMOS OS JUROS MAIS ALTOS DO MUNDO E QUE CHEGOU A 84,32% a. m. EM DURANTE AS GESTÕES DE FHC OS JUROS CHEGARAM A 26% TAXA SELIC E QUE ENTREGOU AO TORNEIRO MECÂNICO COM 18% a.m TAXA SELIC.

    HOJE OS JUROS SE ENCONTRAM A 11% a. m TAXA SELIC E OS POBRES QUE SEMPRE FORAM POBRES NUNCA TIVERAM A POSSIBILIDADE DE CONSEGUIR UM BEM PARA SE LOCOMOVER PARA O TRABALHO.

    OS POBRES TIVERAM A POSSIBILIDADE DE CHEGAR A FAZER UM CURSO UNIVERSITÁRIO E FREQUENTAR AS ESCOLAS TÉCNICAS COM MAIOR POSSIBILIDADE. NÃO ESTAMOS MUITO BEM PORQUE OS NOSSOS POLÍTICOS EM GERAL SOMENTE PENSAM NELES!

    ResponderExcluir
  3. Esse anonimo tem cara que é o professor bunda mole de Lagoa do Ouro

    ResponderExcluir
  4. Assim como no futebol, na economia estamos perdendo 7 x 1: inflação próxima de 7% e crescimento esperado em torno de 1%. Parabéns Dilma por mais uma vergonhosa derrota.

    ResponderExcluir

O ESTADO POLICIAL AVANÇA - RAFAEL BRASIL

O estado policial do consórcio PT STF avança contra a oposição. Desde a semana passada, dois deputados federais tiveram "visitas" ...