terça-feira, 27 de maio de 2014

‘Sob o domínio do medo’, sete notas de Carlos Brickman

/05/2014
 às 15:01 \ Opinião

‘Sob o domínio do medo’, sete notas de Carlos Brickmann

CARLOS BRICKMANN
1 – Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores sem Teto, MTST, ameaçou impedir o jogo inaugural da Copa, se não atenderem a suas exigências. “Se não respeitam nossos direitos, no dia 12 de junho não vai ter inauguração”. Quem é Boulos, que chantageia o Governo e ameaça fazer de junho um mês de conflitos? É filósofo formado, filho de um professor da USP, médico famoso. Mas o importante não é isso: o importante é que é ligadíssimo ao ministro Gilberto Carvalho. E, depois de instalar três mil de seus seguidores nas proximidades do Estádio do Corinthians, em Itaquera, SP, e ameaçar a realização da Copa do Mundo, foi recebido pela presidente Dilma Rousseff e posou para fotos abraçado com ela e com o ministro Gilberto Carvalho. Como diz o Governo, vai ter Copa. Como diz Boulos, que é quem manda, vai ter Copa se ele deixar.
2 – A Polícia invadiu, em 17 de março, uma reunião em que se planejavam incêndios e paralisação de ônibus — onde, por exemplo, abandonar os veículos para bloquear o trânsito em São Paulo (dois meses depois, dois milhões de pessoas ficaram sem transporte). Na reunião, havia 42 pessoas; destas, 13 eram ligadas ao PCC, Primeiro Comando da Capital, base do crime organizado. Um dos presentes era Carlinhos Alfaiate, acusado de participar do assalto ao Banco Central em Fortaleza. Outro presente era o deputado estadual Luiz Moura, do PT, do grupo do secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto.
O PCC controla cooperativas cujos veículos jamais foram incendiados — só os dos concorrentes.
Os donos do jogo
Boulos, do MTST, e Luiz Moura, do PT, escolhem seus amigos na mesma área. Talvez isso nada tenha a ver com a desenvoltura de pessoas que dominam a situação agindo fora da lei. Mas os amigos comuns nunca se afastaram de ambos.
Enfim
Há certas personalidades que sempre acabam aparecendo no noticiário. É tão infalível quanto achar o ministro Mercadante em fotos da presidente Dilma. A escrita se manteve: o juiz Sérgio Moro, que cuida na Justiça do inquérito da Operação Lava-Jato, informou ao Supremo que Alberto Youssef, apontado como doleiro, por algum motivo depositou R$ 50 mil na conta bancária do senador Fernando Collor, do PTB alagoano. Moro diz que Collor não é investigado e que seu objetivo é apenas informar a existência dos depósitos.
Estranho: se os depósitos são suspeitos, por que negá-lo? Se não são suspeitos, por que divulgá-los?
O dinheiro e os votos
José Batista Junior, o Junior Friboi, sócio do JBS Friboi, maior frigorífico do mundo, acaba de descobrir alguns fatos da vida. Ele foi recebido no PMDB com tapete vermelho, com promessas de apoio total em sua candidatura ao Governo do Estado, com palmas e estrondosos desta vez, vamos. Ele acreditou. Íris Rezende lhe disse que não seria candidato ao Governo. Ele acreditou. Candidatos a cargos legislativos lhe disseram que ajuda financeira seria bem-vinda, claro, mas não seria determinante para apoiá-lo. Ele acreditou.
Agora descobriu que quem manda no PMDB goiano é o ex-governador, ex-senador e ex-ministro Íris Rezende. Íris já teve mais votos (ultimamente, virou freguês do tucano Marconi Perillo), mas, comparado ao estreante Junior Friboi, é o rei do pedaço. Íris tem votos, pode oferecer aos companheiros de partido, apesar das últimas derrotas, uma perspectiva de poder e uma chapa forte, capaz de eleger muitos deputados; Junior Friboi só tem dinheiro. Dinheiro ajuda, mas não se ganha eleição sem voto.
Quem será o candidato ao Governo pela oposição? Simples: quem Íris quiser.
O custo da eleição
Antônio Ermírio de Moraes, conhecido, respeitado pela competência, lançado por um partido forte para o Governo paulista, fez uma campanha caríssima com seu próprio dinheiro. Foi triturado: houve denúncias pesadas contra suas empresas, tentativas de manchar sua reputação, tudo aquilo que hoje ocorre numa campanha eleitoral. Foi derrotado por Orestes Quércia. E nunca mais se candidatou.
Um político diferente
Ele tinha tudo para manter-se permanentemente na política. Seu pai, popularíssimo, era o prefeito Faria Lima — popular o suficiente para eleger-se diretamente prefeito de São Paulo, bem relacionado o suficiente para só não chegar a presidente da República, na época dos generais, por ter morrido quando seu nome era unanimidade. Seu tio, brigadeiro Roberto Faria Lima, fez impecável carreira militar; seu outro tio, almirante Faria Lima, foi governador (indireto) do Rio. O nome valia votos. E, sem precisar de campanha, José Eduardo Faria Lima se elegeu deputado, com grande votação. Não gostou do que viu. Elegeu-se mais uma vez e concluiu que não tinha vocação política. Simplesmente se retirou, esquecendo quaisquer vantagens que um parlamentar possa ter. Foi morar no Interior paulista. Morreu aos 72 anos, no dia 21, num desastre de automóvel.
Da coluna de Cláudio Humberto
“Um dos líderes do MST, João Paulo Rodrigues, encontrou o fundador do Wikileaks na embaixada do Equador e ofereceu asilo ‘em território autônomo’ no Brasil, diz a revista americana Vice. Assange riu”.

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