quarta-feira, 7 de agosto de 2013

AUGUSTO NUNES: DIRETO AO PONTO


07/08/2013
 às 0:52 \ Direto ao Ponto

Ou a oposição atira ao mar os delinquentes de estimação ou se afoga abraçada ao PT

Trecho de um post aqui publicado em outubro de 2011:
Os companheiros desmoralizados pelo mensalão e os quadrilheiros da base alugada fazem o possível para entregar à oposição, já desfraldada, a bandeira do combate à ladroagem. Os tucanos fazem questão de devolvê-la, arriada, para não tropeçar em bandidos domésticos. Durante a campanha presidencial de 2010, por exemplo, Dilma Rousseff ofereceu a José Serra a bandeja com a cabeça da melhor amiga Erenice Guerra. O candidato tucano rejeitou-a para livrar-se de perguntas sobre um certo Paulo Preto.
De novo para não topar com esqueletos de estimação, agora é Geraldo Alckmin quem se recusa a abrir os armários da Assembleia Legislativa. É um deslize moral e um equívoco político: a devassa acabará escancarando as bandalheiras que assombram a 1ª Secretaria da Assembleia. Historicamente explorado pelo PT, esse porão está hoje sob a guarda de Rui Falcão, presidente nacional do partido.
Nenhuma sigla conseguiu enxergar as dimensões da indignação do Brasil decente com a corrupção institucionalizada e impune. É natural que sejam todos tratados como gente que não merece confiança. Se a oposição oficial não acordar a tempo, repousará para sempre na mesma cova rasa escavada para acolher os protetores de ladrões federais.
Em abril de 2012, também neste espaço, outro post reiterou a advertência:
Um abismo separa a oposição oficial da oposição real, formada por brasileiros que respeitam a lei, os valores morais e as normas éticas, não cedem à tentação de justificar o injustificável, não fazem concessões ao farisaísmo, à hipocrisia e à pouca vergonha, não aceitam a tese de que, em política, só é feio perder a eleição. O eleitorado  honesto está farto de votar por exclusão e escolher o mal menor. O país que presta teima em ver as coisas como as coisas são. E não tem bandidos de estimação.
Até que o Brasil descobrisse que o templo das vestais camuflava um bordel, o PT fez de conta que era o único partido que, nas palavras de José Dirceu, “não róba nem dêxa robá”. Desmascarada a fraude, a sigla que institucionalizou a corrupção impune e organizou a maior roubalheira federal de todos os tempos não perdeu uma única chance de engrossar a falácia segundo a qual todas se igualam na ladroagem.
É o que tem feito desde que pousaram no noticiário jornalístico denúncias envolvendo o metrô de São Paulo. Enquanto recitam que a condenação dos quadrilheiros pelo STF resultou de um “julgamento político” (e fingem que Lula e Rose Noronha se conhecem só de vista), os companheiros berram que a gatunagem alheia é muito maior. Haja cinismo.
É evidente que as histórias sobre o cartel de que fez parte a Siemens têm as impressões digitais do Planalto. É óbvio que informações em poder dos integrantes do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) vazam de torneiras controladas por Gilberto Carvalho. E até os bebês de colo sabem que o barulho foi programado para abafar o ruídos pressagos do epílogo do julgamento do mensalão.
Feitas as ressalvas, está claro que há um escândalo a investigar, suspeitos a identificar e culpados a punir. Já se comprovou que, durante alguns anos, grandes empresas se acumpliciaram para tungar muitos milhões de reais dos pagadores de impostos. São esses, não os milicianos que patrulham a internet insones com a iminente prisão dos mensaleiros, que merecem o completo esclarecimento do caso.
O PSDB tem mais uma oportunidade ─ talvez a derradeira ─ de provar que é diferente do PT. Ao longo do mês, os devotos de Lula estarão tentando livrar da cadeia os delinquentes amigos e, simultaneamente, acusando qualquer um que se mova fora das fronteiras da sigla. Se soubesse jogar na ofensiva, a oposição oficial trataria de apurar o episódio embaralhado pelo CADE sem deixar de manter o PT acuado no lodaçal em que se meteu há muito tempo.
A inverossímil maracutaia da Petrobras em Pasadena, a Copa da Ladroagem, a Olimpíada da Roubalheira, o balcão de compra de votos em funcionamento no Congresso, os astronômicos superfaturamentos do PAC — nunca houve tanta munição para atacantes. O problema é que os adversários do time no poder se habituaram à retranca.
Lula não abre a boca sobre o caso Rose faz 257 dias. Nenhum tucano exige explicações. Chefões do PT cuidam de fazer as malas para dormir na cadeia. Nenhum tucano recomenda aos comparsas dos futuros prisioneiros que se preocupem com o tamanho das celas em que a turma estará hospedada. O PSDB e seus aliados precisam afinar-se com o país que pensa e entender que o Código Penal vale para todos. Ficha de filiação partidária não é prova de culpa nem atestado de inocência.
A revolta da rua deixou claro que milhões de brasileiros exigem o fim da corrupção impune. Se a mensagem for ignorada, as multidões indignadas deduzirão que nenhum partido respeita normas éticas e nenhum político merece confiança. Ou a oposição oficial se livra dos bandidos a bordo e atira ao mar a carga malcheirosa ou se afoga abraçada ao PT. Não existe uma terceira opção.

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