domingo, 28 de julho de 2013

EDITORIAIS: FOLHA E ESTADÃO'



domingo, julho 28, 2013


As respostas reprovadas - EDITORIAL O ESTADÃO

O ESTADO DE S. PAULO - 28/07
Se a presidente Dilma Rousseff tivesse pela opinião dos brasileiros o "respeito decente" que o americano Thomas Jefferson pregava, em relação ao mundo, há quase 240 anos, convocaria uma rede nacional de emissoras para admitir que errou ao se vangloriar de ter ouvido - e entendido - a voz das ruas. Foi o que disse para justificar a confecção, da noite para o dia, dos cinco "pactos em favor do Brasil" com os quais quis fazer crer que atendia às demandas nacionais por serviços públicos "padrão Fifa", combate efetivo à corrupção e mudança radical de atitude dos poderosos de turno diante da sociedade que os sustenta. Aliás, o carro-chefe de tais respostas, o plebiscito para a convocação de uma Constituinte que faria a reforma política em lugar do Congresso, não durou mais de um dia, por sua patente ilegalidade. Foi substituído pela proposta de uma consulta popular sobre o que mudaria nas regras políticas, para vigorar já no ano eleitoral de 2014. A "sugestão" foi abatida pelos aliados do governo na Câmara.

Dilma apresentou os cinco pactos numa reunião em 24 de junho. Em 1° de julho, anunciou-os no seu programa semanal de rádio. Oito dias depois, o Ibope começou mais uma de suas pesquisas sobre a avaliação da presidente, entre outros itens, para a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Os resultados se revelaram arrasadores para as pretensões de Dilma de ter tomado, a tempo e hora, as iniciativas que as manifestações cobravam. Os números são cristalinos sobre o fiasco: 46% dos entrevistados disseram rejeitar as medidas da presidente, ante 27% dos que as endossaram. Quase 1/3 dos consultados (31%) as desaprovou totalmente e só 14% as aprovaram sem restrições. Faz sentido, Primeiro, porque a reforma política simplesmente não consta das prioridades populares - saúde (citada por 71%), segurança (40%) e educação (37%). Segundo, porque as iniciativas - alheias, por sinal, à questão da segurança - não sensibilizaram a maioria.

Tem-se assim que o pleno apoio aos gestos de Dilma para mostrar serviço não chega nem à metade dos 31% que avaliam o seu governo como "ótimo" ou "bom". Esse, a propósito, é o patamar registrado pelas duas outras sondagens do gênero, sob o impacto das jornadas de junho. Antes, Dilma ainda voava numa zona de conforto, com a popularidade no nível de 55%, apesar da turbulência provocada pela inflação que a derrubou do pico de 64%, alcançado em abril último. O levantamento confirma que, hoje, a aprovação à petista não vai além do piso histórico do partido. Mesmo Lula, para se eleger e reeleger, sempre em segundo turno, dependeu do eleitorado de outras legendas. Embora seja cedo para prever como estará o prestígio da presidente quando se aproximar a campanha sucessória, pode-se dar como certo que só por milagre ela se reelegerá na primeira rodada - o que era tido como certo, 011 altamente provável, poucos meses atrás. Isso, se o "volta, Lula" não se impuser, queira ele ou não.

O que remete à segunda mais importante revelação da pesquisa, depois do fracasso de público das propostas presidenciais. Pela primeira vez, a parcela dos que consideram a gestão Dilma pior que a do seu patrono passou a predominar de forma acachapante. São 46%, ante 25% em junho e 18% em março. Apenas 10% preferem o governo Dilma. Eram, respectivamente, 16% e 20%. O contingente dos que acham que ambos se equivalem caiu, também pela primeira vez, para menos da metade: são 46%. E dizer que, na quarta-feira, véspera da divulgação da sondagem, Dilma decidiu, numa conversa reservada de três horas com Lula, que não cortará Ministérios nem tão cedo trocará ministros. Fazê-lo, argumentou, seria ceder a pressões. Decerto ignora que o velho Ulysses Guimarães, um político de quatro costados, se gabava de só decidir sob pressão. A teimosia da presidente lembra a fábula do escorpião que pica o sapo que o transportava pelo rio. Mesmo sabendo que irá se afogar, não pode contrariar a própria natureza.

Resta a Dilma o duvidoso consolo de não estar mal na foto sozinha. Tem a companhia de quase todos os governadores dos 11 Estados pesquisados, a começar do aliado Sérgio Cabral, aprovado por meros 12% dos cariocas.

Mitos das redes sociais - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 28/07

Essas plataformas têm valor comunicativo e profissional que não as isenta de debate crítico acerca de seus aspectos mais controversos

Ninguém duvida da imensa utilidade das redes sociais como ferramenta profissional e recreativa. Organizam um gigantesco contingente de usuários conforme suas afinidades e facilitam toda forma de comunicação interpessoal. Tornam a vida mais prática.

Mais controvertidas são suas dimensões política e midiática.

À primeira vista um enorme fórum de livre debate, as redes são formadas por células que mais reiteram as próprias certezas e hábitos do que os submetem a discussão. Esta, quando ocorre, adquire tons de estéril guerrilha verbal.

Às vezes se formam consensos formidáveis e legítima mobilização, como visto em junho passado, mas que tendem a ser passageiros, além de superficiais. Talvez pela natureza fluida do veículo em que se expressam, falta-lhes organicidade e duração.

Tampouco cabe dúvida de que o jornalismo amador ou militante, impulsionado pela internet, ajuda a suplementar o sistema de informação como um todo. Nem por isso está isento de críticas.

Embora faça a apologia da veracidade, essa forma de jornalismo se mostra ainda mais sujeita a falhas do que as já frequentes no jornalismo profissional. Informações se divulgam sem comprovação, quase sempre embaladas nas estridentes convicções, autênticas mas parciais, de seu emitente.

Os usuários sabem disso, e seu comportamento sugere que as redes são antes uma ampla câmara de ressonância da própria mídia.

Levantamento publicado pela Folha mostrou que mais de 80% do conteúdo informativo tramitado pelo Twitter, por exemplo, relativo às jornadas de junho passado, era produzido pelo jornalismo profissional da imprensa e da TV.

Para os conglomerados empresariais que exploram as redes, política ou jornalismo são facetas secundárias do negócio.

Daí a desfaçatez com que "posts" noticiosos são censurados, como ocorreu duas vezes, somente na semana passada, com inserções desta Folha no Facebook. Daí a docilidade dessas empresas --todas norte-americanas-- em face das exigências paranoides de seu governo à custa da privacidade dos usuários mundo afora.

É honesto reconhecer um aspecto corporativo nestas críticas, pois as redes sociais e os buscadores de notícias se beneficiam comercialmente da audiência gerada por produtos jornalísticos que não criaram nem custearam.

Este é apenas um dos problemas a serem enfrentados pela legislação relativa ao Marco Civil da Internet, que a Câmara dos Deputados deve votar em agosto.

Admitir esse aspecto de interesse próprio, porém, não impede este jornal de contribuir para a crítica que as redes sociais, com todo o seu valor comunicativo e utilitário, merecem.

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