sexta-feira, 26 de julho de 2013

DORA KRAMER E MERVAL PEREIRA

sexta-feira, julho 26, 2013


Fracasso de bilheteria - DORA KRAMER

O Estado de S.Paulo - 26/07

A pesquisa CNI/Ibope que registra a queda de avaliação positiva no desempenho dos governadores sanciona o já sabido: dos protestos de junho governo nenhum se saiu bem. Perderam os estaduais, perdeu o federal e, se alguma consulta incluir prefeitos, certamente constataremos que perderam também os municipais.

Feito um corte partidário na pesquisa realizada em 11 Estados, verifica-se que o mais bem avaliado é do PSB, Eduardo Campos (PE) e o mais rejeitado é do PMDB, Sérgio Cabral (RJ), com 58% e 12% de "ótimo" e "bom", respectivamente.

De todos, oito ficam abaixo de 40%: dois do PT - Jaques Wagner (BA) e Tarso Genro (RS); três do PSDB - Marconi Perillo (GO), Antonio Anastasia (MG) e Geraldo Alckmin (SP); um do PSB - Renato Casagrande (ES); um do PMDB - Sérgio Cabral; e um do PSD - Raimundo Colombo (SC).

Dos três que ultrapassam a marca, um é do PSDB - Beto Richa (PR); dois do PSB - Cid Gomes (CE) e Eduardo Campos. Resumo da ópera, o descontentamento não tem ideologia nem preferência partidária.

O alvo da insatisfação é o poder público. Problema que não se resolve com plebiscito nem com mudanças superficiais na legislação eleitoral às quais se têm dado o nome de reforma política, oferecida como fator de distração que atrai alguma atenção da crítica, mas que não faz o menor sucesso de bilheteria.

Esses mesmos governantes postos em xeque, alguns com mais dificuldade, outros com menos obstáculos, têm pouco tempo pela frente e um desafio e tanto: reencontrar o caminho da conquista do eleitorado, sob o risco de perderem a batalha para o voto nulo.

Hora certa. O "mergulho" do governador Eduardo Campos no auge dos protestos de junho não se deveu, como chegou a circular, a uma reaproximação com o PT (Lula), mas a uma ponderação dos companheiros de PSB. O partido avaliou que ele não deveria ter sido porta-voz dos governadores logo depois da reunião da presidente Dilma com eles no Palácio do Planalto.

Se, de um lado, concordaram que Campos não deveria ter uma atitude crítica a fim de não ser visto como "surfista" da onda, de outro argumentaram que não haveria razão para se contaminar com o desgaste do governo.

Uma das questões a serem administradas agora é o momento do desembarque. Janeiro, como anteriormente previsto, está sendo considerado um prazo longo demais. Mas o PSB também não quer ser confundido com o engalfinho do PT e do PMDB na fila dos botes salva-vidas para pular do barco.

Descontada a ação do imponderável, a possibilidade de recuo na decisão de se candidatar está fora do horizonte de Eduardo Campos. Raciocina um correligionário: "Depois de ter dito que quer e pode fazer mais pelo País, como dizer que não quer nem pode mais?"

Mão na roda. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ficará muito satisfeito se José Serra filiar-se ao PPS para disputar a Presidência da República. Não porque queira ver Serra fora do PSDB.

Mas porque não há outro nome paulista no cenário e uma candidatura a presidente oriunda do Estado ajudaria a "puxar" votos para a reeleição dele.

Grave a crise. O PT reduziu de 10 para seis as comemorações de uma década no poder. Sobre a temporada de caravanas de Lula pelo País anunciada para acontecer de maio a agosto nunca mais se ouviu falar.

Para completar, agora há quem defenda no partido a suspensão da eleição da nova direção para não alimentar a disputa interna e não dar a impressão ao País de que o foco do PT é o próprio umbigo.


Política com P maiúsculo - MERVAL PEREIRA

O GLOBO - 26/07

O Papa Francisco fez ontem, na visita à favela da Varginha, seu discurso mais político, referindo-se às recentes manifestações ocorridas no país de maneira positiva, encorajando os jovens a permanecerem na sua luta contra a corrupção. Com outras palavras, retomou análises que fizera anteriormente, desde que assumiu, sobre a nobreza da ação política. Para ele, envolver-se na política é a obrigação de um cristão, pois a ação política é das formas mais altas de caridade .

A política com P maiúsculo, como definiu em outra ocasião, visa ao bem comum, e nós cristãos não podemos nos fingir de Pilatos e lavar as mãos . Ontem, ele se referiu especialmente aos jovens que possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício .

Mas o Papa instou a que nunca desanimem, não percam a confiança , insistindo em que a ação política pode mudar a realidade, o homem pode mudar . Em palestras anteriores na Itália, logo depois de ser eleito Papa, ele falou mais diretamente sobre a atividade política, ao ser perguntado por um estudante jesuíta qual seria a atitude evangélica correta nos dias de hoje.

Depois de afirmar que atuar na política é um dever de cristão, Francisco comentou: A política é muito suja, mas pergunto: por que é assim? Por que os cristãos não fazem política com o espírito evangélico? É fácil dizer que a culpa é do outro, mas o que eu faço? É um dever de um cristão trabalhar pelo bem comum .

Na favela da Varginha, o Papa Francisco fez um apelo para que a população não se deixe acostumar ao mal, mas a vencê-lo , e se colocou ao lado daqueles que lutam: Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês .

Numa referência crítica à política do governo do Rio, reforçada pela utilização da palavra pacificação , o Papa disse que nenhum esforço nesse sentido será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma .

Em outra passagem, de apoio às políticas sociais, Francisco encorajou os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria .

O Papa insistiu, por fim, na necessidade de uma educação de qualidade e calcada em valores, e não apenas uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucros . A atuação política com base em valores nas sociedades democráticas é uma preocupação recorrente do Papa Francisco, revelada em outras ocasiões.

Na sua avaliação, algo aconteceu com nossa política, ficou defasada em relação às ideias, às propostas... As ideias saíram das plataformas políticas para a estética. Hoje, importa mais a imagem que o que se propõe. (...) Saímos do essencial para o estético, endeusamos a estatística e o marketing (...) .

Ele contou um dia que, como sacerdote, diante de uma eleição, mandava ler as plataformas para que os fiéis escolham. No púlpito, tomo bastante cuidado, limito-me a pedir que busquem os valores, nada mais.(...) Participar da vida política é uma maneira de honrar a democracia.(...) Seria necessário distinguir entre a Política com P maiúsculo e a política com P minúsculo .

O Papa Francisco considera que a religião não pode impor caminhos na política aos cidadãos, mas, se concebo o poder de uma maneira antropológica, como um serviço à comunidade, é outra coisa. A religião tem um patrimônio e o põe a serviço do povo, mas, se começa a se misturar com politicagem e a impor coisas por baixo do pano, transforma-se em um mau agente de poder.

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