segunda-feira, 22 de julho de 2013

CAIO BLINDER: 'O PAPA FRANCISCO E OS REBELDES ESTRANHOS'



22/07/2013
 às 6:00 \ BrasilJoão Paulo IIPapa Francisco

O papa Francisco e os rebeldes estranhos


O desafio frontal do papa João Paulo II na Polônia em 1979
O papa Francisco chega ao Brasil para uma visita com o potencial de virar a história. Com sua mensagem de justiça social e revitalização evangélica, o papa nascido na Argentina vem para o seu continente natal na primeira viagem fora da Itália desde a sua eleição em 13 de março passado. É  uma mensagem pela Igreja católica e contra seus rivais que também viajam pelo Brasil e pelo mundo  (em particular na América Latina) com uma bagagem pesada, mas sem a frugalidade do papa.
Entre os rivais de Francisco, estão igrejas protestantes, a cultura laica, os excessos do mercado e os pregadores de um populismo venal. Na missão de retomar a primazia da Igreja católica em meio a tantos adversários, Francisco nos remete a uma outra viagem histórica, a de Joao Paulo II à sua terra natal, a Polônia, em junho de 1979.
Em um livro publicado recentemente, Christian Caryl coloca João Paulo II em uma categoria estranha. Não é à toa que o nome do livro é Rebeldes Estranhos: 1979 e o Nascimento do Século 21. O foco é o ano marcado pela revolução islâmica no Irã, a invasão soviética do Afeganistão e a plena ascensão de quatro líderes que mudaram o curso da história: Margaret Thatcher, o aiatolá Khomeini, Deng Xiaoping e o papa João Paulo II.
Caryl escreve que nós somos em todas as partes, com impactos diferentes, herdeiros de eventos e figuras que colocaram em marcha “as forças gêmeas dos mercados e da religião, que descontados por tanto tempo, retornaram com vingança”.
Vamos aqui ficar apenas com o papa. O cardeal polonês Karol Wojtyla fora eleito papa em 16 de outubro de 1978, o primeiro não italiano em mais de 400 anos. Sua visita à Polônia em junho de 1979 foi um desafio frontal à ortodoxia e ao mofo do comunismo soviético. Ao longo de nove dias, o vigoroso papa deu 39 sermões para multidões estimadas em 11 milhões de poloneses, mostrando a capacidade de mobilização da Igreja católica e os sinais da falência do estado comunista.
A visita foi um catalisador para os comícios e greves do sindicato Solidariedade e um aríete que contribuiu para o colapso do bloco soviético em 1989. A mensagem do papa era religiosa, mas o componente social, político e ideológico estava lá, num desafio direto como nunca acontecera no período de hegemonia comunista na Europa Oriental.
Na imprensa mundial, existe muito material por este dias sobre o significado da visita de Francisco ao Brasil. Na sua reportagem, a revista Time escreve que o ”o papa dos pobres pode estar apenas começando a ter a influência desestabilizadora que João Paulo II teve na Europa Oriental”. Somente a história dirá se chegou mais um rebelde estranho, desta vez para deixar a marca na América Latina.

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