terça-feira, 2 de julho de 2013

AUGUSTO NUNES: 'O PLEBISCITO DOS ESPERTALHÕES'


O plebiscito dos espertalhões vai tropeçar na revolta da rua e desaparecer no sumidouro que engole malandragens eleitoreiras

O plebiscito sobre a “reforma política” é o mais recente lançamento da usina de pirotecnias eleitoreiras instalada pelo bando de vigaristas, ineptos e gatunos que está no poder há mais de dez anos ─ e lá quer ficar para sempre. Atarantados com a revolta da rua, a presidente Dilma Rousseff e seus conselheiros trapalhões imaginam que a manobra malandra vai esvaziar o pote até aqui de cólera que enfim transbordou para as ruas de centenas de cidades. Versalhes reencarnou no Planalto.Os espertalhões não demorarão a descobrir o tamanho da encrenca em que se meteram.
As multidões sem medos nem donos já não suportam a impunidade dos corruptos, o apodrecimento dos sistemas de saúde e educação, a gastança debochada dos exploradores da Copa do Mundo, o cinismo dos políticos profissionais, a institucionalização da trapaça, da tapeação, da promessa que não descerá do palanque. Em sua essência, as palavras de ordem reiteradas nos atos de protesto, encampadas pela imensa maioria do país que pensa, exigem a imediata interrupção da Ópera dos Canalhas.
Os mágicos em ação no picadeiro do Planalto acham que, com um plebiscito malandro, vão mandar os manifestantes de volta para casa, livrar a chefe de vaias desmoralizantes, inverter a curva perturbadora desenhada pelas pesquisas, reeleger Dilma Rousseff no primeiro turno e correr para o abraço. Vão todos quebrar a cara. A esperteza da hora será tragada pelo mesmo sumidouro onde jazem, agonizam ou sobrevivem com injeções bilionárias de dinheiro público tantos projetos delirantes, invencionices diversionistas, façanhas imaginárias, milagres de araque, maluquices perdulárias e ideias natimortas.
Um balanço ligeiro informa que, até agora, o legado do governo lulopetista já inclui
o Programa Fome Zero,
as três refeições por dia,
o fim da pobreza,
o extermínio da miséria,
o Programa Primeiro Emprego,
o trem-bala,
a Ferrovia do Sarney,
a ressurreição da rede ferroviária em ruínas ,
a transposição das águas do Rio São Francisco,
a rede nacional de hidrovias,
as 6 mil creches prometidas em 2010,
as 6 mil casas na Região Serrana do Rio prometidas em 2011,
os 6 mil agentes especializados na prevenção de enchentes,
os 6 mil médicos cubanos,
o sistema de saúde que Lula considera “perto da perfeição”,
a importação do SUS pelos Estados Unidos,
a recuperação das rodovias federais,
a autossuficiência em petróleo anunciada em 2007,
a entrada na OPEP a bordo das jazidas do pré-sal,
a chegada da Petrobras ao topo do ranking das maiores empresas do ramo,
a vaga no Conselho de Segurança da ONU,
o crescimento do Mercosul acelerado pela incorporação da Venezuela,
a conquista do Nobel da Paz por Lula,
a candidatura de Lula a secretário-geral da ONU,
a esquadrilha de caças franceses,
a fórmula milagrosa que rebaixa qualquer crise econômica a marolinha,
os pitos telefônicos de Lula em George Bush,
as advertências de Lula a Barack Obama,
os conselhos de Dilma a Angela Merkel,
a Copa do Mundo de matar argentino de inveja,
a Olimpíada de assombrar dinamarquês,
o colosso de “obras de mobilidade urbana” legado pelos dois eventos esportivos,
o terceiro aeroporto de São Paulo,
os 800 novos aeroportos distribuídos por todo o país,
a reforma e ampliação dos aeroportos das capitais,
os recordes de popularidade estabelecidos por Lula e Dilma,
o controle social da mídia,
a regulamentação da mídia,
a promoção de Dilma a superexecutiva onisciente,
o doutorado em economia da doutora em nada,
o PT detentor do monopólio da ética,
o partido que não roubava nem deixava roubar,
fora o resto.
A lista será ampliada pelo plebiscito que é mais que uma tentativa de golpe: é também a confirmação de que os chefões do lulopetismo e seus comparsas não conseguem ou não querem ouvir a voz da rua. Essa espécie de surdez invariavelmente eleva em milhares de decibéis o som da fúria. E acaba consolidando a certeza de que governantes como Lula e Dilma só ouvem com nitidez a palavra de cinco letras que, gritada em coro pela multidão, costuma prenunciar o final infeliz: basta.

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