quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

TRANSIÇÕES POLÍTICAS





Sou fascinado por transições políticas. De ditaduras, para a democracia, ou de regimes fechados, para os mais abertos. No Brasil, tivemos uma transição clássica e exemplar: Isolamos os radicais da esquerda e direita, ( o PT e o PDS, partido governista, basicamente)a agregamos os moderados das oposições, incluindo os comunistas e social-democratas mais à esquerda, com os chamados reformistas ao ancién regime, agregados no então recém-formado PFL. O regime militar estava cada vez mais isolado e impopular, e os militares concordaram, em fazer a transição. Não por eleições diretas, como queria a população, mas no chamado colégio eleitoral , antigo instrumento da ditadura para referendar seus presidentes escolhidos na cúpula do exército e  nos organismos de segurança. Acompanhei tudo nas ruas e na imprensa da época. Depois dos comícios e manifestações, lotávamos os bares, afinal, eu era da gloriosa esquerda festiva.

TRANSIÇÃO NO EGITO

Mubarak está morto politicamente. A única força organizada é o exército. É preciso deixar a transição com os moderados, pois o fator religioso é fundamental na questão. A chamada e temida irmandade mulçumana tem fortes raízes na sociedade egípcia. De lá saíram os assassinos de Sadat, pelas negociações de paz com Israel. Gente nas ruas nem sempre quer dizer democracia. Os islamitas querem a liberdade para implantar suas ditaduras teocráticas, e são financiados pelo Irã. Porém a grande maioria dos mulçumanos são sunitas. Os iranianos chiitas, e não semitas, são persas. O interesante seria que fosse possível instalar um governo democrático de transição com um projeto de nova constituição. Porém, mesmo assim, sempre paira o perigo de radicalização. O que aciontecer no Egito, influenciará o mundo mulçumano, que vive entre as tristes alternativas, de governos ditatoriais, ou de ditaduras teocráticas. Como sabemos as ditaduras teocráticas, não são apenas ditaduras, mas sobretudo regimes totalitários, o que é bem pior. Quem quiser experientar, vá viver em Cuba, na China, ou mesmo no Irã. Comparadas a estas, nossas ditaduras parecem parques de diversões.


AS FORÇAS DA DEMOCRACIA

Estão indubitavelmente nas grandes cidades. Grandes parcelas da população tem acesso à internet, e a mesma foi fundamental na organização dos protestos. Estes, na maioria, não querem regimes fechados, pois senão logo depois estarão sendo duramente perseguidos pelo governo, como no Irã. Seria interessante a implantação de um regime realmente republicano e democrático, com pluralidade partidária e eleições livres e permanentes. A instalação de um regime radical, traria problemas mais intensos na geopolítica mundial, pois a região é a principal foenecedora de petróleo ao mundo, mais precisamente o ocidente capitalista e desenvolvido. Só com as escaramuças, o petróleo já ficou mais caro, chegando ao patamar de cem dólares o barril. Querem que a gasolina fique bem mais cara e a inflação mundial dispare? Apostem nos radicais.

CRUZADAS

Há algum tempo, estava assistindo o filme CRUZADAS com uma colega, quando a mesma ficou chocada com a violência imposta aos islamitas. “Coitadinhos, que barbárie dos cristãos, não?” Lhe respondi que, com violência ou não, se os mulçumanos tivessem ganho, ela estaria de véu, e muito provavelmente não ficaria em minha casa vendo este filme até altas horas da noite. Minha colega emendou dizendo:”Dá-lhes cristãos!”

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